Violência e Paz

August 17, 2017 | Autor: L. dos Santos Bomfim | Categoria: Religion
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UFS / NÚCLEO DE GRADUAÇAO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO Disciplina: ECUMENISMO E DIALOGO INTER-RELIGIOSO Nome do/a aluno/a: LUCIANA DOS SANTOS BOMFIM

PROJETO DE ENSINO

1 INTRODUÇÃO É sabido que a violência encontra-se disseminada de uma forma assustadora, e sendo assim, a cada dia torna-se mais banal para o cotidiano das pessoas, que exercem pequenas violências diárias em diversos espaços sociais. É cada vez mais comum, encontrar crianças que subjugam seus colegas e professores, cometem pequenos delitos e não se importam com isso. Portanto, modificar o retrato atual da violência, principalmente na escola, é uma atividade necessária para uma melhoria do bem comum. Este projeto apresenta a temática Violência x Paz: valores e regras sociais, a partir do conteúdo Superação da Violência e Promoção da Paz, fundamentado na utilização de jogos com o objetivo principal de explicar a importância das regras sociais para a promoção da paz. Sua estrutura é composta por uma apresentação contextual do espaço a que ele se destina, turma e materiais a serem empregados; bem como a situação pedagógica e os resultados pertinentes a sua execução, estando seu sucesso concentrado na execução de jogos pedagógicos que contribuam para o entendimento da problemática levantada. Na caracterização do objeto, realizou-se uma visão geral do conceito de violência, as regras e normas sociais e seus aspectos, bem como o conceito aplicado ao jogo e sua finalidade dentro da escola. Com a apresentação dos temas transversais, espera-se traçar o caminho para que os conteúdos se encontrem interdisciplinarmente, competindo para a prática de um Ensino Religioso livre da figura catequizante e eficaz na perspectiva do diálogo, seja ele, interreligioso ou social.

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2 INFORMAÇÕES GERAIS - Nome do projeto: Somos um, sozinho não vou a lugar nenhum. - Contexto escolar: A Escola Estadual Milton Azevedo está localizada na zona urbana do município de Aquidabã, Sergipe. É uma escola pequena, com necessidade de reformas, pois sua estrutura atual, além de deteriorada, não acomoda adequadamente os alunos. Os alunos do 2.º ano A são, na sua maioria, beneficiados pelo Programa Bolsa Família e tem entre 7 e 9 anos. Dos 20 alunos que compõem a turma, 5 deles são oriundos da zona rural da cidade e utilizam moto táxi para chegar a escola. Quanto ao conhecimento, são alunos aptos à leitura, comprometidos com as atividades escolares e com poucos problemas relacionados a indisciplina. Cabe ressaltar que os pais estão bastante comprometidos com a educação dos filhos e participam ativamente do cotidiano escolar. - Série: 1.º Série/ 2.º Ano - Materiais que serão empregados: 01 datashow, 01 notebook, 01 impressora, 01 resma de papel A4, 20 caixas de lápis de cor, 01 caixa de tinta escolar, 01 caixa de lápis grafite, 01 pacote de bolas de assopro, 01 rede de pesca.

3 OBJETO: Violência x Paz: valores e regras sociais. 3. 1. Situação pedagógica - Público alvo/Jogadores: Alunos/as - Grupos: quatro grupos de cinco alunos - Objetivos:  Explicar a importância das regras sociais para a promoção da paz através do uso de jogos.  Utilizar uma história infantil para apresentação das principais regras sociais. 2

 Pedir as crianças que em seus grupos, representem através de desenhos e/ou frases, os valores sociais percebidos na história.  Promover a exposição dos trabalhos realizados e a participação nos jogos propostos.

- Resultado esperado: Com a aplicação dos jogos, espera-se envolver os alunos acerca da aplicação de regras e valores que conduzam a sociedade para que haja respeito entre os indivíduos, promoção da paz e superação da violência.

3. 2. Caracterização do objeto A violência é um fenômeno social que afeta avida dos indivíduos desde os primórdios da humanidade; consequentemente, com o avançar do tempo, esta encontra-se cada dia mais enraizada no seio social, dificultando as suas relações. Enfrentar um problema complexo como este, necessita de uma gama de mudanças individuais e também coletivas que ajudem a identificar esse tipo de comportamento e assim, estabelecer caminhos que promovam a paz. De acordo com Ferreira (2012, p.4) a violência “é um fenômeno pluricausal, que afeta a vida das pessoas e a sociedade como um todo”. Já para Ribeiro (2011, p.584) trata-se de um acontecimento presente em diversas esferas sociais, “seja as relações interpessoais ou mesmo o mais íntimo da dimensão pessoal”. Partindo desses conceitos, Abreu (2000, p.48) defende que “todo ato de violência despoja de alguma coisa, da vida, de direitos como pessoas e como cidadãos. A violência impede não apenas de ser o que se gostaria de ser, mas fundamentalmente de se realizar como pessoa”. Realizando uma pesquisa sobre o conceito de paz, encontra-se diversos tipos de paz existentes: a eterna, a pela lei, pela força, de terror. Nenhuma dessas são pretendidas nesse estudo, por essa razão, o conceito utilizado é a de que a paz fundamentalmente é a ausência da violência, agitações e perturbações. Tratando-se de tempos em que a violência cresce consideravelmente, a escola deve cumprir a sua função social, ou seja, responder com ações eficazes aos problemas que a afligem; estas ações só serão possíveis através de um ambiente propício ao diálogo e a 3

solidariedade; esta última característica é um dos pontos marcantes do jogo a ser aplicado em sala de aula. Aqui cabe também enfatizar que para a criança, o contexto em que ocorre a aprendizagem é relevante para o progresso em sala de aula, quando o professor não estimula as relações de contexto do que é ensinado ao que efetivamente necessita ser aprendido, a criança apenas reproduz o saber, porém não utiliza o que foi ensinado com autonomia e fatalmente, acaba esquecendo os conteúdos trabalhados, enquanto o professor, por sua vez, continua seu ritmo programático, sem estabelecer conexões que façam sentido ao aprendizado. Não basta apenas conceituar paz e violência, é importante compreendê-las e ser capaz de percebê-las fora da escola. Para Menezes (2009) “podemos comparar a paz necessária ao ensino com a vitalidade indispensável à vida humana”. Sem um ambiente de paz, é praticamente impossível aprender ou conduzir algum tipo de diálogo. Sendo assim, ele enfatiza que “uma escola gera a harmonia se decide enfrentar seus dilemas e conflitos para fazer o que dela se espera formar os alunos que recebe” (Idem). Essa formação incluirá o trabalho com os valores e regras que compõem a sociedade. De acordo com Venosa (s.a., p.1), “as regras sociais impõem determinada postura, comportamento, saudação ou vestimenta, dependendo do local e do nível social”. Portanto, o desrespeito às regras sociais, coloca o indivíduo à margem da sociedade e essa relação não é diferente no ambiente escolar; pois são elas que tornam a convivência possível. Esses valores sociais podem ser: conhecimento trans e intrapessoal, respeito, disciplina, solidariedade, diálogo, entre outros. As regras, por sua vez, orientam quanto ao que fazer para que esses valores sejam postos em prática e coloca o indivíduo no lugar do outro. Todos estes aspectos, fazem do jogo, a melhor ferramenta para que os conceitos de violência e paz sejam aprendidos pelos alunos. Alguns podem considerar que o trabalho com jogos seja modismo, no entanto, além dessa característica adquirida atualmente, é importante notar que o jogo representa o uso de estratégias que garantem a vivacidade do ensino; pois “atuam como estímulo poderoso e desafiador para o cérebro e seus pensamentos, permitindo uma aprendizagem criativa” (ANTUNES, 2010, p.21). Além disso, os alunos sentem muito prazer com este tipo de estratégia pedagógica, visto que, o jogo os coloca no papel de protagonistas do fazer pedagógico. O jogo com a 4

finalidade de aprendizagem, no entanto, difere dos outros tipos de jogos, conforme demonstra Antunes (2010, p.22): Um jogo pedagógico sempre:  uma diversão, mas seriamente comprometida com uma aprendizagem significativa;  os jogos pedagógicos também estão ligadas às regras essenciais para se viver em grupo, para que um sempre possa ajudar o outro;  os jogos pedagógicos pregam predominantemente a cooperação, raramente gerando qualquer tipo de competição.

Acredita-se, pois, que o jogo é capaz de preparar o indivíduo para as atividades que pedirão maior seriedade ao longo da vida, por se tratar de um instrumento que se orienta pelo autocontrole e pela perspicácia em encontrar soluções para os problemas propostos. O jogo fascina, dispensa maiores explicações, exerce um controle sobre o indivíduo que se empenha para sua conclusão. A intensidade do jogo e seu poder de fascinação não podem ser explicados por análises biológicas. E, contudo, é nessa intensidade, nessa fascinação, nessa capacidade de excitar que reside a própria essência e a característica primordial do jogo. O mais simples raciocínio nos indica que a natureza poderia igualmente ter oferecido a suas criaturas todas essas úteis funções de descarga de energia excessiva, de distensão após um esforço, de preparação para as exigências da vida, de compensação de desejos insatisfeitos etc., sob a forma de exercícios e reações puramente mecânicos. Mas não, ela nos deu a tensão, a alegria e o divertimento do jogo. (HUIZINGA, 2007, p.5).

Assim, fica bastante claro que o jogo se trata de um instrumento eficaz para que um conteúdo seja aprendido, trata-se de uma forma de despertar o aluno para realidade através do encantamento presente no ato de jogar. Do mesmo modo, o conteúdo sobre violência e paz para crianças de faixa etária entre 7 a 9 anos, necessita ser tratado de forma em que a compreensão do mesmo não os choquem, porém, façam que tomem atitudes perante a situação real. Dessa forma, compreende-se que a questão da violência não está apartada do cotidiano escolar e uma aplicação adequada do Ensino Religioso pode contribuir para a valorização da cultura de paz, com isso propõe-se o trabalho do tema Superação da Violência e Promoção da Paz através do estudo da Violência x Paz: valores e regras sociais. Com a ajuda da ludicidade, os alunos serão orientados a tentar sozinhos manter diversas bolas de assopro no ar, para isso, devendo utilizar apenas as mãos. Ao perceberem, se tratar de uma tarefa impossível, serão convidados a formarem grupos; ainda assim a tarefa será complicada. Depois da tentativa, o professor unirá a todos e entregará uma rede de 5

pesca, assim, perceberão que em conjunto, apenas usando as mãos, manterão as bolas suspensas. Neste caminho, a solidariedade, conforme dito anteriormente, será um valor que ficará claro para a conclusão do jogo, o que será considerado é que está é um ponto vital para que a paz seja alcançada, ou seja, configura-se como um caminho a ser trilhado para a obtenção de um prêmio maior. Dessa feita, será possível, realizar um debate sobre como obedecer as regras facilita a execução da tarefa, o que não será diferente na sociedade em que vivemos, pois regras sociais “fazem parte também do universo cultural de forma cotidiana de organizar a vida” (SEPI); com isso, encontra-se soluções para problemas individuais ou coletivos, como é o caso da violência. Para que os objetivos sejam alcançados, entretanto, é exigido o envolvimento de todos, especialmente para a adequada apreciação da atividade. Espera-se, portanto, através do jogo, demonstrar a importância da paz para sua plena execução, pois conforme descrito por René Coste (1991 apud RIBEIRO, 2011, p.592): (...) devemos reconhecer que muitas pessoas hoje começam a compreender que as ameaças à paz, à justiça e ao meio ambiente estão interconectadas e que a promoção da paz deve estar aliada a uma tomada de consciência da mais alta importância, bem como da necessária integração das culturas e, principalmente das religiões, cujo movimento ecumênico se faz promotor.

Pelo exposto, conclui-se que este tipo de experiência demonstre as crianças a possibilidade da vida em sociedade construída através da paz. Soma-se a isso, o envolvimento de todos os agentes escolares, considerando que esta detém um papel fundamental para a formação social das gerações futuras e sua articulação promove o desenvolvimento de capacidades que podem acarretar em mudança na vida do aluno. A escola, é um espaço privilegiado para que estas mudanças aconteçam, principalmente, porque atualmente, seu espaço tem sido palco de diversas questões que envolvem o uso da violência e que necessitam ser revistos e sanados.

3. 3 Temas de reflexão transversais: O estudo apresentado faz relação com os conteúdos do 2.º ano do Ensino Fundamental Menor: Valores Morais e Éticos; Valores e Regras na Sociedade e seus 6

subitens: valores e regras na família, valores e regras na escola e valores e regras na comunidade; também compete ao conteúdo Organização e Convivência Escolar. Os temas apresentados no parágrafo anterior, fazem relação com o objeto de estudo, na medida em que tratam de valores que são pertinentes a convivência social, portanto, visam a promoção da paz e seus aspectos. Some-se a isto, o Ensino Religioso como uma disciplina que “é resultado prático da transposição didática do conhecimento produzido pela Ciência da Religião para as aulas do ensino público fundamental e médio" (SOARES, 2010, p.118). Assim, entende-se que o projeto aqui exposto, trata-se de uma ação efetiva dentro da prática escolar, para que essa transposição didática aconteça, visto que ao expor ludicamente este conteúdo, os personagens envolvidos poderão levar ao seu cotidiano as lições aprendidas. Em suma, o projeto de ensino apresentado configura o conhecimento religioso como uma ferramenta de melhoria da humanidade, portanto, não é particular a cada ser humano, ao contrário, pretende-se uma troca de experiências em que o resultado seja favorável ao todo. Seus conteúdos devem assim estar ligados a questões que envolvem a vida e suas diversas ramificações para no fim dar sentido a todas as realizações existentes. Neste sentido, o projeto de ensino apresentado visa cumprir essa função.

REFERÊNCIAS ABREU, Sérgio Roberto de. Violência na escola – o papel das instituições. In: ARRIETA, Gricelda Azevedo de. [et.al.]. A violência na escola: a violência na contemporaneidade e seus reflexos na escola. Canoas: ULBRA, 2000, 212p. ANTUNES, Celso. Os jogos e a educação infantil. São Paulo: Ciranda Cultural, 2010.

FERREIRA, Fernanda Rannã. A prevenção da violência e promoção da cultura de paz: o papel da saúde pública. 2012. 20f. Fundação Getúlio Vargas. Escola de Administração Pública de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: Acesso em 02 fev. 2015. HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007.

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MATERIAL UNIP. As relações humanas dependem de valores e regras. SEPI: UNIP. Disponível em: Acesso em 08 fev. 2015. MENEZES, Luiz Carlos de. A violência pode dar lugar à paz. São Paulo: Revista Nova Escola, 2009. Disponível em Acesso em 09 fev. 2015. REFERENCIAL CURRICULAR DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Aracaju: SEED, 2011. SOARES, Afonso Maria Ligorio. Religião & educação: da ciência da religião ao ensino religioso. São Paulo: Paulinas, 2010. (Coleção temas do ensino religioso). VENOSA, Sílvio de Salvo. Regras sociais ou de cortesia. Disponível em: Acesso em: 09 fev. 2015.

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