Visibilidade de temas da Gazeta do Povo no Facebook e suas interações a partir da fanpage da rede social

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Visibilidade de temas da Gazeta do Povo no Facebook e suas interações a
partir da fanpage da rede social


Adriana Monserrat Cedillo Morales Moreira[1]
Regiane Soares Lima2



Resumo: Este trabalho faz uma análise das estratégias que os meios de
comunicação utilizam para compor o debate público, buscando responder qual
foi a visibilidade das notícias do jornal Gazeta do Povo na rede social
Facebook e qual a interação dos seus seguidores, durante o período de
janeiro a março de 2014. Para tal pesquisa foram abordadas a Teoria da
agenda e as Teorias críticas dos meios de comunicação desde as perspectivas
de Mc Combs, Habermas e Lima. A metodologia adotada foi a Análise de
Conteúdo, que possibilitou enquanto resultados a construção de uma agenda
midiática através de grupos hegemônicos.

Palavras-chave: Redes Sociais, Gazeta do Povo, Jornalismo.

Introdução

Estudar a visibilidade da imprensa nas redes sociais da Internet e suas
interações com os leitores é uma tarefa de importância para a ciência
social de nossos tempos. Portanto, neste artigo pretende-se realizar uma
análise interpretativa sobre a dos temas que ganham espaço no Facebook do
jornal paranaense Gazeta do Povo e suas interações virtuais, durante os
primeiros três meses de 2014.


Esse trabalho foi elaborado a partir dos dados do Núcleo de Pesquisa
em Comunicação e Opinião Pública da Universidade Federal do Paraná. Os
textos analisados foram publicados na rede social Facebook do jornal Gazeta
do Povo, que conta com mais de 211 mil seguidores na página. A metodologia
utilizada para o desenvolvimento da pesquisa foi a Análise de Conteúdo
(AC), que reduz a complexidade de uma coleção de texto pela classificação
sistemática, transformando uma grande quantidade de material em indicadores
(BAUER, 2003, p. 191). Ao possibilitar a sistematização e objetivação do
conteúdo das mensagens, a AC permitiu que fosse possível uma análise
quantificada das características do texto. O ponto de partida de uma AC é a
mensagem, e ao empregar essa ferramenta de análise, criam-se inferências
para testar as hipóteses da pesquisa.


As categorias criadas para a Análise de Conteúdo estão diretamente
relacionadas com o objeto da pesquisa, que, nesse caso, é a página do
Facebook do jornal regional Gazeta do Povo. A variável Tema Geral
identifica o assunto predominante na noticia. Essa variável é dividida em
quatorze categorias. Convencionados neste artigo ente Temas Hegemônicos que
são aqueles que tem uma relação direta com o sistema político e o debate
público; e Temas Não hegemônicos aqueles de menor impacto para o debate
público. Essas convenções foram criadas de acordo com a Teoria da agenda e
as Teorias críticas dos meios de comunicação (Mc Combs -2009-, Habermas
-1962-, Lima -1996-). Os temas hegemônicos: 1 – Campanha Eleitoral/Partidos
Políticos: o texto indica disputa para o cargo de Presidente da República,
Governador do Estado, Senador da República e Deputado Federal e Estadual; 2
– Político Institucional: quando noticia temas envolvendo órgãos federais,
estaduais ou municipais, ou ainda, sobre os poderes do executivo,
legislativo, judiciário e sociedade organizada; 3 – Economia: quando
tratasse de temas que mencionavam o movimento da bolsa de valores e
expectativa de produção agrícola, salários, empregos e etc; 4 - Saúde:
casos de noticias que envolvam o sistema público de saúde, ou melhoria na
qualidade de dos serviços; 5 – Educação: quando abordasse temas que
envolvesse a educação pública e privada, em todos os níveis; 6 –
Infraestrutura urbana: textos com predomínio de informações relacionadas a
obras de desenvolvimento, crescimento industrial, sistema de transporte,
moradias, vias urbanas e etc; 7 – Violência e Segurança: textos que
tratassem do crescimento da violência, índices, casos isolados, mortes,
sistema presidiário, investimento em segurança e combate ao crime; 8 –
Internacional: textos que tratam de assuntos entre o Brasil, suas entidades
públicas e privadas em relação com outras entidades de outros países ou
apenas de outros países. Os temas não hegemônicos são: Variedades/Cultura;
esportes; ético-moral, atendimento a minorias e meio ambiente. Esses temas
tratam basicamente de informações do cotidiano de celebridades,
esportistas, temas sobre a preservação do meio ambiente, comportamento e
políticas sociais.


A pesquisa está dividida em três partes. Primeiramente, é apresentado
um breve desenvolvimento teórico e conceitual sobre os critérios de
noticiabilidade da mídia, principalmente abordado desde o paradigma da
Teoria da Agenda e as Teorias Críticas dos meios de comunicação. Também
colocamos como parte do marco teórico aspectos sobre o papel das redes
sociais no jornalismo e sua relação com o jornalismo participativo. Na
segunda parte de nosso trabalho, são apresentados os dados empíricos da
Gazeta do Povo, identificando as frequências dos temas informativos
publicados no Facebook da Gazeta do Povo, assim como as Médias da interação
dos usuários via curtidas, comentários compartilhamentos em relação aos
temas do citado jornal. Nesta parte de nosso texto, realiza-se uma análise
interpretativa dos dados obtidos. Finalmente, apresentam-se conclusões.

Noticiabilidade, visibilidade e meios de comunicação hegemônicos.

Conhecer os critérios de noticiabilidade resulta de vital importância
para compreender o comportamento dos meios de comunicação e seu impacto,
pois a seleção dos assuntos que serão noticiados será de grande relevância
no debate público. Estes critérios, usados por jornalistas e editores,
"podem ser considerados como um conjunto de normas que ditam o que será
noticiado, como por exemplo, a raridade do fato, a exclusividade da
notícia, a proximidade do fato com o público-alvo do jornal e o próprio
interesse humano pelo acontecimento" (CERVI, HEDLER, 2010, p.15).

Seguindo a Cervi e Hedler (2010, p.15) a localização das páginas dos
jornais tem visibilidade distinta e "serão notícias de primeira página os
fatos que se encaixarem nos critérios de noticiabilidade que forem
considerados mais importantes pelos editores".

"Quem e como são selecionados os temas que serão transformados em
notícia?" são perguntas que já tinham sido feitas por McCombs (2009) ao
desenvolver a Teoria da Agenda a qual está centrada na ideia de que "os
efeitos da comunicação de massa podem resultar de uma volumosa exposição à
mídia" (McCOMBS, 2009, p. 184). Enquanto acumulava-se evidência "sobre a
influência do agendamento da mídia junto do público, os pesquisadores
começaram a perguntar no início da década de 1980 'Quem define a agenda da
mídia'?" (McCOMBS, 2009, p. 153).

Refletir sobre as origens da agenda da mídia faz lembrar muitas
outras agendas, tais como as agendas de temas e de questões políticas
consideradas pelas casas legislativas e por outros órgãos públicos que são
rotineiramente objetos de cobertura da mídia noticiosa, assim como as
agendas que competem entre si nas campanhas políticas, ou ainda a agenda de
assuntos, usualmente é proposta pelos profissionais das relações
públicas... (McCOMBS, 2009, p. 153.)

Esta ideia acerca de que as mensagens da mídia são construídas a
partir de outras agendas resulta importante nos McCombs, quem expõe a
influência dos press releases (Comunicados de imprensa) nas notícias
jornalísticas, muitos dos quais pertencem a grupos com forte presença
social como as organizações civis, os partidos políticos ou as agências de
relações públicas. "Muito do que sabemos sobre o funcionamento do governo
e do comércio origina-se de fontes oficiais de outros profissionais de
relações públicas. Estes profissionais da comunicação subsidiam os esforços
das organizações noticiosas para cobrir as notícias" (McCOMBS, 2009, p.
159.)

Um exame do New York Times e do Washington Post ao longo
de um período de 21 anos revelou que aproximadamente
metade de suas matérias estava substancialmente baseada
em press releases e outros subsídios diretos de
informação. Cerca de 17, 5% do número total de matérias
aparecendo nestes jornais estava baseado, pelo menos em
parte, em press releases. As entrevistas coletivas e os
briefings representaram outros 32%. O New York Times e o
Washington Post são jornais importantes com grandes
equipes e imensos recursos. Sua forte confiança em
fontes de relações públicas revela o papel-chave que os
subsídios de informação jogam na construção diária de
todas as agendas dos veículos (McCOMBS, 2009, p. 160.)

Outro autor que já anteriormente tinha desenvolvido uma teoria sobre
como a mídia é consideravelmente induzida por grupos de poder político foi
Habermas (1962), quem através de sua obra Mudança estrutural da esfera
pública expôs uma visão pessimista que colocava aos cidadãos como entes
manipulados pelas grandes esferas de poder, através dos meios de
comunicação, quem visibilizava temas importantes em que grupos particulares
desejavam influir socialmente. Este estudioso reflete também sobre os
"novos mídias", aqueles que surgem no século XX, e mostra as suas relações
com os poderes governamentais:


A necessidade de capital pareceu tão grande e o poder
jornalístico-publicitário também tão ameaçador que, em
alguns países, como se sabe, a organização desses "mídias"
foi desde o começo colocada sob a direção ou controle do
Estado. Nada caracteriza de modo mais evidente o
desenvolvimento da imprensa e dos novos "mídias" do que
essas medidas: de instituições privadas de um público de
pessoas privadas passam a instituições públicas (...) Os
governos colocaram primeiro indiretamente as agências numa
situação de dependência e emprestaram-lhes um status
oficioso ao não lhes retirarem propriamente o seu caráter
comercial, mas ao aproveitá-lo. Entrementes, Reuters Ltda
tornou-se propriedade da União da Imprensa Britânica; a
aprovação do Supremo Tribunal, exigida para modificar os
estatutos, confere-lhe, no entanto, um certo caráter
público. A agência France Press, decorrente, após a II
Guerra, da agência Havas, é uma empresa estatal, cujo
diretor-geral é nomeado pelo governo (HABERMAS, 1962, p.
220.)


Por outra parte, no Brasil, Lima (1996) desenvolve o conceito cenário
de representação da política de influência gramsciana que, igual a
Habermas, busca sustentar o papel hegemônico e dominador dos meios de
comunicação sobre os cidadãos, no seu rol de visibilizar os temas de elite.
Neste caso, Lima aponta que a mídia trabalha sob preceitos de tipo
cognoscitivo como é a construção dos imaginários sociais, que funcionam
como mecanismos de controle. "Os imaginários sociais constituem (...)
pontos de referência no vasto sistema simbólico que qualquer coletividade
produz e através do qual (...) ela se percebe (...) designa sua identidade"
(LIMA, 1996, p. 2.)


Para Lima (1996, p. 4) o cenário de representação da política está
intimamente ligado à hegemonia, é um espaço com significados e valores
específicos onde são construídas publicamente as significações relativas à
política. "Representação pode referir-se não só a uma realidade refletida
(...) mas também à constituição desta mesma realidade. Este último é o
sentido gramsciano de hegemonia, "sistema vivido –constituído e
constituidor- de significados e valores que (...) parecem confirmar-se
reciprocamente" (LIMA, 1996, p. 5.)
Neste sentido, para o autor brasileiro, o CR-P tem duas vantagens
comparadas. O cenário é constituído e constituinte. Lima (1996, p. 6)
recorre a Williams para enfatizar o caráter único da produção da realidade
(constituído) e a representação da realidade (constituinte), como todo um
complexo simbólico pelo qual a realidade é transformada e produzida.

As redes sociais como ferramenta do jornalismo

De acordo com Tomaél (2005) as redes sociais são uma das estratégias
subjacentes utilizadas pela sociedade para o compartilhamento de informação
e do conhecimento, mediante as relações entre atores que as integram.


Nas redes sociais, cada indivíduo tem sua função e
identidade cultural. Sua relação com outros indivíduos vai
formando um todo coeso que representa a rede. De acordo
com a temática da organização da rede, é possível a
formação de configurações diferenciadas e mutantes
(Tomaél, 2005, p. 1.)


Nos últimos anos, as redes sociais na Internet tem cobrado força como
uma ferramenta no jornalismo, o qual tem tido que se adaptar à rápida
evolução e influência da web na vida cotidiana. Canavilhas (2011) expõe que
com o acelerado crescimento dos chamados Social Mídia os meios de
comunicação tiveram que cambiar, melhorar seus sites web e oferecer aos
usuários a possibilidade de fazer comentários.
Neste sentido, Aroso (2013, p. 6) recorre a Catarina Rodrigues para
explicar que "o número de utilizadores de redes como o Twitter e o Facebook
permite equacionar questões fundamentais no jornalismo como o
relacionamento com as fontes, a ampliação, valorização e distribuição de
conteúdos, a fidelização dos leitores e a velocidade informativa"
(RODRIGUES cit. em AROSO 2013, p. 6.)
Como observamos, o uso de redes sociais virtuais abriu novas
possibilidades para o jornalismo que também enfrenta novos desafios como é
o caso da participação dos usuários ao comentar, compartilhar ou curtir os
conteúdos dos jornais nos seus espaços do Facebook
ou páginas web, dando a possibilidade de algum tipo de interação entre
pessoas e os editores da mídia, o que anteriormente não ocorria. Isto
último aspecto é de vital importância porque contradisse de alguma forma às
teorias de Mc Combs e Habermas anteriormente citadas.
Rodrigues (2008) afirma que nos últimos anos têm surgido expressões
como "jornalismo participativo" e "jornalismo cidadão" os quais apareceram
com a possibilidade que tem qualquer pessoa de publicar na Internet. "Em
2003, Bowman e Willis referiam na obra We media- How News are shapping the
future of news and information, que jornalismo participativo 'e o ato de um
cidadão ou grupo de cidadãos que têm um papel ativo no processo de recolha,
análise, produção e distribuição de notícias e informações'" (Rodrigues,
2008, p. 3). Assim, a autora se pergunta "Poderão de fato cidadãos comuns
sem formação específica, ser partes ativas no processo jornalístico?
(Rodrigues, 2008, p. 2).


Análise de Dados
Ao todo, foram analisadas nesta pesquisa 222 postagens publicadas no
Facebook. Essas postagens eram inicialmente chamadas da página da capa do
Portal eletrônico do jornal impresso que também estão no site, localizadas
em um espaço que o jornal reserva para o público acompanhar a edição do dia
via portal e pesquisar as edições anteriores. Entre os meses de janeiro e
março o jornal Gazeta do Povo publicou 783 textos informativos publicados
na página capa, dos quais apenas 222 foram publicados na rede social. Esses
temas ganham visibilidade por constarem na primeira página do jornal
impresso, visibilidade por estarem na chamada do dia no site do jornal e
estão publicados em formas de 'post' no Facebook. A tabela a seguir, mostra
quais são os temas que aparecem com maior frequência, ou seja, ganham maior
visibilidade por estarem também no Facebook da Gazeta do Povo.
Como discutido anteriormente, tendo como base a Teoria da agenda e as
Teorias críticas dos meios de comunicação desde as perspectivas de Mc Combs
(2009), Habermas (1962) e Lima (1996), para fins desta investigação, criou-
se uma categorização dos temas do jornal: Temas hegemônicos. Este conceito
surge de acordo ao que afirma Lima (2006) sobre que "os jornais tendem a
criação de um cenário de representação da política, um espaço com
significado e valores específicos onde são construídos publicamente os
significados relativos à política." Portanto, convencionou-se nessa
pesquisa que os temas: economia, infraestrutura urbana,
violência/segurança, internacional, saúde e educação são Temas Hegemônicos
por sua relação direta com o sistema político e por ser de grande
influência para o debate público.
Dos 222 textos informativos publicados no Facebook, 56,7%, ou seja,
124 postagens são textos informativos que buscam noticiar os temas que
contribuem para o debate público, temas que o jornal, em detrimento dos
outros temas, acredita ser mais relevante, temas de ordem política. Quando
comparados entre si, os Temas Hegemônicos não mantêm uma sincronia,
campanha eleitoral/partidos políticos é o tema menos frequente, a
justificativa é de que, mesmo estando em um ano eleitoral, a recorrência do
tema no jornal é baixa porque este cenário ainda não está delimitado. Se
esse mesmo quadro for analisado a partir do segundo semestre, a frequência
dos temas será alterada.
Porém ao olharmos os temas Não Hegemônico, que são temas mais do
cotidiano observa-se que a diferença entre o que estamos considerando
cenários hegemônicos e não hegemônicos não é grande, pois 43,4% das
postagens, que englobam variedades/cultura, esportes, ético-moral,
atendimento a minorias, meio ambiente e outros.

Tabela 1. Frequências de temas informativos publicados no Facebook da
Gazeta do Povo.
"Temas "Frequênci"% "Total "
" "as "Frequências" "
"Hegemônico"Política "33 "14,9% "124 Postagens"
"s "Institucional " " "no Facebook "
" " " " "56,9% "
" "Economia "24 "10,8% " "
" "Infraestrutura "24 "10,8% " "
" "Urbana " " " "
" "Violência/ "18 "8,1% " "
" "Segurança " " " "
" "Internacional "11 "5,0% " "
" "Saúde "11 "5,0% " "
" "Educação "3 "1,4% " "
" "Campanha "2 "0,9% " "
" "Eleitoral/Partidos " " " "
" "Políticos " " " "
"Não "Variedades/Cultura "54 "24,3% "98 Postagens "
"Hegemônico" " " "no Facebook "
"s " " " "43,4% "
" "Esportes "25 "11,3% " "
" "Ético-moral "11 "5,0% " "
" "Atendimento a "4 "1,8% " "
" "minorias " " " "
" "Meio Ambiente "1 "0,5% " "
" "Outros "1 "0,5% " "


Fonte: Núcleo de Comunicação Política e Opinião Pública.

Se analisarmos todos os temas individualmente, sem agrupá-los em
hegemônicos e não hegemônicos o cenário no Facebook é invertido, neste
caso, a conclusão é de que a teoria de cenários de representação da
política não se sustenta, pois os temas que ganham destaque na rede social
são de outra ordem (Ver Tabela 1 e Gráfico 1).

Gráfico 1. Frequências de temas informativos publicados no Facebook da
Gazeta do Povo.



A publicação dos conteúdos jornalísticos em redes sociais é outra
proposta desta pesquisa. Se o conteúdo que o jornal está publicando na rede
social com maior frequência é também o conteúdo que observa-se maior
interação entre os seguidores da página, confirma-se inicialmente a tese do
papel hegemônico dos meios de comunicação. A tabela a seguir mostra, as
médias da participação dos seguidores via curtidas, comentários e
compartilhamentos em relação a frequência dos temas. Essas médias são sobre
o total de publicação de cada tema.
Neste sentido, foi necessário definir os tipos de interações
existentes na página do Facebook: curtidas, comentários e
compartilhamentos. De acordo com Rodrigues(2008), as redes sociais são
potenciais ferramentas de jornalismo participativo nos quais "os cidadãos
participam na produção, construção e transmissão da informação" (RODRIGUES,
2008.)

Portanto, realizamos uma categorização das interações citadas: a)
Curtidas, possui um nível de interação baixo devido a que unicamente
demonstra um interesse pela publicação do jornal; b) Comentários, possui um
nível de interação médio ao realizar uma retroalimentação dos conteúdos do
jornal, e c) Compartilhamentos, possui um nível de interação alto, pois
se efetua uma reprodução dos conteúdos do jornal e, em alguns casos,
produzem novos conteúdos quando o compartilhamento vai acompanhado de um
comentário do usuário. Na tabela é possível observar que o tema
Infraestrutura Urbana tem o maior número de curtidas (77), enquanto que
Campanha Eleitoral/Partidos Políticos destaca-se nos comentários (25), e
Violência e Segurança aparece com o maior número de compartilhamentos (58).
Assim, podemos afirmar que esse último tema tem o maior nível de interação
devido a que envolve a reprodução e alimentação dos conteúdos. Enquanto no
geral, são os Temas Hegemônicos agrupados os que tendem a ter maiores
níveis de interação.

Tabela 2. Médias da interação dos usuários via curtidas, comentários
compartilhamentos em relação as frequências da Tabela 1 da Gazeta do Povo
no Facebook.
"Temas "CURTIR "COMENTÁRIOS "COMPARTILHAMENTOS "
"Hegemônicos"Política "45 "21 "43 "
" "Institucional " " " "
" "Economia "39 "8 "59 "
" "Infraestrutura "77 "16 "33 "
" "Urbana " " " "
" "Violência/ "71 "24 "58 "
" "Segurança " " " "
" "Internacional "31 "23 "17 "
" "Saúde "25 "6 "18 "
" "Educação "32 "5 "28 "
" "Campanha "22 "25 "5 "
" "Eleitoral/Parti" " " "
" "dos Políticos " " " "
"Não "Variedades/Cult"51 "7 "19 "
"Hegemômicos"ura " " " "
" "Esportes "60 "23 "21 "
" "Ético-moral "48 "14 "42 "
" "Atendimento a "23 "5 "6 "
" "minorias " " " "
" "Meio Ambiente "14 "1 "3 "
" "Outros "34 "9 "20 "


Fonte: Núcleo de Comunicação e Opinião Pública.

No Facebook, da Gazeta do Povo, os Temas Hegemônicos tiveram maior
interação em seus três níveis (curtidas, comentários e compartilhamentos).
Além do mais são temas em que seus conteúdos acabaram por serem modificados
através da participação do leitor. Os temas de violência e segurança
tiveram maior interação, ao considerar os três níveis a partir das suas
médias e Política Institucional está no segundo lugar. Também, é possível
observar que Infraestrutura Urbana é o tema que possui mais curtidas, porém
a interação não é muito alta porque a média de compartilhamento é menor
(Ver Tabela 2).
Os temas com médias mais baixas mostram o baixo nível de interação
dos usuários, demonstram desinteresse e podemos considerar que a ideologia
do jornal se manteve, pois o post não gerou debate, o conteúdo não foi
alterado.

Conclusões
O artigo buscou verificar a visibilidades dos temas ao serem
publicados na rede social do Facebook e suas interações no período de
janeiro a março. De acordo com os dados analisados, foi possível comprovar
que as teorias de Mc Combs, Habermas e Lima estão corretas quando afirmam
que a agenda midiática é construída a partir de grupos hegemônicos.
Entretanto, hoje em dia as participações dos cidadãos nas redes sociais de
internet permitem construir também discursos e interações não hegemônicas,
pois se por um lado os Temas Hegemônicos da Gazeta do Povo ocupam maior
visibilidade em Facebook e interações entre os usuários, os dados mostram
que eles também têm grande interesse por outros temas.
Finalmente é importante mencionar que esta análise é uma interpretação
da realidade que parte de um paradigma específico que é a Teoria crítica
dos meios de comunicação. Este é um estudo exploratório, o que significa
que é uma primeira aproximação ao fenômeno estudado, e portanto, vale a
pena continuar estudando o tema, devido a que é possível analisa-lo desde
diferentes ângulos.



Referências:
AROSO I. As redes sociais como ferramentas de jornalismo participativo nos
meios de comunicação regionais: um estudo de caso, Universidade da Beira
Interior, 2013, Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/aroso-ines-2013-redes-
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BAUER, M. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In: BAUER, M. &
GASKEL, George. Pesquisa Qualitativa Com Texto, Imagem e Som. Editora
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Petrópolis – RJ, 2003.

CANAVILHAS, J. Del gatekeeping al gatewatching: el papel de las redes
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HABERMAS J. Mudança estrutural da esfera pública, Tempo Brasileiro, 1962.
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CERVI E., HEDLER A. Como os jornais brasileiros dão visibilidade a temas
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Mc COMBS M. Teoria da Agenda, Editora Vozes, São Paulo Brasil, 2009. 153,
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RODRIGUES C. Novas fronteiras do jornalismo: comunicação individual na era
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TOMAÉL M. Das redes sócias à inovação, Ci. Inf. Brasília, maio-agosto 2005,
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v34n2/28559.pdf acesso 21 abr
2014 13:05:01.





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[1] Mestranda do programa de Mestrado em Comunicação Social pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Integrante do Núcleo de Comunicação
Política & Opinião Pública (UFPR). E-mail: [email protected]
2 Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná e
integrante do Núcleo de Comunicação Política & Opinião Pública (UFPR) . E-
mail: [email protected]
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