VISOGRAFIA: uma proposta de grafia para as línguas de sinais

May 25, 2017 | Autor: C. Benassi (Claud... | Categoria: Linguistica, Libras, Escrita de sinais
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÕES BAKHTINIANAS RELACIONADAS À CULTURA E INFORMAÇÃO - LIBRE-CI

Recife e Olinda, 05 à 09 de novembro de 2016

Copyright © dos autores Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida ou arquivada, desde que levados em conta os direitos dos autores.

Laboratório de Investigações Bakhtinianas Relacionadas à Cultura e Informação LIBRE-CI VI CÍRCULO – Rodas de Conversa Bakhtiniana: literatura, cidade e cultura popular. São Carlos: Pedro & João Editores, 2016. 1343 p. ISBN 978-85-7993-361-5 1. Bakhtin. 2. Rodas de Conversa Bakhtiniana. 3. Literatura. 4. Cidade. 5. Cultura Popular. 6. Organizador. 7. Autores. I. Título. CDD 410 Capa e Diagramação: Hélio Pajeú Editores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito.

Conselho Científico Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/Brasil); Nair F. Gurgel do Amaral (UNIR/Brasil); Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil); Rogério Drago (UFES/Brasil).

www.pedroejoaoeditores.com.br Rua Tadão Kamikado, 296 Parque Belvedere – São Carlos – SP CEP: 13568-878 2016

VISOGRAFIA: uma proposta de grafia para as línguas de sinais Claudio Alves BENASSI41 Anderson Simão DUARTE42 Sebastiana Almeida SOUZA43 Simone de Jesus PADILHA44 RESUMO Este texto tem como objetivo apresentar uma proposta de um novo sistema de Escrita da Língua de Sinais (ELS) criado pelo professor Claudio Alves Benassi da Universidade Federal de Mato Grosso. O sistema está sendo chamado de Visografia e se constitui de um conjunto de grafemas usados para representar os visemas (fonemas) das Línguas de Sinais (LS). A constituição da Visografia está baseada nos sistemas de ELS Sign Writing e Escrita das Línguas de Sinais (ELiS) e é norteada pela Alteridade com os sujeitos visuais e sua frágil relação com a escrita da Língua Portuguesa (LP) sua Segunda Língua (L2). Outro conceito que aparece no processo de constituição dessa ELS é o de Exotopia e Plurivocidade. Por meio da escrita de sinais, pequenos textos e pela leitura de sinais por profissionais da Libras que não conhecem ou tiveram uma pequena iniciação a ELS, a viabilidade dessa ELS está sendo testada. Os resultados apontam que o sistema está pronto para ser aplicado no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-Chave: Visografia. Escrita da língua de sinais. Libras.

Mestre em Estudos Interdisciplinares de Cultura Contemporânea. Departamento de Letras. Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá. E-mail: [email protected] 42 Doutor em Educação. Departamento de Letras. Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail: [email protected] 43 Mestre em Estudos de Linguagens. Departamento de Letras. Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail: [email protected] 44 Doutora em Linguística aplicada. Departamento de Letras. Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail: [email protected]

OS ESPAÇOS PÚBLICOS NA PRODUÇÃO DE SENTIDOS E LUTAS IDEOLÓGICAS

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INTRODUÇÃO

A

ELS apesar de sua notória importância na alfabetização dos visuais 45 (surdos) de acordo com os estudos de Stumpf (2011), Barreto e Barreto (2012) e Barros (2015), ainda não está presente na alfabetização e na vida acadêmica dos mesmos. Benassi, Duarte e Padilha (2016) afirma que no curso de graduação em Letras-libras – Licenciatura da Universidade Federal de Mato Grosso, de 2014 (início do curso), até o momento, nenhum dos ingressantes possuíam conhecimentos satisfatório da ELS ou mesmo sabia ler e escrever sinais da Libras. Esse problema é decorrente da falta de conhecimentos dos profissionais da Libras que atuam junto ao visual em seu processo de ensino-aprendizagem. Segundo Benassi e Duarte, Nos primeiros anos de vida, o ser humano “adquire” a linguagem. O ouvinte, a oral, e o surdo, a língua de sinais. No momento da estruturação dessa linguagem, abre-se uma grande lacuna na aprendizagem do surdo. Isso porque o ouvinte aprende a falar e se comunica por meio da fala e, posteriormente, aprende a escrita dessa língua; o surdo, no entanto, sinaliza e se expressa por meio da língua de sinais, mas aprende a escrita da língua oralizada (BENASSI; DUARTE, 2014, p. 93).

Esse processo de alfabetização se reflete ao longo da vida do visual, uma vez que o mesmo, forma em seu desenvolvimento cognitivo inúmeras lacunas que segundo Stumpf (2011), dificilmente será preenchida. Segundo Stumpf (2009) e Barreto e Barreto (2012) a ELS contribui para o desenvolvimento pleno do sujeito visual e também, auxilia-o na aquisição da Língua Oral (LO) escrita. Ainda, segundo Barreto e Barreto (2012, p. 49), a ELS permite que visual escreva com fluência, distanciando-se da limitação imposta pela escrita da L2 (língua que pouco compreende) e também colabora para o aumento do status social da LS quando o sujeito visual mostra que tem uma escrita própria. Assim, conforme os pensamentos bakhtinianos “A situação social mais imediata e o meio social mais amplo determinam completamente e, por assim dizer, a partir do seu próprio interior, a estrutura da enunciação” . (BAKHTIN, 2010, p. 117 [1929]) Existem muitos sistemas de ELS no mundo. O primeiro foi desenvolvido pelo educador francês Roch-Ambroise Aguste Bébian (1739-1839). Bébian acreditava que

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Termo conceitual, em substituição ao termo SURDO, delineado pelo pesquisador Anderson Simão Duarte (UFMT), para designar a pessoa que emite e capta mensagens linguísticas por meio do canal visual, levando em consideração que não se separa o sujeito da língua que o constitui ideologicamente. Assim sendo, o ouvinte é caracterizado pela língua oral/auditiva e o visual pela língua espaço/visual e não pela ausência da audição (DUARTE; BENASSI; PADILHA, 2016). 45

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uma ELS contribuiria para o desenvolvimento cognitivo do visual. Desenvolveu a Écrire les signes ou notação Mimographie (BENASSI, 2016, p. 25); (STUMPF, 2011).

Conforme afirmam Barreto e Barreto (2012), posteriormente, outros sistemas de ELS foram desenvolvimento. Figura 01. A esquerda: Bébian; ao centro: grafia das Configurações de Mão (CM) e; a direita: capa do livro Écrire les signes (Marc Renard).

Fonte: Disponível em http://www.usm67.fr/sourds-historiques.html. Consulta em 19 de set. 2014.

No Brasil são correntes três sistemas de ELS. O Sign Writing (SW), desenvolvido pela bailarina Valerie Sutton em 1974, baseado na escrita da dança – Dancing Writing; a Escrita das línguas de sinais (ELiS), desenvolvida em 1998 pela professora Mariângela Estelita Barros (UFG)46 ambos não aceitos pela comunidade visual e que motivaram a criação da Visografia. O Sistema de escrita de língua de sinais (SEL) desenvolvida em 2011 pela professora Adriana Lessa-de-Oliveira (UESB)47. Figura 02. Sinal VER escritos pelo SW, ELiS, SEL e Visografia, respectivamente

Fonte: acervo particular do autor

1. O PROBLEMA DA ELS E A MOTIVAÇÃO PARA A CRIAÇÃO DE UM NOVO SISTEMA

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Universidade Federal de Goiás. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

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ideológicas em que o visual frente se coloca em relação de empoderamento de sua língua (LS), que tem ganhado espaço frente a LP, considerada hegemónica. No entanto, ainda encontra dificuldades na legitimação de sua língua e direitos, haja vista que, ainda é dependente da L2 em sua modalidade escrita.

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A sala de aula no curso de Letras-libras – Licenciatura é um espaço que se constitui como uma arena de poder. Espaço este onde são travadas intensas batalhas

Segundo Benassi, Duarte e Padilha (2016) o professor Claudio Alves Benassi (UFMT) é responsável pela disciplina de Escrita de Sinais do curso de Graduação em Letras-libras – Licenciatura da UFMT. Desde a criação do curso em 2014 até o momento, nenhum dos ingressastes tinham conhecimentos de escrita e leitura de ELS satisfatórios, vale ressaltar que nenhum dos demais professores têm, até o presente momento, conhecimento na docência para assumir a respectiva cadeira. Benassi, Duarte e Padilha (2016, p. 35) afirmam que dos acadêmicos que cursaram a disciplina de Escrita de Sinais, apenas um continuou os estudos da ELiS. Afirmam ainda que um curso de extensão ofertado a comunidade interna e externa foi cancelado, motivado pela baixa procura. “Segundo o público alvo, a ELiS é um sistema muito abstrato” (op. cit. p. 35). Os autores questionam o motivo da recusa desse sistema de escrita, considerando que o mesmo, tal qual o SW, tem seus aspectos simples e visuais, além dos complexos e abstratos. E finalizam considerando que ambos os sistemas não se fixam na área da Libras e emitem um outro questionamento: poderiam os aspectos simples e visuais de ambos os sistemas serem relidos em um novo sistema de ELS? O professor Benassi é músico de formação, hábil leitor de partituras, escritor e leitor fluente da ELiS, isso lhe basta. No entanto, como educador e pesquisador, sendo constituído por múltiplas vozes, portanto um ser plurívoco, segundo a ideia de plurivocidade em Bakhtin (2014), segundo professor Benassi “ não posso ficar indiferente a alteridade com o sujeito visual, ante a dificuldade dos alunos visuais em apreender os sistemas de ELS correntes”. Essas vozes ecoaram e inquietaram seu ser, fazendo com que o mesmo se desvelasse na arquitetura de um novo sistema de ELS. Nesse percurso, além da colaboração direta dos acadêmicos que fazem parte do Círculo de Estudos de Escrita Visogramada (CEEVis), contamos com a participação direta da Professora Doutora Simone de Jesus Padilha na orientação, do Professor Doutor Anderson Simão Duarte na seleção de caracteres e da Professora Mestre Sebastiana Almeida Souza na colaboração e aplicação da Visografia. 2. AS BASES QUE INSPIRARAM A CRIAÇÃO DA VISOGRAFIA

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constantemente inquietos, quer seja pela dificuldade dos mesmos em escrever sua L2 quer seja pela falta de conhecimentos a respeito das ELS. Como apontado anteriormente, existem no Brasil três sistema de ELS correntes, no entanto, nenhum deles tem se fixado na pratica diária dos sujeitos visuais.

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Se constituir com os visuais no processo de ensino-aprendizagem, coloca-nos

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SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO 2014: MODOS DE “ LER-ESCREVER” EM MEIO À VIDA

Figura 03. Texto em SW: “Olá, eu sou Sávio. Eu vim aqui, mas, não tem apoio para idosos com idade de 80 anos. Há 2 anos atrás, a mãe comprou um cachorro pastor alemão e entregou para o idoso. O cachorro é esperto. No passado o idoso caminhou com o cachorro. Duas crianças andavam felizes de bicicleta...”

Fonte: Benassi (2014)

Figura 03. Texto em ELS SignWrinting. Fonte: Barreto e Barreto (2012). “Olá, eu sou Sávio. Eu vim nãose temfixa apoiopelo para idosos com idade de 80 anos. HáPor 2 anos a mãe um Oaqui, SWmas, não excesso de caracteres. seatrás, tratar decomprou um sistema de cachorro pastor alemão e entregou para o idoso. O cachorro é esperto. No passado o idoso caminhou não linear, escrito da esquerda paradeabicicleta...” direita e, por grafar a mão com verticalmente o cachorro. Duas crianças andavam felizes

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http://sel-libras.blogspot.com.br/

OS !ESPAÇOS PÚBLICOS NA PRODUÇÃO DE SENTIDOS E LUTAS IDEOLÓGICAS GT 22 - ESCRILEITURAS - COMUNICAÇÃO ORAL

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suplantando assim a Língua Brasileira deinforma Sinais o(Libras). O ano SW de é ainda uma versão satisfatória da escrita, como site. Já no 2012, oconsiderado mesmo denso e pesado não só pelo excesso de caracteres, como também pelo exacerbado foi aperfeiçoado com o objetivo de aprimorar os processos de escrita e leitura da detalhamento da escrita. mesma. O sistema da Escrita SEL leva em consideração as unidades mão, locação e Já a ELiS apresenta um visograma (alfabeto) com, apenas, 95 visografemas (letras). Por ser um sistema de ELS linear e grafar separadamente os visemas (fonemas) das LS, o processo de aprendizagem é rápido, a grafia é eficaz, sendo !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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ELS no todo, considerando três orientações de palma (para frente, para trás e para a A Escrita SEL é um sistema de ELS linear criado pela Professora Doutora medial) nos planos horizontais e verticais, o SW só de configurações de mão têm 666 Lessa-de-Oliveira da em UESB, poromeio de um projeto financiado pelo CNPq,detestado caracteres, se levarmos conta inventário de configuração de mão Barreto e em(2012). caráter experimental por um grupo de 5 surdos e 1 ouvinte. Os resultados foram Barreto 3 Além disso, construção de sentidos doscomo visuais a respeito do SW é de que o qualificados peloa site que divulga a Escrita SEL sendo excelentes. mesmo se trata de uma LS que osnoEstados Unidos querde implantar no Brasil, O sistema foi desenvolvido ano de 2009. No ano 2011, chegou-se a

portanto, qualificada como uma ELS leve e prática por grafar o essencial para o registro da informação, além de demandar pouco espaço para a grafia e contar um uma fonte instalável no software Word, o que facilita o uso. Ao contrário do SW que demanda acesso a internet para a edição de textos. Figura 04. Mesmo texto da figura 1, porém escrito pela ELiS.

Fonte: Benassi (2014).

Conhecedor de ambos os sistemas, o professor Benassi, propôs uma releitura desses dois sistema, fundindo os elementos mais simples do SW com os mais simples da ELiS, dando assim origem a um terceiro sistema de ELS, cujo procedimento de escrita e leitura se mostrou muito acessível nos testes já realizados. Por meio da escrita de sinais isolados, pequenos textos e de sinais escritos em outras LS, provouse a viabilidade da escrita das LS por meio da Visografia. Sinais e pequenos textos foram expostos para acadêmicos e profissionais da Libras que não possuem conhecimento na ELiS, ou mesmo que foram iniciados. Estes conseguiram (alguns apresentaram demanda de breve explicações) ler os as informações escritas em LS, o que prova a viabilidade da leitura da Visografia. 3. O VISOGRAMA DA VISOGRAFIA Um sinal ao qual não estamos suficientemente habituados ou uma forma de uma língua que conhecemos mal. Não; o essencial na tarefa de descodificação não consiste em reconhecer a forma utilizada, mas compreendê-la num contexto concreto preciso,

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compreender sua significação numa enunciação particular. (BAKHTIN, 2010, p. 96 [1929]).

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Figura 05. Quadro de visografemas da Visografia.

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A Visografia nasce com apenas 64 caracteres, conforme Bakhtin (2010) há a necessidade da característica facilitadora de compreensão no enunciado. Escrita de base alfabética pois grafa a LS visematicamente, ou seja, grafa as mínimas partes, os parâmetros das LS. Esses parâmetros são a configuração de mão; a orientação de

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Fonte: acervo particular dos autores.

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palma; a locação e os movimentos. A configuração de mão é o formato que a mão adquire na seleção de dedos e está dividida em configuração de dedos. Figura 06. Quadro de visografemas da Visografia.

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A orientação da palma é a direção que a palma da mão assume na articulação de um sinal. São seis: 1) para frente; 2) para trás; 3) para medial; 4) para distal; 5) para cima e; 6) para baixo. A locação são os lugares no corpo ou no espaço, em que a mão é posicionada na articulação de um sinal. Os movimentos compreendem um conjunto complexo de movimentos que podem ou não acompanhar a articulação de um sinal. Se dividem em movimentos

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Fonte: acervo particular dos autores.

do braço, de punho e dedos, e movimentos faciais e corporais. Esse último se divide em movimentos faciais e corporais intensificadores (gramaticais) e movimentos faciais e corporais entoativos. Temos então o visografema da Visografia com os visografemas assim distribuídos: 1a) Configuração de dedo (CD) – Polegar; 1b) CD – Demais dedos; 2) OP; 3) Locação; 4) Movimento. Figura 07. Quadro com o visograma da Visografia.

Fonte: acervo particular dos autores.

4. SINAIS E TEXTO ESCRITO EM VISOGRAFIA Abaixo, exibiremos uma série de sinais e um texto em Libras grafados pela Visografia, para demostrar na prática o que delineamos teoricamente.

Sinal com fechamento dos dedos pelas pontas articulado na frente do rosto

Domingo

Sinal com junção de dedos articulado no espaço neutro em frente ao tórax

Hoje

Sinal com EPM ou OPD para trás escrito articulado no tórax

Eu

Quinta feira

Sinal articulado ao lado esquerdo do tórax

Amar muito

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Sinal com Locação na lateral da cabeça

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Tabela 01. Sinais escritos pela Visografia.

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Sinal articulado na frente do abdômen

Novo(a)

Sinal com Loc no braço

Aluno

Sinal articulado no espaço neutro a frente do tórax

Nome/Nomear

Sinal articulado na frente da Locação

Laranja/Sábado

Sinal com Movimento repetitivos iguais

Fevereiro

Sinal com Movimento repetitivos alternados

Trabalhar/Trabalho

Sinal com diacrítico de Movimento para completar a ideia do movimento

Feliz/Felicidade/Felicita r

“Bom sábado, feliz domingo! Que Deus abençoe a nova semana que começa amanha!”

Fonte: acervo particular dos autores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A sala de aula, neste trabalho, é entendida como um espaço público de produção de sentidos e um ambiente de lutas ideológicas do sujeito visual. Primeiro

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na empoderação da LS, segundo na busca por seus direitos, principalmente, o de ter uma educação potencializadora e significativa em sua língua, a LS.

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Ideologicamente, a escrita seja ela da L2 ou da Primeira Língua (L1) não é aceita pelo visual, haja vista o agenciamento discursivo das identidades surdas48 que preconizam o afastamento do visual da cultura escrita. Tal pressuposto faz com que o mesmo não se movimente, confortavelmente, no mundo oralizado e ainda, faz com que o mesmo não ascenda ao centro da sociedade pela ausência da escrita em um mundo essencialmente grafocêntrico, pois “A enunciação é de natureza social” (Bakhtin, 2010, p. 113 [1929]) sendo assim, entendido a necessidade da compreensão, participação, envolvimento e desenvolvimento social das pessoas envolvidas no processo de aprendizagem das ELS, sendo estes, ouvintes e visuais. Dada as dificuldades que sentimos na interação com os visuais, colocando-nos em seu lugar (um extra local para nós), não podemos ficar indiferentes a essa problemática. Assim sendo, apresentamos uma outra possibilidade de ELS que surge unindo os elementos mais simples de outros dois sistemas de ELS. Essa pesquisa está em fase de implantação. Acreditamos que com a efetivação do uso da Visografia o número de caracteres poderá ser reduzido. Esperamos que essa ELS possa se tornar um recurso viável na alfabetização do sujeito visual, eliminando assim os prejuízos que os mesmos vem sofrendo ao longo dos tempos pelo acesso prioritário a modalidade escrita da LO. REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. M. O plurilinguismo no romance. In.: BAKHTIN, Mikhail. M. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 7ª edição. São Paulo: Hucitec, 2014. p. 107-133. BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo, Hucitec, 2010. BARRETO, M.; BARRETO, R. Escrita de sinais sem mistérios. Belo Horizonte: ed. do autor, 2012. BENASSI, C. A. Além dos sentidos: a Escrita das Línguas de Sinais como uma proposta de produção acadêmica do surdo. In.: Educação e seus jeitos de ler-escrever em meio a vida. Anais do Semiedu. Universidade Federal de Mato Grosso. 2014. _____. Formação de docentes de Escrita das línguas de sinais (ELiS). Revista Falange Miúda. V. 1, N. 1, 2016. Disponível em http://www.falangemiuda.com.br/edicaoatual/. Acesso em: 11 set. 2016. BENASSI, C. A.; DUARTE, A. S. Além dos sentidos I: ensaio a respeito da escrita de sinais. Revista Diálogos. V. II, N. 1, 2014. BENASSI, C. A.; DUARTE, A. S.; PADILHA, S. de J. Proposta de releitura do Sign Writing e da ELiS. Revista Falange Miúda. V. 1, N. 1, 2016. Disponível em http://www.falangemiuda.com.br/edicaoatual/. Acesso em: 11 set. 2016.

Consultar os textos “As diferentes identidades surdas” (PERLIN, 2002) e “Entre dois mundos: a busca pela (des)identidade por meio do social e da linguagem” (No prelo). 48

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STUMPF, M. Escrita de língua brasileira de sinais. Indaial: UNIASSELVI, 2011.

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_____. Sujeitos ouvinte e visual: da oralidade a visualidade. Revista Diálogos. V. 3, N. 2, 2015.

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