Viúvas das quintas-feiras, de Claudia Piñeiro: e a compreensão do medo na cidade

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RUFFATO, L. O fim do mundo como o conhecemos. Jornal. Disponível em: . Acesso em: 13 ago. 2016.
CRUZ, M. Por que Donald Trump será presidente dos EUA: os 5 argumentos de Michael Moore. Jornal. Disponível em: . Acesso em: 13 ago. 2016.
GRILLO, I. O que o México acha de Trump: declarações xenófobas na corrida à Casa Branca abalam realações entre duas nacões. Disponível em: . Acesso em: 13 ago. 2016.


VIÚVAS DAS QUINTAS-FEIRAS,
de Claudia Piñeiro: e a compreensão do medo na cidade
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por
PABLO BAPTISTA RODRIGUES
Aluno do Curso de Mestrado em Teoria da Literatura
(Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado ao Professor Ary Pimentel no curso Literatura e Interdisciplinaridade, código LEN847.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Letras da UFRJ
1º semestre de 2016














Sumário

Resumo 4
Introdução 5
O medo: uma questão histórica 7
Literatura e medo 8
Viúvas das quintas-feiras: a fuga do medo e busca da possível segurança 9
Supressão das experiências subjetivas 11
Uma cidade que não seja regulada pelo medo 11
O medo global e o medo local 14
Virginia: a fenda por onde se olha 17
Considerações finais 19
Referências 20



Resumo
Este trabalho tem como objetivo tecer breves considerações sobre a obra de Claudia Piñeiro, Viúvas das quintas-feiras. Buscou-se aqui destacar o elemento medo como fato constitutivo da experiência da vida segregada, seja no complexo residencial, ou a vida do condomínio. Alto de la Cascada é tomado aqui como um espaço ficcional que critica tanto a localidade, uma Buenos Aires ficcional, mas também no ambiente global, de países que "enclausuram" frente ao medo do "Outro".
Então, nosso objetivo é tomar o romance Viúvas das quintas-feiras como forma análise social, observando o caráter macrossocial que a obra aponta, se pensarmos que a sociedade autossegregada é uma crítica ao pacto hobbesiano, e, portanto, la Cascada toca no fracasso atual do Estado como guardião de seus súditos. E também, evidenciar novo arranjos sociais, não só pela eliminação do elemento simbólico e material da vida vivida, exigido no pertencimento da vida enclausurada, mas a marca da inveja nas relações coletivas. Sendo a marca profunda da narrativa o medo.
A leitura se deteve no desenvolvimento das observações suscitadas no curso de pós-graduação, disciplina "Literatura e Interdisciplinaridade", ministrada pelo professor Ary Pimentel.


Introdução
Em sua coluna no jornal El País, Luiz Ruffato, autor de Eles eram muitos cavalos (2011), entre outros livros, declara na manchete de seu artigo "O fim do mundo como o conhecemos". A manchete ainda alerta que "O período pós-Segunda Guerra é um dos mais extensos da História sem a ocorrência de um conflito generalizado entre a potências mundiais. Mas o quadro parece está mudando". Morador da cidade do interior de Minais Gerais, Ruffato inicia seu texto relembrando os momentos da sua infância, contando ao leitor sobre sua experiência de medo diante de um mundo polarizado: Estados Unidos versus União Soviética. A presente incerteza da infância com a impossibilidade de um amanhã, graças ao eminente descuido de uma dessas potências, que ainda hoje detém o poder de escrever o fim da humanidade como a conhecemos.
Entretanto, como bem salienta o autor, não estamos mais no contexto de Guerra Fria. A imagem que está presente no artigo online é do momento presente, fotografia de Omar Haj Kadour: "O conflito da guerra civil na Síria". Afeganistão, Iraque e a Síria são países incluídos na lista de populações que nos últimos meses tem migrado de seus territórios para a possibilidade da paz e melhores condições de vida no velho continente. De outro lado, a Europa vê o risco do seu projeto de unificar todo o continente provendo não apenas, o equilíbrio econômico, mas sobretudo a manutenção da paz. O primeiro país a romper com esse projeto onírico, deixando a União Europeia, é o Reino Unido, isolado não só geograficamente, mas também historicamente, do restante do continente.
Ruffato é preciso na busca de traçar brevemente uma história dos grandes conflitos pós-Segunda Guerra: Guerra Fria, Estado Islâmico, Atentados, o caso da Turquia e armas nucleares na base de Incirlik. Apoio as ditaduras por Putin. A ditadura tecnocrática chinesa e a economia global. E por fim Donald Trump. Esses argumentos, evocados no texto do escritor brasileiro, buscam corroborar o título de seu breve texto: "O fim do mundo que conhecemos". E que talvez, a eminencia de um novo tipo de conflito, já identificado pelo medo presente diante de uma instabilidade global.
A intertextualidade nos leva ainda a mais um texto, ressaltando o último argumento de Ruffato. O leitor é direcionado, pelo próprio mecanismo do site, ao texto sobre as eleições americanas: "Por que Donald Trump será presidente dos EUA: os 5 argumentos de Michael Moore".
Escrito pelo cineasta americano Michael Moore, o texto busca mostrar não apenas ao leitor americano, o quanto o candidato republicano, Donald Trump, coloca em risco a ideologia que fundou os Estados Unidos da América: a nação divinamente eleita por Deus a propagar a paz, sendo a representação democrática por excelência. A nação que com sua independência inspirou a ideia de liberdade no continente americano, agora se vê na possibilidade de ser governada por um magnata. Entre as falas de Trump temos: "Quando o México manda seu povo [aos EUA], mandam pessoas que têm um monte de problemas e trazem estes problemas para nós. Eles trazem as drogas, trazem o crime, são estupradores. E alguns deles, eu confesso, são boas pessoas [...]".
No Brasil o IBOB informa que atual deputado federal Jair Bolsonaro (Partido Social Cristão), em pesquisa realizadas atingiu a marca de 11% nas intenções de voto para presidente. O Estadão informa ainda, que em dez dias antes da pesquisa, Bolsonaro apresentava apenas 8% das intenções de voto. Com seu discurso conservador o político tem conquistado cada vez mais uma parcela da população considerada a classe média brasileira.
O que temos até aqui, não é apenas os fatos da atual conjuntura política e social, apontando para um mundo globalizado, mas que por detrás de todos esses elementos vemos como forma constitutiva, o medo. Um medo globalizado. Não se sabe se seria a volta de um fascismo "revisitado". Porém, não é possível se furtar da presença, e da criação do medo na sociedade, como elemento presente na agenda pública global. O que talvez ainda esteja em falta, seja a capacidade de nomear o processo em que o mundo atual enfrenta.


O medo: uma questão histórica
É interessante pensar que a "segregação", como vocábulo da língua portuguesa, é datada a partir dos anos 1858. O vocábulo "medo" é mais anterior, datado no século XIII. Ambas se relacionam com um aspecto afetivo dos sujeitos sociais, no ato de lidar consigo e o com outro. E de alguma forma, as palavras parecem caminhar juntas. O medo como consciência do perigo nos leva ao afastamento da própria situação de risco. O medo fala sobre nossa sobrevivência.
No século passado, ou "na infância de nossos pais", os inimigos tinham nome, suas propostas eram conhecidas, e a possibilidade da escolha de um lado, apesar de arriscadas, era possível. Na expressão "Guerra Fria" tínhamos a síntese do medo do enfretamento de duas potências com o risco de um conflito nuclear. A equação básica das relações internacionais se sustentava pelo medo. Em Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991), o historiador inglês, Eric Hobsbawm afirma:
A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que se pode encarar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra muito peculiar. Pois, como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, 'a guerra consiste não só da batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida'. A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do breve século XX, foi sem dúvida um desses períodos. Gerações inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares globais que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a qualquer momento e devastar a humanidade. (HOBSBAWM, 1995, p. 224)
Somente com a "eliminação" de um desses inimigos, que sustentava a balança do medo, é que o mundo, acreditava, poder atingir a paz. E foi o próprio sistema do capital responsável por isso. A Queda do Muro de Berlim é o símbolo máximo do fim da divisão de duas ideologias. Era a possibilidade de fim de uma ordem bipolar do mundo. O que infelizmente, não resultou no fim do medo, e da criação de novos inimigos frente a uma economia que entra na Nova Ordem Mundial, tendo como lema a Globalização. Passíveis de crítica, esses movimentos da história nos ajudam a constar que, sobretudo, um dos elementos das relações sociais é o medo.
É com Jean Delumeau, em a História do medo no Ocidente, que veremos toda uma trajetória de narrativas perpassadas pelo medo na constituição do que se configurou, e habitualmente chamamos de "homem ocidental". O projeto de Delumeau inicia dos anos de 1300 até 1800 passando pela ideia coletiva do medo: "O medo da maioria", como aponta o historiador. Até "a cultura dirigida pelo medo". É constitutivo do ser humano sentir medo, tal sentimento é parte da experiência humana e ressalta ainda o historiador, que a sensibilidade da sociedade a esse afeto varia ao longo do tempo. Não só a sensibilidade ao medo por parte de uma sociedade varia ao longo do tempo, bem como os agentes do medo.
Quer haja ou não nosso tempo mais sensibilidade ao medo, este é um componente maior da experiência humana a despeito dos esforços para superá-lo. "Não há homem acima do medo", escreve um militar, "e que possa gabar-se de a ele escapar". Um guia de montanha a quem se faz a pergunta "Aconteceu-lhe sentir medo? Responde "Sempre se tem medo da tempestade quando a ouvimos crepitar nas rochas. Isso arrepia os cabelos debaixo da boina. (DELUMEAU, 2009, p. 23)
Literatura e medo
Diante de todo o embate político e ideológico durante a Guerra Fria, aqui tomada como um exemplo inicial de nossa experiência do pós-Segunda Guerra, vemos num mundo pós-Queda do Muro de Berlim a impossibilidade de pensar as práticas sociais como formas homogêneas, ou "bilaterais". O que se viu foi a fragmentação não apenas da geografia do mundo, mas sobretudo, de nossas compreensões políticas. Não temos então, o medo que regeu o Ocidente medieval que se apresentava pelas imagens da "A espera de Deus", "Satã e seus agentes", "A mulher como bruxa". E mais recente o "Capitalismo" versus "Comunismo". E talvez poderíamos arriscar, na contemporaneidade, os medos são outros pois o inimigo pode estar em qualquer lugar.
Quando a arte se relaciona com o presente, ainda que esteja livre do pacto de representar o real, a produção artística de modo amplo se coloca como forma singular para a crítica de um sistema da vida enclausurada nos bairros residenciais de elite. É o que podemos observar como exemplo a obra Viúvas das quintas-feiras (2007), de Cláudia Piñeiro.
Vencedor do Prêmio Clarín de Romance de 2005 e adaptado para filme por Marcelo Piñeyro em 2009, o livro de Cláudia Piñeiro toca em questões da cidade moderna argentina, especialmente o fenômeno dos bairros residenciais de classe média alta, como forma leitura de uma sociedade fragmentada. Com uma narrativa considerada cinematográfica, possível influência de sua profissão como roteirista, a autora utiliza movimentos de construções literárias de adiantamento da tensão para realizar explicações no decorrer da obra.
Nosso intuito neste trabalho foi de observar o lado estético da feitura da obra, mas colocando o livro de Piñeiro entres as narrativas que configuram a construção de um imaginário sobre a classe média alta e a relação dessa classe social com o medo da cidade.
Viúvas das quintas-feiras: a fuga do medo e busca da possível segurança
O livro apresenta a história do bairro residencial Altos de la Cascada, Bueno Aires. Encontramos na obra temas como temas como o autoisolamento, graças a crise econômica. O esporte como meio de distinção e valorização social, como é o caso do tênis. Uma análise sociológica das relações dos sujeitos que integram esse bairro residencial: patrão e empregada; filho e pais; esposas e esposas; maridos e maridos. Racismo, manutenção social, a arte como entretenimento. A autossegregação. E a própria constituição do bairro residencial como espaço de segurança, construído pelo discurso do medo, fio condutor de toda a trama.
Logo no primeiro capítulo de Viúvas das quintas-feiras, encontramos o fio condutor de toda a narrativa. Ronie, esposo de uma das personagens, volta para casa quebrando a rotina de passeio noturno. Ele sempre chega após as três da manhã do encontro com os amigos de Altos de la Cascada, porém em uma dessas quintas-feiras decidiu voltar mais cedo: "Que estranho, tão cedo...", comentei ao pé da escada. "Pois é", respondeu ele, e subiu como um copo e a garrafa de uísque. Esperei um momento, ali parada, e depois o segui". (PIÑEIRO, 2007, p. 10).
Ambos, marido e mulher, ficariam a observar a casa próxima do vizinho, e a música que se encerraria misteriosamente após o som estranho de algo cair na piscina. Um mistério é lançado ao leitor, sem antes a afirmação da mulher sobre o próprio marido: "Volta e meia ele se mexia na espreguiçadeira, sem encontrar a posição adequada, estava nervoso. Mas tarde eu soube que não eram os nervos, e sim medo". Virginia ao deixa-lo por um momento observando os vizinhos, escutou logo de imediato, passos rápidos e seu marido se acidentando ao cair da escada. (PIÑEIRO, 2007, p. 12)
Tudo, porém, será explicado no final da narrativa. O que o casal estava presenciando, ainda que em sua casa, era a execução do plano de Tano, Gustav e Martín, outros personagens do livro, moradores de Alto de la Cascadas:

Quando chegaram ao automóvel, travou a cadeira, postou-se diante de Ronie, acocorou-se na frente dele e lhe segurou as mãos. "Preciso lhe contar uma coisa". Ronie escutava sem dizer nada. "Anteontem à noite houve um acidente na casa dos Scaglia". Ronie negou com a cabeça. "O Tano, Gustavo e Martín morreram eletrocutados". "Não", disse Ronie. "Foi um lamentável acidente". "Não, não foi..." Ronie tenta se levantar, mas caiu imediatamente na cadeira, "Sossegue, Ronie". "Não, não foi assim, eu sei que não foi assim". Chorou. (PIÑEIRO, 2007, p. 231)
Devemos ressaltar a importância da "quinta-feira" como a prática do encontro regular entre os homens de Alto de la Cascada. E a quebra dessa regularidade do encontro, a do jogo do truco interrompido, que nos coloca diante dessa hybris, isto é, esse desequilíbrio. O espaço da paz, da segurança, do Éden na terra, é completamente desfeito. O que Virginia relatava ao seu esposo ser um acidente, não passava de um plano de suicídio coletivo, que se deu logo após Martín, que deseja se mudar com a família para os EUA receber a notícia do atentando de 11 de setembro. A crise estrangeira, toca na crise local: "Dei azar, resolvo ir para Miami e explodem as Torres Gêmeas".
No ambiente desse encontro, no meio do jogo de truco, o mesmo personagem relata então, sua crise financeira. Tano o interpela e diz para o grupo de amigos a importância de deixar a vida com dignidade. Ele apresenta o suicídio como a melhor escolha para sair da vida dignamente, a exemplo dos orientais. Ele é também o encarregado de trazer a "consciência" da fragilidade da vida construída em Alto de la Cascada. Dos quatro amigos, apenas um se recusa, Ronie. Por isso a morte não foi um mero acidente, um mero afogamento.
O que temos em Viúvas das quintas-feiras, portanto, é um texto que toca no tema da cidade. Por um lado, a vida do enclausurada, do isolamento do tecido urbano; de outro o convite ao pensamento sobre a cidade como um fenômeno plural. Alto de la Cascada não está ausente de uma crise global, muito menos longe das interferências da criminalidade em torno do próprio bairro residencial.

Supressão das experiências subjetivas
A recusa do conflito, isto é, o lidar com o outro em espaço público e não tão regulado do tecido urbano, é feito na sociedade enclausurada. Aceitando o discurso do medo, nega-se a pluralidade da vida na cidade. Temos a supressão de formas antigas de experiências subjetivas, e a emergência de novos meios de expressões contemporâneos. Deve-se lembrar que a condição de entrar em Alto de la Cascadas e a supressão histórica, simbólica, material de uma vida do passado:
Todos os que viemos morar em Altos de la Cascada dizemos ter feito isso buscando "o verde", a vida saudável, o esporte, a segurança. Com essa desculpa, inclusive, diante de nós mesmo, acabamos por não confessar por que viemos. E com o tempo, já nem nos lembramos. A vinda para la Cascada produz um certo esquecimento mágico do passado. O passado que resta é a semana passada, o mês passado, o ano passado, "quando jogamos o intercountry e ganhamos". Vão se apagando os amigos da vida inteira, os lugares que antes pareciam imprescindíveis, alguns parentes, as recordações, os erros. Como se fosse possível, em certa idade, arrancar as folhas de um diário e começar a escrever um novo. (PIÑEIRO, 2007, p. 25)
Uma cidade que não seja regulada pelo medo
A não organização formal de regras jurídicas não nos impede de termos o estabelecimento e prescrições de leis sociais. Isso nos faz trazer para o debate a questão da constituição dos afetos na sociedade contemporânea.
A grosso modo, nossas práticas sociais são reguladas por todo um ordenamento jurídico. Porém, sabemos, da existência de práticas sociais que mesmo não reguladas pelo "argumento da razão", isto é, pela criação de leis, debates racionais no legislativo são de extrema importância nas relações do indivíduo em sociedade. Muitas dessas regras são presentes em nossas relações afetivas. O medo por exemplo, mesmo não sendo incluído de maneira sistemática em um código jurídico, (punição para quem gera o medo; a impossibilidade e criminalização do medo), ele é um fenômeno importante para a compreensão dessas novas relações sociais, levantas para o debate no livro de Piñeiro. O medo está presente nossos debates políticos, e aliado a segurança dita a ordem do mercado imobiliário.
Vladimir Safatle, em uma de suas conferências aponta justamente para a necessidade da inserção dos afetos no campo político. Compreende-se o espaço da legislatura como forma organizada de ideias para a regulação do corpo social. Discute-se a respeito à adoção ou não de terminado imposto por meio do discurso e debate de certo número de parlamentares. Ser contra ou a favor à implementação de uma nova, ou a retomada de uma antiga forma de arrecadação de tributos, será defendida pelo caráter ideológico de cada deputado.
Como exemplo de uma política que vai além do debate das ideias, temos as pautas bombas do Congresso brasileiro. Elas envolvem a bancada brasileira BBB (boi, bala e bíblia) e mostra ser evidente, que além da argumentação de uma direita conservadora temos o afeto medo. Argumenta-se a inviabilidade do suporte do Estado frente a união de casais homoafetivos. Existem outras variáveis que norteiam a decisão dos parlamentares, como por exemplo "o medo de uma sociedade plural", "a destruição da família tradicional" etc.
Safatle levanta a questão da necessidade de um novo circuito dos afetos, para que possa surgir novos laços sociais. Questiona-se, portanto, a construção do corpo social e suas formas de sentir esses afetos. A vida democrática pede uma vida racional, isto é, a procura do melhor argumento para se viver na polis. Entretanto, nossa vida na em sociedade não é pautada apenas pela "racionalidade". Logo, a importância de os afetos serem não apenas pano de fundo nas questões políticas, mas um assunto a ser debatido de forma sistemática. A lógica da vida dos complexos residenciais é de se alimentar de medos reais e imaginários. O medo é, portanto, afeto político:

O medo como afeto político, por exemplo, tende a construir a imagem da sociedade como corpo tendencialmente paranoico, preso à lógica securitária do que deve se imunizar contra toda violência que coloca em risco o princípio unitário da vida social. Imunidade que precisa da perpetuação funcional de um estado potencial de insegurança absoluta vinda não apenas do risco exterior, mas da violência imanente da relação entre indivíduos. (SAFATLE, 2016, p. 20)
Observando os indivíduos como célula da sociedade, como diz Thomas Hobbes (HOBBES, 2003), tomamos a sociedade e seus cidadãos como seres de desejo. A cidade é o campo de batalha onde o querer individual se enfrenta. Seria o que Hobbes diz de "a guerra de todos contra todos", isto é, onde cada um enfrenta não apenas sua própria vontade, mas a transfere para o espaço público, onde esbarra também, no desejo alheio. Existe uma prontidão para o agir confiando no governante para a dissolução e organização dos desejos da coletividade: "O medo da opressão predispõe os homens à antecipação ou a buscar ajuda na associação, pois não há outra maneira de assegurar a vida e a liberdade". (HOBBES, 2003, p. 87). Como bem resume Beatriz Sarlo em Tempo presente: notas sobre a mudança de uma cultura (2005):
Na argumentação hobbesiana, os homens entregam uma parte de sua soberania precisamente para evitar que desencadeia uma guerra de todos contra todos. O príncipe garante a paz. Essa garantia e a entregue contratual que a torna possível permite que os homens evitem a guerra de todos contra todos, a desconfiança extrema que dá origem à violência, e habilitemos para viver membros de um corpo social. (SARLO, 2005, p. 53)
O medo da morte violenta ou o medo de ser roubado. É o Estado, portanto, numa filosofia contratualista, que inicia no século XVI, realizada por Hobbes, que a sociedade contemporânea se fundamenta na relação de um pacto não mais com o príncipe, mas sim no pacto democrático. O cidadão busca acreditar na segurança pública, na manutenção da saúde pública, da escolha, a mobilidade urbana prometida pelos governantes. Benefícios oriundos do contrato atualizado entre o "súdito" e o "comandante", o "eleitor" e o "eleito".
Sem o Estado o que temos é a "possível" anarquia. O "cogito, ergo sum", do Estado, portanto, é a proteção como uma de suas bases centrais. Isso porque, o medo é característica básica dos laços sociais, assim sendo, o Estado é o bombeiro e o piromaníaco, pois deveria proteger seus cidadãos, como também é agente regulador do próprio medo.
Altos de la Cascada toca justamente na crítica à sociedade contratualista oriunda do século XVI e reformulada na contemporaneidade. Não se confia mais no Estado para a seguridade social e manutenção de bens básicos, portanto, os bairros residenciais, bem como a vida em condomínio, buscam ser autossuficientes. Clubes, mercados, escolas, creches, segurança fazem parte do pacote vendidos pelas imobiliárias como forma de comodidade para uma vida contemporânea. Tudo está a poucos metros.
O romance evidencia, uma configuração social que já nasceu em crise. Não só o apagamento de uma vida passada com todo seu simbolismo e também aspectos materiais, como também, processo de enclausuramento da vida. Retornamos, as cidades muradas da Idade Média.
A sociedade do condomínio e dos bairros residenciais de alto luxo são exemplos da cidade enclausurada. E nesse novo arranjo urbano que a segregação social passa a ter um valor positivo. Constrói-se um espaço indiferente à malha urbana da cidade, negando a possibilidade de transitoriedade e movimento. Ocorre a segregação voluntária, a busca da segurança como patrimônio.
As cidades passam a ser construídas por meio de uma alteridade cosmética. A relação "Eu" e o "Outro" se configura por meio da criação do imaginário onde, os que não estão "dentro do condomínio" são os estranhos. Eles são inimigos iminentes, pois se precisa de tal elemento para a construção da narrativa de um "Eu". O Outro põe em risco todo um modelo de vida, pois ele deseja ser igual a "Nós". Tem-se aí a "vida transparente e hegemônica" da vida do enclausuramento necessitando de um "bárbaro", e com isso, eliminar formas de troca sociais como a utilização do transporte público contra o transporte público privado; a praça frente ao clube etc:
Para entrar no bairro há três opções. Por um portão com barreiras, se você for sócio, passando pelo leitor eletrônico um cartão magnético personalizado. Por uma porta lateral, também com barreiras, se for visita autorizada, e com prévia entrega de certos dados como o número da identidade, a placa e outros números identificátórios. Ou por uma borboleta em que se retém o documento, empregadas domésticas, jardineiros, pintores, pedreiros ou qualquer outro tipo de trabalhador. (PIÑEIRO, 2007, p. 21)
O medo global e o medo local
Bauman em Confiança e medo na cidade (BAUMAN, 2005), afirma que as nossas experiências de insegurança urbana e as mudanças profundas nas cidades globais no início do século XX, é efeito colateral das nossas convicções de obter uma segurança completa. Portanto, a constatação dessa impossibilidade é uma das formas de alimentar o discurso do medo. A cidade do condomínio é vendida como lugar de "segurança completa", porém apesar da autossegregação, a segurança plena não está garantida.
Observa-se no romance Viúvas das quintas-feiras (PIÑEIRO, 2007) a possibilidade de uma crítica precisa a uma sociedade da autossegregação e enclausuramento, que chega ao colapso não apenas pela limpeza dos vínculos do passado, sejam eles simbólicos (amizade, a primeira casa) ou materiais (o cão, as roupas), mas sobretudo, a escolha da vida da aparência, frente a vida real. Isto é, escolhe-se a "vida bela", a ausência de cachorros vira-latas, a não aparição das caixas d'água e a escolha das flores, cercas vivas etc. Tudo é planejado não existindo a possibilidade de variação, a não ser claro, aquele já delimitada pelas regras do próprio sistema dessa comunidade.
Pode-se dizer ainda que com a diminuição do controle estatal (a chamada desregulamentação), e a necessidade de um novo Estado que busque se relacionar com o aumento do individualismo global, a relação "homem" e "homem" – vínculo que remete aos tempos da tribo, portanto, imemorial –, foi completamente fragilizado e até corrompido. Bauman a seu modo, toca também, na modificação das relações sociais, para usar sua importante metáfora do sociólogo polonês: nossas relações estão liquidas. Ao invés de ser o novo Éden na terra, Alto de la Cascada é o exemplo da nova configuração de nossas sociedades.
A bairro residencial de la Cascada é pode ser tomado também, como grande exemplo de um modelo de a autossegreção mais antigo. Bauman apontada o desejo de uma Europa em defender-se dos "invasores do Oriente Médio", como pode-se ser constatado pelo aumento nacionalismo no plano político europeu. O que se vê é o aumento da xenofobia e mixofobia. A narrativa de Piñeiro evidencia isso em um plano local ao relatar um caso de antissemitismo em Alto de la Cascada: "Urovich, depois de tantos anos, passaram a cumprir um papel fundamental dentro do bairro: ser aquele amigo judeu que garante que nós não discriminamos". (PIÑEIRO, 2007, p. 115). A nível local vemos o global. A segregação das novas elites, sejam elas argentinas ou brasileiras, e seu afastamento do compromisso com a populas.
A crítica de Bauman para a sociedade do autoenclausuramento, nos permite pensar na deterioração da vida pública, onde a vida reclusa é tida positivamente como a vida da "qualidade de vida". Há, portanto, a relação publicitária-medo-imobiliárias que produzem o discurso, emblemático, da segurança plena:
Todos que têm condições adquirem seu apartamento num condomínio: trata-se de um lugar isolado que fisicamente se situa dentro da cidade, mas, social e idealmente, está fora dela. "Presume-se que as comunidades fechadas sejam mundos separados". As mensagens publicitárias acenam com a promessa de viver plenamente com uma alternativa à qualidade de vida que a cidade e seu deteriorado espaço público podem oferecer. Uma das características mais relevantes dos condomínios é seu isolamento e sua distância da cidade. Isolamento quer dizer separação de todos os que são considerados socialmente inferiores, e – como os construtores e a imobiliárias insistem em dizer – o fator chave para obtê-lo é a segurança. (BAUMAN, 2005, p. 22)
O espaço do condomínio é dividido entre o "dentro" e o "fora". É então, a divisão de uma malha urbana antes integrada, mesmo com todas as suas deficiências. Deve-se pensar no espaço geográfico como tecido de pluralidade, e o que rege a vida do enclausuramento é justamente, o desejo, equivocado, da eliminação da diferença. Os bairros residenciais tornam-se uniformes. As atividades comerciais e a própria interação entre os bairros diminuem. Sendo, portanto, essa conduta uma forma infalível, como aponta Bauman, par manter e tornar mais forte a tendência a excluir, a segregar.
Marcelo Lopes de Sousa, geógrafo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cria um termo interessante, no intuito de compreender a "revitalização" e a sensibilidade do medo como constitutivo das cidades contemporâneas. O autor cria o conceito de "fobópole", uma cidade que é dominada pelo medo de se tornar vítima da criminalidade. (SOUZA, 2008, p. 37)
Na narrativa de Claudia Piñeiro (PIÑEIRO, 2007) temos um bairro residencial de classe média alta da Argentina de transição do século XX e XXI. Criação de uma comunidade não muito distante dos condomínios da Barra da Tijuca ou Leblon, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Cidades globais, no caso da capital carioca, que chegam a estimativa de mais de 6 milhões de habitantes. Onde parte dos seus moradores padecem de estresse crônico, fobias-ansiosas, transtornos pós-traumáticos causados pela violência e da sensação de insegurança.
Tudo isso, corrobora a leitura da criação de enclaves sociais. O que acaba por gerar a fragmentação, e, portanto, a autossegregação da sociedade. Constata-se então, uma geografia da violência. Uma geografia que é traçada pelos autos índices de criminalidade, a "fobópole".
No caso do Brasil, Sousa ainda argumenta, que a sociedade do condomínio e da autossegregação surge a partir da década de 70 em São Paulo e Rio de Janeiro (SOUZA, 2008, p. 70). Temos a tentativa da "unidade na diversidade". Uma solução escapista para o medo do processo crescente da periferia carioca e paulistas. Vale ressaltar ainda, que a associado a "criação do imaginário da Favela" como "inimigos em potencial", reforça-se aí, a o binômio "Nós: civilizados", e "Eles: os bárbaros" e manutenção do discurso da construção dos condomínios.
Na "criação do medo" na cidade do Rio de Janeiro vale mencionar, a importância das favelas do Rio de Janeiro no processo de urbanização da Zona Sula carioca. A partir da década de 50 temos o cresce número de favelas no Rio de Janeiro, um crescimento que chegou em torno de 27,8% entre os anos de 1970 e 1980. Diminuindo apenas, com a diminuição da imigração nordestina ao Rio, entre outros fatores.
Alimentada pelo discurso de uma vida natural e saudável constrói-se a cidade do condomínio carioca, e com isso a mobilização para a Zona Sul de habitantes das áreas mais próximas do Centro. Somado a isso, o autoenclausuramento reforçado pela presença do "Outro", o vizinho favelado não integrado na política urbanística do Estado. Porém, o que se tem é uma fuga e não o enfrentamento dos problemas sociais cariocas. Os condomínios exclusivos prometem solucionar os problemas de segurança individual e das próprias famílias de classe média ou da elite, mantendo as causas da violência e insegurança. O condomínio, por fim, pode ser visto como possível empobrecimento da vida na cidade.
Virginia: a fenda por onde se olha
Vale relembrar que Virginia é o elemento central dessa narrativa. Ela não é a "madame" por excelência, porém, ocupa um lugar privilegiado na obra. É uma das moradoras mais antigas do bairro residencial, e é por meio dela que entramos no universo ficcional de la Cascada. Ela tem a "sabedoria de quem vive", a que de forma oculta, inicia atividades comerciais no complexo residencial.
Vendemos uma casa de fim de semana que havíamos herdado da família de Ronie, uma das poucas coisas dessa herança que nos restava para vender, e compramos a casa dos Antieri. Foi, como eu gosto de dizer, "um negócio redondo". E também o primeiro indício de que essa coisa de comprar e vender casas me agradava, estava dentro de mim. Embora, por essa época, eu não entendesse tanto de negócio quanto agora. (PIÑEIRO, 2007, p. 27).
A imagem representada da personagem é destoante de um cenário de classe média alta. Mas do que um espírito de "casal" empreendedor Virginia trabalha com o intuito de manutenção da casa, pois devemos lembrar que seu marido se encontra em complicações profissionais. A família de Virginia é a fissura por meio da qual o leitor olha la Cascada. Uma família que é colocada como "inferior" dentro de espaço da classe média do bairro residencial:
Antes desse primeiro convite, Ronie havia cruzado com o Tano algumas vezes na quadra de tênis, e numa ocasião dos dois tinham tomado alguma coisa juntos depois de uma partida. Eu não voltara a vê-lo desde a escritura; na etapa da construção, eles viviam rodeados de arquitetos e, embora por várias vezes me sentisse tentada a aparecer por lá, a atitude, sobretudo a do Tano, desestimulava qualquer aproximação. Pelo que eu soube, eu não era a única intimidada. Estava claro que o Tano era quem escolhia com que queria se relacionar e com quem não queria. (PIÑEIRO, 2007, p. 43)
A família Scaglia foi uma das primeiras famílias a chegarem no Alto de la Cascada. Fazem parte do grupo social em que Virginia faz questão de nomear frente aos "Uns antes, outros depois" que chegaram ao residencial. A família Scaglia ocupava o ideal de núcleo familiar de toda la Cascada, invejados e cobiçados por sua "distinção": "a casa do Scaglia, embora não fosse a melhor de Altos de la Cascada, era a que mais chamava a atenção dos clientes de sua imobiliária". (PIÑEIRO, 2007, p. 17)
A inveja é uma chave de leitura crucial nesse ambiente social, pois ela identifica e tipifica os personagens da trama: "Muitos de nós a olhávamos como certa inveja, embora ninguém se atravesse a confessá-lo". (PIÑEIRO, 2007, p. 17). A leitura da obra por meio do medo enfatiza a questão de como a sociedade de modo geral se estrutura, e a leitura das relações sociais via "inveja", é nada mais do que o medo do sucesso alheio.
A inveja pode ser encarada, na teologia cristã, como pecado envergonhado. O desejo desenfreado pela comida ou sexo pode ser assumido publicamente em uma roda de amigos, entretanto, pensa-se duas vezes para dizer sobre a própria inveja. Desse modo, a inveja torna-se um campo de autoanálise de extrema importância.
Invejar é ter dor pela felicidade alheia. Não se deseja a casa do outro, mais irrita-se do outro possuir a casa. (KARNAL, 2014). Em uma sociedade da alteridade estética, o importante é se mostrar feliz sempre. Por isso o comentário de Virginia é lapidar, "Muitos de nós a olhávamos [a casa] como certa inveja, embora ninguém se atravesse a confessá-lo". Como pecado oculto, ela diz sobre a incapacidade, infelicidade, e fracasso próprio. Impensável na sociedade do condomínio. Inveja-se quem está no topo da pirâmide social.

Considerações finais
Portanto, vemos que por meio de Viúvas das quintas-feiras pode-se fazer uma análise precisa da sociedade enclausurada, desde o aspecto macrossocial, se pensarmos que a sociedade autossegregado é uma crítica ao pacto hobbesiano, e, portanto, la Cascada toca no fracasso atual do Estado como guardião de seus súditos. Evidenciando também, os novos arranjos sociais, não só pela eliminação do elemento simbólico e material da vida vivida, para o pertencimento da vida enclausurada, mas a inveja que marca as relações coletivas.


Referências
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Café Filosófico: A lógica do condomínio por Vladimir Safatle. CPFLCultura. 16 ago. 2016. Disponível em: . Acesso em: 16 ago. 2016
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HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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