Viver a velhice como travesti: Preconceitos, dificuldades e a luta pelo reconhecimento

Viver a velhice como travesti:
Preconceitos, dificuldades e a luta pelo reconhecimento
Olinda Ramos Barreiros
Fernando Bessa Ribeiro
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal).

Resumo:

O envelhecimento da população é uma tendência mundial, não estando as travestis dele excluído. Sujeitas a situações de forte estigmatização ao longo da vida, quando chegam à terceira idade são também frequentemente desprezadas pela sociedade, ficando remetidas a modos de existência marcados pela invisibilidade e o esquecimento. No contexto brasileiro muitas travestis recusam este ostracismo social, procurando outros caminhos, nomeadamente na intervenção comunitária e nas lutas como ativistas LGBT.
A comunicação está ancorada numa pesquisa etnográfica – com observação participante, entrevistas e exploração de narrativas de vida – em curso na região de Santos (São Paulo) sobre o envelhecimento e a vida quotidiana de travestis idosas.
Constatando a falta generalizada de conhecimento por parte da população dita "normal" sobre este grupo social, pretendemos apresentar e analisar a narrativa de vida de uma travesti idosa que assumiu um papel ativo de intervenção na comunidade onde vive, lutando pela defesa dos direitos humanos e sociais que o preconceito e a intolerância sistematicamente lhe sonegam. Esta luta é, desde logo, pelo reconhecimento social da sua identidade de género e contra a violência física e simbólica a que as travestis estão sujeitas. Há que sublinhar que na terceira idade as travestis enfrentam situações ainda mais graves de violência e desrespeito da sua identidade pessoal, nomeadamente por não serem reconhecidas pelos servidores públicos das instituições de saúde e de apoio à terceira idade a que têm de recorrer devido à acumulação de problemas e carências decorrentes da idade.

Palavras-Chave: travesti; envelhecimento; identidade de género e orientação sexual.


Mestranda em Serviço Social na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pós-graduada em gestão de equipamentos sociais e graduada em Serviço Social.
Professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e pesquisador no Centro de Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa.