Você conhece bem e sabe usar o dicionário?

August 9, 2017 | Autor: M. Parreira | Categoria: Lexicografia
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Você conhece bem e sabe usar o dicionário? No conceito popular, ‘dicionário’ é um livro onde descobrimos os sentidos das palavras desconhecidas. No entanto, com base em muitas definições constantes da literatura especializada, poderíamos afirmar que se trata de um “produto fabricado para responder às exigências de informação e comunicação, devendo representar um instrumento pedagógico e funcional de educação permanente, uma vez que visa a aproximar o conhecimento dos leitores àquele de toda comunidade lingüística”. Portanto, é útil para auxiliar a seus usuários (estudantes, professores, tradutores, intelectuais, pesquisadores e leigos) a descobrirem a ortografia correta, o emprego sintático adequado e as possibilidades de sentido de palavras comuns (dicionário de língua) ou de palavras especializadas (dicionário técnico ou terminológico), vocabulários especiais (dicionário fraseológico) além de auxiliar na tradução (dicionário bilíngue ou plurilíngue) e aumentar o saber geral dos leitores (dicionário enciclopédico). O título de um dicionário indica a primeira informação sobre o seu conteúdo: dicionário monolíngue, bilíngue, etimológico, técnico, de rimas, de sinônimos etc. E a apresentação das informações diferem bastante, conforme podemos verificar nos exemplos contidos neste texto. Para ilustrar um verbete de uma enciclopédia, escolhemos a palavra “Camarão”. Podemos perceber neste caso, que as informações referem-se aos fatos histórico-sociais e não ao comportamento linguístico da palavra, tratando-se de um nome próprio:

Já o dicionário monolíngue (ou unilíngüe) é a obra de referência que trata das palavras de uma língua,

definindo-as, apresentando sinônimos e fornecendo

informações sobre elas (fonéticas, gramaticais, sintáticas) através de paráfrases nessa mesma língua, seja ela materna ou estrangeira. Tem a função de decodificar

informações ao usuário, que busca geralmente “palavras difíceis” e pouco frequentes em sua própria língua e desconhecidas na língua estrangeira. Utilizamos o mesmo exemplo, “camarão”, para perceber como as informações revelam explicações linguísticas e os significados para seus usuários, por meio de uma definição e outras informações sobre o uso, como podemos notar nos exemplos de monolíngue do português e do inglês:

O dicionário bilíngue trata da equivalência das palavras comparando duas línguas. Indica, portanto, a tradução do item de uma língua de partida para a língua de chegada. Dependendo da origem do consulente, cada parte do dicionário tem a função seja de decodificar (partindo da língua estrangeira), seja de codificar (partindo do português). Todos os dicionários bilíngues para estudantes brasileiros começam pela seção língua estrangeiralíngua materna, porque a decodificação escrita é a ação mais comum para o estudante. Nos exemplos abaixo, podemos observar que os dicionários apresentam sinônimos interlinguísticos, com poucas explicações sobre o uso, quando não há grandes dificuldades:

Vistos os tipos de dicionários vem a pergunta: você sabe consultá-los adequadamente? Na consulta dos dicionários há um aspecto importante: a habilidade do

próprio consulente. O usuário deve saber como utilizar a sua obra: ler as instruções na introdução e verificar suas características. A introdução normalmente compõe um bom dicionário e nela são esclarecidas informações importantes sobre como consultá-lo e a indicação do número aproximado de entradas. A riqueza de um dicionário não se mede, porém, apenas pelo número de entradas, ao contrário do que é veiculado pelo mercado editorial. É uma pena que, muitas vezes a escolha dos dicionários não segue os parâmetros referentes à qualidade ou modernidade da obra, mas à praticidade e disponibilidade. Por conta disso, é importante observar certas dicas para a escolha de dicionários. Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o tipo de obra lexicográfica de que se necessita: uma obra mais completa (dicionários gerais) ou uma obra pertinente com dados específicos (dicionários especiais e de especialidades). Definida esta questão, devemos observar os principais itens a serem considerados na escolha de uma obra de referência: Título de acordo com conteúdo; Introdução com pressupostos teóricos; Data de publicação; Público visado e objetivo da obra; Extensão; Inclusão de: a) termos de diferentes níveis linguísticos; b) linguagem moderna ou antiga, escrita ou oral; c) transcrição fonética nos bilíngues (Alfabeto Fonético Internacional); d) informações gramaticais; e) ilustração e exemplificação; f) anexos. Embora se afirme com frequência que as imprecisões, incoerências e lacunas encontradas nos dicionários constituem um obstáculo para a aprendizagem, podemos assegurar que todo dicionário ultrapassa a competência lexical de seus consulentes, isso significa que sempre temos a aprender com ele. Todo o tipo de dicionário servirá para assegurar a permanência da norma linguística e capacitar o indivíduo para que possa adquirir uma competência lexical satisfatória para seu cotidiano. Maria Cristina Parreira da Silva Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP-FCLar e docente de francês na UNESP-Ibilce.

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