Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

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Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Rui Filipe da Bispa Favinha

Docente Dr. João Paulo Peixoto

Estágio

Gestão Financeira e Fiscal

2016/17

°Artigo 5.º da Lei nº71/98. 1 Estágio – Rui Filipe da Bispa Favinha – 2016/17

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Índice 1. Resumo

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2. Abstract

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3. Capítulo I – Introdução

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4. Capítulo II – Revisão Teórica

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5. Capítulo III – Análise Empírica

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a. Análise do Problema

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b. Dados

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c. Metodologia

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d. Hipóteses

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e. Análise dos Dados

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6. Capítulo IV – Resultados

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7. Capítulo V – Conclusões

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8. Capítulo VI – Limitações e Investigação Futura

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9. Capítulo VII – Implicações na Gestão Empresarial

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10. Agradecimentos

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11. Referências

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12. Anexos

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Apêndice I: Resumo Executivo

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Apêndice II: Revisão da Literatura

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Lista de Tabelas Tabela 1: Objetivos, questões e hipóteses da investigação empírica

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Tabela 2: Estatísticas descritivas dos fatores motivacionais

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Tabela 3: Estatísticas descritivas das variáveis de satisfação

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Tabela 4: Estatísticas descritivas das variáveis de felicidade

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Tabela 5: Análise às respostas obtidas no questionário 2

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Tabela 6: Dados obtidos no questionário 2

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Tabela 7: Vantagens do voluntariado empresarial

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Tabela 8: Desvantagens do voluntariado empresarial

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Lista de Gráficos Gráfico 1: Considera que se adquiriram competências (%)

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Gráfico 2: Competências adquiridas pelos voluntários (%)

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Gráfico 3: Respostas à questão 1 (q. 1)

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Gráfico 4: Respostas à questão 2 (q. 1)

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Gráfico 5: Respostas à questão 3 (q. 1)

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Gráfico 6: Respostas à questão 4 (q. 1)

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Gráfico 7: Respostas à questão 5 (q. 1)

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Gráfico 8: Respostas à questão 6 (q. 1)

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Gráfico 9: Respostas à questão 7 (q. 1)

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Gráfico 10: Respostas à questão 8 (q. 1)

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Gráfico 11: Respostas à questão 9 (q. 1)

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Gráfico 12: Respostas à questão 10 (q. 1)

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Resumo Devido ao esquecimento e desvalorização de determinados valores sociais e humanitários por parte da humanidade, a sociedade vive tempos críticos. Porém, temse verificado uma crescente preocupação no que respeita à responsabilidade social e ao espírito de entreajuda na sociedade e no mundo empresarial. Este artigo cientifico tem como principal objetivo a confirmação de que as empresas que participam e desenvolvem ações de voluntariado no âmbito empresarial são recompensadas com imensos benefícios. Para alcançar o objetivo proposto, a presente investigação contou com a colaboração de empresas nacionais e internacionais, em que a maioria decidiu permanecer anónima, através da aplicação de dois questionários: questionário 1 – destinado aos corpos dirigentes; questionário 2 – destinado aos funcionários que participaram no programa de voluntariado das empresas. Também para se alcançar o objetivo definido, procedeu-se a uma revisão da literatura de modo a tomar conhecimento da situação do voluntariado empresarial e, como base nesta revisão da literatura, desenvolveu-se o método de recolha de dados e à elaboração de um conjunto de hipóteses que foram posteriormente testadas. Dos resultados obtidos deste estudo, os que mais se destacaram são os seguintes: os corpos dirigentes das empresas concordam que o voluntariado empresarial torna possível o desenvolvimento e a adquirição de competências importantes (68%), que melhorou a comunicação dentro das empresas (75%), que o compromisso organizacional aumentou (73%) e que o reconhecimento das empresas no mercado também aumentou (55%). Concluiu-se também que o voluntariado empresarial aumenta a autoestima dos funcionários, que estes se tornam mais produtivos e que a relação com os seus colegas melhora.

Palavras-chave: Voluntariado; Voluntariado Empresarial; Compromisso Organizacional; Responsabilidade Social.

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Abstract Due to forgetfulness and devaluation of certain social e humanitarian values by humanity, society lives at a critical time. However, there has been a gradual rise in concern regarding social responsibility and the spirit of mutual assistance in civil society and the business world. This scientific article's main purpose is to show that the companies that participate and develop voluntary work actions are well rewarded with a lot of benefits. To achieve the proposed objective, this research had the collaboration of national and international companies, which the majority decided to remain anonymous and through two questionnaires: questionnaire 1 – destined to the governing bodies; questionnaire 2 – destined to employees who collaborated in the company’s volunteer program. To achieve the goal set it was necessary, as well, to proceed to a literature review in order to better understand the situation of corporate volunteering and, based on literature review, to develop the method of data collection and the hypotheses to be subsequently tested. Based on the results obtained from this study, the ones that stud out the most are the following: the governing bodies of the companies agreed that the corporate volunteering makes the development and the acquisition of skills possible (68%), that the communication inside the companies got better (75%), that the organizational commitment increased (73%) and that the company’s recognition in the market increased (55%). It was concluded as well that the corporate volunteering increased the worker’s self-esteem, that they became more productive and their relationships with colleagues became better.

Keywords: Volunteering; Corporate Volunteering; Organizational Commitment; Social Responsibility.

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Capítulo I

Introdução Este Artigo Cientifico é realizado no âmbito da disciplina de estágio da Licenciatura de Gestão Financeira e Fiscal na Atlântico Business School. São violentos e críticos os tempos que a sociedade vive e isso deve-se à grande parte da humanidade ter esquecido ou desvalorizado determinados valores (Martinelli, 1992). Porém, existe um crescimento da sensibilização por parte das pessoas coletivas no que respeita à responsabilidade social e ao espírito de ajudar o próximo na sociedade civil, agravada pela atual conjuntura económico-financeira e social muito pouco favorável. Por parte das empresas existe uma clara noção de que a filantropia é uma forma de atuação que pressupõe algum distanciamento e menor intervenção exercida junto da comunidade. É visível então a crescente necessidade que as empresas têm de se reinventar e de se estabelecer diferentes formas interativas com a sociedade que se traduzam numa relação mais forte nos seus vínculos e nas suas formas de implicação. Neste sentido, será comprovado que os seus intervenientes, a partir do voluntariado empresarial, aprenderão/desenvolverão novas competências, para além das melhorias nas mudanças comportamentais, que se vão traduzir numa continua melhoria das suas vidas profissionais, visando assim o próprio desenvolvimento e crescimento das empresas onde laboram. A decisão de optar por este objeto de estudo teve fundamentalmente a ver com o facto de coincidir com uma área de interesse, o voluntariado, por parte do autor. O objetivo deste artigo visa analisar a importância e os benefícios do desenvolvimento e participação, por parte de empresas, em ações de voluntariado empresarial. Este artigo destacar-se-á de outros com o mesmo tema e objetivo, visto que na sua realização não obterei dados de apenas uma empresa, mas sim de várias (nacionais e internacionais).

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Segundo a Dr.ª Debbie Haski-Leventhal, autora de um estudo (“Corporate Volunteering: Connecting People, Participation and Performance”, setembro de 2013) que se foca nas vantagens da participação das empresas no voluntariado empresarial, provou que este leva a uma melhoria do compromisso pessoal e organizacional dos trabalhadores e da satisfação no trabalho. Segundo este estudo, a mais importante razão dada pelos inquiridos no que os levou a participar no voluntariado empresarial foi que este fazia o trabalho mais significativo. Através de um estudo (“Uma abordagem teórica sobre o voluntariado empresarial”, setembro de 2014) realizado pelas autoras Dr.ª Marisa Roriz Ferreira e Manuela Magalhães, uma das conclusões a que chegaram foi que os colaboradores que participam nas atividades de voluntariado, por vezes confrontam-se com realidades que desconheciam e desempenham funções que nunca realizaram na sua área profissional, o que leva ao desenvolvimento de novas capacidades pessoais e profissionais. Para o desenvolvimento do presente artigo, começarei pela realização de uma Revisão Teórica, onde abordarei autores que fizeram estudos/análises semelhantes à Tese que pretendo provar, estes já se encontrando referidos anteriormente. Efetuarei também uma Revisão da Literatura sobre o voluntariado empresarial para uma melhor compreensão do conceito em questão. Posteriormente, na recolha de dados para o desenvolvimento deste artigo, os questionários que realizarei (um como destinatários os funcionários de empresas que participam e desenvolvem ações de voluntariado e outro os corpos dirigentes das mesmas empresas) serão enviados por e-mail às empresas uma vez que torna possível abranger um maior número de empresas nacionais e internacionais de uma maneira mais fácil e rápida. Constatar-se-á nos resultados e nas conclusões finais que o voluntariado empresarial, mesmo quando não sendo implementado com a finalidade de “gerir pessoas”, este acaba, de uma forma natural, por proporcionar positivas mudanças comportamentais naqueles que dele fazem parte.

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Capítulo II

Revisão Teórica Neste capítulo foi realizada uma Revisão Teórica, dando ênfase aos estudos elaborados ao longo de vários anos sobre o Voluntariado Empresarial. Em Portugal, como um pouco em todo o mundo, este tema é bastante estranho à população em geral e não foram desenvolvidos muitos trabalhos e/ou artigos sobre o mesmo. No entanto, encontrei os seguintes estudos que são relativamente semelhantes à tese que pretendo provar.

Estudo I

Este estudo, com o título Corporate Volunteering: Connecting People, Participation and Performance, desenvolvido pela Dr.ª Debbie Haski-Leventhal, professora associada da disciplina de gestão e líder do corpo docente na Macquare Graduate School of Management e foca-se nas vantagens da participação das empresas no voluntariado empresarial, tendo sido publicado em setembro de 2013 com parte da colaboração da MGSM CSR Partnership Network, financiado pelo principal patrocinador Johnson & Johnson. Mais de 4 000 empregados das organizações parceiras contribuíram para este projeto, providenciando respostas a inquéritos. Os dados recolhidos foram analisados quantitativa e qualitativamente em ordem de se criar uma sucinta e compreensiva ilustração dos elementos críticos que estão envolvidos na participação em voluntariado empresarial e a relação entre este e o compromisso dos seus trabalhadores. “O estudo mostrou que o voluntariado empresarial leva a uma melhoria do compromisso pessoal e organizacional dos trabalhadores e da satisfação no trabalho. O anteriormente referido presenta as empresas com uma excelente ferramenta de

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impacto não apenas nas comunidades, mas também nos colaboradores” (Dr.ª Debbie Haski-Leventhal, tradução minha). Existem várias conclusões importantes deste estudo. Enquanto os empregados demostraram um grande nível de consciência acerca do voluntariado empresarial, também existe uma grande lacuna entre esta consciência e a atual taxa de participação. Além disso, uma forte liderança também é requerida, visto que, os colaboradores querem ver a “gestão organizacional” comprometida com programas de responsabilidade social corporativa. No entanto, as descobertas mais fortes deste estudo são relativas ao compromisso dos colaboradores. Funcionários que participaram em voluntariado empresarial obtiveram pontuações significativamente mais altas dos que os não-voluntários em todas as medidas de compromisso com a sua organização, bem como na maioria das medidas de satisfação no trabalho. De acordo com este estudo, algumas das conclusões mais relevantes são: •

90% dos 4 127 empregados inquiridos tinham conhecimento das opções do voluntariado empresarial e 60% participaram, de alguma forma, nesta forma de voluntariado nos últimos 12 meses;



A mais importante razão dada pelos inquiridos no que os levou a participar no voluntariado empresarial foi que este fazia o trabalho mais significativo;



83% dos trabalhadores voluntários estavam muito satisfeitos com essa experiência, 87% pretende continuar a sua participação no voluntariado empresarial e 75% afirma que irá recomendar tal experiência aos seus amigos;



90% dos voluntários indicaram que ao sentirem que estavam a fazer algo com significado, que iria ter impacto nas suas decisões de continuar no futuro;



As mais comuns barreiras para os colaboradores não se voluntariarem eram “não me perguntaram” (38%), “estava muito ocupado” (36%), “prefiro voluntariar particularmente” (31%) e “prefiro doar dinheiro do que voluntariar” (21%). No entanto, 60% dos não-voluntários indicaram que eles poderiam juntar-se ao voluntariado empresarial no futuro se lhes fossem dadas as oportunidades certas.

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Existe uma grande relação deste estudo com este artigo cientifico, visto que os resultados deste estudo destacam uma forte ligação entre o voluntariado empresarial e o maior envolvimento dos funcionários nas suas funções. O estudo ainda conclui que os funcionários que participaram em voluntariado empresarial, ao contrário dos nãovoluntários, obtiveram resultados mais elevados em todas as medidas acerca do seu compromisso para com as empresas, assim como na maioria das medidas de satisfação no trabalho.

Estudo II

A autora deste estudo, terminado em junho de 2012 e com o título Voluntariado Empresarial: Motivações e Práticas, foi Ana Cláudia Pinto Nave e foi realizado no âmbito do desenvolvimento da Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Marketing pela Universidade da Beira Interior e teve como principal objetivo a descoberta e entendimento das motivações e de outros fatores como a satisfação, felicidade e bemestar, que levam à participação e desenvolvimento de ações de voluntariado no âmbito empresarial. Para alcançar o objetivo proposto, a presente investigação contou com a colaboração do grupo Galp Energia para o desenvolvimento do estudo de caso sobre o seu programa de voluntariado ‘Galp Voluntária’ e para a recolha dos dados, através da aplicação de um questionário aos funcionários que colaboram no programa de voluntariado da empresa. Mais detalhadamente, o presente trabalho pretende cumprir os objetivos, responder às questões e testar as hipóteses que se encontram descritas na seguinte tabela (Tabela 1).

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Tabela 1 – Objetivos, questões e hipóteses da investigação empírica. (Fonte: elaborado pela autora)

O inquérito por questionário, composto por duas partes, foi aplicado com o propósito de obter informações relacionadas com as motivações subjacentes às práticas de voluntariado empresarial (carreira, esforço, social, proteção, compreensão e valores); a satisfação com o voluntariado; a felicidade e bem-estar. Foram também incluídas variáveis sociodemográficas (sexo, idade, rendimento, habitações, entre outras) e questões relacionadas com a prática de voluntariado (tempo, número de ações em que participaram, outros projetos de voluntariado em que participaram) de forma a facilitar a caraterização do indivíduo. Neste estudo, a amostra é constituída por 222 voluntários pertencentes à Galp Voluntária. No que respeita à distribuição em função de género, verificou-se que responderam ao inquérito ligeiramente mais mulheres (52,3%); quanto à idade, a maioria dos voluntários encontra-se na faixa etária dos 31 aos 40 anos (34,7%); no que diz respeito ao nível de instrução, 77,9% apresenta o grau universitário; verifica-se, também, que 68,9% dos inquiridos têm filhos; quanto ao nível de rendimento a maioria da amostra apresenta-se no escalão “mais de 2 000€” com 41,9%.

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De seguida apresenta-se uma tabela (Tabela 2) com as estatísticas descritivas de cada variável agrupada por cada fator motivacional. 1= “discordo completamente” e 5= “concordo completamente”.

Tabela 2 – Estatísticas descritivas dos fatores motivacionais. (Fonte: elaborado pela autora)

Para além destes fatores, outras variáveis como a satisfação com o programa de voluntariado e o grau de felicidade dos voluntários, foram também analisadas. De seguida apresentam-se as respetivas tabelas (Tabela 3 e 4) com as estatísticas descritivas de cada item. 1= “discordo completamente” e 5= “concordo completamente”.

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Tabela 3 – Estatísticas descritivas das variáveis de satisfação. (Fonte: elaborado pela autora)

Tabela 4 – Estatísticas descritivas das variáveis de felicidade. (Fonte: elaborado pela autora)

Através dos questionários realizados a autora chegou às seguintes conclusões: A hipótese 1.1, “Existem diferenças motivacionais estatisticamente significativas entre os voluntários do género masculino e feminino do programa Galp Voluntária” foi parcialmente verificada, tendo-se concluído que apenas os fatores motivacionais Compreensão e Proteção são estatisticamente significativos para distinguir os inquiridos do género masculino, no que aos fatores motivacionais diz respeito. 14

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A hipótese 1.2 “Existem diferenças motivacionais estatisticamente significativas entre os voluntários mais jovens e mais maduros do programa Galp Voluntária” foi parcialmente verificada, concluindo que os fatores Compreensão e Proteção apresentam valores estatisticamente significativos. Ou seja, os adultos jovens são uma fonte relevante de potenciais voluntários e o compromisso voluntário pode assumir significados e caraterísticas específicas, para este período da vida que está em causa. Estes indivíduos demonstram uma tendência para atitudes e comportamentos pro-sociais. Os indivíduos jovens, com elevados níveis de idealismo e energia, parecem assumir o perfil necessário e adequado para se tornarem voluntários de excelência, pelo que as empresas lhe devem dedicar especial atenção. A hipótese 2, “A experiencia de voluntariado revela-se satisfatória em todos os aspetos para os voluntários” foi verificada. Uma grande parte dos indivíduos que decide pertencer a um grupo de voluntários, que seja no âmbito do voluntariado tradicional, quer seja no âmbito do voluntariado empresarial, fá-lo por causa de fatores externos e circunstanciais. A decisão vai depender das expetativas, motivações e valores dos voluntários. No final, a sua satisfação será relacionada com a medida em que essas expetativas e motivações forem atendidas dentro da organização. Os voluntários que relatam níveis mais elevados de satisfação, também tendem a apresentar níveis mais elevados de compromisso em relação à organização, apresentando um melhor comportamento cívico e um melhor relacionamento com os seus colegas. Na hipótese 3, “A satisfação com o programa de voluntariado está positivamente relacionada com o sentimento de felicidade dos voluntários” não foi verificada pois ao analisar os resultados obtidos nos testes estatísticos efetuados, estes não apresentam valores estatisticamente significativos. Outra conclusão que se retira deste estudo são que as práticas desenvolvidas no âmbito da responsabilidade social empresarial têm um elevado impacto na imagem

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institucional das empresas, pois os clientes valorizam as ações e projetos que visam ajudar as comunidades envolventes. Assim, os clientes ao tomarem conhecimento de que as empresas são socialmente responsáveis criam sentimentos de empatia para com elas e, deste modo, as empresas conseguem aumentar a sua reputação, reconhecimento e notoriedade.

Estudo III

Com a Coordenação Geral de Paula Mendes e Ana Lua Ross e a Equipa de Investigação SOCIUS-ISEG composta por Raquel Rego, Joana Zózimo e Maria João Correia, o projeto “As competências profissionais geradas pelo Voluntariado” (dezembro de 2014) foi promovido pela ISU (Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária) e desenvolvido no âmbito do Programa Operacional de Assistência Técnica do Quadro de Referência Estratégica Nacional e cofinanciando pelo Fundo Social Europeu. Este projeto teve como principal objetivo contribuir para o reconhecimento e validação das competências profissionais do Voluntariado em Portugal através da elaboração de um Estudo que identifique as competências geradas pelo Voluntariado e as sistematize numa Matriz de Competências, de modo a que se reúnam condições para um maior reconhecimento desta pratica e da sua importância no contexto da economia solidária e do mercado laboral. Para o efeito, foi enviado um inquérito por questionário online a 1189 organizações promotoras de voluntariado de modo a caraterizar o voluntariado no que diz respeito as competências adquiridas e às condições de aquisição das mesmas. Dos 328 inquéritos recebidos e válidos, quase todos consideraram que existe a aquisição de competências no desenvolvimento de trabalho voluntário, sendo as competências sociais e cívicas as mais referidas (70%). Sobre a possibilidade de criação de um sistema de reconhecimento e validação de competências geradas pelo voluntariado, a maior parte da amostra não

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emitiu opinião (62%), mas os que responderam assinalando vantagens, consideram sobretudo que um tal sistema ajudaria a promover a inserção no mercado de trabalho. Quando sondados sobre as desvantagens de um tal sistema, perto de metade não respondeu (47%), mas entre os que o fizeram as principais razões apontadas são as dificuldades operativas. Este inquérito permitiu ainda selecionar de entre os respondentes casos para estudo mais aprofundado. Foram feitas 18 entrevistas a voluntários de áreas diversas: ação social, defesa do ambiente, saúde, desenvolvimento e cultura. As tarefas mais referidas pelos entrevistados remetiam para: organização e catalogação de objetos/documentos, coordenação de projetos/atividades e inserção e organização e dados, não sendo tão significativas as tarefas mais específicas da área de intervenção da organização onde estavam inseridos. As três competências mais frequentes foram: o desenvolvimento pessoal, a sensibilidade interpessoal e o planeamento e organização. Concluindo-se, portanto, que as competências transversais seriam, tal como anunciara o inquérito, mais relevantes. De seguida encontram-se os mais relevantes resultados estatísticos do inquérito por questionário deste estudo.

Gráfico 1 – “Considera que se adquiriram competências” (%). (Fonte: elaborado pelos autores)

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Gráfico 2 – “Competências adquiridas pelos voluntários” (%). (Fonte: elaborado pelos autores)

Com base nos dados empíricos recolhidos e discutidos com os parceiros do projeto, foi então construída uma matriz de competências transversais geradas pelo voluntariado composta por duas grandes áreas: a Individual, onde encontramos competências pessoais e de liderança e relacionais e a Auxiliar para o trabalho onde se encontram competências técnicas interpessoais. A próxima Figura sintetiza essa matriz.

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De salientar que algumas outras competências, de carater mais técnico e relacionado com as atividades de voluntariado que absorviam as organizações em causa, sobressaíram claramente das entrevistas. Três competências puderam, assim, ainda ser nomeadas: a gestão de segurança, o prestar cuidados a terceiros e a sensibilidade a expressões culturais e artísticas.

Em jeito de conclusão, o principal resultado deste projeto de investigação é a criação de uma matriz de competências transversais geradas pelo voluntariado. Essa matriz organiza sobretudo o que podemos chamar de soft skills. Com efeito, na fase exploratória, vários entrevistados identificaram um défice de reconhecimento do voluntariado de um modo geral e das aprendizagens que se fazem enquanto voluntário em particular, sendo que este é um contexto especialmente propicio ao desenvolvimento do individuo enquanto pessoa e na sua relação com os outros. Os resultados do inquérito às organizações apontaram também para um consenso sobre a aquisição de competências, sobretudo de natureza social e cívica. Neste projeto comprovou-se ainda que o voluntariado é um “instrumento de capacitação e qualificação profissional”, ou seja, um terreno propício ao desenvolvimento de capacidades humanas.

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Capítulo III

Análise Empírica a) Análise do Problema Por existir pouca informação sobre o voluntariado empresarial, as empresas desconhecem de todo o conceito de voluntariado empresarial e quais os benefícios deste. A responsabilidade social das empresas e o seu envolvimento em iniciativas de apoio à comunidade, no desenvolvimento de ações de voluntariado e na sua promoção, tem-se tornado um eixo do desenvolvimento das sociedades modernas. O desenvolvimento e a expansão de iniciativas de voluntariado empresarial são fomentados através da disseminação de boas práticas em curso e da demonstração do reconhecimento público da sua importância, por forma a criar um efeito multiplicador junto de um maior número de empresas. Por outro lado, a sua promoção só poderá ser efetivada mediante o envolvimento simultâneo de todos os setores da sociedade, potenciado neste esforço o contributo do setor empresarial. “Quais os benefícios que a empresa terá no seu envolvimento em ações de voluntariado?” ou “Porque investir no desenvolvimento de ações de voluntariado?” são exemplos de questões que os corpos dirigentes das empresas apresentam quando confrontados com esta temática. São estas as questões que o desenvolvimento deste estudo pretende responder, ao concluir que a experiência de voluntariado se revela satisfatória em todos os aspetos para os voluntários, que as empresas beneficiam com esta estratégia e que o compromisso organizacional dos colaboradores apresenta melhorias. Este estudo tem por objetivo provar que o envolvimento das empresas em ações de voluntariado tem imensas mais-valias para estas, tanto numa perspetiva interna, como numa perspetiva externa.

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b) Dados No âmbito do desenvolvimento deste estudo, foram realizados dois questionários:

Questionário 1 – Destinado a Empresas A amostra 1 é composta por 40 inquiridos. O instrumento de recolha de dados foi feito através de um questionário, realizado em inglês, uma vez que os inquiridos são pequenas, médias e grandes empresas portuguesas, espanholas, francesas e inglesas, sendo que a maioria decidiu participar de forma anónima neste estudo. Esta amostra conta com empresas internacionais visto que este estudo não é focado na utilização desta estratégia em empresas portuguesas apenas. Das 40 empresas inquiridas, 15 são grandes, 20 são médias e 5 são pequenas empresas.

Questionário 2 – Destinado a Colaboradores A amostra 2 é composta por 72 inquiridos. O instrumento de recolha de dados foi feito através de um questionário, realizado em inglês, visto que os inquiridos laboram em empresas nos países anteriormente referidos. A escolha dos inquiridos foi feita de uma forma aleatória, sendo que a população é indiferenciada em relação ao género, nacionalidade, faixa etária e cargo profissional, etc., visto não ser de interesse para este artigo.

c) Metodologia Primeiramente foi efetuada uma Revisão Teórica, onde abordei autores que fizeram estudos/análises semelhantes à Tese que pretendo provar. Foi efetuada também uma

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Revisão da Literatura sobre o voluntariado empresarial para uma melhor compreensão do conceito em questão. Posteriormente, na recolha de dados para o desenvolvimento deste artigo, os questionários foram enviados por e-mail às empresas uma vez que torna possível abranger um maior número de empresas nacionais e internacionais inquiridas de uma maneira fácil e rápida. Os dois questionários foram enviados em conjunto, com a informação anexada de que o primeiro fosse preenchido por um corpo dirigente de cada empresa e de que o segundo questionário fosse preenchido por trabalhadores que participam nas atividades de voluntariado empresarial. Este segundo questionário não tinha um número mínimo de preenchimentos por empresa. O Questionário 1 (Anexo 1) foi aplicado com o propósito de obter informações relacionadas com as vantagens subjacentes às práticas de voluntariado empresarial para as empresas que desenvolvem estas ações, tanto no sentido de benefícios no compromisso organizacional dos seus trabalhadores, como relativamente à imagem da empresa. Este questionário contém um total de dez questões, onde um individuo pertencente aos corpos dirigentes de cada empresa foi solicitado a responder apenas “Não Sei”, “Não” ou “Sim” a cada questão. O Questionário 2 (Anexo 2) foi aplicado com o propósito de obter informações relacionadas com as motivações subjacentes às práticas de voluntariado empresarial, os benefícios na sua participação, a satisfação no trabalho ao participar nos projetos de voluntariado empresarial e a felicidade e bem-estar. Este questionário contém um total de dez afirmações, onde os indivíduos foram solicitados a classifica-las consoante a escala de Likert em que concordância 1= “discordo completamente” e 5= “concordo completamente”. Após a obtenção de respostas de ambos os questionários, os dados obtidos foram transformados em gráficos (no caso das respostas ao questionário 1) e colocados num quadro onde se calculou a moda, a média e o desvio-padrão (no caso das respostas ao questionário 2), onde se tornou mais fácil as suas análises.

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d) Hipóteses Com a ação definida para estudo, espera-se provar que o Voluntariado Empresarial é uma mais-valia para as empresas. Tanto no sentido que melhora a produtividade, o compromisso organizacional e a satisfação dos seus colaboradores, como também melhora a imagem das empresas no mercado.

Para ir de encontro ao objetivo deste trabalho, foram formuladas três hipóteses: Hipótese 1 – As empresas reconhecem os benefícios do voluntariado empresarial? Hipótese 2 – Os colaboradores que praticam voluntariado empresarial estão mais satisfeitos no local de trabalho? Hipótese 3 – A participação em programas de voluntariado está positivamente relacionada com o desenvolvimento de capacidades nos colaboradores?

A hipótese 1 tem como objetivo demonstrar que os benefícios consequentes pelo desenvolvimento de ações de voluntariado são reconhecidos pelas empresas. Isto é, que os corpos dirigentes concluem que a participação das suas empresas nestas ações acarreta consequências positivas para estas (internamente e externamente). Relativamente à hipótese 2, esta foi formulada com o propósito de concluir se os trabalhadores que participam nas ações de voluntariado das empresas onde se encontram, tornam-se mais felizes e satisfeitos nos seus locais de trabalho. Por último, a hipótese 3 visa demonstrar que os funcionários adquirem/desenvolvem competências quando participam nas ações de voluntariado desenvolvidas pelas empresas onde se encontram a trabalhar.

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e) Análise dos dados Os dados obtidos através dos questionários realizados foram tratados e traduzidos graficamente no Microsoft Excel e agrupados de forma a ser possível uma fácil leitura dos mesmos.

A análise dos gráficos obtidos e realizados através das respostas ao questionário 1 ajudarão a chegar à confirmação, ou não, das hipóteses formuladas anteriormente e, consequentemente, à conclusão obtida deste trabalho. Como as respostas possíveis a este questionário são o “Não Sei”, “Não” ou “Sim”, facilmente se irá proceder à sua análise, ao se observar as percentagens de respostas em cada opção para cada questão efetuada. Através deste método escolhido para a análise destes dados, tornar-se-á mais rápido a obtenção de conclusões que se poderá obter.

No segundo questionário as respostas de cada individuo variam entre o 1= “discordo completamente” e o 5= “concordo completamente” para cada questão, portanto, para uma boa análise dos dados obtidos neste questionário, foi necessário proceder-se à criação de um quadro onde se encontram calculadas as modas, médias e desvios-padrão para cada uma das questões efetuadas. Com a construção do quadro com as informações referidas anteriormente, a análise das respostas obtidas tornar-se-á mais simples e as conclusões serão feitas de uma maneira mais completa.

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Capítulo IV

Resultados Neste capítulo será feita uma análise aos resultados obtidos através dos questionários feitos às empresas e aos colaboradores que praticam voluntariado empresarial. Começando pela análise dos dados obtidos no questionário 1, de seguida encontram-se os gráficos que representam, em pontos percentuais, o somatório das respostas efetuadas pelas empresas em cada questão.

Questão 1)

Gráfico 3 – Respostas à questão 1 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

A grande maioria das empresas analisadas (85%) participam frequentemente em ações de voluntariado.

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Questão 2)

Gráfico 4 – Respostas à questão 2 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

Numa análise geral, a maioria das empresas (78%) confirmam que o investimento realizado em ações de voluntariado é compensador.

Questão 3)

Gráfico 5 – Respostas à questão 3 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

Apenas em 55% das empresas questionadas os corpos dirigentes participam nas ações de voluntariado juntamente com os seus colaboradores. 26

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Questão 4)

Gráfico 6 – Respostas à questão 4 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

A esmagadora maioria (80%) das empresas questionadas pagam o dia de trabalho aos seus colaboradores quando estes participam em ações de voluntariado empresarial.

Questão 5)

Gráfico 7 – Respostas à questão 5 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

A maioria das empresas confirmaram que os seus colaboradores desenvolveram capacidades após a participação em ações de voluntariado. 27

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Questão 6)

Gráfico 8 – Respostas à questão 6 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

Após a participação dos seus colaboradores em ações de voluntariado, 75% das empresas alegaram que existe uma melhor comunicação no ambiente no trabalho.

Questão 7)

Gráfico 9 – Respostas à questão 7 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

O compromisso organizacional nas empresas também melhorou.

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Questão 8)

Gráfico 10 – Respostas à questão 8 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

Um pouco mais que a maioria das empresas questionadas (55%) afirmaram que o reconhecimento das próprias no mercado aumentou. No entanto, 17% não sabem dizer se tal ocorreu e 28% das empresas não apresentaram melhorias neste sentido.

Questão 9)

Gráfico 11 – Respostas à questão 9 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

29

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

1:4 das empresas afirmaram que a imagem destas não melhorou. Porém, 60% concluiu que, relativamente a esta questão, existiram melhorias.

Questão 10)

Gráfico 12 – Respostas à questão 10 (q. 1) Fonte: Elaboração Própria

Aproximadamente 80% das empresas afirmaram que continuarão a participar em ações de voluntariado.

Relativamente à análise das respostas obtidas no questionário 2, estes dados foram colocados num quadro onde se torna mais fácil a sua leitura. Através das respostas obtidas (valores de 1 a 5) para cada afirmação, calculou-se a moda, a média e o desviopadrão. Através destes valores foi possível analisar, de uma forma mais facilitada e completa, os resultados obtidos.

Questionário 2

Moda

Média

DesvioPadrão

1) O voluntariado ajuda-me a ter êxito na minha profissão.

4

3,8

0,73

2) O voluntariado faz-me sentir importante.

4

3,93

0,84

30

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

3) O voluntariado aumenta a minha autoestima. 4) Conheci melhor as pessoas com quem trabalho. 5) Adquiri/desenvolvi competências através de experiência direta.

4

4,1

0,83

4

3,6

0,91

4

3,5

1,09

6) Sinto orgulho na empresa por realizar estes projetos.

5

4,36

0,76

7) Sou feliz a trabalhar nesta empresa.

5

4,1

1,05

4

3,66

0,99

9) Tornei-me mais produtivo no trabalho.

4

4,1

0,87

10) Vou voltar a participar num futuro programa de voluntariado.

4

3,86

1,01

8) Existe uma melhor ambiente de trabalho

comunicação

no

Tabela 5 – Análise às respostas obtidas no questionário 2. Fonte: Elaboração Própria

Questão 1) A média das repostas a esta questão é 3,8. Observa-se que o valor que obteve mais respostas foi o nível 4. Os colaboradores concordam que, de certa forma, a sua participação em ações de voluntariado ajudá-los-á no êxito profissional.

Questão 2) A média das respostas a esta questão é 3,93. O valor que teve mais respostas foi o nível 4. O voluntariado faz os trabalhadores sentirem-se importantes.

Questão 3) A maioria das respostas encontram-se nos níveis 4 e 5. A média das respostas é 4,1. A autoestima dos colaboradores aumenta quando estes realizam voluntariado.

31

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Questão 4) A média das respostas é de 3,6. O valor que mais obteve respostas foi o nível 4. Os funcionários das empresas concordam que a sua participação, em conjunto com os seus colegas em ações de voluntariado, fez com que se conhecessem melhor.

Questão 5) A maioria das respostas encontram-se no nível 4. A média é de 3,5. Existe uma concordância

quanto

à

adquirição/desenvolvimento

de

competências

no

desenvolvimento de ações de voluntariado.

Questão 6) A maioria das respostas encontram-se no nível 5. A média nesta questão é de 4,36. Os colaboradores sentem orgulho na empresa por realizarem ações de voluntariado.

Questão 7) A média nesta questão é de 4,1. A maioria das respostas encontram-se no nível 5. Os funcionários concordam que são felizes a trabalhar na empresa atual.

Questão 8) O valor que obteve mais respostas foi o nível 4. A média nesta questão é de 3,66. Existe uma concordância que a comunicação no trabalho melhorou.

Questão 9) A média nesta questão é de 4,1. Os trabalhadores confirmam que o voluntariado empresarial fez com que se tornassem mais produtivos no trabalho. 32

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Questão 10) A maioria das respostas encontram-se nos nível 4. A média é de 3,86. A maioria dos funcionários admitem que participarão numa próxima ação de voluntariado empresarial.

33

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Capítulo V

Conclusões Este capítulo tem como principal objetivo apresentar as principais conclusões retiradas do trabalho de investigação que foi efetuado, com base nos resultados obtidos dos questionários que foram realizados e nas ilações da análise bibliográfica. Esta investigação teve como meta compreender o impacto do Voluntariado Empresarial nas empresas e nos seus funcionários. Através deste estudo efetuado, concluo que o voluntariado empresarial é uma enorme mais-valia para as empresas, quer estas sejam pequenas, médias ou grandes. Existem três grandes beneficiários desta estratégia que são as empresas, através quer seja da melhoria da sua imagem no mercado ou do desenvolvimento de competências dos seus colaboradores, os seus funcionários, para além do referido anteriormente, também aumentam a sua autoestima e têm orgulho por trabalhar nas empresas e o outro grande beneficiário destas ações das empresas é mesmo a sociedade.

A Hipótese 1 “As empresas reconhecem os benefícios do voluntariado empresarial?” é confirmada uma vez que 78% das empresas questionadas concordam que o investimento realizado em ações de voluntariado é compensador. Apenas 10% (4 em 40 empresas) dizem o oposto. Também a maioria das empresas (68%) reconhecem que os seus trabalhadores desenvolveram capacidades que melhoram a sua prestação profissional após participarem em ações de voluntariado. Relativamente ao compromisso organizacional e à comunicação dentro da empresa, a maioria das empresas (73%) afirmaram que o compromisso dos seus colaboradores aumentou, assim como a comunicação entre/com os seus funcionários (75%). Quanto ao reconhecimento das empresas no mercado, 60% afirmaram que a sua imagem melhorou.

34

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

De uma forma que não deixa margens para dúvidas, através das informações obtidas nos gráficos elaborados para as respostas do questionário 1, chega-se à conclusão que a esmagadora maioria das empresas que promovem, desenvolvem e estão presentes em ações de voluntariado reconhecem que estas trazem grandes benefícios para as empresas, como por exemplo uma melhor comunicação dentro da empresa, o aumento do compromisso dos seus colaboradores no local de trabalho, o desenvolvimento de competências dos seus funcionários e a imagem positiva que a responsabilidade social dá às empresas.

A Hipótese 2 “Os colaboradores que praticam voluntariado empresarial estão mais satisfeitos no local de trabalho?” também se torna confirmada através das respostas obtidas no questionário 2. Das informações retiradas neste questionário, o que comprova esta hipótese são as médias de respostas muito positivas que se obteve, como é o caso da afirmação “O voluntariado faz-me sentir importante” que teve uma média de concordância 3,93, sendo a moda o valor 4, da afirmação “O voluntariado aumenta a minha autoestima” que teve uma média de 4,1, sendo a moda o valor 4, da afirmação “Sinto orgulho na empresa por realizar estes projetos” que obteve uma média nas respostas de 4,3, tendo sido a moda o valor 5, também é o caso da afirmação “Sou feliz a trabalhar nesta empresa” que teve uma média de 4,1 (este valor poderia ser um pouco mais elevado porque esta afirmação abrange outros fatores, não sendo apenas a participação em ações de voluntariado), com o valor da moda de 5 e, por último, com a média de 3,66 e moda de 4 na afirmação “Existe uma melhor comunicação no ambiente de trabalho”. Através das informações obtidas no quadro elaborado para as respostas do questionário 2, a conclusão que se chega é que os funcionários que participam em ações de voluntariado, em conjunto com os seus colegas na empresa, estão muito satisfeitos nos seus locais de trabalho. Ou seja, com as informações obtidas no questionário, tornou-se evidente que estes trabalhadores sentem que o seu trabalho é importante para as

35

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

empresas, sentem orgulho nestas por participarem em ações de voluntariado e este estudo indica ainda que os trabalhadores nestas empresas são muito felizes.

A Hipótese 3 “A participação em programas de voluntariado está positivamente relacionada com o desenvolvimento de capacidades nos colaboradores?” é confirmada através das respostas obtidas nos questionários 1 e 2. Começando pelo questionário 1 que foi efetuado aos corpos dirigentes das empresas, estes confirmaram esta hipótese, ou seja, que os seus funcionários desenvolveram capacidades através da participação em ações de voluntariado. É o caso da questão efetuada “Os colaboradores desenvolveram capacidades?” em que 68% dos questionados afirmam que sim, os seus trabalhadores desenvolveram capacidades. Esta é uma conclusão muito importante para este artigo, visto ser a sua base. Também é importante dar a conhecer esta informação às empresas porque as competências desenvolvidas, através de experiência direta, é uma mais-valia pois fazem com que o trabalho realizado por estes colaboradores seja mais eficiente e melhor. Também para se confirmar esta hipótese, faço referência à questão “O Compromisso Organizacional sofreu melhorias?” em que 73% dos questionados afirmaram que sim, notaram que nas suas empresas existiu uma melhoria no compromisso organizacional. Relativamente ao questionário 2, que foi efetuado a colaboradores que participam nas atividades de voluntariado das empresas, a média do valor de concordância foi de 3,5 (com moda de 4) na afirmação “Adquiri/desenvolvi competências através de experiência direta”, onde se conclui que estes funcionários se aperceberam que desenvolveram competências ao longo das suas participações em ações de voluntariado. Uma questão importante para as empresas, que são os seus níveis de produtividade, também foi analisada. Na afirmação “Tornei-me mais produtivo no trabalho”, a média do valor de concordância nas respostas foi de 4,1 (sendo a moda o nível 4), ou seja, a grande maioria dos trabalhadores concordam que se tornaram mais produtivos na realização das suas tarefas nas empresas.

36

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

A conclusão que retiro através da também confirmação de que a participação em programas de voluntariado está positivamente relacionada com o desenvolvimento de capacidades nos colaboradores, é que o voluntariado empresarial é uma excelente estratégia para as empresas. Os seus funcionários adquirem/desenvolvem competências que os farão tornar mais produtivos e eficientes no trabalho e existe uma notável melhoria no compromisso organizacional.

Após a confirmação de todas as hipóteses formuladas, concluo que o voluntariado empresarial é uma excelente medida para o crescimento das empresas. Para além deste ajudar na melhoria da imagem das empresas no mercado, relativamente a fatores internos a empresa é beneficiada através do desenvolvimento de competências dos seus trabalhadores, do aumento do nível de produtividade, de um melhor ambiente no local de trabalho porque a comunicação também melhora e as empresas passam a ter funcionários mais felizes e com autoestimas mais elevadas. Todos os benefícios referidos anteriormente fazem com que as empresas se tornem mais competitivas e que o crescimento destas se concretize mais rapidamente.

37

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Capítulo VI

Limitações e Investigação Futura Neste ponto apresenta-se uma reflexão acerca das dificuldades encontradas na elaboração do presente trabalho e definem-se novas perspetivas e desenvolvimento de futuros temas que sigam o enquadramento da temática em estudo. As limitações a este estudo prendem-se, essencialmente, com um escasso número de estudos sobre o tema do voluntariado empresarial, tanto no desenvolvimento destas ações em empresas portuguesas como em empresas internacionais. Cada vez mais se verifica uma gradual preocupação no desenvolvimento de políticas de responsabilidade social empresarial, mas no que respeita a bibliografia sobre a temática poucos estudos estão desenvolvidos e disponíveis para consulta. Estas limitações, em futuras investigações relativas a este tema, podem ser ultrapassadas através de uma comunicação com empresas que participam em ações de voluntariado. Em Portugal, embora esta prática não seja muito utilizada, algumas empresas já o fazem e não formam barreiras quanto à obtenção de informações sobre os seus programas de voluntariado e aos benefícios por estes gerados. Para aperfeiçoar o tema e dar continuidade a este trabalho, poderá ser realizado um questionário destinado a funcionários de empresas que não desenvolvem/participam em ações de voluntariado e cruzar os resultados obtidos com as conclusões já retiradas no desenvolvimento deste estudo. Através desta prática, o conhecimento teria mais utilidade para as empresas, visto que se compararia entre empresas que participam em ações de voluntariado com empresas que não participam nestas ações, por exemplo o compromisso

organizacional,

a

felicidade

dos

funcionários

e

o

desenvolvimento/adquirição de competências nos trabalhadores. A segunda futura linha de investigação seria analisar o impacto do voluntariado empresarial, de modo mais aprofundado, nas instituições e entidades que recebem voluntários ou desenvolvem parcerias com o tecido empresarial, de modo a definir-se

38

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

melhor esta realidade, captar mais voluntários, desenvolver mais projetos no âmbito da responsabilidade social empresarial, motivar e incentivar outras empresas a contemplarem estas ações na sua estratégia de responsabilidade social. Por último, a terceira linha de investigação seria a elaboração de um estudo comparativo entre o voluntariado “convencional” e o voluntariado empresarial com o objetivo de se determinar até que ponto as motivações de ambos os tipos de voluntariado diferem e que tipo de diferenças são encontradas.

39

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Capítulo VII

Implicações na Gestão Empresarial Este estudo comprova aos empresários a importância da aposta na responsabilidade social. Embora o voluntariado empresarial traga imensos benefícios para as empresas, não se pode esquecer também a contribuição que estas ações trazem para a sociedade. A ideia para o desenvolvimento deste artigo científico surgiu da necessidade de comprovar que as ações desenvolvidas e praticadas pelas empresas no âmbito do voluntariado trazem imensas mais-valias para as próprias. Com as conclusões deste estudo, verifica-se que os programas de voluntariado empresarial têm uma grande influência no

desenvolvimento/adquirição de

competências por

parte

dos

trabalhadores, que melhora a comunicação dentro das empresas, que torna os funcionários mais felizes no trabalho e que o compromisso organizacional encontra-se elevado. Embora as vantagens das organizações estarem muito relacionadas com os benefícios para os colaboradores que participam nas atividades/ações de voluntariado empresarial, a principal vantagem das práticas de voluntariado empresarial nas empresarial para as empresas passa pela eventual melhoria da imagem pública, que poderá ter impactos positivos nos clientes e colaboradores. De entre as várias áreas de uma organização, a gestão de recursos humanos surge como o departamento que apresenta maiores ganhos ao nível do voluntariado empresarial e, consequentemente, é a partir daqui que a gestão do programa deve ser feita. Um programa de voluntariado empresarial necessita do apoio e suporte dos recursos humanos para estar incutido no dia-a-dia da organização. Das micro às grandes empresas é praticamente impossível uma iniciativa deste género ter sucesso, sem uma forte interação com as politicas de recursos humanos. É possível constatar também que o trabalho voluntário pode ser utilizado nas organizações como ferramenta estratégica, para apoiar e atingir as metas de negócio.

40

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Assim, em vez de apenas se integrar na comunidade onde está inserido, o voluntariado empresarial transforma-se numa ferramenta de gestão estratégica da cultura organizacional, da gestão da marca, de relações externas e de envolvimento entre os colaboradores. Paralelemente, o voluntariado empresarial potencia a gestão dos recursos humanos com a formação de equipas comprometidas e eficazes, oferecendo aos colaboradores oportunidades de crescimento pessoal, desenvolvimento de habilidades de liderança e competências profissionais. Em suma, o voluntariado empresarial adotado na gestão estratégica traz vantagens para a comunidade, empresa e colaboradores. Na vertente social, permite minimizar problemas que perturbem verdadeiramente a comunidade, ajudando a construir uma sociedade mais saudável. No âmbito empresarial, os programas de voluntariado das empresas contribuem para o desenvolvimento de capacidades pessoais e profissionais, ajudando a atrair e a reter colaboradores qualificados e a sensibilizar as restantes partes interessadas. Também pode contribuir para que a empresa promova a sua imagem de boa cidadã ou melhore a reputação dos seus produtos.

41

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Agradecimentos Gostaria de agradecer a todos os que, de certa forma, tornaram a execução deste artigo possível. Foi através destas pessoas que consegui desenvolver e concluir este projeto com a motivação e entusiasmo exigidos. Agradeço particularmente e de um modo especial a todas as empresas que se disponibilizaram a responder aos questionários por mim enviados e que, de uma forma direta, tornaram possível o desenvolvimento deste estudo. Agradeço também à Atlântico Business School por ter tornado possível a realização de um projeto como este.

A toda a minha família e amigos pelo apoio prestado para a concretização deste projeto.

42

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

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43

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

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International

Review

on

Public

and

Nonprofit

Marketing,

DOI

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M.

(2005).

ABC

Voluntariado

Empresarial.

Sisponível

em

http://pascal.iseg.utl.pt/socius/publicacoes/wp/RSEeABCVoluntariadoEmpresarialSOCIUS.pdf.

Acedido

em

13/12/2016. Santos, M. & Bittencourt, B. (2008). Exercício de Responsabilidade Social e de Desenvolvimento Sustentável: o caso do Voluntariado Empresarial em Portugal. Disponível

em

http://pt.scribd.com/doc/55189751/A-PSC-1809.

Acedido

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13/12/2016. Wilson, J. (2000). Volunteering. Annual Reviews of Sociology, 26:215-240. Zweigenhaft, R.; Amstrong, J.; Quintis, F.; Riddick, A. (1996). The motivational and effectiveness of Hospital Volunteers. The Journal of Social Psychology, 136(1):25-34.

44

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Anexos Anexo A Questionário 1 Survey 1

I Don’t Know

No

Yes

Não Sei

Não

Sim

1) Does the company often participate in volunteering? 2) Is the investment worth it? 3) Do the governing bodies volunteer as well? 4) Does the company give workers paid time off for volunteering? 5) Have the workers developed skills through volunteering? 6) Did the communication at the company improve through volunteering? 7) Did the employee’s organizational commitment improve? 8) Has the company became better known through the volunteering? 9) Has volunteering improved the companies image? 10) Will the company continue to carry out these programs?

Questionário 1 – versão traduzida Questionário 1 1) A empresa participa frequentemente em ações de voluntariado? 2) O investimento é compensador? 3) Os corpos dirigentes acompanham trabalhadores nessas ações?

os

45

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

4) A empresa paga o dia de trabalho aos colaboradores voluntários? 5) Os colaboradores capacidades?

desenvolveram

6) Existe uma melhor comunicação no ambiente de trabalho? 7) O Compromisso melhorias?

Organizacional

sofreu

8) O reconhecimento da empresa aumentou? 9) A imagem da empresa melhorou? 10) A empresa vai continuar a realizar estes programas?

Anexo B Questionário 2 Survey 2

1

2

3

4

5

1) I feel that volunteering will help me to

succeed in my chosen profession. 2) Volunteering makes me feel important. 3) Volunteering increases my self-esteem. 4) Volunteering has helped me improve my

working relationships with colleagues. 5) I developed skills by direct experience. 6) I’m proud of the company for developing

and participating in these projects 7) I’m happy working at this company. 8) The communication at work has improved 9) I’ve became more productive at work. 10) I’m going to participate again in corporate

volunteering projects.

46

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Questionário 2 – versão traduzida Questionário 2

1

2

3

4

5

1) O voluntariado ajuda-me a ter êxito na minha profissão. 2) O voluntariado faz-me sentir importante. 3) O voluntariado aumenta a minha autoestima. 4) Conheci melhor as pessoas com quem trabalho. 5) Adquiri/desenvolvi competências através de experiência direta. 6) Sinto orgulho na empresa por realizar estes projetos. 7) Sou feliz a trabalhar nesta empresa. 8) Existe uma melhor ambiente de trabalho

comunicação

no

9) Tornei-me mais produtivo no trabalho. 10) Vou voltar a participar num futuro programa de voluntariado.

47

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Apêndice I

Resumo Executivo O voluntariado empresarial é, atualmente, muito mais visto como uma estratégia de sustentabilidade de uma qualquer organização. Quando planeado e integrado em ações ajustadas à estratégia de responsabilidade social da empresa então, não existem dúvidas que se torna numa poderosa forma de intervenção e de diálogo com a sociedade, que contribui para o desenvolvimento sustentável, reforçando estratégias de negócio, geradas de retorno económico e social. Quanto ao voluntariado empresarial as opiniões dividem-se entre este ser apenas uma ação de caridade, bondade e altruísmo que não resolve problemas estruturais ou uma ferramenta de políticas de RSE em que ocorre uma estimulação da cooperação, compromisso, responsabilidade e a oportunidade que conduz a uma coesão social e económica. Este artigo visa a confirmação e a demonstração de que as ações de voluntariado desenvolvidas nas empresas têm como consequência imensos benefícios. Os funcionários desenvolvem/adquirem, através de uma experiência direta, competências, autoestima, motivação, uma maior integração na empresa, que se traduz em novas oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento profissional. Relativamente às empresas, estas beneficiam do envolvimento e da motivação dos seus trabalhadores, da produtividade, no fortalecimento da imagem, reputação e notoriedade da empresa no mercado, na construção de equipas coesas e na capacidade de reter talento. Num questionário efetuado pelo autor aos corpos dirigentes de empresas nacionais e internacionais, os dados obtidos mais relevantes que comprovam o anteriormente referido, foram os seguintes: 68% afirmou que os seus trabalhadores desenvolveram capacidades após a participação em ações de voluntariado, 73% das empresas responderam que o compromisso organizacional melhorou e 75% alegaram que comunicação no trabalho também se tornou melhor.

48

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

De uma forma que não deixa margens para dúvidas, através das informações obtidas neste questionário , chega-se à conclusão que a esmagadora maioria das empresas que promovem, desenvolvem e estão presentes em ações de voluntariado reconhecem que estas trazem grandes benefícios para as empresas, como por exemplo uma melhor comunicação dentro da empresa, o aumento do compromisso dos seus colaboradores no local de trabalho, o desenvolvimento de competências dos seus funcionários e a imagem positiva que a responsabilidade social dá às empresas.

Através de um outro questionário realizado (onde os indivíduos foram solicitados a classificar as afirmações consoante a escala de Likert em que concordância 1= “discordo completamente” e 5= “concordo completamente”), como destinatários os funcionários que participam nas ações de voluntariado promovidas pelas empresas, foi possível a obtenção dos seguintes dados relevantes:

Moda

Média

Desvio-Padrão

O voluntariado ajuda-me a ter êxito na minha profissão.

4

3,8

0,73

O voluntariado faz-me sentir importante.

4

3,93

0,84

4

4,1

0,83

4

3,6

0,91

4

3,5

1,09

Sinto orgulho na empresa por realizar estes projetos.

5

4,36

0,76

Sou feliz a trabalhar nesta empresa.

5

4,1

1,05

4

3,66

0,99

4

4,1

0,87

4

3,86

1,01

O voluntariado aumenta a minha autoestima. Conheci melhor as pessoas com quem trabalho. Adquiri/desenvolvi competências através de experiência direta.

Existe uma melhor comunicação no ambiente de trabalho Tornei-me mais produtivo no trabalho. Vou voltar a participar num futuro programa de voluntariado. Tabela 6 – Dados obtidos no questionário 2. Fonte: Elaboração Própria

49

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Através das informações obtidas no quadro anterior, a conclusão que se chega é que os funcionários que participam em ações de voluntariado, em conjunto com os seus colegas na empresa, estão muito satisfeitos nos seus locais de trabalho. Ou seja, tornouse evidente que estes trabalhadores sentem que o seu trabalho é importante para as empresas onde laboram, as suas autoestimas aumentam, têm oportunidades de conhecerem melhor os seus colegas de trabalho que, por sua vez, também melhora a comunicação no local de trabalho, sentem orgulho nas empresas por estas participarem em ações de voluntariado e, este estudo indica ainda que, os trabalhadores se tornaram mais produtivos e que se encontram felizes nos seus locais de trabalho.

Como conclusão, o voluntariado empresarial adotado na gestão estratégica traz vantagens para a comunidade, empresa e colaboradores. Na vertente social, permite minimizar problemas que perturbem verdadeiramente a comunidade, ajudando a construir uma sociedade mais saudável. No âmbito empresarial, os programas de voluntariado das empresas contribuem para o desenvolvimento de capacidades pessoais e profissionais, ajudando a atrair e a reter colaboradores qualificados e a sensibilizar as restantes partes interessadas. Também contribui para que a empresas promovam a sua imagem de boas cidadãs e para a melhoria da reputação dos seus produtos/serviços.

Palavras-chave: Voluntariado; Voluntariado Empresarial; Compromisso Organizacional; Responsabilidade Social.

50

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Apêndice II

Revisão da Literatura 1. Introdução Para o desenvolvimento deste Artigo Cientifico tive que, naturalmente, aprofundar os meus conhecimentos em algumas áreas sobre o tema escolhido – Voluntariado Empresarial: uma mais-valia. Os dois principais e primeiros temas que tive que estudar foram o Voluntariado e o Voluntariado Empresarial, visto que estes são a base deste artigo. Por último, também aprofundei os meus conhecimentos sobre a área do Compromisso Organizacional porque esta é uma das principais mais-valias para as empresas.

2. Análise dos Principais Temas abordados a. Voluntariado Segundo o enquadramento jurídico português (Lei nº71/98, de 3 de novembro e pelo Decreto-Lei nº389/99, de 30 de setembro), o voluntariado são ações de interesse comunitário e social realizadas de forma desinteressada, no âmbito de projetos, programa e outras formas de intervenção ao serviço de indivíduos, famílias e da comunidade, desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas. O Estado “reconhece o valor social do voluntariado como expressão do exercício livre de uma cidadania ativa e solidária e promove e garante a sua autonomia e pluralismo” °. Por voluntariado, segundo Wilson (2000), entende-se que este é a realização de uma atividade onde um individuo oferece o tempo em que a está a realizar, em benefício de uma pessoa, um grupo, uma organização ou uma causa, sem receber algum género de recompensa. O voluntário é pró-ativo, implica esforço e dedicação de tempo, proporcionando benefícios ao voluntário e ao recetor do serviço. É mais importante o trabalho voluntário para as Organizações Sem Fundos Lucrativos do que os donativos monetários destinados a essas organizações, segundo Briggs et al. (2010).

51

Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

De acordo com Paço e Agostinho (2012), existem dois tipos de voluntários: os regulares e os ocasionais. Estas autoras consideram a existência de voluntários regulares que colaboram de forma contínua e também voluntários ocasionais que se comprometem durante um curto período de tempo como tarefas especificas. Por ser uma área abrangente, que inclui um vasto conjunto de atividades significativamente distintas (Wilson, 2000) eleva a pertinência do seu estudo. Porém, apesar de abranger áreas muito distintas, a literatura existente sobre o voluntariado costuma generalizar as hipóteses formuladas para diferentes áreas e contextos de voluntariado (Sampson, 2006). Segundo Penner (2004), a maioria dos voluntários escolhem as OSFL onde vão prestar serviços de voluntariado tendo em conta o grau de afinidade que possuem com a missão e os objetivos da mesma. Ou seja, a escolha do tipo de trabalho voluntário a praticar está relacionada com aspetos pessoais e experiências anteriormente vividas pelo voluntário. Para Roca (1994), as motivações para a realização de voluntariado podem ser de três tipos: expressivas, que estão relacionadas com a pessoal do individuo, instrumentais, que são quando as tarefas desempenhadas são da mesma área da atividade profissional do individuo e altruístas, quando o voluntariado é praticado para responder a necessidades da sociedade. Bendapudi, Singh e Bendapudi (1996) afirmam que as motivações que levam à prestação de serviço voluntário dividem-se em duas categorias: altruísta, em que os benefícios são para os outros e egoísta, onde os benefícios são maioritariamente para o individuo. Por sua vez, Corrullón (1997) admite que ao analisar os motivos que levam indivíduos à prestação de trabalho voluntário, descobrem-se dois elementos fundamentais: o do cunho pessoal (doação de tempos e de esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática) e social (a luta por um ideal ou a um comprometimento com uma causa, devido a uma tomada de consciência dos problemas ao enfrentar-se com a realidade).

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Voluntariado Empresarial: uma mais-valia

Já Clary et al. (1998), ressaltam que os indivíduos que participam em ações de voluntariado por diferentes motivos, de forma a satisfazerem as suas necessidades. Através da escala Volunteer Functions Inventory, foram identificadas seis categorias de motivações para os indivíduos que se voluntariam: 1. Valores – preocupações altruístas e humanitárias para com os outros; 2. Compreensão – aquisição de conhecimentos, capacidades e competências; 3. Reforço – crescimento pessoal/autoestima e desenvolvimento psicológico; 4. Social – fortalecimento das relações com os outros; 5. Proteção – redução de sentimentos negativos e resolução de problemas; 6. Carreira – experiência profissional.

Ou seja, os participantes em ações de voluntariado são orientados por uma diversidade de motivações intrínsecas e extrínsecas, que o resultado é um conjunto de benefícios para os outros, para a comunidade em geral e para si próprios. Fischer, Mueller e Cooper (1991) afirmam que a religião, o espirito de coesão comunitária e a responsabilidade pelo próximo estão estritamente relacionados com a adesão ao voluntariado. Segundo Dolnicar, Grun e Randle (2007), o género masculino está mais predisposto a desenvolver ações de voluntariado na área desportiva ou recreativa, enquanto o género feminino está mais predisposto a desenvolver ações sociais na comunidade. Chambre citado em Zweigenhaft et al. (1996) diz que o trabalho voluntário feminino tem um impacto maior do que o dos homens, visto que este género é o mais suscetível ao voluntariado. Embora o trabalho voluntário tenha um grande contributo para as organizações e para a comunidade (Briggs et al., 2010; Prabhu et al., 2008), são poucos os estudos existentes sobre o impacto direto do voluntariado nestes elementos (Haski-Leventhal et al., 2011; Wymer, 1999).

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b. Voluntariado Empresarial The National Centre for Volunteering (2002) define voluntariado empresarial como uma forma de organização de grupos voluntários, onde se une o mundo dos negócios com a participação, compromisso e responsabilidade social. Para Lukka et al. citados em Santos (2005), o voluntariado empresarial refere-se às práticas e ações que uma empresa adota para apoiar, incentivar e aplicar ao trabalho social que é realizado voluntariamente pelos seus colaboradores, sendo assim uma estratégia em que a empresa motiva os seus empregados e parceiros a apoiar causa sociais (Kotler e Lee, 2005). As organizações têm aderido a práticas de voluntariado como pilar da sua estratégia empresarial, especificamente através da construção de programas e estruturas de suporte (Basil et al., 2011). O conceito de voluntariado empresarial consiste em grupos de funcionários de uma empresa que, contando com o suporte e encorajamento dos seus empregadores, envolvem-se numa ação de voluntariado em determinada comunidade, contribuindo com o seus conhecimento e capacidades, funcionando como um veículo de preocupação e compaixão para essa comunidade (O’Brien et al., 2008; Grant, 2012). Goldberg (2011), afirma que o voluntariado empresarial são os programas de apoio à ação voluntária dentro das empresas. É a organização da disposição para o voluntariado entre empregados e dirigentes, por vezes até incorporando os seus familiares, fornecedores, distribuidores, clientes, parceiros de negócios e mobilizar as pessoas de forma espontânea. Estimulando o envolvimento em causas de interesse coletivo. Dias e Palassi (2007) defendem que o contexto social e económico implica configurações no fenómeno do voluntariado. Deste modo, o voluntariado empresarial tem ganho um maior destaque e atenção por parte das organizações com fins lucrativos, que passam a contribuir para causas e para instituições sem fins lucrativos, ajudando a dar resposta a alguns problemas existentes na sociedade.

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Apoio técnico especializado, palestras sobre temas genéricos ou específicos, apoiar uma organização, promover eventos de angariação de fundos, dar apoio emocional a pessoas hospitalizadas, realizar atividades de entretenimento para idosos, entre muitos outros, são exemplos de atividades que as empresas podem realizar no âmbito do voluntário empresarial (Santos, 2005). Ainda segundo Santos (2005), o voluntariado empresarial em Portugal começou a evidenciar-se no final da década de 90, ainda numa fase embrionária em termos de amplitude e estruturação. Como acrescentam Santos e Bittencourt (2008), o voluntariado empresarial é muito pouco e só um reduzido número de empresas é que desenvolve ações de voluntariado, havendo uma forte direção para ações de apoio social. Já se encontra programas de voluntariado empresarial, nomeadamente em empresas de maior dimensão e com politicas organizadas de responsabilidade social, como por exemplo o grupo Galp Energia e Delta Cafés. Allen (2003) explicita que o voluntario empresarial produz novas fontes de energia e talento. Afirma ainda que o voluntário empresarial pode ajudar na conquista de objetivos estratégicos, fortalecendo a imagem pública das organizações. Ainda no mesmo sentido, Corrullón e Medeiros (2002) afirmam que os programas de voluntariado solidificam a imagem de uma organização, particularmente junto da imprensa e da opinião pública. Basil et al. (2009), também defende que o voluntariado empresarial, como uma estratégia de responsabilidade social, permite às empresas melhorar a sua imagem, ao mesmo tempo que proporciona benefícios sociais à comunidade.

Segundo Magalhães, M. e Roriz Ferreira, M. (2014), através do seu estudo elaborado relativamente aos principais stakeholders (Uma abordagem teórica sobre o voluntariado empresarial), as autoras chegaram à conclusão de que nas atividades de voluntariado empresarial os dois grandes grupos são os voluntários (empresas e colaboradores) e as organizações sem fins lucrativos.

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As empresas são stakeholders importantes uma vez que estabelecem a ligação entre os voluntários e as organizações sem fins lucrativos. As empresas, embora possam contribuir de uma forma diversificada para a sociedade, devem tentar alinhar os seus programas de voluntariado com a sua missão, a visão, os valores e a cultura da empresa. Os objetivos específicos da empresa, como por exemplo desenvolver habilidades e formar equipas, também devem estar alinhados com os programas, assim como estes devem ir ao encontro dos princípios do voluntariado – solidariedade, participação, cooperação, complementaridade, gratuitidade, responsabilidade e convergência. Para que os programas de voluntariado empresarial sejam bem-sucedidos, é fundamental que exista o envolvimento de todos, incluindo a gestão de topo, podendo este envolvimento incluir funcionários aposentados e familiares dos colaboradores. As organizações sem fins lucrativos, embora sejam apoiadas por fundos públicos, também estão dependentes das doações individuais e do apoio de empresas. Neste contexto é fundamental considerar que estas organizações necessitam de uma gestão cada vez mais profissional e que o contributo empresarial é visto como indispensável. Estas organizações pertencem ao segundo grupo de stakeholders, sendo este grupo o que recebe os voluntários que realizam as ações de voluntariado empresarial. As vantagens das empresas estão relacionadas com as vantagens dos colaboradores que participam nas atividades de voluntariado empresarial. A principal vantagem das práticas de voluntariado empresarial para as empresas passa pela melhoria da imagem pública que poderá ter impactos positivos nos clientes e nos colaboradores. Durante estas atividades, estabelece-se uma proximidade entre os colaboradores, o que pode conduzir a uma melhoria do ambiente organizacional e, consequentemente, à melhoria da comunicação interna e do trabalho em equipa. Os colaboradores que participam nas atividades de voluntariado, por vezes confrontamse com realidades que desconheciam e desempenham funções que nunca realizaram na sua área profissional, o que pode levar ao desenvolvimento de novas capacidades pessoais e profissionais, como por exemplo capacidades de comunicação, de gestão do tempo e de pessoas, de planeamento, entre outras. Ao adquirirem novas competências

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e habilidades, os colaboradores irão favorecer a empresa não só por serem mais competentes, mas pelos custos relacionados com a formação que são reduzidos. O vasto conjunto de vantagens do voluntariado empresarial é o seguinte:

Tabela 7 – Vantagens do voluntariado empresarial. (Fonte: elaborado pelas autoras)

O voluntariado empresarial também apresenta desvantagens, sendo que estas têm peso muito menor, comparativamente com as vantagens. Por exemplo, pode ocorrer um 57

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atraso no trabalho quando o número de horas exercidas em atividades de voluntariado é muito elevado. Outra desvantagem relaciona-se com a imagem da empresa ou da organização, no caso de existirem pormenores menos claros relativos à atuação de um dos parceiros, estes podem ter repercussões negativas na imagem do outro, assim como no caso de a empresa não estar preparada e não se conseguir comprometer com a implementação das práticas de voluntariado empresarial. A seguinte tabela apresenta as desvantagens do voluntariado empresarial:

Tabela 8 – Desvantagens do voluntariado empresarial. (Fonte: elaborado pelas autoras)

Em síntese, o voluntariado empresarial é um conceito que está muito em voga, sendo impulsionado por organizações que querem fazer a diferença, dando a sua contribuição para amenizar os graves problemas sociais da comunidade. Esta é uma forma que as organizações têm de se “ligar” à comunidade onde estão inseridas, contribuindo para o seu progresso, incorporando nos seus programas o relacionamento ético e a promoção de valores de responsabilidade social.

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c. Compromisso Organizacional Allen & Meyer (2000) são dois autores que mais se têm dedicado ao estudo do compromisso (ou comprometimento) organizacional, definindo-o como o laço psicológico que caracteriza a ligação do indivíduo à organização e que reduz a probabilidade deste a abandonar. Bandeira, Marques e Veiga (2000), definem o comprometimento organizacional como um poderoso vínculo do individuo com a organização, que o incita a dar algo de si, em termos de energia e lealdade. Segundo Kanaane (1994), o comportamento organizacional é um dos principais recursos para a implementação do comprometimento. O comportamento é o resultado das ações que o individuo exterioriza a partir da sua relação com o meio social, que implica uma predisposição interna aprendida e consolidada no decorrer da experiência de vida do indivíduo e que é formada pelos componentes afeto-emocional (sentimentos), cognitivo (crenças, conhecimentos e valores adquiridos), comportamental (ações favoráveis ou desfavoráveis em relação à situação em foco) e volitivo (motivações, desejos e necessidades inatas e adquiridas). O compromisso organizacional refere-se à atitude ou vínculo que os indivíduos estabelecem com a organização. Costa e Bastos (2000) referem a importância do tema “compromisso” para a compreensão do comportamento organizacional, uma vez que esse conceito se relaciona a variáveis centrais nas organizações, atuando na eficiência dos indivíduos e das empresas. Bastos (1998), afirma que é necessário a empresa dispor de uma equipa efetivamente comprometida com o trabalho para o sucesso do empreendimento. Pfeffer e Veiga (1999) defendem que o modo como as organizações administram o seu património humano constitui uma vantagem competitiva e estratégica, visto que os aspetos humanos são de difícil imitação, ao contrário da tecnologia. Fica assim evidente a importância do desenvolvimento do individuo na sua totalidade como “pessoa”: inteligência, sentimento e vontade são fundamentais na sua atuação como sujeito consciente, crítico e criativo nas organizações.

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O comprometimento organizacional, segundo Shahnawaz & Juyal (2006), é uma força que direciona o comportamento de um individuo a efetuar um conjunto de ações relevantes para atingir um determinado objetivo. Mowday (1998) afirma que as empresas cujos empregados são mais comprometidos, normalmente têm alto rendimento empresarial e se relacionam positivamente às estratégias de recursos humanos voltadas para o alto comprometimento. Uma das primeiras tipologias do compromisso organizacional foi desenvolvida por Etzione (1961). Nesta tipologia, o compromisso baseia-se no grau de conformidade que indivíduo experimenta no respeito pelas diretrizes organizativas, que constituem três estados diferentes de uma postura continua do compromisso: i) a moral, na qual se produz uma orientação positiva e intensa face à empresa, fundamentada na internalização das metas, valores e normas organizativas e na identificação com a autoridade; ii) a calculista, que é caracterizada por uma ligação menos intensa que deriva da relação de intercâmbio que tem lugar entre a empresa e os seus membros. Os indivíduos comprometem-se com a organização porque consideram que essa ligação é benéfica, existindo uma correspondência entre o valor das contribuições que dão à empresa através do seu trabalho e as recompensas que recebem; iii) a alienadora, que se distingue por uma orientação negativa face à organização e que se desenvolve em consequência da existência de situações em que o comportamento dos indivíduos se vê limitado de forma severa.

Ou seja, a obtenção de um elevado grau de compromisso dos funcionários para com a empresa tem sido considerada como um objetivo a atingir pela direção de recursos humanos, devido ao seu impacto positivo sobre a performance empresarial.

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