“Wolfgang Amadeus Mozart (27 jan. 1756 – 5 dez. 1791): Concerto para Piano e Orquestra n. 26, em Ré Maior, K.V. 537, ‘Coroação’, 1788”

FORTISSIMO Nº 10

Presto Veloce

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2017

WOLFGANG AMADEUS MOZART

28 min

Concerto para piano nº 26 em Ré maior, K. 537, “Coroação”

1788 Salzburgo, Áustria, 1756

Viena, Áustria, 1791

A 23 de setembro de 1790, Wolfgang

e não fornece indicações de andamento

virtuosística compensa a distensão

Amadeus Mozart, seu cunhado

para o segundo e o terceiro movimentos –

das estruturas harmônica e rítmica.

violinista Franz de Paula Hofer e

respectivamente um ABA e um rondó-

Para Simon Keefe (2001), ele representa

um serviçal partiram em carruagem

sonata do tipo ABACBA, onde C

uma tentativa de reinvenção do gênero

para Frankfurt am Main, onde o

corresponde ao desenvolvimento.

Concerto através da justaposição

Grão-duque Leopoldo da Toscana

abrupta de material harmônico

INSTRUMENTAÇÃO Flauta, 2 oboés,

2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

PARA   O UVIR CD W. A. Mozart –

Piano Concertos nos. 27 & 26 – Vienna Philharmonic Orquestra; Berlin Philharmonic Orchestra – Tamás Vásáry, piano e regência – Emil Gilels, piano – Deutsche Grammophon 429810-2 – 1979

seria eleito soberano do Sacro Império

O Coroação desfrutou de enorme

contrastante; da supressão de confronto

Romano-Germânico. A comitiva

prestígio durante o século XIX. Em

direto entre instrumento solista e forças

musical, liderada pelos mestres de

1935, Friedrich Blume considerou-o

orquestrais; da omissão de figurações

capela de Mainz, Vincenzo Righini, e

“o mais conhecido e o mais executado”

solistas nos locais esperados e de sua

de Viena, Antonio Salieri, não incluía

dos concertos para piano de Mozart.

transferência para pontos importantes

Mozart e o cunhado, que viajavam

A situação mudaria ainda no segundo

de junção formal; e de disjunções

às próprias custas. A sagração de

quartel do século XX. Em 1939, Cuthbert

temáticas e harmônicas inusitadas.

Leopoldo II ocorreu a 9 de outubro e,

Gliderstone declarou-o “um dos mais

no final da manhã do dia 15, Mozart

pobres e vazios”. Georges de Saint-Fox

Chris Goertzen (1991) observa que,

apresentou dois de seus concertos

(1939), Alfred Einstein (1945), Arthur

diferentemente dos outros doze

PARA   A SSISTIR Orquestra de

para piano e orquestra: o número 19,

Hutchings (1948), Jean-Victor Hocquard

concertos para piano da maturidade

em Fá maior, KV 459, e o número 26,

(1958), Eric Blom (1962), Jean e Brigitte

de Mozart, do KV 450 ao KV 595,

em Ré maior, KV 537. Ambos ficariam

Massin (1969), Denis Forman (1971)

o de número 26 incorporou um

Câmara Moscow Virtuosi – Vladimir Spivakov, regente – Aimi Kobayashi, piano | Acesse: fil.mg/mcoroacaomv

conhecidos pelo nome “Coroação”.

e Philip Radcliffe (1978) prosseguiriam

elaborado trabalho de instrumentação

na mesma veia. A balança voltaria a

a fim de possibilitar sua realização

Em seu catálogo temático o compositor

pender para o outro lado nos anos 1970.

quando apenas as cordas estivessem

anota, em 24 de fevereiro de 1788:

Para Charles Rosen (1971) o KV 537

disponíveis. Em 1788 Mozart já

“Um concerto para piano em Ré maior –

é historicamente o mais progressista

não conseguia os meios para dar

com 2 violinos, viola e baixo. Flauta,

de todos os trabalhos de Mozart, pois

continuidade a seus tradicionais

2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 clarins

modifica o equilíbrio entre os aspectos

concertos por subscrição em Viena,

e tímpanos ad libitum”. Os esboços

harmônico e melódico, de tal modo

onde podia contar com exímios

remontam a dezembro de 1786.

que a estrutura passa a depender,

instrumentistas. A primeira execução

O manuscrito autógrafo omite a mão

amplamente, da sucessão melódica,

documentada ocorreu na corte de

esquerda em trechos da parte solista

enquanto a exuberância da figuração

Dresden, a 14 de abril de 1789.

Mozart – The Piano Concertos – The English Baroque Soloists – John Eliot Gardiner, regente – Malcom Bilson, fortepiano – 1989 Acesse: fil.mg/mcoroacao

PARA   L ER Norbert Elias – Mozart:

Sociologia de um gênio – Jorge Zahar Editor – 1994

CARLOS PALOMBINI Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.