Youtubers ensinando como operar no Mercado Financeiro

May 31, 2017 | Autor: W. Roberto Luiz S... | Categoria: Stock Markets, Youtube, Stock Market Analysis
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Youtubers ensinando como operar no Mercado Financeiro

Publicado no Linkedin em 09/08/2016 https://www.linkedin.com/pulse/youtubers-ensinando-como-operar-mercado-financeiro-william?trk=prof-post

Quem não deseja segurança financeira. É o que os representantes de corretoras de ações vendem para atrair pessoas a investirem no mercado de ações. No YouTube podem ser encontrados uma grande variedade de vídeos introdutórios para qualquer um que deseja entrar nesse mercado. Alguns tem título bastante apelativos e sedutores do tipo "Como ficar rico no mercado de ações" e outros são mais sinceros, do tipo "Como começar do zero no mercado de ações". Assistindo um, dois, três, dezenas de vídeos de 15min. até 1 e 1/2 hrs de duração, começam a surgir mais dúvidas do que aprendizado, pois cada apresentador tem um ponto de vista e poucos assumem uma postura mais teórica. Mas alguns aspectos são unânimes nos vídeos disponibilizados.

Target fundamental: comprar barato e vender caro O funcionamento do mercado de ações é um tanto complexo mas, por parte de quem atua (os traders) tudo se resume a comprar uma ação num preço mais barato e vender num preço superior. A diferença é o lucro e espera-se que, adotando uma "postura vencedora", como alguns vídeos pregam, é possível ganhar muito dinheiro seguindo esse método assustadoramente simples. Mas o senso comum já sabe que "quando a esmola é demais, o santo desconfia" e a única saída para entrar um pouco seguro nesse mercado é procurar fontes de informações confiáveis. Verdade que tudo se resume a comprar mais barato e vender mais caro, mas o buraco é embaixo, bem, bem mais embaixo. Além do mercado financeiro e a dinâmica de flutuações de preços adquirirem comportamento próprio, com funcionamento bem particular, ainda somam-se algumas "armadilhas" que ocorrem dentro da mente humana.

Psicologia de mercado e Teoria da Perspectiva Seres humanos tem uma forma bem particular de tomar uma decisão racional numa situação que implica em ganho ou perda, onde não é possível saber exatamente se as chances de ganho serão 100% certeiras. O ser humano tende sempre a considerar os riscos para tomar uma decisão e intuitivamente tende a contabilizar tais riscos. O problema é que o ser humano tem uma dificuldade enorme em fazer essas contas internas, e diante da dinâmica da flutuação de preços, que pode assumir momentos de certeza e de incerteza, o homem faz seus cálculos internos de forma totalmente diferente do que ocorre no mercado acionário. A Teoria da Perspectiva (ProspectTheory), desenvolvida pelos psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman, descrevem a forma exata como os humanos fazem seus cálculos internos diante de uma tomada de decisão, e os achados da dupla tem aplicação direta no que os especialistas em mercado financeiro chamam de Psicologia de Mercado. A aula completa pode ser conferida abaixo. Bo Williams, engenheiro por formação, não dispensou os aspectos psicológicos de mercado, muito pelo contrário. Deixou a calculadora um pouco de lado e aprofundou na Teoria da Perspectiva. Além da dinâmica interna do mercado de ações, das armadilhas da mente humana, ainda é necessário distinguir o que os especialistas chamam de Análise Técnica e Análise Fundamentalista.

Análise fundamentalista versus análise técnica

A tomada de decisão (comprar e vender uma ação) pode ser influenciada pelas informações que ocorrem no mercado. Por exemplo, A empresa Natura divulgou poucos dias atrás seu lucro. Ao fechar no positivo, no dia seguinte a ação NATU3 alavancou e isso se deu pela forte influência dessa notícia no mercado, que animou os investidores a comprar ações da empresa, o que resultou numa valorização repentina. A Análise Fundamentalista se resume em colher informações significativas que percolam no mercado (assuntos políticos, que influencia fortemente os bancos ou de variação do dólar, que influencia empresas que comercializam comoditties, por exemplo) para que o acionista tome a decisão de comprar/vender suas ações. Em contrapartida existem aqueles assumem sua posição no mercado após analisarem séries temporais de flutuação de preços. Um analista técnico se mune de um ferramental estatístico que é chamado de indicadores e como o próprio nome diz, o indicador sinaliza ao acionista a melhor hora de comprar e de vender um ativo. Existem dezenas e dezenas de indicadores, alguns corriqueiramente aplicados e simples de entender, como as Médias Móveis, Bandas de Bollinger, Candlestick, etc. Outros são mais complexos e necessitam de um entendimento maior de matemática e estatística e uma boa compreensão dos parâmetros e outputs gerados pelo modelo matemático correspondente a estatística ou modelo.

Conclusão pessoal Eu particularmente uso a análise técnica partindo do pressuposto que o preço da ação é influenciada fortemente pelos traders que atuam com forte peso (os grandes acionistas e corretoras que compram e vendem lotes bem grandes de ações), cujas operações impactam fortemente os preços. Esses acionistas detém as melhores informações e muitas vezes definem o mercado. Os pequenos investidores, além de possuírem a informação mais tardiamente (tendo como base a Hipótese de Eficiência de Mercado), tem um impacto menor nos preços comparado aos grandes investidores. O indicador então serve para acompanhar o movimento dos grandes acionistas e é bem sabido que todo indicador tem um atraso na detecção da tendência. O que resta para o pequeno acionista, portanto, é entrar na rabeira, na onda da tendência. Esses são apenas alguns insights que obtive a medida que assistia as aulas e palestras de diversos Youtubers e praticava num simulador. Muitas palestras são importantes pois muitos deles ensinam como operar na prática. Mas, mesmo assim, ainda é insuficiente para obter retornos satisfatórios no mercado acionário. Como os palestrantes precisam se fazer entendidos, poucos discutem os teóricos como Eugene Fama e sua Hipótese de Eficiência de Mercado, Benoit Mandelbrot com sua Matemática Fractal e as Relações de Escala, Eugene Stanley que atua fortemente na Econofísica, Vilfredo Pareto com a Regra Universal de Distribuição de Renda, entre outros teóricos, que se esforçam para entender e descrever os mecanismos que determinam o funcionamento de mercado. Como a dinâmica de formação e flutuação de preços é influenciada por uma incontável soma de fatores determinantes, esses teóricos precisam desenvolver uma epistemologia própria para fundamentar tal dinâmica, e muitas vezes se torna um desafio compreendê-los. O bom é que quanto mais desafiador, mais eu gosto.

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William R. L. S. Pereira é biólogo e pesquisador, com uma série de artigos científicos publicados em revistas especializadas. Se aproveitou de uma certa facilidade com modelos matemáticos e começou sua jornada para o entendimento do mundo do Mercado Financeiro. .

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