Zona Rural Como Alavanca para o Desenvolvimento de Moçambique

August 20, 2017 | Autor: Américo Matavele | Categoria: Rural Development
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ZONA RURAL COMO ALAVANCA PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DE MOÇAMBIQUE

Por Américo Matavele

Há muita discussão sobre o modo ou modelo que Moçambique deve tomar para atingir o desenvolvimento, no âmbito do forte e consistente crescimento económico que testemunhamos a cada ano. Os economistas nacionais e estrangeiros tem emitido variadas teorias, cada um com certeza de que a sua teoria é que é a tal, e que é só segui-la que tudo andará sobre os trilhos.
Não sendo nenhum académico, e muito menos economista, porém moçambicano que gosta de navegar no mundo das ideias, não posso ficar ao lado desta discussão que veja-a como um importante veículo para reflexão, porque é com base neste atirar de ideias que vamos caminhando, consistentes, para o tão almejado desenvolvimento económico.
A minha visão prende-se com a necessidade de se criar uma base firme, que será a rampa que espalhará o desenvolvimento para todo o país. Para mim essa base é o investimento em infraestruturas na zona rural.
O investimento em infraestruturas na zona rural, configura-se como o primeiro grande passo para se atingir o desenvolvimento, uma vez que para além de a mesma zona ser a mais populosa, é também onde existem altos índices de pobreza, e apostar em investir nesta zona, significa apostar na luta directa contra a pobreza, com resultados tangíveis e visíveis.
O investimento em infraestruturas na zona rural, para além de ser uma acção directa que mudará a configuração da própria zona, nomeadamente a retirada automática das principais dificuldades que são causadas pela sua característica que ainda é dominada pela natureza crua, será uma forma de injectar directamente emprego para os habitantes desta zona.
O Investimento na zona rural tem efeitos primários e imediatos sobre o emprego, uma vez que a construção de estradas, pontes, diques, regadios, barragens, entre outras infraestruturas produtivas ou de apoio à produção, precisará de mão-de-obra, e a população dessa zona será a primeira beneficiada, e assim minimiza-se o êxodo rural que é um fenómeno que vem ganhando um impacto maior na reorientação natural da mão-de-obra em termos geográficos.
O emprego produzido na zona rural, não só significaria a absorção da mão-de-obra intensiva que está a ser marginalmente usada na economia nacional, mas também significaria a existência de uma renda fixa para os moradores daquela zona, uma vez que as infraestruturas em si são um chamariz para outro tipo de investimento, garantindo-se assim um desenvolvimento humano contínuo.
Com essa renda fixa, haverá aumento do consumo local que vai estimular o investimento e assim a diversificação da própria base económica, que depende quase na totalidade da actividade agrícola, que também terá que desenvolver-se da sua forma rudimentar para uma agricultura industrial ou mecanizada.
A reprodução económica da zona rural que será despoletada pela implementação de infraestruturas irá criar ondas que fortificarão as zonas urbanas, num desenvolvimento endógeno que irá obrigatoriamente cortar as importações correntes de produtos feita por estas zonas, resultado da latência das zonas rurais que são os depositários da capacidade produtiva, que está refém da não existência de condições infraestruturais que a apoiem para o desbrochar dessa mesma capacidade.
Também a facilidade da comunicação, da produção e a consistência das actividades económicas face aos fenómenos naturais advindas da existência de infraestruturas de apoio à produção, irá criar uma situação de robustez cumulativa da economia rural, através do aperfeiçoamento do modo de produção, aumento da produção e da produtividade, e consequentemente do aumento do emprego e da renda.
As infraestruturas constituem-se como uma base sólida para o desenvolvimento, pois estas são ingredientes obrigatórios para qualquer tipo de actividade económica, e a sua existência é uma pré-condição para a consistência, rapidez, segurança, facilidade e fiabilidade do prosseguimento das tais actividades económicas.
O Estado tem um papel fundamental no kick off para o investimento em infraestruturas na zona rural, uma vez que a maioria dessas mesmas infraestruturas são de cariz público, e embora se configure como projectos que movimentam avultadas somas aparentemente sem retorno.
Porém, com o crescimento, consistência e reprodução da actividade económica na zona rural, esse retorno será feito através da colecta de mais impostos resultado do alargamento da base tributária, numa espécie de reversão do investimento a favor do Estado.
Assim, a existência no país de recursos naturais, que irão claramente fortificar os cofres do Estado; a existência de pessoas formadas técnica e cientificamente em diversas áreas; as condições naturais virgens para a prática de diversas actividades económicas, desde a agricultura, mineração, turismo, entre outras, e também a existência ou disponibilidade de mão-de-obra intensiva na zona rural, são condições quase que obrigatórias para se optar pela aposta na infraestruturação da zona rural, de modo a servir de alavanca do desenvolvimento económico de Moçambique, aproveitando-se da consistência do crescimento económico que se regista no país.







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