Zumbi, Osvaldão e minha correria

June 3, 2017 | Autor: Def Yuri | Categoria: Hip-Hop/Rap, Artigos, Viva Favela
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Zumbi, Osvaldão e minha correria Autor: Def Yuri | 22/11/2001 | Seção: Def Yuri

Em meio a intensa correria não pude escrever o que queria sobre o dia de Zumbi e da consciência negra. A atual situação do "nosso" país é grave e o câncer do racismo continua a se espalhar de maneira descontrolada, seja nos meios de comunicação ou no dia-a-dia. Sinceramente, eu afirmo que os adeptos da eugenia e de seus sinônimos, em breve estarão colhendo, de forma mais intensa, o que plantaram e aí não adiantarão procissões, correntes ou blá-blá-blá. Alguns podem achar que estou incentivando o revanchismo, a vingança. Estão errados. Eu incentivo a luta por direitos e pela justiça. Eu poderia falar do grande Zumbi e de toda a sua luta, mas não, mostrarei uma letra de rap que fala de um homem que teve em Zumbi um grande referencial, e eu tenho estes dois personagens como referenciais para a minha vida. O homem que eu me refiro tentou construir, assim como Zumbi, um novo Brasil mais justo. Seria a continuação de Palmares? As histórias de ambos apontam algumas coincidências, que abordarei com mais calma em breve. Este homem combateu bravamente em prol do povo brasileiro, se tornando o subversivo mais odiado pelo regime militar, por ter sido um militar e pela sua cor. Seu nome é Osvaldo Orlando Costa, o Comandante Osvaldão . Comandante Osvaldão, o eterno guerreiro do luar (Autoria: Def Yuri) Guerreiro movido pelo amor ao seu semelhante. Seu nome: Osvaldo Orlando Costa. Já brilha na galeria dos grandes, grandes heróis brasileiros. Em Passa Quatro, MG, nasceu o guerreiro, forte como o aço, alto como a Mantiqueira. Direitos e justiça para ele não eram sinônimos de brincadeira. Ativista por natureza, porrador, campeão da nobre arte, devorador de livros, inteligência acima da média. Ele fazia a sua parte. Nem as estrelas do ombro do oficialato viraram-lhe a cabeça. Ele nunca abdicou das suas crenças. Dos trópicos para a neve na Tchecoslováquia, os gritos brancos de liberdade no peito negro. No coração, Zumbi, Solano Trindade, Patrice Lumumba, Luther King. O guerreiro vem do frio, pátria, amada pátria, nada impedirá que ele a vingue. O estrategista volta e segue para a mata com o intuito de mudar. Já não é mais Osvaldo Orlando Costa. Agora é Comandante Osvaldão - o eterno guerreiro do luar. Na mata mobilização posta em prática. Cuidados médicos, noções de higiene, de cultivo, de cidadania. Onde antes o coronelato dominava, a ignorância imperava, a mão de ferro triunfava, a semi-escravidão foi trocada por educação. Vários interesses atingidos. Intensos combates. Domínio total do terreno. Das sombras vinham os fogos da liberdade. Rios de sangue, resistência feroz ao opressor tal qual os vietcongues. Só que o braço forte utiliza força de retaliação máxima e põe sua estratégia de limpeza em prática. A selva agora era dos algozes que cuspiram na face do Brasil, na honradez do espírito da pátria. Não houve rendição. E do alto, das asas de prata, cai uma chuva de pedaços. Pedaços do corpo do Comandante Osvaldão. Tuas células multiplicaram raízes, formas vegetais, animais e minerais. E a noite escura assumiu tua identidade. Negra também, forte também, juntando-se aos espíritos da mata. Os seus ideais estão mais vivos do que nunca. O que nos move nunca irá se acabar. Do soldado Def Yuri para Osvaldo Orlando Costa, o Comandante Osvaldão, eterno guerreiro do luar.

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