Eu Sou Uma Antologia (edição de bolso)

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eu sou uma antologia 136 au[ores fictÍcios

Íernando pessoa edição de jeronimo pizarro e palricio ferrari

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eu sou uma antologia 136 autores fictícios fernando pessoa

edição de

jerónimo pizarro patricio ferrari

c o o r de na do r da c o l e c ç ão j e r ó n im o p iz a r r o

L I S B OA mmxvi

tinta‑da ‑china

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© Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari, 2013, 2016 Todos os direitos desta edição reservados à  Tinta‑da‑china Rua Francisco Ferrer, n.º 6‑A 1500‑461 Lisboa Tels.: 21 726 90 28/9 E‑mail: [email protected] www.tintadachina.pt Título: Eu Sou Uma Antologia – 136 Autores Fictícios Autor: Fernando Pessoa Editores: Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari Coordenador da colecção: Jerónimo Pizarro Revisão: Tinta‑da‑china Capa e projecto gráfico: Tinta‑da‑china 1.ª edição: Novembro de 2013 1.ª edição de bolso: Maio de 2016 isbn 978‑989‑671‑317‑1 depósito legal n.º 408 433/16

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índice Apresentação • 13 [1] H.W.M. • 23 [2] Guillaume Loutil • 26 [3] Pip • 29 [4] Pedro da Silva Salles • 35 [5] Luiz Antonio Congo • 37 [6] José Rodrigues do Valle • 39 [7] Scicio • 40 [8] Antonio Augusto Rey

da Silva • 42 [9] A. Francisco de Paula

Angard • 43 [10] Dr. Caloiro • 46 [11] Dr. Pancracio • 49 [12] Morris • 54 [13] Diabo Azul • 56 [14] Pad Zé • 58 [15] Parry • 61 [16] Nympha • 62 [17] Gallião • 63 [18] Zé Nabos • 64 [19] Theodor • 65 [20] Gee • 66 [21] Rabanete • 67 [22] Gallião Pequeno • 68

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[23] Lili • 69 [24] Eduardo Lança • 70 [25] Velhote • 74 [26] Nympha Negra • 75 [27] Trapalhão • 76 [28] Pimenta • 77 [29] Alberto Rey da Costa • 78 [30] Theodoro Luciano • 79 [31] Augusto Magenta • 81 [32] Accursio Urbano • 82 [33] F.q.a. • 84 [34] Cecilia • 86 [35] José Rasteiro • 87 [36] Benjamin Vizetelly

Cymbra • 89 [37] Roberto Kóla • 90 [38] Francisco Páu • 91 [39] Nat Gould • 92 [40] Oswald Kent • 93 [41] Marino Zeca • 94 [42] Sileno Ladino • 95 [43] Adolph Moscow • 96 [44] Marvell Kisch • 98 [45] Gabriel Keene • 100 [46] Sableton Ray • 101 [47] Lucian Arr • 102

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[48] C.V. • 104 [49] Z.E. • 105 [50] M. • 106 [51] Philokalio • 107 [52] A.L. • 108 [53] Karl P. Effield • 109 [54] W.W. Austin • 113 [55] J.G. Henderson Carr • 119 [56] Tagus • 123 [57] David Merrick • 126 [58] Lucas Merrick • 134 [59] Sidney Parkinson

Stool • 137 [60] Charles Robert Anon • 139 [61] Horace James Faber • 157 [62] Professor Trochee • 170 [63] Guikel • 176 [64] Dr. Gaudencio Nabos • 180 [65] Professor William

K. Jinks • 189 [66] Antonio Cebola • 199 [67] Professor Jones • 200 [68] William Smith • 207 [69] Caesar Seek • 209 [70] Ferdinand Sumwan • 211 [71] Jacob Satan • 212 [72] Alexander Search • 227 [73] A. Moreira • 249 [74] Faustino Antunes • 253 [75] Ardrèce Augradi • 259 [76] Friar Maurice • 262

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[77] W. Fasnacht • 267 [78] Néant • 269 [79] Jean Seul De Méluret • 273 [80] William Alexander

Search • 284 [81] Charles James Search • 285 [82] Sr. Pantaleão • 290 [83] Torquato Mendes Fonseca

da Cunha Rey • 298 [84] Usquebaugh V. Bangem • 301 [85] Manuel Maria • 304 [86] Ibis • 307 [87] Joaquim Moura‑Costa • 313 [88] Carlos Otto • 319 [89] Miguel Otto • 328 [90] Padre Gonçalves Gomes • 329 [91] Vicente Guedes • 331 [92] Navas • 344 [93] Gervasio Guedes • 346 [94] L. Guerreiro • 348 [95] Pero Botelho • 350 [96] Japonais • 354 [97] Frederick Wyatt • 359 [98] James Bodenham • 371 [99] Olga Baker • 374 [100] Dr. Neibas • 376 [101] Alberto Caeiro • 381 [102] Alvaro de Campos • 395 [103] Ricardo Reis • 419 [104] Frederico Reis • 433 [105] Raphael Baldaya • 442

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[106] Antonio Mora • 450 [107] Antonio Gomes • 467 [108] Thomas Crosse • 475 [109] Hadji‑Muhrad • 491 [110] Sher Henay • 493 [111] Padre Antonio de

Seabra • 498 [112] Claude Pasteur • 505 [113] James L. Mason • 507 [114] Henry More • 508 [115] Wardour • 517 [116] Voodooist • 524 [117] Joseph Balsamo • 526 [118] Henry Lovell • 529 [119] James Joseph • 531 [120] J. H. Hyslop • 533 [121] George Henry Morse • 535 [122] Marnoco e Sousa • 538 [123] João Craveiro • 543 [124] A. A. Crosse • 547 [125] I. I. Crosse • 551

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[126] Bernardo Soares • 558 [127] A.L.R. • 571 [128] Efbeedee Pasha • 578 [129] Antonio L. Caeiro • 589 [130] Julio Caeiro • 591 [131] Diniz Da Silva • 592 [132] Giovanni B. Angioletti • 598 [133] Firmino Lopes • 603 [134] Barão de Teive • 607 [135] Dr. Abilio Quaresma • 619 [136] Maria José • 626

Fernando Pessoa • 635

Notas • 663 Ordem Topográfica das Cotas • 697 Posfácio • 701 Bibliografia • 725 Notas biográficas • 733

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luC a s mer r iCK Escritor de contos policiais em língua inglesa. O seu nome, eli‑ minado do cabeçalho da lista de contos que lhe foi atribuída, foi substituído, em 1903, pelo de Sidney Parkinson Stool (cf. 59). Nenhum dos contos aí referidos terá sido escrito. É  provável que alguns dos títulos desta lista tenham tido origem em certas passagens do livro The Adventures of Joseph Andrews (1890), de Henry Fielding, como defende Patricio Ferrari (2011); o livro de Fielding pertenceu, primeiro, a Lucas Merrick e depois a Sid‑ ney Parkinson Stool. Posteriormente, ambos os nomes foram riscados, restando apenas o de «F. Nogueira Pessôa», ainda com acento circunflexoa. Lucas terá sido projectado como um escri‑ tor menos prolífero que David Merrick (cf. 57). data: Segunda metade de 1903.

[153‑10r]

a Fernando Pessoa decidiu abdicar do acento circunflexo do seu apelido a 4 de Setembro de 1916; veja‑se uma carta desse dia: «Vou fazer uma grande alteração na minha vida: vou tirar o acento circunflexo do meu apelido. Como (nas circunstâncias adiante indicadas) vou publi‑ car umas cousas em inglês, acho melhor desadaptar‑me do inútil ^, que prejudica o nome cosmopolitamente» (Cartas de Fernando Pessoa a Armando Côrtes-Rodrigues, 1945, p. 79).

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Lucas Merrick S.P. Stool “A Frenchman’s Quest” (look for Mr. Smith). “The American Missionary.” (missionary with Maxim gun). “Yachting Yarns.” (various). “The Barrier” (key upside down in door). (Prize Tit -Bit)b “A Rogue’s Escape” (a story of the Lisbon police cubicles).

[58.1]

Lucas Merrick S.P. Stool “As Investigações do Francês” (em busca do Sr. Smith). “O Missionário Americano.” (um missionário com uma espingarda Maxim). “Estórias Acerca de Um Iate.” (várias). “A Barreira” (a chave às avessas na porta).(Prémio Tit‑Bit) “A Fuga do Malandro” (um conto acerca dos cubículos da polícia de Lisboa).

[trad.]

b Trata‑se da popular revista inglesa Tit-Bits, semanário fundado por George Newness a 22 de Outubro de 1881. Sobre a  participação noutros weeklies britânicos, ver os capítulos dos Crosse (cf. 108, 124, 125).

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[anexo] biblioteca particular

Fielding, Henry [1890]. The Adventures of Joseph Andrews. Lon‑ don: George Routledge & Son. Casa Fernando Pessoa, 8‑190. Na folha inicial, na folha do prefácio e na folha final da cópia conservada deste livro, lê‑se: «Lucas Merrick» e  «Sidney Parkinson Stool» (riscados), e  às vezes a  data de «1903» (riscada).

[Casa F. Pessoa, 8‑190]

[Casa F. Pessoa, 8‑190]

[Casa F. Pessoa, 8‑190]

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ol ga b a K er O seu nome figura na mesma página do caderno de apontamentos em que encontramos o nome de James Bodenham (cf. 98), seguido de dois pontos, e uma página antes de uma lista de projectos que se lhe podem, talvez, atribuir. Contudo, ao assumirmos Baker como autora dessa lista, teremos de atribuir a Bodenham, por coerên‑ cia, a outra lista de projectos aí manuscrita, apenas separada da de Baker por um traço longitudinal. Na folha 144L‑18r, como se pode ver na imagem em anexo, consta primeiro uma lista de três itens («Publicações p[ar]a g[anhar] dinh[eiro]: | 1. O Livro do Toilette. |2. O Livro da dona de casa. | 3. O livro da mãe.»), seguida de uma lista de mais três, em português e inglês, sem um título geral («1. Tactica Commercial – O reclame = a apresentação dos artigos = a arte de concorrer. | 2. Will‑power, its nature and developmenta | 3. The Psychological Bases of Problem‑Solving»). É presumível que Olga Baker seja a autora desses livros, mas faltam‑nos elementos que o confirmem e não se conhecem fragmentos dessas três obras com que Pessoa esperava ganhar dinheiro. Em 1913, Pessoa – que teve de pedir dinheiro emprestado aos amigos – colocou ainda em prá‑ tica outro projecto com intuito comercial: compilou e traduziu 300 provérbios portugueses para um editor inglês, Frank Palmer (ver Provérbios Portugueses, 2010). data: c. 1913. [144L‑17r] a

«Força de vontade, a sua natureza e desenvolvimento.»

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[anexo] outros documentos

[144L‑17r e 18r]

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m a r i a José Autora de uma única carta encimada por um título impessoal, «A Carta da Corcunda para o Serralheiro», e por um traço mais pessoal, a sua assinatura. Maria José é uma corcunda de deza‑ nove anos, que recorre a um meio escrito (uma carta mecano‑ grafada, se identificarmos a sua carta com o original de Pessoa), para comunicar com o senhor Antonio, um serralheiro que cos‑ tuma passar sob a sua janela. Numa série de notas relacionadas com esta missiva, lê‑se uma linha que quase parece argumen‑ tativa: «Como uma grande alma pode ser ninguem!»; e  antes e  depois um auto‑retrato da corcunda: «Como sou entrevada tenho que estar ao pé da janella para viver. E  o que eu tenho para viver! Triste é toda a outra gente que não tem nada comigo, e anda na rua […] Eu sou solteira de nascimento e triste depois. Passo noites a pensar em quem me poderia amar e não encon‑ tro ninguém nem na imaginação.» A  frase final quase parece escrita por Alvaro de Campos: «Não ha asylo de mendicidade para velhos menores?» (14C‑6v). Essa velha menor, para fri‑ sar o oxímoro, é, pois, o canto do cisne de Pessoa, que de 1930 a 1935 terá convivido sobretudo com o Barão de Teive, com Ber‑ nardo Soares e com Alvaro de Campos, mas terá deixado de con‑ ceber mais autores alternativos ao ortónimo. Maria José será, por isso, a última máscara pessoana e uma das poucas másca‑ ras femininas do poeta (cf., por exemplo, 16, Nympha; 23, Lili; 34, Cecilia; e 99, Olga Baker). data: 1929‑1930. maria josé [136] 626

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Apesar destas sucessivas e  múltiplas exclusões, reunimos na presente antologia um total de 136 figuras. Como explicar um número que ultrapassa significativamente os anteriores, apesar de tantas subtracções? Em parte, porque novas figuras foram apresentadas (Ardrèce Augradi, por exemplo); em parte, por‑ que algumas alcunhas foram contabilizadas, em prol da clareza, separadamente (Dr.  Neibas, por exemplo). Mas este posfácio será dedicado não às figuras admitidas – delas informa a pró‑ pria antologia – mas às exclusões, e ainda estamos longe de as ter referido todas. Entre as figuras não antologizadas, mas das quais existe algum registo onomástico no espólio pessoano, constam as seguintes: 1902 1 Caturra Junior: cinco breves poemas em redondilha maior são‑lhe dedicados numa coluna, «Fallar e  escrever» (87‑ ‑25r), d’O Palrador, n.º 6 (24 de Maio de 1902), mas não se conhecem colaborações suas. 1903 2 Laurence Nikanor: o seu nome aparece registado três vezes num dos cadernos mais antigos de Fernando Pessoa (ver Cadernos, 2009, p. 89). Sob dois registos do seu nome, figu‑ ram listas de decifradores de charadas que incluem «J. G. H. C.» (cf. 55). Essas listas indicam que J. G. Henderson Carr participou na secção charadística do The Natal Mercury a 8, 15 e 22 de Agosto de 1903. 3 L. R. Anon: consta de um fragmento de folha de caderno (49B2‑46r), em que Pessoa também escreveu «Boston». Não sabemos nada deste Anon. No verso da folha existem uns versos ingleses manuscritos com o mesmo lápis: «There is the deepness of imagination, | The simple soul herein of all we tangle | The deep & true poetical foundation | Of the posfácio 714

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square, of the circle, of the angle» [«Além do quanto a alma arrelia | A imaginação dá alicerce, | O fundo e claro esteio de poesia | Do quadrado, do círculo, do vértice»]. 1904 4 Piers Gaveston: um dos vários Gaveston, mas o único que faz parte das dramatis personae de uma peça de teatro de Chris‑ topher Marlowe: Edward II [Eduardo II]. Para além de Piers (49D2‑17v), há registos de Jerome (49D2‑17v), Ed[ward] (27 21G4‑8v), Perry, (13‑5v); Martin (92Q‑31v) e Anton (144H‑ ‑0). O fascínio de Pessoa por esta personagem traduziu‑se em numerosíssimas inscrições do apelido Gaveston em diversos suportes materiais: folhas soltas, envelopes e capas de cadernos. Essas inscrições repetiram‑se pelo menos entre 1904 (ver, por exemplo, 48B‑134v) e 1910 (ver 36‑42v). Isto faz de Gaveston um caso onomástico único, mas não um autor. A seguir reproduzimos alguns registos gavestonianos.

[49D2‑17v] [Jerome e Piers]

[144S‑1v] [Gaveston entre desenhos]

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eu sou uma antologia Foi Composto em CaraCteres FilosoFia e impresso na guide, artes gráFiCas, sobre papel Coral booK de 70 g/m2, no mês de abril de 2016.

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Em Eu Sou Uma Antologío,, Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari redescobrem as múltiplas individualidades de Fernando Pessoa. Cada um dos 136 autores frctícios é apresentado por uma breve introdução, seguida das suas assinaturas fac-similadas e de um ou mais dos seus textos de entre os quais se destacam 77 inéditos.

tornou possível este livro foi simultaneamente complexa e fascinante. Complexa, porque percorremos as 3o mil folhas do espólio pessoano, à procura do que poderíamos denominar vestígíos fi,ccíono,ís, isto é, nomes inventados ou nomes reais frccionados. Fascinante, porque no caso de muitas figuras não tínhamos uma visão de conjunto - são bem conhecidas as obras de Antonio Mora e de Jean Seul de Méluret, por exemplo, mas não as do Dr. Pancracio ou as de Charles Robert Anon. Isto levou-nos a reler textos editados e a ler textos inéditos, a atingir uma percepção mais nítida de frguras acerca das quais tinhamos ideias muito vagas, e a compreender melhor o desenvoÌvimento e a dinâmica do heteronimismo pessoano.>>
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