Novas tecnologias na produção de monografias em Libras com alunos do INES: língua de sinais, performance surda e o uso do vídeo digital

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Descrição do Produto

Organizadores Luiz Alexandre da Silva Rosado Giselle Martins dos Santos Ferreira

Educação e tecnologia: parcerias volume 4 1ª EDIÇÃO

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ SESES - Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá

Rio de Janeiro 2015

Esta obra está sob licença Creative Commons Atribuição 2.5 (CC-By). Mais detalhes em: http://www.creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/

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1ª edição Produzido por: TICPE PPGE Estácio Coordenação: Giselle Martins dos Santos Ferreira Revisão técnica: Márcio Silveira Lemgruber e Stella Maria Peixoto de Azevedo Pedrosa Capa: Luiz Alexandre da Silva Rosado Mosaico da capa: Eunice Martins dos Santos Ferreira Projeto gráfico e editoração: Luiz Alexandre da Silva Rosado Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) E24 Educação e tecnologia: parcerias volume 4 [livro eletrônico] / organizadores: Luiz Alexandre da Silva Rosado; Giselle Martins dos Santos Ferreira. - Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2015. 6,7 Mb ; PDF ISBN 978-85-5548-236-6 1. Tecnologia educacional. 2. Educação. I. Rosado, Luiz Alexandre da Silva. II. Ferreira, Giselle Martins dos Santos. III. Título. CDD 371.3078

VII

5 Novas tecnologias na produção de monografias em Libras com alunos do INES: língua de sinais, performance surda e o uso do vídeo digital

Cristiane Correia Taveira, DESU INES Luiz Alexandre da Silva Rosado, DESU INES Glauber de Souza Lemos, DESU INES Maria de Fatima dos Santos Furriel, DESU INES

RESUMO Este artigo é fruto de pesquisa em andamento no Departamento de Ensino Superior do INES (DESU-INES), oriunda da experiência de elaboração de Monografias em Libras com alunos de graduação do curso de Pedagogia Bilíngue. Dois objetivos norteiam a pesquisa: 1) organizar a prática pedagógica da tradução e interpretação na produção de Monografias em Libras e 2) construir esquemas visuais e descritivos que mostrem as características de cenários e dos padrões de linguagens nos fenômenos de interação durante a

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consecução de Monografias em Libras. São feitas considerações a respeito das tensões entre a Libras e a Língua Portuguesa no processo de construção discursiva do aluno surdo e não-surdo bilíngue, junto ao professor orientador e o tradutor-intérprete de Libras, quando esta equipe se vê na tarefa de construir argumentos científicos formais em língua de sinais com registros em vídeo. Procuramos clarear etapas desse processo, a fim de dar suporte a futuras orientações que envolvam a produção de vídeo acadêmico em Libras. Entre elas estão: o uso de glosas e glossinais, a busca ou criação de novos sinais para conceitos acadêmicos, o trabalho de roteirização, a filmagem-rascunho, a gravação em estúdio profissional e a edição final do material. Algumas regras de produção visual são apresentadas como exemplos de particularidades encontradas pelos pesquisadores. Ao final, apresentamos algumas idealizações sobre a produção de Monografias em Libras registradas na experiência com alunos, professores orientadores e banca examinadora, indicando questões a serem ponderadas por este conjunto de atores; assim como processos de desconfiança sobre autoria e autenticidade surgidos ao longo do trabalho de mediação da equipe de orientação. Palavras-chave: Educação bilíngue; acadêmico; Língua Brasileira de Sinais.

Surdez;

Vídeo

New technologies in the production of monographs in Brazilian Sign Language with students at the National Institute for Deafness: sign language, deaf performance and the use of digital video ABSTRACT This article is the outcome of on-going research into the development of monographs in LIBRAS (Brazilian Sign Language) conducted with undergraduate students in the Bilingual Pedagogy course offered by the Higher Education Department of the National Institute for Deafness. The

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research has two goals: a) to organise the pedagogical practice of translation and interpretation entailed in the production of monographs in LIBRAS; 2) to create visual descriptive schemes that show that contextual characteristics and the language patterns involved in the discursive production of the deaf and non-deaf bilingual student, together with the supervisor and the translator-interpreter, when this team faces the task of building formal scientific arguments in sign language with video recording. We have sought to clarify the stages of this process, in order to create guidelines to support future work that may involve academic video production in LIBRAS. Guidelines include: the use of glosses and glosinais, the search or creation of new signs for academic concepts, the task of script-writing, raw filming, professional studio recording and final editing of material. Some visual production rules are presented as peculiarities encountered by the researchers. In conclusion, we present some ideas on the production of monographs in LIBRAS, based upon our experience with students, supervisors and examining board, indicating questions that need to be considered by these actors; also, we raise some issues regarding trust regarding authorship and authenticity, identified in our work as co-mediators of the supervisory team. Keywords: Bilingual education; Deafness; Academic video; Brazilian Sign Language.

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I.

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Introdução

A produção visual dos surdos vem atrelada às suas reivindicações e luta por direitos, sendo central nesta pauta a Educação Bilíngue voltada à surdez, com a Língua Brasileira de Sinais - Libras. Ela é melhor identificada quando se delineia uma prática comunicacional-tecnológica, pedagógica e cultural. Esta é a ideia de Perlin e Miranda (2003) quando apontam que esta produção ou expressão dos surdos é fruto de uma experiência visual. Para estes pesquisadores, a experiência visual surge do que denominam de cultura surda, que é representada pela língua de sinais, pelo modo diferente de ser, de se expressar, de conhecer o mundo, de entrar nas artes, no conhecimento científico e acadêmico, comportando também a necessidade do tradutorintérprete de Libras1 e de tecnologia de leitura.

1 A legislação brasileira estabeleceu com o art. 12, § 2º da Resolução CNE/CEB, nº 2, de 11 de setembro de 2001, que “deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos curriculares, mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braille e a Língua de Sinais”. Posteriormente, a Lei de Libras, Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, reconheceu, definitivamente, a importância e a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras), tornando assim, obrigatório o seu ensino nas Universidades e Faculdades em diferentes cursos. Esta lei impulsionou também a promulgação do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, o qual dispõe sobre a Libras reconhecendo-a como língua de aquisição, meio de comunicação e expressão. Destaca-se que em seu art. 17 que “a formação do tradutor e intérprete de Libras-Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa.” Atualmente, os tradutores-intérpretes de Libras /Língua Portuguesa, obtiveram a regulamentação federal de sua profissão por meio da Lei n° 12.319, de 1° de setembro de 2010. Entretanto, apesar de existirem cursos de graduação para formação de tradutores e intérpretes em línguas orais, estes não

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A World Federation of the Deaf (WFD) sinaliza alguns fatores básicos que devem ser garantidos, sendo equivalentes à proteção dos direitos humanos dos surdos. Dentre estes direitos, o de maior destaque é a Educação Bilíngue. É possível abordá-lo em três níveis: a) Em princípios legais, sendo entendida como direito linguístico da pessoa surda de ter acesso aos conhecimentos sociais e culturais por meio da língua de sinais, considerada sua língua de domínio, e de aprender a língua majoritária de seu país como segunda língua conforme a legislação brasileira já estabelece; b) Em princípios biológicos e culturais que levem em consideração a modalidade de recepção e produção do surdo que é visual, viso-espacial ou viso-gestual-tátil e a partir do entendimento do modo de construção do conhecimento pela pessoa surda que se dá por meio da língua de sinais e de recursos que favoreçam a visualidade; c) Em princípios pedagógicos constituídos, no Brasil, por meio da Libras como primeira língua de apropriação dos significados e da Língua Portuguesa como a segunda língua, sendo exprimida pela pessoa surda na forma escrita e por meio de intérpretes-tradutores surdos e não-surdos da língua de sinais. Em relação aos princípios legais e, também, pedagógicos, o cenário brasileiro é de atenção à legislação de reconhecimento da Libras como a língua oficial das comunidades surdas e do acesso à Educação Bilíngue (BRASIL, 2002; 2005), sendo importante a formação de profissionais bilíngues. Quanto aos princípios biológicos e culturais verifica-se a necessidade de recursos de acessibilidade para que o surdo atendem aos intérpretes de língua de sinais. Em 2006, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) iniciou a oferta do curso de bacharelado e licenciatura em Letras Libras, na modalidade a distância, em 16 estados brasileiros. Atualmente este curso está disseminado em diversas universidades na modalidade a distância e presencial.

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enfrente um mundo pouco acessível às diferenças, o que perpassa tanto os aplicativos digitais para surdos (dicionário, glossário, tradutor) quanto a produção de materiais pedagógicos e artísticos (teatro, literatura, fotografia, cinema). Em relação aos objetos ou artefatos surdos usados em educação, onde está o cerne de nossa motivação, é imperativo investiga-los dentro do enfoque da Educação Bilíngue. Tomamos esta decisão diante da necessidade do acesso ao bilinguismo (Libras e Língua Portuguesa) segundo a legislação atual, mas não somente por isso, uma vez que, apenas analisando com profundidade, seria possível contextualizar o que está em jogo: o letramento da pessoa surda ou o que significa ser letrado para o sujeito surdo ou atorsurdo do Ensino Fundamental até a Pós-graduação. As pesquisas de Karnopp, Klein e Lunardi-Lazzarin (2011), Lebedeff (2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2011), Taveira e Rosado (2013), Taveira (2014), nos situam em um tempo em que professores surdos ditam novas formas e usos de extensões ópticas e corporais: filmadoras, data shows, cenários e didáticas antes não vivenciadas. No âmbito pedagógico também estão inseridas as normas de tradução para língua de sinais em ambientes virtuais e presenciais de ensino-aprendizagem, linguagem cinematográfica ou fílmica (vídeo), e que estão presentes em Stone (2009), Souza (2010, 2012), Castro (2012) e Campello e Castro (2013), principalmente, dentro do recorte desta pesquisa feita com o Ensino Superior.

a.

Formato de investigação

O formato de investigação assumido nessa pesquisa é o coprodutivo, em que a pesquisa é realizada ao mesmo tempo que se apresentam demandas práticas, neste caso as da comunidade

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surda formada por alunos do Curso de Pedagogia Bilíngue do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). A coprodução, ou mais formalmente a pesquisa-ação, inclui momentos de formação dos participantes do Grupo de Pesquisa “Educação, mídias e comunidade surda”2, em que alunos de graduação e pós-graduação, professores do ensino básico e superior e tradutores-intérpretes de Libras participam na condição de pesquisadores. De acordo com as demandas surgidas e sistematizadas como pesquisa, são feitas oficinas complementares envolvendo conceitos e técnicas de comunicação, design e produção visual (alfabetismo visual), conhecimentos estes partilhados por alguns dos participantes mais experientes nestas áreas no grupo, que inclui, além de pedagogos e formandos em Pedagogia, comunicólogos e linguistas. Construímos esta coprodução através de trocas entre os pares e suas necessidades de resolverem problemas durante a consecução de tarefas, sendo que destacaremos aqui o processo de produção de Monografias em Libras com alunos do Departamento de Ensino Superior (DESU) do INES. Decorrente de tais ações, os produtos e métodos gerados pelos participantes são coletados e organizados pelos pesquisadores e alunos. Durante a realização desta pesquisa, a presença do intérprete de Libras3, não-surdo ou surdo, juntamente ao 2 Grupo de Pesquisa “Educação, mídias e comunidade surda”, certificado pela CAPES, iniciado em junho de 2015 no Departamento de Educação (DESU) do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), sob a liderança dos Professores Adjuntos, Cristiane Correia Taveira e Luiz Alexandre da Silva Rosado, com período de execução de projeto (3 anos): agosto de 2015 a agosto de 2018. A proposta de investigação possui três eixos: a educação bilíngue de pessoas surdas (Libras/Língua Portuguesa); o uso de mídias analógicas e digitais em ações didático-pedagógicas envolvendo a tríade aluno-professor-intérprete de língua de sinais; e como essas ações e seus produtos auxiliam no letramento visual dos alunos surdos. 3 O profissional Tradutor-Intérprete de Libras tem como uma das atribuições intermediar / mediar pessoas surdas e não-surdas. Sendo assim, um canal de

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orientador de Monografia em Libras visa tanto atuar no acesso ao conteúdo de textos, quanto em mapear a elaboração de glosas escritas e o processo de interpretação-tradução. Este trabalho valeu-se dos coparticipes alunos-professores-intérpretes nos procedimentos de roteirização, produção de vídeo-rascunho, administração do tempo para executar as monografias como também da edição de vídeos. Estas etapas mencionadas e as soluções encontradas no trajeto da pesquisa serão objeto de detalhamento neste artigo. De modo sintético, destacamos dois objetivos constituintes deste trabalho: 1) Organizar a prática pedagógica da tradução e interpretação na produção de Monografias em Libras. 2) Construir esquemas visuais e descritivos que mostrem as características de cenários e dos padrões de linguagens nos fenômenos de interação durante a consecução de Monografias em Libras.

II. Fundamentação teórica: o sujeito-ator surdo e o letramento visual na produção científica Para concebermos o que significa ser letrado para o sujeito surdo, precisamos elencar alguns pontos importantes, sintetizados em quatro chaves de leitura usadas neste artigo. comunicação através da Libras para a língua oral e vice-versa, tendo então: Versão voz na qual a língua fonte será a Língua de sinais versada para a língua alvo, o Português oral; Versão Língua de Sinais na qual a língua fonte será o Português (oral e/ou escrito) e a alvo será a Libras. As atribuições dos tradutores-intérpretes da Língua de Sinais (TILS) estão definidas no art. 6º da Lei n° 12.319, de 1° de setembro de 2010.

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Em primeiro lugar, em relação ao papel representado pelo sujeito, o artífice visual, o ator e o professor são colagens justapostas, necessárias na didática específica voltada à surdez, incluindo o Ensino Superior. Poderíamos dizer que existe uma didática surda com o ingresso no conhecimento científico pelo pesquisador surdo. Podemos pensar que os suportes e modalidades de comunicação que ainda não possuem tanto relevo na escola, na faculdade e universidade, tais como o cinema, a fotografia, a informática, o uso da visualidade pela pessoa surda, direcionam o fazer científico e acadêmico voltado à surdez para outras vias, suportes e cenários. Em segundo lugar, em relação a língua e a expressão visual, no momento em que o português perde seu aspecto central, ganham terreno: o corpo, a oralidade, a sinalidade e o visual. Volta-se ao referente - ao objeto -, à situação propriamente dita, mais próxima do real. Porém, isso não significa abrir mão do território simbólico, de teorizações densas quando se entra em cena com a comunicação visual junto à língua de sinais. Em terceiro lugar, a consciência da substância visual pelos que veem não é algo inato. Há o ambiente artístico, cultural, pedagógico e científico a serem considerados como construtos sociais. É preciso o desenvolvimento da acuidade visual e do potencial expressivo, o qual atribuímos, por aproximação teórica, o caso da performance surda no processo de tradução-interpretação e reinterpretação. Mas esse fenômeno, ou melhor, a metodologia e o campo teórico que alicerçam tal performance é palpável e é fruto de experiência empírica a partir de uma comunidade científica e teórica que será destacada neste artigo. As características e atributos de uma ou das performances surdas de tradução-interpretação não podem ser desconsideradas no aprendizado, na feitura de um trabalho científico na língua de

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sinais. Igualmente não são habilidades que podem ser generalizadas ou atribuídas como naturais do surdo, porque requerem técnicas e informações teórico-práticas que precisam ser exercitadas, pois irão requerer estrutura gramatical e linguagem apropriadas do cinema e direção, de regras próprias de trabalhos registrados na forma escrita e transpostas para o universo da sinalidade, do design gráfico e do registro e edição em vídeo. Em quarto lugar, alguns dos professores surdos dominam ou possuem percepções-intuições (feeling) sobre os usos do letramento ou alfabetismo visual e o fazem por meio de trocas de experiência com pares, professores não-surdos ou surdos, em incursões experimentais das práticas pedagógicas voltadas à surdez. No entanto, precisamos de clareza quanto às instrumentações práticas para se obter uma formação que proceda discussões e orientações sobre o que seja, de fato, instrumentalizá-los e dar autonomia criativa com responsabilidade intelectual (autoral) de suas produções acadêmicas em vídeo.

a.

O que combina com o sujeito surdo?

Faremos alguns apontamentos a partir da lacuna apresentada por Lebdeff (2010), pesquisadora da área do letramento em surdez, sobre quais seriam as práticas advindas da necessidade discursiva da experiência visual da surdez – estratégias ou atividades visuais – e a quais eventos de letramento visual se referem esses discursos. Nos importa, com maior intensidade e em primeiro lugar, abrir mão da disputa entre línguas e observar o comportamento destas na constituição dos suportes e de recursos referentes aos encadeamentos e às misturas entre imagem e texto, entre matrizes de linguagem (sonora, visual e verbal)4. 4 Para a concepção de matrizes de linguagem, ver Santaella (2005).

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A insuficiência de base teórica em matrizes de linguagem, principalmente quanto à visualidade e às mesclas entre as matrizes, nos acrescentou outros olhares ao letramento, à leitura, à escrita e à produção literária e científica na língua de sinais. Dondis (2007, p. 231) afirma que “só os visualmente sofisticados podem elevar-se acima dos modismos e fazer os próprios juízos de valor sobre o que consideram apropriado e esteticamente agradável”. Tal afirmação nos deixa preocupados pela pouca vivência estética, em arte em geral e em práticas específicas como design gráfico e edição de vídeos, encontrada em faculdades, universidades e no público adulto a que nos dedicamos em nosso Curso de Pedagogia Bilíngue no INES. Dondis recomenda que o alfabetismo visual deve ser uma preocupação prática do educador, uma vez que “as decisões visuais dominam grande parte das coisas que examinamos e identificamos, inclusive na leitura” (2007, p. 231). Na concepção de Santaella (2012), ler imagens por meio de outras imagens e, talvez, explicá-las por meio de substituições por outras imagens, em links, seria mais próximo da criação artística, muito mais do que constituir-se uma atividade didática (o “como fazer”, o “para que fazer” e “por que fazer”) do letramento visual. Essa concepção mais artística restaura – ou “combina com” - o que resgatamos da pesquisadora surda Strobel (2008, p.66): “o artista surdo cria a arte para que o mundo saiba o que pensa, para explorar novas formas de ‘olhar’ e interpretar a cultura surda”. Este ponto nos interroga sobre a qualidade de sujeitos para lidar com este material/arte, cenário e atuações de que se trata a dinâmica de produção da Monografia em Libras no INES, e é isso o que discutiremos.

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b.

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As diferenças e entrecruzamentos de língua-fonte e língua-alvo na formação bilíngue

Os textos presentes em artigos, dissertações, teses e livros estão, em sua maioria, em Língua Portuguesa, pois esta é a línguafonte dos materiais científicos publicados nacionalmente. Este fato faz do aluno surdo um intérprete-tradutor ou usuário de duas línguas, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Língua Portuguesa, ou seja, um sujeito bilíngue, ao longo de todo o processo denominado de Educação Bilíngue no âmbito do Curso de Pedagogia no DESUINES. O aluno se habitua a defender os seus pontos de vista por meio de argumentação acadêmica, ou seja, saindo do senso comum e se apoiando em teóricos, nos exemplos de empiria - observação de campo da proposta de estágio, de trabalho -, tentando manter-se no debate com consistência teórico-prática através língua de sinais, sua língua-alvo e que se sente mais confortável. Ao fazer este exercício argumentativo, faz jus ter a opção de finalizar o curso com a apresentação de Monografia em Libras, conforme conquista da comunidade surda do DESU-INES5. Há tensões entre língua-fonte dos textos científicos e a Libras como língua-alvo, nos permitindo definir algumas categorias principais da rotina de orientação de monografias em Libras que serão brevemente arguidas durante este artigo, sem a presunção de esgotá-los, mas dando a ideia do percurso realizado. Alguns dos temas que discutiremos são: (a) a elaboração e o uso de glosas e glossinais, (b) a performance de tradução-interpretação, (c) a filmagem-rascunho ou vídeo pré-defesa, (d) o uso de teleprompter, 5 Conquista da comunidade surda do DESU-INES liderada (em ordem alfabética) por Aulio Nóbrega, Luís Mauro dos Santos, Patrícia Luiza Rezende, Ulrich Palhares, Valdo Nóbrega e outros reivindicantes e debatedores deste Departamento de Ensino Superior.

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teleponto ou monitor de computador com roteiros, (e) a edição de vídeo para a defesa, o tempo e os equipamentos, (f) a equipe envolvida e as tensões entre pares e línguas.

A glosas escritas ou glosas intralinguais A glosa escrita (SOUZA, 2010) consiste em uma interlíngua escrita em Português a partir do texto em Libras. São, inicialmente, em um português aproximado do modo de escrita da língua de sinais, com substituições de termos que possuem maior valor semântico – e gramatical – para a língua alvo. A glosa intralingual (CASTRO, 2012) utilizada também para transcrição dos aspectos gramaticais de textos da Libras (FELIPE, 1988), ou visando realizar a interpretação-tradução propriamente dita de um texto, é o mesmo que a glosa escrita, aproximando-o da estruturação de pensamento e linguagem dos surdos, ou seja, tornando-a mais próxima da modalidade viso-gestual, viso-espacial e verbal da língua de sinais. Exemplo de [primeira] glosa escrita produzida no processo de argumentação Minha pesquisa diz o que? Não só estimular alunos surdos não. TAVEIRA, ano 2014, pesquisa mostra dá ler, entender imagem unir imagem. Ouvinte consegue palavra unir palavra unir, igual surdo sinal unir sinal unir. Então, imagem consegue unir imagem, dentro pensamento. O que precisa? Perceber experiências de vida também entender aluno surdo ter experiência visual. Mas como?

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Elas, crianças, captam, também compreendem o mundo visual, também substituições imagem a imagem também a língua de sinais. Depois a língua de sinais ajuda na compreensão da segunda língua, a escrita do português. Ela, língua-libras mesmo-nível língua portuguesa. Eu explico primeiro o que? Imagem é importante. Eu quero ajudar força esta ideia, também defender precisa filmar histórias feitas porelas, crianças surdas, desde pequenas coleção-vídeos. Tipos vários percepção diferente. Precisa desenvolver inteligência visual, aprender usar visual. Também precisa saber ter aspectos - cultural, vocabulário, estrutura, tipo próprio cada área - próprio educação, próprio cinema, próprio computação. Mas só? Não! Preciso desenvolver organização visual da criança. Precisa saber regras básico próprio do filme ou próprio desenho, próprio da técnica da Animação. Minha pesquisa tentar explicar passos uso da Animação. Também registrar prática. Objetivo conseguir claro sobre arte visual depois conseguir passo-a-passo criação histórias com Animação. Eu usar duas técnicas: Storyboard e Stop motion.

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Duas técnicas simples, mas precisa aprofundar futuro o que? Técnica, teorias, conseguir base depois uso finalidade (fim) pedagógica também arte.

Figura 1. Glosa escrita produzida no processo de argumentação do aluno do DESU (fonte: arquivo pesquisa)

Há conflitos diante do grau de informalidade, dos usos coloquiais da língua de sinais, em comparação com a norma padrão que é utilizada habitualmente por professores mestres e doutores surdos, também empregada por parte dos intérpretes da língua de sinais. Uma das hipóteses é que, no caso dos alunos surdos, em seu Ensino Básico, não obtiveram contato profundo com a norma padrão da Língua de Sinais (FAVORITO, 2006). Estes conflitos fazem parte do processo de adequação ao ambiente bilíngue. No novo currículo oferecido pelo DESU-INES, implementado recentemente, a partir de 2014-2015, são ofertadas disciplinas que ensinam a Libras como primeira língua (L1) para os alunos surdos e como segunda língua (L2) para os alunos ouvintes/ não-surdos. Assim sendo, estes alunos concluirão sua graduação com maior

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aprofundamento nas duas línguas as quais são usuários (LEMOS, 2011). Felipe (2012) nos alerta sobre o fator de incipiência na escolarização dos surdos tanto em sua língua patrimonial quanto em outras línguas, pois pontua que: É possível constatar que os surdos que, assumindo uma identidade cultural surda e optaram por utilizar a Libras como língua preferencial, não têm um conhecimento linguístico consciente de sua língua patrimonial e, por isso, a maioria tem apenas uma competência comunicativa de sua própria língua; o que dificulta o desenvolvimento dessa língua enquanto língua de instrução que necessita de uma competência linguística escolar (FELIPE, 2012, p.9)

Apesar de haver o risco da não aferição da competência da pessoa surda quanto à língua de instrução, discutimos a revisão realizada por Baker (2006), sem nos atermos à busca do original, da genealogia dos conceitos observados em todas as nuances sobre bilinguismo. Cremos que, sem diminuir a importância da imersão nesses conceitos, estes se referem a uma das etapas dessa pesquisa. O que se verificou no campo foram dados que suscitaram uma ampliação do entendimento sobre o que seria ser letrado – não só verbal, mas visualmente. Mesmo situando o bilinguismo em termos conceituais, pensando na definição de contornos para que não criemos um surdo bilíngue idealizado, que não corresponda aos estudos de longas décadas sobre bilinguismo, a ideia de letramento visual, em termos de práticas de orientação quanto a Monografia em Libras, adquiriu simultaneidade à própria lógica do bilinguismo, de modo a pensarmos que esta prática – de orientação monográfica - possa alavancar ambas as línguas que ainda se encontram em processo de aprendizagem e aprimoramento para o surdo – assim como se dá

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com qualquer sujeito bilíngue - e, ainda, que as próprias linguagens que envolvem a visualidade, tais como a cinematográfica (filmagem) corroborem a ideia de letramento visual.

As glosas no contexto de letramento As glosas conferem suporte ao procedimento de traduçãointerpretação em vídeo, podendo ser utilizadas como primeiras notações em forma de slides em PowerPoint (ou software equivalente). As ferramentas criadoras de apresentações são comumente usadas pelos surdos para este fim, assim como em trabalhos de tradução (OLIVEIRA & SILVA, 2014), exibindo textos no monitor de computador da sala em que estiverem sendo construídas as orientações para monografia. O aspecto diferente encontrado no decorrer de nossa pesquisa é que: 

A glosa é exterioridade fundamental para a roteirização durante todo o processo de tradução e enriquecimento dos textos da língua-fonte para a língua-alvo.



O rascunho em vídeo precisa ser filmado nas discussões de orientação desde o primeiro momento e a cada encontro entre orientando e orientador.

Deste modo, o aluno graduando ou pós-graduando pode, juntamente com a equipe de professores e intérpretes, exercitar a saída do uso coloquial da língua para um modo argumentativo, formal, dentro da estrutura científica que prima por basear-se em autores e na demonstração de seus conceitos-chave, dentro de uma norma culta de exposição. Em síntese, as glosas se constituem ferramenta importante diante da necessidade de roteirização de vídeo pré-defesa ou o que chamamos de filmagem-rascunho.

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Figura 2. Vídeo-rascunho filmado no processo de orientação do aluno do DESU (fonte: arquivo pesquisa)

c.

A filmagem-rascunho

A filmagem-rascunho da Monografia em Libras se faz necessária à medida que o professor orientador realiza perguntas sobre o tema e/ou projeto de pesquisa, provocando argumentações estruturadas, mostrando teorias e autores que combinam com o tema apontado. As respostas e o exercício argumentativo, em Libras, já explicado anteriormente como necessário à produção de glosas, são o primeiro ato ou performance surda de reelaboração das teorias apreendidas ao longo do curso de graduação, passando-as da língua-fonte, português escrito, para a forma argumentativa na língua-alvo, a Libras. Pelo que vivenciamos no período de doze meses que desenvolvemos parte desta pesquisa dentro do DESU-INES, o apropriado seria o aluno graduando ter o costume de gravar, em vídeo, os seus resumos de artigos lidos; ou fazer registros em glosa,

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com anotações referentes ao esforço esquemático de traduzir e retraduzir da língua mais confortável, na maioria das vezes a Libras, para o registro em português e vice-versa, em influência mútua das línguas. Em suma, o mais interessante é o processo pelo qual a pessoa se torna bilíngue, enquanto sujeito aprendiz de duas línguas, pois é um processo de aprendizagem que irá variar em seu alcance, complexidade, grau de habilidade e domínio ao longo dos anos de aquisição da primeira e segunda línguas (MAHER, 2012). O assunto que desperta a atenção do graduando surdo, e que lhe rende o aprofundamento teórico durante a consecução da monografia, nem sempre sofre elaboração crítica, até mesmo pelo acesso dificultoso, de trabalho árduo na língua-fonte, no português escrito. Uma das hipóteses seria de que este aluno faz a maioria das suas apreensões a partir das aulas expositivas de seus professores, nas disciplinas cursadas, e da leitura simplificada de textos previamente sublinhados, destacados, com ênfase no estudo dos slides de aula. Portanto, em sua formação, muitas vezes parte-se de um acesso empobrecido à Língua Portuguesa, com a simplificação da escrita do Português para surdos, com sublinhamentos para destacar apenas aquilo que o aluno carece ler do texto (LEBEDEFF, 2007), ocorrendo inclusive em ambiente universitário. Posteriormente, este círculo vicioso acaba por desvalorizar a capacidade produtora de textos em Libras, recomeçando a circularidade de um procedimento iniciado com a baixa expectativa em relação ao aluno e pesquisador surdo. Incorremos todos, ainda, em maior ou menor grau, neste erro, por entendermos que lacunas de escolarização deste aluno devam ser corrigidas com a superficialização do uso de ambas as línguas.

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O que são glossinais? Os glosinais ou glossinais (STONE, 2009; SOUZA, 2010; CAMPELLO & CASTRO, 2013) são sinalizações visualizadas em Libras e que são utilizadas para elucidar um trecho ou um conceito. Entendemos, mesmo que nos arriscando na afirmativa sobre o termo, que estas são um aprimoramento da técnica de escrita em glosas no âmbito da tradução e interpretação de línguas de sinais. Esse movimento ocorre, sistematicamente, no intuito de sofisticar as performances de tradução-interpretação, já que saímos de uma modalidade oral-auditiva para uma modalidade visogestual/viso-espacial. A equipe de tradução-interpretação motiva o aluno a enriquecer a sua interpretação, respeitando seu processo autoral. O orientador auxilia no entendimento dos conceitos.

Figura 3. Intérprete de Libras reinterpretando um trecho visando aclarar o processo de orientação do aluno do DESU (fonte: arquivo pesquisa)

Esta performance de tradução-interpretação pode ser realizada por surdos e não-surdos.

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O tradutor-intérprete pode se posicionar atrás da câmera filmadora oferecendo o devido suporte ao aluno-orientando, realizando sinalizações em Libras do material escrito em Língua Portuguesa, acrescentando comentários, exemplos, casuísticas que auxiliem o aluno que está realizando e/ou aprimorando a interpretação na língua de sinais – constituindo-se uma performance de tradução-interpretação. Estas notações também podem ser escritas – indo e voltando do texto-fonte para o texto-alvo, até que o trecho ou conceito atinja notações e reinterpretações na própria Libras. Enfatizamos que estas notações não podem de modo algum se distanciar da teoria que está sendo estudada, ou teve sua origem na língua-fonte (Língua Portuguesa escrita ou outra), mas que pode ser enriquecida pela língua-alvo, a língua de sinais.

III.

a.

O desenvolvimento no DESU-INES de regras próprias para a confecção de Monografia em Libras O ator-tradutor6 e a interpretação/reinterpretação com o uso de roteiro

Em diversos momentos ao longo da confecção da Monografia em Libras, realiza-se a interpretação-tradução de textos, aproximando-o do que pode ser denominado tradução interlíngua (abordado no tópico sobre glosas e glossinais). No entanto, 6 Segundo Quadros e Souza (2008, p. 175), “(...), é uma língua vista pelo outro, é uma língua que usa as mãos, o corpo, as expressões faciais, é uma língua que depende da presença material do corpo do ‘tradutor’, por isso, também ‘ator’”.

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devemos chamar a atenção para o uso de roteiro. O professororientador e os seus alunos orientandos, em estreito acompanhamento dos intérpretes-tradutores não-surdos ou surdos redigem, conjuntamente, um roteiro com especificidades híbridas de conteúdo científico-acadêmico e das particularidades quanto ao suporte midiático (vídeo) – uso de esquemas, fotos, marcações para chamar a atenção quanto ao sinal de batismo do autor, início e término das citações – sempre preservando a autoria do alunoorientando e sua postura crítico-discursiva. Em primeiro lugar, percebemos durante esta pesquisa que a ausência de roteiro compromete a sequencialidade e a coerência do conteúdo do texto científico-acadêmico, além das oportunidades de enriquecimento da língua, com a definição de termos e conceitoschave. Estamos no momento em que há a necessidade de convencionar um sinal e desenvolver discussões conceituais. Este movimento ocorre quando o aluno-orientando está diante de nuances da interpretação de um construto ou de uma defesa argumentativa baseada em autores que demandam vocabulário científico-teórico apropriado a uma determinada área ou estudo. No caso de uma Monografia em Libras, sutilezas conceituais, como no exemplo destacado a seguir, nos fizeram dar conta da necessidade de mostrar que a língua de sinais e a Língua Portuguesa escrita, quanto ao conceito “Letramento Verbal”, precisavam estar em equilíbrio. No entanto, havendo as características do processo de “Letramento Visual”, que suscitava do aluno-orientando um esforço para elucidação de sinal/sinais, era necessário que o argumento e os conceitos também tivessem uma sinalização clara do ator-tradutor. O aluno, juntamente com o orientador e o intérprete-tradutor, procedeu a seguinte notação inicial: Letramento Geral [Sinal de Letramento antigo], conceito discutido a partir de Magda Soares.

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Letramento Verbal [Sinal existente, atual], sinal remetendo a letrar-palavra. Letramento Visual [Sinal faltante, carecendo de enriquecimento] remetendo a letrar-visual, conceito discutido em Tatiana Lebedeff, em Donis A. Dondis.

Dentro do que nos sinaliza Stone (2009), a norma surda de tradução opera fora do contexto de saída da língua-fonte, podendo chegar a enriquecê-la, o que ocorreu de fato no produto final após as decisões tomadas, nos deixando ver traços do aluno-orientando, de sua performance, enquanto sinalizava em sua ação de atortradutor. No intuito de adensar as performances de traduçãointerpretação e as argumentações do próprio autor da monografia, filmadas em Libras durante o período da orientação, esquemas como este, contendo discussões conceituais e sinais faltantes, nos têm auxiliado. Esta primeira aproximação esquemática prepara o conteúdo e os conceitos de modo que: 

Orientador-professor discute com o orientando-aluno o que está no material em glosa ou glossinais, visando ampliá-lo na execução do rascunho filmado em Libras.



Orientando-aluno discute com o intérprete-tradutor e com o orientador-professor sobre a aproximação ou não da sua reinterpretação na língua de sinais – na língua-alvo – e o referencial teórico em outras línguas-fonte, ou seja, nos conteúdos de artigos, dissertações e teses redigidos em Português escrito (ou outras línguas).



Orientando-aluno discute com a equipe de tradução e validadores externos (professores doutores surdos, GT

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Manuário7 DESU-INES) sobre a pertinência da criação e definição de novos sinais. Os intérpretes-tradutores surdos e não-surdos que compõe a equipe debatem também sobre outras estruturas gramaticais. Um dos participantes da pesquisa, tradutor-intérprete, comenta: Neste momento em que se escreve – e se registra em vídeo - o que se pensa, em Libras, conseguimos ajustar o ator-tradutor surdo a respeito da necessidade de apresentar em seu discurso tradutório os pronomes pessoais (eu, tu, ele, eles) e demonstrativos e também, a necessidade de apresentar os advérbios de tempo, intensidade e lugar (aqui, ali, lá).

Este aspecto salientado pela equipe coparticipe desta pesquisa robustece a ideia de que o aluno-orientando também demanda ser ator (ator-surdo ou ator não-surdo bilíngue) para atuar diante das câmeras e dizer o seu discurso de acordo com o gênero acadêmico e monográfico. Durante a performance tradutória e de interpretação e reinterpretação de seu próprio discurso, e nas citações de outros discursos, precisa sinalizar a expressão facial e corporal que corresponda exatamente ao sentido. Exemplos são as expressões de perguntas ou questões de estudo, as afirmações ou críticas que contrastam ideias e até mesmo a neutralidade de expressões em outras partes do corpo do texto, não sendo somente atributo de uma gramática da língua de sinais, mas também da própria estrutura da monografia em vídeo, garantindo a compreensão do seu texto (em vídeo) por leitores.

7 Dicionário Terminológico Bilíngue (Libras e Português): Tem como objetivo contribuir para a expansão lexical da Libras por meio de pesquisa, registro, validação e divulgação de sinais existentes e a criação de novos sinais relativos às diferentes áreas curriculares do Curso Bilíngue de Pedagogia do INES. É coordenado pelas professoras Janete Mandelblatt e Wilma Favorito.

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Outro aspecto a ser destacado pela equipe é a importância de trabalhar o tempo-cronologia no relato verbal, em vídeo. Observamos que o aluno-orientando ao fazer a sua narrativa argumentativa, em Libras, precisa de direção de vídeo, que pode ser o par orientador proficiente em Libras e/ou o intérprete, pois, ainda assim, incide em equívocos quanto a sinalizar: o tempo remoto, relatando sobre o passado, o tempo presente e os dados coletados na atualidade, ou, ainda, as perspectivas futuras, algo esperado ou pretendido a partir do estudo e apresentadas na conclusão. Estes aspectos são apenas exemplos do que ocorre na língua de sinais, da passagem para a língua-alvo, no texto monográfico, de modo que a narrativa do sinalizante se torne mais coesa e coerente, apresentando clareza e fluidez para seu leitor (correspondente a um espectador de vídeo). A monografia em Libras tem o rigor científico monográfico, no entanto está sujeita às propriedades de um veículo de difusão que não é o impresso: o vídeo. Com o investimento em dissertações em versão Libras, a opção de consulta e a referência de material em vídeo, na mesma língua-fonte, modificará o cenário que possuímos hoje no DESU-INES. Para isso, organizar os vídeos-rascunho em pastas para serem levadas ao estúdio de gravação foi uma das etapas mais simples, porém fundamental, pois esses vídeos são usados como guias de gravação (apoio visual), com o texto em Libras a ser visto e reproduzido diante da câmera profissional e estúdio do próprio INES. A compreensão das partes que compõe uma Monografia em Libras se faz teor programático relevante aos professores de metodologia científica, o que não significa, como ainda é erroneamente entendido até mesmo no próprio ambiente de Educação de Surdos, uma transposição das normas de Monografia em Língua Portuguesa para a Língua de Sinais.

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b.

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A criação e definição conceitual dos termos-chave: a importância deste movimento-circulação para o DESUINES

O aluno-orientando surdo tem o desafio de definir conceitualmente os termos-chave ou as ideias-chave da monografia em Libras, os incluindo posteriormente no glossário terminológico. Como há muitos sinais utilizados no DESU-INES para terminologia específica não registrados ainda em dicionário terminológico, é pertinente fazer uma lista com essa terminologia a ser investigada e discutida. Caso haja neologismos que estão sendo utilizados para conceitos que ainda não têm sinais, o orientando, juntamente com seu orientador e equipe de trabalho no qual há tradutor-intérprete surdo e não-surdo, poderão apresentá-los à banca de defesa de monografias. O sinal pouco usual ou criado pelo aluno-orientando, com a devida checagem da equipe de orientação, poderá ser validado futuramente. A validação futura do sinal é realizada por meio da comunidade linguística acadêmica a qual se está inserido. No caso do DESU, são doutores surdos e a equipe de validação de sinais realizada pelo Manuário do INES. Este movimento de optar por termos em língua de sinais e conceitos principais, definindo-os e deixando-os evidentes em glossário terminológico na abertura da monografia, faz parte do trabalho de conclusão de curso e objetiva o uso mais formal e acadêmico para abordar o tema ou assunto. Os alunos costumam ficar em dúvida sobre o uso mais formal e acadêmico de diversos termos. Portanto, é preciso consultar os professores surdos mais experientes e trabalhar tais conceitos e sinais com a sua equipe de orientação de monografia em Libras. Diante dos primeiros resultados desse trabalho de pesquisa, vislumbra-se um movimento ainda mais forte de incentivo a

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definição de termos pelos alunos, como forma de impulsionar o desenvolvimento da Libras formal. Este movimento ocorre sob tensões geracionais, hierárquicas e sob olhares intervencionistas, por vezes de intérpretes ou de lideranças surdas e não-surdas. A seguir, na última etapa deste artigo, levantaremos as particularidades de suporte em vídeo.

c.

A filmagem oficial em estúdio

Ao filmar os rascunhos em vídeo e nomear as pastas de organização de capítulos, alocando os vídeos pertencentes a cada capítulo e subcapítulos, o aluno percorre o primeiro passo da organização para a filmagem em estúdio semiprofissional ou profissional. No caso do DESU-INES, se constitui o que chamamos etapa final de (re)gravação, descrita a seguir. Esta etapa, para ser realizada no DESU-INES, precisou contar com a experiência realizada em universidades que já produziram vídeos científicos em Libras, com regularidade, como ocorre na UFSC. Esta experiência está documentada em pesquisas sobre tradução/encenação na Língua de Sinais e a equipe de tradução que compõe o Curso de Letras Libras (QUADROS & SOUZA, 2008; OLIVEIRA E SILVA, 2014). Para viabilizar a gravação no INES, resolvemos proporcionar ao aluno que desenvolve sua Monografia em Libras o ambiente de estúdio já existente em um de seus departamentos, assim como a equipe de tradução existente no DESU. Estudamos junto com os profissionais do estúdio a iluminação adequada, o uso correto do fundo (o Chroma Key verde ou azul), o enquadramento ajustado do aluno (plano de filmagem). Procuramos seguir, inicialmente, as regras próprias presentes na primeira versão do Manual de

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monografia em Libras e Língua Portuguesa do Curso de Pedagogia Bilíngue do DESU-INES, tendo como fonte a experiência da UFSC. A direção de gravação em estúdio, da filmagem final, pode ficar a cargo do professor-orientador, do intérprete-tradutor e/ou do próprio aluno. Em termos de escrita da claquete, que ajuda a organizar o material filmado feito no estúdio, recomendamos a presença dos seguintes itens (seções da monografia) a serem gravados: a. Capa; b. Resumo; c. Glossário; d. Introdução; e. Capítulos de Desenvolvimento (1, 2, 3, n); f. Conclusão; g. Outros (Agradecimentos, etc.). Além das partes básicas, temos levado para o estúdio, de forma organizada, as citações e os rodapés que são filmados de modo que saibamos usá-los no momento da edição final. Para isso existe a tarefa de direção do vídeo, com um elemento da equipe orientando o que será escrito na claquete - número do capítulo, subcapítulo, início de uma citação -, a hora de iniciar e de cortar uma gravação. Os profissionais de estúdio da Departamento de Desenvolvimento Humano Científico e Tecnológico (DDHCT-INES) instruem a equipe sobre posição do ator-tradutor, e de regras gerais de filmagem a partir de normas construídas pelo DESU-INES para os trabalhos monográficos em Libras e Língua Portuguesa. Nesta etapa, o orientando já está com o texto em Libras, com o devido adensamento textual e argumentativo e a interpretação flui com os rigores necessários à uma Monografia em Libras. Os rascunhos em vídeo, já em Libras, que foram feitos no DESU-INES, serão usados em substituição do teleprompter com glossinais, pois já estarão prontos para serem visualizados no ato da interpretação e elaboração do produto final, em estúdio.

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Figura 4. Rascunho em Libras visualizado pelo aluno no estúdio oficial

d.

Exemplos de regras específicas para vídeos acadêmicos: as citações diretas e os rodapés nas monografias em Libras

O que será citação direta precisará ser sinalizado entre aspas e ter o nome do autor, ano e página da publicação onde foi retirado o trecho, sendo esta uma regra facilmente observada em monografias em Língua Portuguesa. O que será citação indireta precisará de uma explicação e modo de dizer próprio do autor da monografia ou da

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dissertação, e precisará do nome do autor e ano da obra (livro, artigo) de onde foi retirada a ideia como já é também conhecido em regras também da monografia em Português. No entanto, da primeira vez que é citado o nome do autor em Libras, deve-se usar o sinal de batismo8, sendo importante usar também a soletração, que chama-se datilologia, e das vezes subsequentes, usar apenas o sinal de batismo do autor. A citação direta é uma citação literal, entre aspas. Mesmo traduzindo-a para outra língua, a Libras, respeita-se o modo original por ser uma definição ou conceituação difícil de dizer de outra forma, já que o autor citado o faz de maneira exemplar e estimada no cenário acadêmico, sendo plausível de se transpor das regras de Monografias em Língua Portuguesa. Lembramos que já há implícita uma tradução, no entanto há um recurso visual, e aplicação de estilos, com o uso de cor vermelha, já que o suporte em vídeo nos proporciona outro formato que, por vezes, chega a atingir o próprio conteúdo, como veremos na situação de rodapés. Em monografias em Libras feitas no DESU, as citações diretas são inseridas com a tela original pausada, e a descrição em quadro secundário com 30% do tamanho da tela com fundo vermelho. Conforme já salientado, temos verificado materiais veiculados por universidades e alunos surdos pesquisadores que já apresentaram as suas produções em vídeo, como é o caso de Castro (2012)

8 No glossário de abertura da monografia pode constar a lista dos autores principais que possuem sinal de batismo pela comunidade surda, evitando a datilologia no corpo do vídeo.

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Figura 5. Citação direta com fundo vermelho

Para citação direta de língua-fonte em vídeo – monografia, dissertação ou artigo em Libras – já foi possível conjeturarmos a necessidade de copiar o trecho do vídeo, inserindo-o de acordo com as normas de citação, ou seja, aplicando-se o fundo vermelho. As notas de rodapé são indicações, observações ou acréscimos feitos ao texto-vídeo em Libras. Refere-se a uma especificação ou complemento que não está dito, ocorrendo uma pausa em vídeo para dar maior detalhamento a uma expressão ou conceito. Merecerá o rodapé de referência ou explicativo9, os conceitos ou expressões que demandam aprofundamento ou apresentação de terminologia em Libras, com a descrição. Na monografia em Libras do DESU as notas de rodapé são feitas a partir da tela original pausada no sinal referente a conceito ou expressão em língua de sinais novo ou fundamental para a 9 Essas notas podem ser de referência (que indicam fontes consultadas ou remetem a outras obras onde o assunto em questão foi abordado de forma mais aprofundada) ou explicativas (esclarecimentos, comentários que não possam ser incluídos no texto-vídeo).

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pesquisa. É exibida em quadro secundário com 30% do tamanho da tela, centralizado na parte inferior da tela, em fundo amarelo.

Figura 6. Nota de rodapé, centralizada na parte inferior da tela, fundo amarelo

Um complicador que tem sido enfrentado e, ainda, sem regra oficializada em nosso manual de monografia, é que não é possível fazer citação direta com outra cor de fundo (fundo vermelho) dentro do rodapé (fundo amarelo), pois haveria conflito das opções de cores. No rodapé, se houver necessidade de citar um autor, recorremos, por enquanto, à citação indireta. Deste modo, estamos diante de uma mudança quanto à forma, incidindo no conteúdo sinalizado. Uma possibilidade para resolver esta questão, ainda a ser discutida, seria a aplicação de um contorno (borda) amarela com um fundo vermelho predominante na nota de rodapé durante a citação direta.

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e.

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Outras questões postas a partir da sistemática da edição de vídeo

Construir uma forma de redução dos títulos e subcapítulos em Língua Portuguesa para a edição de vídeo é uma das primeiras situações diferenciadas enfrentadas durante o trabalho de produção da monografia em Libras. Esta situação pode ser tema em oficinas no grupo de pesquisa, quando se estuda a criação de categorias, etiquetagem, agrupamento de temas afins (estudos de taxonomia). Ao nomear as pastas de organização de capítulos e ao nomear os vídeos de subcapítulos já se pode pensar em um modo resumido em uma, duas ou três palavras. No entanto, alunos e professores possuem dificuldade nesta redução. Estas reduções são necessárias ao se legendar o nome dos capítulos, posicionando-os a esquerda do ator, pois temos que ter cuidado para que não se estendam até a cabeça do mesmo. Por mais singelas que sejam tais observações, nada do que se está dizendo neste artigo é óbvio para o nosso alunado ou equipe de professores e de intérpretes-tradutores. Imagens e vídeos a serem inseridos devem estar dispostos de forma organizada, em pastas, para que não nos percamos nos elementos que serão introduzidos em vídeo. Devem ser imagens (fotos, desenhos) em boa resolução (150 dpi no mínimo para fotos e resolução de 720p para vídeos), acrescentados de forma criteriosa, de modo que acrescentem informações e complementem o texto em Libras, ou seja, contribuam com a discussão. Não podem ser mera ilustração sem a devida conexão com o conteúdo em Libras. Este aspecto da complementariedade entre imagem e texto também nos demanda oficinas no grupo de pesquisa que incidem sobre letramento e alfabetismo visual, características e mesclas das matrizes de linguagem verbal, visual e sonora.

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Objetos ou artefatos oriundos do meio impresso, linearmente concebidos, se beneficiam da leitura pausada, das anotações em bordas, margens. Quando alteramos para a lógica do vídeo, em suporte DVD, as implicações de uso de um material em movimento, já que a forma de usar é muito diferente do livro e monografias impressas, nos leva a algumas tensões e convenções para extensão do material. O vídeo da monografia em Libras tem um tempo máximo convencionado de uma hora e meia de duração. Além disso, nos questionamos sobre como tornar este vídeo monográfico o mais agradável possível, já que difere dos usos e dos costumes de anotações dos textos impressos, dos atos de sublinhar, escrever nas bordas e margens feitos pelos leitores, que nesse caso incluem a própria banca examinadora. Em vídeo, quais seriam os recursos mais interessantes para este âmbito formal, acadêmico, e que precisa obter um consenso quanto à estética, de conforto ao leitor? Ainda não temos hipóteses de pesquisa suficientes para responder tal questão, apenas insights que nos geram mais dúvidas a serem divididas. Quando temos dificuldade em elaborar um bloco de texto escrito, fazemos uma operação de pausar a leitura e escrever (ou reescrever), fazendo idas e vindas nas páginas. A experiência de elaborar e reelaborar vídeos, de fazer buscas, de experimentar o processo de entendimento próprio do aluno surdo, de associação de ideias com registro próprio em Libras, particularizado e ao mesmo tempo cumprindo o princípio científico, as convenções de se universalizar uma técnica e/ou conteúdos neste tipo de material contínuo, filmado e, posteriormente, sendo assistido pela Banca Examinadora, nos dá ensejo a diversas demandas.

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IV. a.

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Considerações finais

Histórico da Monografia em Libras no DESU-INES: os bastidores desse cenário

As lideranças surdas no DESU-INES, capitaneada por professores e alunos surdos, lutaram pela implantação de regras específicas para a confecção de Monografia em Libras. Primeiramente, começaram a construir as ideias através de sugestões debatidas em reuniões de professores, porém sem uma redação normativa. Em um crescente de ações, no ano de 2014, com a entrada de um número próximo a trinta doutores recém-concursados, o Departamento ganha fôlego para redigir e validar algumas regras e normas que obtém votação em Colegiado do DESU-INES para a normalização do trabalho monográfico na modalidade Libras, aprovada no segundo semestre de 2014. Com a orientação e defesa das primeiras monografias nesta modalidade, em 2015, este manual construído na colaboração entre surdos e não-surdos, que se agregaram a esta tarefa, é alvo de uma revisão e ampliação quanto a forma e o conteúdo a partir da prática de orientações da monografia em Libras10. Foram ampliadas as descrições sobre a formatação visual e inseridas sugestões de roteiro metodológico de modo a motivar novas equipes de 10 Ampliação e revisão do Manual de Monografia em Libras – 2015.1 - Sugestão de roteiro metodológico após as primeiras defesas de monografias em Libras concebida esta metodologia para orientação por (em ordem alfabética) Ana Regina e Souza Campello, Cristiane Correia Taveira, Luiz Alexandre da Silva Rosado, Tanya Amara Felipe de Souza e outros colaboradores. A metodologia que se encontra discutida neste artigo é resultante do diálogo entre pesquisadores, as fontes bibliográficas que constam tanto neste artigo quanto do próprio Manual de Monografia em Libras, e também, é resultante do processo de orientação e da defesa de Monografias em Libras do DESU-INES.

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orientação nesta modalidade. Esta nova versão do manual fora aprovada em Colegiado de Curso do DESU-INES no primeiro semestre de 2015. A Língua de sinais formal e acadêmica, o papel do alunoorientando e a sua performance de ator-tradutor, o papel de seu professor-orientador, na execução da própria pesquisa em si, está diante de tensões quanto: (a) ao desenvolvimento de metodologias para orientação de Monografias em Libras; (b) ao papel da Equipe de tradução junto ao orientador de Monografia em Libras; (c) ao uso de estúdio de filmagem que mescla recursos de mídia e educação e demandam roteirização, direção e edição de produtos; (d) ao formato semiprofissional para recursos, atores e cenários.

b.

Idealizações tomam conta do cenário apresentado. Entre pares e línguas, objetos e processos: o que enfrentamos na consecução da Monografia em Libras?

Algumas idealizações estão em jogo em nossas discussões de equipe de monografia e, mesmo que estas não nos paralisem em nossas ações de orientação e defesas, precisamos de certo grau de estranhamento para revê-las em grupo de pesquisa e nas próprias reuniões e fóruns do Departamento de Ensino Superior da instituição, pois estas ainda não são totalmente solucionáveis, restando a problematização entre pares para posterior amadurecimento. As idealizações dos alunos surdos têm versado sobre: o tradutorintérprete surdo como algo estável e a percepção de que existe uma única performance surda típica da comunidade surda. Estes dois primeiros aspectos nos abrem espaço de atenção às trocas sobre a orientação para tradução e interpretação do ator-tradutor diante das câmeras, procurando respeitar outras camadas de atributos e características (de classe, gênero, dentre outras) e que

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são sobrepostas à surdez. Também encontramos alunos surdos que supõem que a responsabilidade sobre a validação do glossário terminológico, da busca por vocábulos mais adequados em Libras, seja tarefa primeira da equipe de tradução e/ou do próprio orientador, em um ato extrínseco ao fazer-da-pesquisa. As idealizações dos professores orientadores e da equipe de tradução-interpretação atuantes em orientações de Monografias em Libras versaram sobre algumas impressões errôneas, principalmente quanto ao uso das glosas. Nos incluímos, claramente, nesse equívoco enquanto novos atuantes de um curso bilíngue. Dentre eles, estão os seguintes: 1. Glosas prontas, pré-fixadas por parte do aluno ou do intérprete-tradutor resolveriam o papel do ator-tradutor. No entanto, a construção de glosas é processo da orientação de Monografia em Libras na qual a autoria e os procedimentos aqui descritos neste artigo são atos postos em negociação por um longo período a cada aluno-orientando e a cada monografia realizada. 2. Não usar glossinais com alunos que dominam, relativamente, o português escrito assumindo o entendimento equivocado de que a passagem do português escrito para língua de sinais se daria, nesses casos, automaticamente na cabeça do aluno durante a sua performance de ator-tradutor, diante das câmeras de filmagem, ao ler o teleprompter. As idealizações da Banca Examinadora nos chamam a atenção pelo sentido revelado a partir das análises das idealizações de avaliadores mais experientes, nas semanas de defesa de Monografia. Estes seriam capazes de realizar um Raio X de todo este processo de orientação? A princípio, estes professores, surdos e não-surdos, atuantes no próprio DESU-INES, fizeram uma aposta de que o aluno surdo que se sai melhor na performance da Monografia em Libras é aquele que sofreria menor influência de intérpretes não-surdos na

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confecção de glosas e/ou na reinterpretação de citações. Os dados coletados nos mostram que esta hipótese não procede. Não é o caso de influência retirando a autoria e marcas do gesto do alunoorientando, da apreensão conceitual por parte deste, mas de um caminho a ser construído como que em um duplo: da construção intelectual-acadêmica e da atuação em vídeo-performance. Este duplo caminho demanda espectadores atentos, pares revisores e orientação adequada à Monografia em Libras.

c.

As tensões presentes na equipe de orientação de Monografia em Libras

A interferência versus a mediação da Equipe de orientação de Monografia em Libras nos tem feito pensar sobre estas idealizações, ao estabelecer regras e metodologias, ao mesmo tempo preservando a autoria do aluno-orientando, balizando e investindo em um processo de formação que inclui a instrumentação prática para direção, roteirização e edição. A desconfiança sobre o processo de orientação da Monografia em Libras é permanente, pois é uma dupla desconfiança, da autoria como autenticidade e dos jogos de papéis, novamente, com outras polarizações que tentamos diluir com a elucidação do processo: (a) autenticidade versus atuação diante das câmeras, (b) tradução e (re)interpretação versus a fidelidade ao texto, (c) papel do copista versus o de autor. As questões que esbarram na metodologia de ensino e da orientação de monografia para o aluno surdo também abrangem questões de formação permanente deste aluno surdo e do aluno bilíngue. Destacamos o problema da significação de textos em duas línguas, temáticas que servem para Libras e Língua Portuguesa: autenticidade, autoria, tradução, não fidelidade ao texto ou teoria-

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fonte. Ou então da língua-fonte ser, em sua maioria, em língua majoritária ou em apenas uma das línguas. Mais profundamente, ter o intérprete como o único mediador de conceitos-chave não é a situação ideal, pois é uma tarefa que demanda o aluno-orientando e o professor-orientador em igual equilíbrio. Os textos-fonte sendo de domínio da equipe de orientação como um todo, incluindo a tradução-interpretação, permitem a exploração e a extração dos conceitos principais, a discussão mais consistente com a maturidade alcançada pelo grupo de pesquisa (tanto alunos quanto professores e intérpretes). E em um movimento de circularidade abrangido por este artigo, podemos destacar que a Monografia em Libras requer a roteirização, direção e edição de vídeo com rigores apropriados à esfera formal e científica, ou seja, a um trabalho efetivamente acadêmico e voltado aos sujeitos bilíngues usuários da Libras e Língua Portuguesa. Um processo que ocorre desde o início em ambas as línguas, devido à quantidade maciça de textos-fonte em português. Portanto, não é somente por se gerar um folder (encarte) em Língua Portuguesa, que o DVD da Monografia em Libras, que se define o trabalho na esfera do bilinguismo, mas por toda esta atividade ou processo de orientação que se inicia com a leitura e reordenamento de construções do pensamento em ambas línguas, do uso de glosas e glossinais até o produto em Língua de sinais, em vídeo, com outra aparência, estética e possibilidades de leitura de textos em vídeo. Esta experiência visual propicia ao Surdo e ao não-surdo bilíngue desenhar ou (re)inventar a Educação Bilíngue no mundo acadêmico, sendo um dos desafios a produção de seus trabalhos científicos.

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Dos autores

CRISTIANE CORREIA TAVEIRA Pedagoga, Doutora em Educação pela PUC Rio. Professora Adjunta da área de Educação Bilíngue do Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (DESU/INES) fazendo parte do Comissão Permanente para Normalização do Trabalho Monográfico em Libras e Língua Portuguesa. Foi idealizadora e gestora de conteúdo do site IHA Informa no período de 2010 a 2014. Trabalhou na formação continuada e em serviço de professores da Educação Especial do Município do Rio de Janeiro. Em 2015 foi ganhadora do Prêmio CAPES de Tese na área de Educação com estudo sobre didática com alunos surdos no município do Rio de Janeiro. No INES é um dos líderes do grupo de pesquisa Educação, Mídias e Comunidade Surda. Contato: [email protected]

LUIZ ALEXANDRE DA SILVA ROSADO Comunicólogo, Doutor em Educação pela PUC Rio. Professor Adjunto na área de TICs e Educação do Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (DESU/INES), atuando no Núcleo de Educação Online do INES. É um dos líderes do grupo de pesquisa Educação, Mídias e Comunidade Surda. Foi docente no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá (PPGE UNESA) na Linha TICPE, sendo atualmente pesquisador colaborador. De 2008 a 2015 integrou o grupo de pesquisa Jovens em Rede no Departamento de Educação da PUC-Rio. Atua na pós-gradução lato sensu Educação com Aplicação da Informática (EDAI) na UERJ desde 2007. Contato: [email protected]

GLAUBER DE SOUZA LEMOS Graduando nos cursos Gestão Ambiental e Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá (UNESA). Tradutor e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa/Libras (TILs) no Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES-MEC) e também no Núcleo de Apoio e Inclusão da Pessoa com Deficiência na Vice Reitoria Acadêmica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRio). No INES é membro de dois grupos de pesquisa: Educação, Mídias e Comunidade Surda e Manuário Acadêmico. Contato: [email protected]

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MARIA DE FATIMA DOS SANTOS FURRIEL Graduanda em Gestáo Pública pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL). Especialista em Interpretação de Língua Brasileira de Sinais (Libras) com certificação Prolibras desde 2007. Tradutora e Intérprete de Libras/Língua Portuguesa/Libras (TILs) no Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES-MEC). Atuou como intérprete e tradutora de Libras no Ministério da Justiça/Distrito Federal (CONADE) de 2002 a 2004, na Secretaria de Estado de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) de 2004 a 2007, na Secretaria de Direitos Humanos e Assistência Social de 2009 a 2010. Foi Coordenadora do Setor de Intérpretes da Feneis entre 2004 e 2012. Contato: [email protected]

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