O Constructo da Informação no Espaço

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9º Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM) – Comunicação e transformações Sociais. Coimbra, 12 – 14 November 2015

O CONSTRUCTO DA INFORMAÇÃO NO ESPAÇO

Pedro M. Azevedo Rocha Universidade do Minho [email protected]

Resumo:

O espaço é a peça do puzzle que mais se tem negligenciado. Conquistamos e ocupamos espaço todos dias no entanto não o percepcionamos, assumimo-lo como garantido. Quando não nos é imposto, somos naturalmente o formato de um espaço que depende e se expressa pelos referenciais que o dão forma. O constructo da informação num espaço depende da percepção e da relação pessoal que cada um de nós tem do e com o espaço. A interacção de pessoas com informações e imagens tridimensionais, nomeadamente no caso de realidades aumentadas proporcionado pelo avanço tecnológico, está, em grande parte nas sociedades civilizadas, a transformar a perspectiva que se tem da imagem bidimensional. A interpretação do objecto ‘informação’ é criada, e interpretada pela mente, e colocada à disposição no meio, no entanto a interpretação é sempre nossa, sendo a nossa coisa-em-si. Assim neste artigo, para além de se atribuir a designação de ‘propenso’ à disponibilidade (affordance) de um objecto, descreve-se a aplicação da semiótica a fundamentos elementares da Teoria da Comunicação de Shannon, apresentando um pensamento de concretização relacional da percepção mental do constructo de informação.

Palavras-chave: constructo, propenso, Shannon, espaço, informação

Constructo à vista

“Escaping the flatland is the essential task of envisioning information – for all the interesting worlds (physical, biological, imaginary, human) that we seek to understand are inevitably and happily multivariate in nature. Not flatlands.” (Edward Tufte, 1995)

A interacção de pessoas com informações e imagens tridimensionais, proporcionado pelo avanço tecnológico e pela expansão da ligação da rede internauta 1

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está, em grande parte nas sociedades civilizadas, a transformar a perspectiva que se tem da imagem estática empurrando a forma de a percepcionar ou de relacionar com esta para uma memória de passado. Não obstante tudo isto se torna num contínuo acto autopoiético, no qual de forma natural nos apercebemos que nos sentimos limitados às margens bidimensionais de uma tela ou de um ecrã. A informação tendencialmente começa a escapar da terra plana, da “flatland” (fazendo referência à obra de Edwin A. Abbott), que são as páginas de um livro, as telas de pintura, os quadros-pretos escolares, os ecrãs de televisores e de aparelhos inteligentes (smartphones, ipads, tablets), um certo pensamento (en)quadrado, sempre a tentar desenvolver a simulacra da mente gerada pelas experiências tidas com essas “terras” cruzadas versus a vivência da profundidade real, emergindo-se daqui uma imagem com um certo dinamismo, ou pelo menos revelando camadas de informação antes “escondidas” em cada organismo, e trazendo com elas uma aceleração de informação disponível superior ao que o cérebro conseguirá talvez assimilar e lidar. Nomeadamente, os canais de comunicação, acrescentam diversas imagens e anúncios aos nossos olhos num diminuto minuto tão rapidamente que pode nos encher com uma multitude de mensagens numa fracção de segundo. Para superar esse assédio imagético, e interpretar a forma como a imagem (ou a informação percepcionada) nos comunica, a mente observadora de certa forma, e de modo algo discreto, reduz a sua entropia e cria uma representação sígnica dos afectos percebidos a partir de um agregado de dados diversos provenientes de respectivas camadas invisíveis referenciadas a um único organismo, expressando assim um estado incorporado pessoal de significado relativo a esse objecto. Tal hiperrealidade estática forma-se de acordo com o conteúdo proxémico das informações imagéticas relacionadas com a pessoa que as reuniu, criando dessa forma a sua própria “ars memoriae” de tais imagens em movimento.

O ser humano tem tentado representar a forma mental de visualização de informação no seu próprio espaço, mas até agora só tem conseguido tal proeza em simulações computadorizadas em ambientes virtuais, por expressão ou projecção parcial, ou bidimensional, em ambientes reais, ou por uma forma holográfica algo tímida ainda não muito investida a nível financeiro a não ser para fins recreativos ou ficcionais. Somos parte de um mundo tridimensional mas usualmente aprendemos e transmitimos o nosso conhecimento, ora por linguagem escrita, ora pictoricamente por um mundo bidimensional. Como afirmou Kant (2001:79), “é-nos completamente 2

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desconhecida a natureza dos objectos em si”. Percepcionamos a sua existência primordial completando-a com a realização de serem reais pela sua afectação e a expressamos pelo seu equivalente em pensamento numa construção, em constructo. Como argumentado por Paul Carus, (1852 – 1919), autor e filósofo alemão-americano, primeiro editor do jornal de filosofia “The Monist” (de 1890 a 1919), as “impressões sensitivas são dados, existem antes das ideias, sendo estas construções que se produzem de impressões sensitivas. As impressões sensitivas são factos, mas as ideias são de natureza dedutiva; são (para usar o excelente termo de Conway Lloyd Morgan [(1852 1936), etólogo e psicólogo inglês]) constructos.” (Carus, 1892) A partir da percepção, recorrendo à dinâmica pensante racional, transformamos o conhecimento da realidade mudando a perspectiva sobre os objectos, tanto pelo lado dos detalhes como pelo do contexto da sua totalidade finita e representativa no espaço a que pertencem.

A dimensão física externa à mente e ao corpo é um tema que igualmente o ser humano tenta representar, interpretar e entender. No sentido social da fisicalidade a proxémica (Hall, 1990:1), conceito criado por Edward T. Hall (1914 – 2009), investigador e antropólogo, estuda o modo como as pessoas se comunicam nãoverbalmente em relação à forma como usam o espaço entre elas e os objectos ou outras pessoas. Poder-se-á fazer uso deste conceito de modo análogo para descrever e entender um tipo de comunicação não-verbal de imagens impermanentes, descrever o espaço entre os seus componentes sígnicos da hiperrealidade construída e depois a sua relação com as pessoas de acordo com a medição do seu grau de atracção ou repulsão nas ligações estabelecidas. Com essa intenção introduz-se o pragmatismo como uma atitude com o intuito de dar impulso ao uso da lógica e da analogia (“proportio”) no acto de interpretar inconscientemente as relações e as proporções estabelecidas do espaço mental em simulacro do espaço real, que assim reflectirá a nossa forma de reunir certos componentes de uma imagem dinâmica ou estática do que nos importa ou nos diz significado. Por exemplo uma pintura ou qualquer outro tipo de obra de arte pode ser examinada, oferecendo, assim, uma imagem sígnica que exprima uma forma informativa do objecto original não o sendo ao mesmo tempo, mas sim uma representação pessoal da mesma, num simulacro só nosso.

A forma de como apresentamos a representação entrópica reduzida de outro organismo (uma pessoa, um colectivo, um objecto) tornar-se-á um exercício 3

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interessante. O revelar das informações internas ou “escondidas”, numa composição de imagens, apresentar-se-á como um instrumento para uma construtiva explicação de um conhecimento que uma pessoa quererá comunicar. Desenvolver a aptidão de ler padrões conscientes ou inconscientes em comportamentos organizacionais, ou de imagens destruturadas, que se apresentem impermanentes e flutuantes num espaço cercano do nosso pessoal, pode ser considerado como um passo em direcção a uma compreensão colaborativa de sistemas complexos e do seu significado percebido.

Vislumbre da percepção visual da informação

O constructo da informação num espaço depende da percepção e da relação pessoal que cada um de nós tem do e com o espaço. Gary Hatfield, professor de filosofia e investigador de psicologia e teorias da visão, publicou em 2003 um artigo sobre a estrutura do espaço visual e a sua representação, onde argumentou que o “espaço visual pode ser distinguido do espaço físico,” (Hatfield, 2003) em que o “primeiro se encontra na experiência visual, enquanto o segundo é definido independentemente da percepção.” (id.) Observou, igualmente,

que “alguns

investigadores concluíram que o espaço visual é não-euclidiano, e que não tem uma única estrutura métrica,” (id.) sendo dependente das seguintes características: “(1) que o espaço visual exibe uma contracção nas três dimensões com o aumento da distância do observador, (2) que características desta contracção que se testaram não são as mesmas e (3) que esta contracção é consistente com o tamanho da constância.” (id.)

Estas propriedades da visualidade do espaço “são consistentes com a noção de que as restrições ópticas foram internalizadas. De uma forma mais geral, também são consistentes com a noção de que as estruturas de espaço visual suportam uma relação de semelhança com as estruturas físicas espaciais. Esta noção suporta um tipo de relação de representação que é distinta da mera correspondência causal.” (id.) Poderemos dizer que existe uma correlação baseada na imitação da percepção espacial que assimilamos e que a distância da envolvência radial perceptiva tende a ser esférica ou de certa forma oval a partir do centro de onde se percepciona ou se referencia. De igual forma, mas de outra perspectiva, James Cutting, professor de filosofia da Universidade de Cornell, concluiu no seu artigo “How the eye measures reality and virtual reality” (1997) que apesar “das aparências, a nossa percepção do espaço desordenado à nossa volta não é homogénea,” 4

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(Cutting, 1997), isto é, não isométrico, não euclidiano. O espaço pessoal, assim definido por Cutting (até cerca de 1,5 m, um valor análogo ao do limite da distância pessoal de Edward Hall), “parece quase de natureza euclidiana,” (id.) enquanto o espaço de acção (a partir de 1,5 até cerca de 30 m) e o espaço de visão (além de cerca de 30 m) “parecem em grande parte semelhantes, e sujeitos a compressões e dilatações ao longo do eixo de profundidade. Variações de ambientes, e diferenças entre as pessoas irão alterar as funções das diferentes fontes e, consequentemente, alterar esses espaços, assim como os usos de lentes diferentes em fotografia e as diferentes vias de visualização em computação gráfica.” (id.)

Questiona-se James Cutting em “Information from the world around us”: “Com que base é que percepcionamos objectos e eventos?” Dando de seguida uma resposta: “Em psicologia, ciência cognitiva, e áreas afins, a resposta de finais do século XX é a seguinte: Percepcionamos objectos e eventos com base em informação.” (Cutting, 1998) O espaço perceptivo ao nosso redor adapta a sua morfologia consoante a localização da informação que se percepciona. De modo que passamos a ser o espaço mórfico das relações que estabelecemos: os espaços e territórios com que nos damos diariamente na sua constância definirão os limites da nossa percepção. Estendermo-nos por espaços virtuais, para nos evadir de espaços cubiculares e urbanos, provavelmente não expande o nosso espaço físico perceptivo, apenas ilude tal sendo efémera a sua existência. As memórias que nele guardamos simulam uma pertença que não é nossa mas de um todo que não é só nosso.

O umwelt da percepção visual da informação

Tendo explícito a percepção de uma mentalidade da ‘informação’ não deixa de ser “difícil imaginar uma ciência da percepção ou cognição, sem o conceito de informação. A informação permeia as teorias a tal ponto que nos questionamos como viveríamos sem ela. Na verdade, a etimologia do termo é suficientemente afortunada que ninguém no nosso tempo seria capaz facilmente de o rejeitar: Informar alguém significa assumir uma forma (talvez de um objecto) e incuti-la dentro de algo ou de alguém (talvez mesmo a mente de um observador). (…) De certa maneira, a percepção pode ser dita como o processo de enformar a mente.” (Cutting, 1998) Mas “a elaboração de uma definição para o termo “informação”, promovendo, assim, uma 5

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teoria geral da informação distinta da conhecida teoria da informação, é uma ideia cujo tempo chegou,” afirmou Fleissner em 1996. Peter Fleissner, investigador de cibernética social pela Universidade de Tecnologia de Viena, argumenta que esta redefinição “é, na verdade, parte de uma mudança de paradigma global na visão de mundo de ciência, encabeçada por várias teorias de sistemas não-lineares, complexos, auto-organizados, destinando-se a transcender os limites estreitos das disciplinas compartimentalizadas em direcção a teorias unificadas que poderão dar uma compreensão do mundo, apesar de não abrir mão da sua experiência.” (Fleissner, 1996)

Joel Norman (1936 – 2013), que investigou pela Universidade de Haifa o tema da percepção, descreveu num artigo de 2002 a comparação entre duas contrastantes abordagens teóricas da percepção visual que são actualmente predominantes: uma consiste de variantes sobre a aproximação clássica helmholtziana construtivista (Hermann von Helmholtz (1821 – 1894), médico e físico alemão); a outra mais recente, da abordagem ecológica gibsoniana (James J. Gibson (1904 – 1979), psicólogo americano). Segundo Norman as “duas teorias parecem bastante incompatíveis, defendendo visualizações contraditórias de como a percepção visual transparece. No entanto, [aparentemente] ambas podem coexistir.” (Norman, 2002) Por um lado, na descrição à aproximação de Helmholtz consideramos “o proponente mais prolífico da abordagem construtivista nos últimos anos, Irvin Rock (por exemplo, 1977; 1983; 1997). A sua obra “The Logic of Perception” [publicada em 1983] é um tratado dedicado para documentar a evidência em favor de uma visão construtivista.” (Norman, 2002) Por outro lado, temos o estudo feito por James Gibson ao “longo de mais de 30 anos” sobre “as imagens e o movimento, nomeadamente a relação entre o movimento através de um ambiente e as respectivas consequências visuais,” (Cutting, 2000) apresentando na “sua obra “The Ecological Approach to Visual Perception” (Gibson, 1979), uma nova aproximação atractiva do estudo da percepção visual, que incluiu muitos novos conceitos e novas formas de olhar para a percepção. Toda a primeira metade do livro é dedicada a uma nova análise do meio ambiente e das informações que fornece ao observador. Gibson critica a abordagem clássica de descrever os estímulos da percepção em termos de estímulos energéticos que incidem sobre os receptores como sendo totalmente insatisfatória. Gibson, chama a atenção para o facto de que a percepção consiste em perceber eventos; isto é, perceber as mudanças ao longo do

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tempo e do espaço na matriz óptica.” (Norman, 2002) Vindo a ser estes eventos os que se tornarão em algo de significado e em informação.

Anthony Chemero, investigador da filosofia de estudos da mente, observa que existe “dois pontos principais na teoria da percepção de Gibson. Primeiro, Gibson expressa o seu desacordo com a tradição que descrevia a percepção visual como uma reconstrução interna do ambiente tridimensional a partir de entradas bidimensionais. Em vez disso, a função de percepção é a orientação da acção adaptativa. Em segundo lugar, Gibson (1966, 1979) rejeita visões clássicas sobre a percepção onde os resultados de percepção da adição de informações na mente com sensações com causas físicas.” (Chemero, 2003a) A opinião de Gibson argumentava que “a percepção é um processo directo – não-inferencial, não-computacional – em que a informação é recolhida ou captada do meio ambiente.” (Chemero, 2003a) A esse respeito, numa experiência sobre a percepção de tamanho publicada em 1980, Joel Norman concluiu que se “sugere que tanto a percepção directa como a indirecta podem ocorrer e que não definem uma dicotomia mas um contínuo,” (Norman, 1980) e que “a localização de um acto perceptivo nesse continuum é determinada por alguma interacção da dificuldade da discriminação perceptual necessária e da riqueza das condições do estímulo. O desafio para o teórico perceptual não é escolher entre as duas teorias, [a construtivista e a ecológica,] mas a incorporação das duas abordagens num quadro comum com o objectivo de delinear as condições em que os processos directos e indirectos emergem.” (id.) Em suma, as teorias veiculadas por Helmhotz e Gibson reflectem a alegoria dos cegos indianos numa sala escura com um elefante, onde no fim se tenta reunir um conjunto de “observações” que juntas pintem o simulacro do mapa (“do elefante”) mais parecido com o território real colocando-nos na posição de recuperar a visão de nos apercebermos da primeiridade da realidade tal como ela é, pois esta apresenta-se disponível para os que a queiram observar.

A disponibilidade da informação

Sem a memória, ou a impressão espacial de uma representação, não haveria a percepção de temporalidade, e consequentemente nem a de uma continuidade de sequência de algo. O espaço “lembra” e deixa-se imprimir, e como tal a residência da memória apresenta a oportunidade disponível de oferecer dados ou impressões sobre a 7

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composição instantânea de algo ou do que possibilita oferecer ou tornar-se. Falamos de uma informação que permanece como um produto proveniente de um processo emergente e se disponibiliza. Esta característica vem de uma das mais importantes contribuições de Gibson: o conceito de affordance. Joel Norman (2002) menciona a definição que Gibson escreveu na sua obra de 1979: “As affordances do ambiente são o que este oferece ao animal, o que ele providencia ou fornece, para o bem ou para o mal.” Chemero (2006) esclarece que “no entanto as affordances, como Gibson estava bem ciente, são ontologicamente peculiares: “Uma affordance não é nem uma propriedade objectiva, nem uma propriedade subjectiva; ou é ambas ao mesmo tempo se desejar. Uma affordance quebra toda a dicotomia do subjectivo-objectivo e ajuda-nos a compreender a sua inadequação. É igualmente um facto do ambiente e um facto de comportamento. É ao mesmo tempo físico e psíquico, mas nenhum dos dois. Uma affordance aponta em ambos os sentidos, para o meio ambiente e para o observador.” (Gibson, 1979, p.129)”

Passado alguns anos, de acordo com Joel Norman (2002), o psicólogo L. S. Mark num artigo de 1987 definiu affordances como “a utilidade funcional de certos objectos ambientais ou complexos tomados com referência a indivíduos e às suas capacidades de acção.” (Norman, 2002) Ou mais recentemente o antropólogo linguista Paul Kockelman denominou uma affordance como “um processo semiótico cujo sinal é uma característica natural, cujo objecto é uma aquisição, e cuja chave interpretante é uma acção que atende essa característica, ou um instrumento que incorpora essa característica (desde que a característica ‘forneça aquisição’).” (Kockelman, (2013) Caracteriza Chemero, em termos biológicos, que uma “affordance é um recurso que o ambiente oferece a qualquer animal que tem a capacidade de o perceber e de usá-lo. Como tal, affordances são significativas para os animais – eles fornecem oportunidade para determinados tipos de comportamento.” (Chemero, 2003b) O mesmo se poderia aplicar a uma pessoa, nesse sentido Gibson apresentou algumas “affordances de uma superfície, tais como em que a forma desta permite “ficar-em-pé”, “ficar-em-cima”, ou “ficar-sentado”.” (Norman, 2002) Em termos práticos, “apesar da peculiaridade ontológica e a controvérsia sobre a melhor forma de entender este conceito, a ideia de affordances é um aspecto da teoria de Gibson que ganhou uma atenção significativa desde o seu início, por exemplo, por designers. O resto das ideias de Gibson não foram amplamente aceites pelos cientistas cognitivos assim que surgiram.” (Chemero, 2006) 8

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Nos anos 1980, o termo evoluiu para um uso no contexto da interacção humanocomputador (HCI) a fim de indicar a descoberta de possíveis acções nesta relação. Em 1988, Donald Norman (n. 1935), cientista cognitivo, apropriou-se do termo affordances no contexto da HCI para se referir apenas a essas possibilidades de acção, que são prontamente perceptíveis por um possível utilizador. Através do seu livro “The Design of Everyday Things” (2013, publicado originalmente em 1988 sob o título “Psychology of everyday things”), esta interpretação foi popularizada nos campos da HCI e do design de interacção direccionado à ‘experiência do utilizador’ (UX: “user experience”, sendo igualmente o primeiro a usar a designação aquando da sua entrada para a Apple em 1993). Através da mesma obra Donald Norman aplicou o uso do termo ‘design centrado no utilizador’ (“user-centered design”). A contribuir para a formação da linha de visão filosófica da interacção humano-computador apareceria em 1983 Mihai Nadin (n. 1938), professor e investigador da Universidade do Texas em engenharia electrotécnica e de computadores, estética e semiótica, como um dos primeiros a descrever e a reconhecer o computador como uma “máquina semiótica por excelência” (Nake, 2001; Nadin, 2007), expresso, por exemplo, em 1988 com “Interface design: A semiotic paradigm.” Poucos anos depois teriamos, do lado europeu, Peter Bøgh Andersen (1945 – 2010), linguista dinamarquês, que, com uma dissertação doutoral em 1991 sob o tema “A theory of computer semiotics”, publicaria um artigo em 1992 no “Scandinavian Journal of Information Systems” intitulado “Computer semiotics”, onde apresentou a “Semiótica como um quadro para a compreensão e concepção de sistemas de computadores como sistemas de signos” e a defesa do “paradigma estruturalista europeu em combinação com a tradição americana de Peirce.” (Andersen, 1992) Em “Human– computer interaction viewed as pseudo-communication” (Nake, 2001), um artigo de Frieder Nake (n. 1938), matemático e investigador alemão, pioneiro da computação na criação de arte digital gráfica com as primeiras manifestações artísticas por volta de 1965, Nake reforça a observação da Semiótica como “fundamental para a compreensão da interação humano-computador, e de todos os artefactos de computador.” (id.)

O relacionamento da fenomenologia da HCI com a nomenclatura da affordance tornou, por um lado, o conceito dependente não só das capacidades físicas de um possível sujeito, mas também dos objectivos do mesmo, planos, valores, crenças e experiências passadas; e por outro, relacional em vez de subjectivo ou intrínseco. 9

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Donald Norman considerava uma “abordagem ecológica” (no sentido de Gibson), implicitamente relacionado com as abordagens teórico-sistémicas nas ciências naturais e sociais. O foco nas affordances percebidas pelo utilizador traduziu-se muito mais pertinente para os problemas de design práticos de uma abordagem baseada em factores humanos, o que pode explicar a sua adopção geral. Com este apontamento em mente podemos descrever de uma perspectiva semiótica uma affordance como um qualisigno, referente a uma primeiridade, um signo que é uma qualidade ou possibilidade, uma representação de um dado com probabilidade de vir a ser algo significativo, isto é, uma affordance poderá ser uma “disponibilidade que providencia algo,” algo que se pode definir como um ‘propenso’. Essa informação que emerge infere-se que virá precedida por uma indicação de um dado, algo como um sinsigno, como algo da coisa-em-si referente a um estado ou facto. Que pode ser visto como uma espécie de semioferomona (do grego sēmeîon σημειον, “sinal” ou “signo” + phero φέρω, “transportar” ou “transmitir” + hormona ὁρμή, “ímpeto” ou “estimular”), um a priori de uma intuição (Rocha, 2015), que daria origem a esta, indicativo da presença de um ‘afecto’, o qual se consideraria, à semelhança de uma feromona (conceito introduzido em 1959 pelo químico Peter Karlson e pelo zoólogo Martin Lüscher (1917 – 1979)), como algo “segregado” de um organismo para desencadear uma resposta social em membros de uma mesma espécie. As mensagens que estes sinsignos transportam poderão vir a assumir papéis do de um “alarme”, de uma “pista”, de um marcador de fronteira de um espaço ou de uma identidade, de um indicativo de como a informação será sugestivamente construida pela mente que a absorveu a visualidade observada.

A informação no meio

A informação é uma forma de espaço estático que adquire movimento por indução de um elemento dinâmico, mas em si, na sua propriocepção continua estática mesmo após sofrer uma mudança. No sentido da compreensão do elemento ‘informação’, Baudrillard argumenta que “vivemos num mundo onde há cada vez mais informações, e cada vez menos significado,” (Baudrillard, 1994:79) tendo, em consonância com essa afirmação, considerado três hipóteses quanto à caracterização da informação em relação ao seu significado:

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1. “Qualquer informação produz sentido (um factor negentrópico) mas não pode compensar a perda brutal de significado em todos os domínios.” (id.) 2. “Ou a informação não tem nada a ver com a significação. É algo mais, um modelo operacional de uma outra ordem, externa ao significado e à circulação do sentido.” (id.) 3. “Ou, muito pelo contrário, existe uma correlação rigorosa e necessária entre os dois, na medida em que a informação é directamente destrutiva do significado e da significação, ou que os neutraliza.” (id.)

Enquanto a primeira hipótese reflecte uma improdutividade por tentativa de encontrar uma organização e equilíbrio “termodinâmico”, e a terceira uma ausência de produtividade de significado, em relação à segunda hipótese, sendo a mais propícia à produção de algo, Baudrillard descreve-a como sendo a de “hipótese de Shannon: uma esfera de informação que é puramente funcional, um espaço técnico que não implica qualquer finalidade de significado e, portanto, também não deve estar implicado num juízo de valor. Uma espécie de código, como o código genético: é o que é, funciona como tal, o significado é algo mais, o qual em certo sentido vem depois do facto.” (Baudrillard, 1994:79) Toma assim a forma de uma primeiridade, à espera de se ser significado com algo através do estabelecimento de uma relação, podendo ser ‘objecto’ de vários significados ou vir a assumir várias formas segundo a razão interpretativa.

Claude Elwood Shannon (1916 - 2001), matemático, engenheiro electrotécnico e criptógrafo, ficou conhecido por ter sido o fundador da Teoria da Informação com um artigo histórico que publicou em 1948, sob o título uma “Mathematical Theory of Communication”. Igualmente é considerado ter sido o criador do campo de estudo e investigação da computação digital e do da teoria do design de circuitos digitais em 1937, enquanto estudante do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com a sua tese “A Symbolic Analysis of Relay and Switching Circuits”, demonstrando assim que as aplicações eléctricas de álgebra booleana poderiam construir e resolver qualquer relação lógica ou numérica, e mais importante, constituiu a base do padrão da representação da simbologia electrónica (ou semiótica electrónica) nas décadas seguintes permitindo a projecção, elaboração e produção de placas de circuito impresso, algo omnipresente hoje em dia em todos os aparelhos tecnológicos. 11

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Desenvolvida para encontrar limites fundamentais sobre as operações de processamento de sinais, tais como compressão de dados e de uma forma confiável o armazenamento e comunicação de dados, a teoria da informação torna-se num ramo da matemática aplicada, engenharia eléctrica e das ciências computacionais que envolve a quantificação da informação e princípios de sistemas de comunicação. Desde a sua criação, tem-se estendido para outras áreas, como por exemplo a de processamento de linguagem natural, a neurobiologia, a da computação quântica, entre outras. Mais tarde, Shannon viria a pormenorizar as suas ideias num livro em 1949, em colaboração com Warren Weaver (1894 – 1978), cientista e matemático, intitulado “A Mathematical Theory of Communication” (similar ao título do artigo de 1948).

Igualmente desenvolveu os conceitos de entropia de informação e redundância, e introduziu o termo ‘bit’ (“binary digit”) como a unidade fundamental da informação. O artigo de 1948 explica inicialmente como os símbolos de comunicação (indicados como hábitos interpretativos ou norma de referência, segundo a fenomenologia de Peirce) são transmitidos, de seguida como esses transmitem um significado e, finalmente, o efeito do significado recebido. “Antes da teoria matemática de informação de Shannon, Peirce desenvolveu uma teoria complementar de informações, que por si só era uma pequena parte de uma teoria mais ampla do significado,” observa o antropólogo Paul Kockelman no seu artigo de 2013, “Information is the enclosure of meaning”. Kockelman, com a influência peirceana em mente, compara o delineado na introdução da obra de Shannon e de Weaver (1949) “três níveis de comunicação: o nível técnico (qual reprodução de signos); o nível semântico (qual significação dos objectos); e o nível de eficácia (qual criação de interpretantes).” (Kockelman, 2013) Conotando assim os três níveis, com a distinção Semiótica de Charles Morris (1901 – 1979), filósofo e semiótico americano, em sintáctica, semântica e pragmática, respectivamente. Pela sua análise, Shannon (1948) definiu as seguintes bases elementares da comunicação:

a) “Uma fonte de informação, que produz uma mensagem” (Shannon, 1948); b) “Um transmissor que funciona com a mensagem para criar um sinal que pode ser enviado através de um canal” (id.); c) “Um canal, como o meio sobre o qual o sinal, transportando a informação que compõe a mensagem, é enviado” (id.); 12

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d) “Um receptor, que transforma o sinal de volta para a mensagem destinada a ser entregue” (id.); e) “Um destino, que pode ser uma pessoa ou um computador, para quem ou o qual a mensagem estava destinada” (id.).

fonte

transmissor

Canal

receptor

destino

Tabela.1

Através da descrição das bases de Shannon e com as noções primeiridade, secundidade e terceiridade do filósofo americano Charles Pierce (1839 – 1914), estabelecemos a linha sígnica do processo comunicativo semiótico, da transmissão de informação entre signos, isto é, da acção destes na sua semiosis, onde as designações são das coisas-em-si, que compõem os elementos que intervêm na produção do estabelecimento

da

comunicação

entre

dois

pontos,

sendo

caracterizadas

semioticamente da seguinte forma:

a) O canal, o qual se refere uma característica de mediação, reflecte uma terceiridade, considerado como o signo que representa o seu objecto em relação ao seu interpretante na sua mediação; b) O transmissor e o receptor, sendo cada uma a característica da relação, reflectem uma secundidade, considerados como os signos que representam o seu objecto a que indica, de uma natureza relativa do signo a um segundo objecto na sua relação; c) A fonte e o destino, sendo cada uma a característica de qualidade, reflectem uma primeiridade (de cada umwelt), em que a mensagem é o signo de si próprio, a coisa-em-si, sem referência a qualquer outra.

signo objecto interpretante objecto signo primeiridade secundidade terceiridade secundidade Primeiridade fonte transmissor Canal receptor destino Tabela.2

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Continuando na nomenclatura da teoria da comunicação inerente à electrónica de sistemas de comunicação (termos em itálico), a secundidade assume o papel de propensão da portadora da mensagem, o transmissor será um modulador (que envolverá a mensagem), e o receptor, um demodulador (que recuperará a mensagem). A ‘portadora’,

ou

atribuidora

de

indexação

(em

semiótica),

no

campo

das

telecomunicações, é um sinal específico modificado com o propósito de envolver (de certa forma assume o papel de envelope) a mensagem e de a transportar, tanto para transmitir dados através do espaço assumindo um outro formato que lhe corresponde (como as ondas electromagnéticas em comunicação de rádio), como para permitir a partilha do mesmo meio (espaço) de transmissão por outras mensagens que irão ser transportadas por portadoras diferentes, permitindo o cruzamento de diferentes mensagens, ou até de mensagens semelhantes, no mesmo espaço semiosférico. Haverá a probabilidade de algumas sofrerem influências de outras, anulando-se ou interferindose, ou mesmo até da própria portadora camuflar a mensagem no meio. Uma semelhante aproximação semiótica descritiva à Teoria da Informação de Shannon, não chegando a atribuir tão concretamente a designação tricotómica, foi advogada pela primeira vez, e possivelmente única de forma concisa, levada a cabo na revista “Communications” em 1986, com o artigo “Can Field Theory be Applied to the Semiotics of Communication?”, por Mihai Nadin.

Baudrillard recorda a formulação de Marshall McLuhan (1911 – 1980), filósofo da teoria da comunicação e referência do estudo da teoria dos media, onde se determina que “o meio [medium] é a mensagem”, considerada “a formulação-chave da era da simulação (o meio é a mensagem de que o transmissor é o receptor – tal é o alfa e ómega da nossa modernidade), esta mesma deve ser imaginada no seu limite onde, após todos os conteúdos e mensagens tiverem sidos destruídos do meio, é o próprio meio que se destrói como tal.” (Baudrillard, 1994:82) A origem da afirmação de McLuhan provém do próprio propor que os meios de comunicação (media), e não o conteúdo que eles transportam, fossem o foco de estudo, em que a forma de um meio (medium) se incorpora na mensagem, criando uma relação simbiótica pela qual o meio influencia como a mensagem é percebida. A visão de McLuhan relatava que o meio (medium) afecta a sociedade

onde esta desempenha um papel não pelo conteúdo

entregue/transmitido pelo meio, mas pelas características do próprio meio. Na sua suma obra, “Understanding Media: The Extensions of Man” (1964), este afirma que uma 14

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lâmpada cria uma atmosfera pela sua simples presença, uma lâmpada que permite às pessoas criarem espaços durante a noite que doutra forma seriam envoltos pela escuridão, sendo assim o candeeiro um meio, sem qualquer conteúdo. Dai Baudrillard referir-se à dita afirmação na característica de simulacro, e como o simulacro é um género de “destruição” do significado original, salienta que o destino implícito expresso por “o meio é a mensagem” não significa “somente o fim da mensagem, mas também o fim do meio.” (Baudrillard, 1994:82) E tal acontece porque os “ meios transportam significados e contra-significados, eles manipulam em todas as direcções de uma só vez, nada pode controlar este processo, sendo o veículo para a simulação interna do sistema e da simulação que destrói o sistema, de acordo com uma lógica absolutamente Möbiana e circular - e é exactamente assim.” (Baudrillard, 1994:84) No fundo a informação encontra-se disponibilizada no meio, este permite e dá espaço à sua existência, resta-nos ilumina-lo para verificarmos a possibilidade do simulacro duma sua disponibilidade ou do seu entendimento.

Coda

Salienta Rafael Capurro, filósofo uruguaio, que de “acordo com os biólogos como Humberto Maturana e Varela Francisco (em 1980), bem como ciberneticistas como Heinz von Foerster (em 1980, 1984) a informação é a construção do observador ou uma diferença mental que faz e/ou encontra uma diferença no mundo exterior. Para Fluckiger (em 1999), a informação é construção do cérebro de um indivíduo. De acordo com Qvortrup (em 1993), a concepção de informação como uma diferença mental “não implica necessariamente que a diferença na realidade que desencadeou a diferença mental chamada informação é uma construção mental.”” (Capurro, 2003) Considerando a Tabela.2, se colocarmos um objecto ou informação na fonte e a mente no destino (a mente e o objecto assumem primeiridades, das quais não conhecemos a sua construção primordial, a coisa-em-si), o corpo torna-se-ia no canal, no meio que assume propensos, naquele que permanece no centro de uma troca constante, entre a mente e o objecto, tornando-se numa terceiridade, no “cerne de toda a comunicação do mundo-real humano.” (Marshall, 2001) A interpretação do objecto ‘informação’, o seu constructo, colocada diante de uma mente observadora, é criada, e interpretada pela mente. Colocada à disposição, cabe-nos a responsabilidade de lhe observar e de lhe atribuir o

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significado que compreendermos, que dizemos entender ou que resolvermos usar, no entanto a interpretação é sempre nossa, é a nossa coisa-em-si.

Referências

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