O esvaziamento do espaço urbano na contemporaneidade diálogos sobre os métodos de apropriação e produção sobre o espaço

May 23, 2017 | Autor: L. Dantas | Categoria: Imaginarios sociales, Cidades, Supermodernity, Experiencia, Espaço Urbano
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O esvaziamento do espaço urbano na contemporaneidade: diálogos sobre os métodos de apropriação e produção sobre o espaço

Fernanda Costantino
Lucas Eduardo Dantas

RESUMO: O presente ensaio tem como objetivo traçar uma análise acerca do esvaziamento dos espaços urbanos levando em consideração os conceitos de Supermodernidade de Marc Augé, a modernidade líquida proposta por Bauman, as retóricas ambulatórias de Michel de Certeau e o Imaginário em Maffesoli. Tem-se como objetivo entender a relação entre espaço e indivíduo, e posteriormente, o papel da experiência no processo de partilha do simbólico da cidade.
PALAVRAS-CHAVE: Espaço urbano; Supermodernidade; Imaginário; Experiência; Cidade

INTRODUÇÃO
Vivemos atualmente em uma sociedade hipermidiatizada, onde o incentivo do pensamento consumista chega de maneira mais objetiva sobre o indivíduo a partir da comunicação. Seja através dos meios ou do espaço, é nítida a maneira como recorrentemente somos bombardeados por mensagens das mais variadas origens, sempre com um objetivo comum: anunciar, vender. Colocadas às vezes de forma subjetiva, tais mensagens ficam guardadas no subconsciente, provocando uma alteração das percepções que possuímos sobre o mundo e, consequentemente, sobre o espaço.
Dentro desta lógica acerca da percepção e da vivência que construímos sobre o espaço físico, se faz interessante desenvolver a reflexão acerca de como a sociedade atual se apropria deste, levando em consideração conceitos trabalhados por autores que enxergam tal relação de pontos de vistas, em parte, distintos. Pretender-se-á aqui, refletir acerca do esvaziamento dos espaços dentro da cidade, tendo como base conceitos trabalhados por teóricos da sociologia antropologia, a exemplo de Marc Augé, que nos traz a perspectiva da produção simbólica sobre o espaço e sua diferente caracterização, qual o autor tipifica em duas categorias básicas para entender a divisão simbólica e espacial da cidade, o "lugar" e o "não-lugar", tendo como base o produto das relações sociais agregados ao espaço. Augé também contribui com o debate no que tange aos paradigmas da "supermodernidade", que, segundo o autor, reforça a criação dos "não lugares" no ambiente urbano. (AUGÉ, 1997)
Posterior a tal discussão, Bauman traz a perspectiva do esvaziamento dos espaços a partir da ótica da sociedade de consumo, onde presenciamos a transição do hábito de ocupar espaço públicos como forma de interação social, para a redução do sujeito a categoria de mero consumidor, perdendo sua civilidade.
Trazendo autores para apresentar um contraponto ao modelo de sociedade descrito, Michel de Certeau aborda a mesma temática a partir da perspectiva do "Espaço" e do "Lugar", porém, coloca aqui o relato como ferramenta central para formulação destas categorias dentro da sociedade, sendo o indivíduo – ou o "homem ordinário", como este define – o ser possuidor deste elemento narrativo produzido socialmente.
Por Fim, João Maia e Michel Maffesoli abordam questões relativas ao ato de partilhar o espaço urbano, partindo da ideia do Imaginário Coletivo Maffesoliano e do conceito de espaços de celebração desenvolvido por Maia a partir da ótica dos Hauts lieux em Maffesoli.

A CRISE DO MUNDO URBANO NA CONTEMPORANEIDADE
Marc Augé, antropólogo francês, em sua obra "Por uma Antropologia dos Mundos Contemporâneos", afirma que o período da sociedade posterior a modernidade, no qual define como supermodernidade, enfrenta uma crise que vai além das questões arquitetônicas e urbanísticas, devido ao rápido crescimento destas durante o século XX. Augé defende que existe sim uma crise na sociedade supermoderna das cidades, no entanto, esta perpassa muito mais pelas estruturas representativas que a sociedade possui, um problema que atinge a produção simbólica dos indivíduos sobre os espaços do ambiente urbano. O autor ressalta que
Se hoje em dia fala-se em "crise do mundo urbano" não é talvez simplesmente pelos problemas urbanísticos, arquiteturais e sociológicos que as extensões da cidade causam ou ampliam, mas sim porque representar-se a cidade torna-se mais difícil. Nesse sentido a crise do mundo urbano remete a uma crise, mais geral, de representações da contemporaneidade. (AUGÉ, 1997, p.168)

Dentro desta perspectiva, o autor aborda a relação dos indivíduos com o espaço, sendo uma das problemáticas dicotômicas existentes em função desta crise de representatividade. A partir da maneira como os sujeitos se relacionam com o espaço, Augé define a ideia de "Lugar" partindo de argumentos que ressaltam o caráter identitário, relacional e histórico que se produz sobre determinado espaço.
A esfera do identitário a qual o autor se refere, diz respeito à maneira como o indivíduo constrói sua bagagem sociocultural como ferramenta de reconhecimento, de raízes que tal indivíduo possua para com aquele local. No entanto, o entendimento desta relação só se faz possível a partir da inclusão das demais esferas simbólicas, o relacional e o histórico, que virão a abarcar as demais características ligadas às relações sociais tecidas pelo indivíduo como forma de interação social, tendo o elemento histórico como norteador de toda a aura produzida sobre aquele espaço. É referencial, logo que no momento que as relações que continuam a se desenrolar sobre aquele espectro, provocam, subjetivamente, um curto-circuito sobre o tempo e o espaço, fazendo com que passado e presente se encontrem através do simbólico contido nas relações. Discorrendo acerca da definição de "lugar" e "não-lugar", o autor explica:
Por lugar e não-lugar designamos, é bom lembrar, ao mesmo tempo, espaços reais e a relação que seus utilizadores mantém com estes espaços. O lugar será definido com identitário (no momento que um certo número de indivíduos podem se reconhecer nele e definir-se através dele), relacional (no sentido que um certo número de indivíduos, os mesmos, podem ver ai a relação que os une uns aos outros) e histórico (no sentido que os ocupantes do lugar podem encontrar nele os rastros diversos de uma implantação antiga, o sinal de uma filiação) [...] Um espaço onde o qual nem a identidade, nem a relação e nem a história sejam simbolizados será recebido como não-lugar, mas essa definição pode ser aplicada a um espaço empírico preciso, ou à representação do que lá se encontram fazem desse espaço. O que é um lugar para uns é um não lugar para outros e assim inversamente. (AUGÉ, 1997, p. 169)

Ao abordar as temáticas dos não-lugares na sociedade contemporânea, Marc Augé define que a multiplicação destes espaços pode ser entendida como uma marca da Supermodernidade. Ao nos indagarmos que mundo é este que vem se configurando como Supermodernidade o autor expõe as seguintes características: aceleramento da história e encolhimento do espaço dentro dos processos sociais; multiplicação dos espaços de circulação, os quais se coexiste sem estar junto, onde os agentes sociais se reduzem ao rótulo de meros consumidores dentro da lógica social.
A título de exemplo desta nova lógica vivida por esses consumidores, Augé ilustra a situação dos pedágios em rodovias: "A circulação do fluxo de trabalhadores ou de visitantes nos espaços urbanos da supermodernidade encontra sua expressão mais acabada nos postos automáticos de auto estrada nos quais os automobilistas não correm risco de se encontrar" (AUGÉ, 1997).
Zygmunt Bauman também define o não-lugar como esse espaço destituído de identidade, relações e história – são espaços públicos mas não civis, onde própria a civilidade é praticada como o desejo de permanecer sozinho sem ser incomodado. O autor divide em duas grandes categorias esses "espaços vazios": a primeira diz respeito a praças, parques e áreas onde a permanência é evitada e desencorajada, um exemplo seriam praças sem bancos, cercadas por grandes prédios e vivenciadas apenas pela intensa circulação de pessoas; a segunda categoria são os espaços destinados a transformar o cidadão em consumidor, chamados de templos do consumo, onde o que importa é a ação (comprar e consumir) e não a interação. Assim, Bauman recorre a Sennett e define a civilidade hoje como "a atividade que protege as pessoas umas das outras, permitindo, contudo, que possam estar juntas" (BAUMAN, 2001, pg. 122).
Os não lugares não requerem domínio da sofisticada arte da civilidade, uma vez que reduzem o comportamento em público a preceitos simples e fáceis de aprender. Por causa dessa simplificação, também não são escolas de civilidade. E, como hoje "ocupam tanto espaço", (…) as ocasiões de aprendizado são cada vez mais escassas e ocorrem em intervalos cada vez maiores (BAUMAN, 2001, p.131)

Concluindo, Augé ressalta que apesar do crescimento desta tendência de esvaziamento dos espaços, afastamento das relações e redução do indivíduo ao ato de consumo, a cidade foi concebida a partir da junção de lugares, e que a definição de não-lugar como o seu crescimento é algo mutável. O que para alguns cidadãos ou grupos da sociedade se comporta como um lugar desprovido de aparato simbólico para com a trajetória destes, um não-lugar, para outros seria um ambiente de reconhecimento e produção contínua e fluída. É o que os dois autores, Augé e Bauman, definem como os itinerários subjetivos que cada indivíduo irá desenhar, como mapas formados por territórios internos e imagens formuladas a partir da experiência, memória e afeto de cada um.
A partir desta perspectiva, podemos concordar com a visão de Michel de Certeau acerca do "espaço" e do "lugar", que se assemelha muito com os argumentos de Augé, no entanto, coloca a narrativa prática do indivíduo, o relato, como elemento preponderante e formador destes ambientes. De modo que a partir de como o relato é construído, seria possível compreender a maneira como o sujeito se apropria dos espaços da cidade, tornando-os lugares. Este relato em Certeau se caracteriza, segundo o autor, como o ato de caminhar sobre a cidade, uma narrativa praticada.
O ato de caminhar está para o sistema urbano como a enunciação (o speech act) está para a língua ou para os enunciados proferidos. Vendo as coisas no nível mais elementar, ela tem com efeito uma tríplice função "enunciativa": é um processo de apropriação do sistema topográfico pelo pedestre (assim como o locutor se apropria e assume a língua); é uma realização espacial do lugar (assim como o ato de palavra é uma realização, sonora da língua); enfim, implica relações entre posições diferenciadas, ou seja, "contratos" pragmáticos sob a forma de movimentos (assim como a enunciação verbal é "alocução", "coloca o outro em face" do locutor e põe em jogo contratos entre locutores). O ato de caminhar parece, portanto, encontrar uma primeira definição como espaço de enunciação. (CERTEAU, 2014, p.164)

Logo, o relato se apresenta como instrumento mais importante dentro deste processo de enunciação prática. Seria, pois, a ponte de ligação entre as experiências vividas através dos processos retóricos topográficos e a linguagem discursiva.
Interessante notar que a construção deste processo de enunciação, do relato, se faz também pelo agrupamento de símbolos obtidos dentro do processo de interação social. Se constrói a partir de experiência, relação e observações feitas durante as caminhadas.
Os símbolos são instrumentos por excelência da "interação social": enquanto instrumentos de conhecimento e de comunicação (cf. à análise durkeimiana da festa), eles tornam possível o consensus acerca do sentido do mundo social. (BOURDIEU, 2011, p.10)

Por fim, importante ressaltar a relevância que o relato puro, fruto da retórica caminhatória, tem para entendermos as relações neste novo modelo de sociedade. Conforme afirma Certeau, os relatos são aventuras narradas, que
[...] ao mesmo tempo produzem geografias de ações e derivam para os lugares comuns de uma ordem, não constituem somente um "suplemento" aos enunciados pedestres e às retóricas caminhatórias. Não se contentam em deslocá-los e transpô-los para o campo da linguagem. De fato, organizam as caminhadas. Fazem a viagem, antes ou enquanto os pés executam. (CERTEAU, 2014, p.183)

Entender o relato e sua significância, é compreender a ponte entre os discursos, as enunciações, as caminhadas e a realidade objetivada. O discurso se coloca dentro desta lógica, como algo transversal, que perpassa pelos diversos campos, se remodelando, e que se encontra em um patamar diferente, desde a linguagem, até chegar nas "artes do fazer".

A APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO PELO INDIVÍDUO E O COMPARTILhAR DA CIDADE
Após as discussões acima realizadas acerca da maneira como o espaço vem sendo constituído na contemporaneidade, vê-se necessário apresentar outro ponto de vista qual também se apresenta de forma importante para a análise da relação entre o sujeito e o mundo e/ou o sujeito com o outro e o mundo. Interessante notar alguns conceitos defendidos por Michel Maffesoli, em que se trabalha com abordagens buscando a partir da análise das relações cotidianas, formação de uma sociologia do sensível, dando relevante importância para a experiência que o sujeito adquire a partir de suas relações de grupo sobre determinado espaço, tendo como base referencial o imaginário do grupo.
Ainda seguindo as teorias de Maffesoli, o sociólogo João Maia aborda a relação entre imaginário, espaço e a celebração, como realização vívida do espaço a partir da produção histórica relacional dos indivíduos sobre este. Problematizando sobre as relações nos espaços, Maia discute acerca da "Cidade Partilhada", que seria, em linhas gerais, a realização da aura sobre o espaço através das práticas urbanas.
Definindo inicialmente o conceito de imaginário, Maffesoli define esse da seguinte maneira: "O imaginário é algo que ultrapassa o indivíduo, que impregna o coletivo ou, ao menos, parte do coletivo" (MAFFESOLI, 2001). Logo, podemos entender imaginário como uma categoria simbólica partilhada e construída socialmente, através dos acontecimentos cotidianos e do substrato produzido pelas relações sociais entre os diferentes grupos da sociedade.
Apresentando um ponto de ruptura com a definição de alguns outros autores que abordam a temática, Maffesoli defende que, por ser um elemento de construção coletiva, o imaginário não pode ser fragmentado, repartido, levando em consideração os traços culturais e simbólicos de cada sujeito dentro do cerne social.
Pode-se falar em "meu" imaginário ou "teu", mas quando se examina a situação de quem fala assim, vê-se que o seu imaginário corresponde ao imaginário no qual se encontra inserido. O imaginário é o estado de espírito de um grupo, de um país, de um estado-nação, de uma comunidade, etc. O imaginário estabelece vínculo. É cimento social. Logo, se o imaginário liga, numa mesma atmosfera, não pode ser individual. (MAFFESOLI, 2001, p.76)

Tal conceito é interessante para entender de que forma os grupos sociais se apropriam e ressignificação o espaço através desta construção que reproduz o que se é idealizado na esfera simbólica do imaginário coletivo. Se por um lado vivemos um momento onde o afastamento das relações é provocado pelas proliferações de não-lugares, pela generalização das relações ao consumo, do outro, vemos ressurgir uma nova forma de re-apropriação do espaço urbano a partir do fortalecimento das relações comunitárias e familiais, seja a partir da ótica da proximidade, ou a partir de interesses em comuns, perpassando o espaço real e virtual e formulando o que o autor chama de "tribalização dos mundos". Seria mais ou menos uma nova maneira de interação, de forma mais segmentada norteada por objetivos e preferências específicos.
Como aponta Maia, este tipo de relação que seria a ação geradora do que ele define como "Espaços de Celebração". Na visão do autor, "as celebrações podem girar em torno do corpo, do sexo, da imagem, da amizade, da comédia, do esporte, mas o importante é o sentimento de pertença local que se afasta diante de signos globais" (MAIA, 2005). Assim, é visível o apelo para uma visão fenomenológica das relações sociais, onde a experiência é colocada de maneira destacada dentro da análise.
Dentro desta perspectiva fenomenológica, Maffesoli afirma que "o mundo é um conjunto de referência que eu partilho com o outro" (MAFFESOLI, 2001), assim também como ressalta Certeau quando defende que o objetivo das relações sobre o espaço é a experiência que esta proporciona: "o trivial não é mais o outro (encarregado de reconhecer a isenção de seu diretor de cena); é a experiência produtora do texto" (CERTEAU, 2014, p. 158).
É a experiência que o indivíduo acumula que faz com que este seja capaz de produzir as significações sobre o espaço e, consequentemente, contribuir para a formação de uma "aura coletiva" sobre o mesmo. Locais que possuem esta espécie de aura coletiva em relação a um determinado grupo social são aqueles que Maffesoli caracteriza como os hauts lieux ou altos-lugares (MAIA, 2005).
Os espaços como os hauts lieux possuem características de aglutinação intensa de processos de significação dentro da lógica cotidiana, criando um ciclo sobre o ciclo; o constante ato de produção cotidiana pelos sujeitos durante a história e sobre o espaço chama a atenção dos demais que se interessam pelo lugar, ocupando-o e desencadeando novos outros processos sobre o lugar, construindo assim um espaço possuidor de elementos simbólicos e, ao mesmo tempo, constantemente praticado. Pode-se enxergar nesta situação, o papel dialético que o indivíduo possui, no momento em que absorve significações do espaço para construção da sua própria identidade, e, no momento posterior, usa de tal aparato identitário adquirido para transformar as estruturas simbólicas presentes neste, a partir do processo de ressignificação que produz sobre o espaço.
Por fim, para concluímos o debate acerca desta nova maneira de se apropriar e construir relações sobre o espaço, coloca-se de maneira vital compreender a relação entre espaço e imaginário, da forma que a imagem, construída pelo imaginário (e não o inverso), produz e norteia as alterações sobre o espaço. Maffesoli avalia que
Não é a imagem que produz o imaginário, mas o contrário. A existência de um imaginário determina a existência de conjuntos de imagens. A imagem não é o suporte, mas o resultado. Refiro-me a todo tipo de imagens: cinematográficas, pictóricas, esculturais, tecnológicas e por aí afora. Há um imaginário parisiense que gera de forma particular de pensar a arquitetura, os jardins públicos, a decoração das casas, a arrumação dos restaurantes, etc. o imaginário faz Paris ser o que é. Isso é uma construção histórica, mas também o resultado de uma atmosfera e, por isso, uma aura que continua a produzir imagens. (MAFFESOLI, 2001, p.77)

Portanto, a representação da cidade se torna uma arte de representar uma ilusão criada em comunhão. Pode-se dizer que é uma ilusão original quando se inscreve em um lugar determinado e cria uma história para servir de suporte à forma como de seus habitantes se expressam sobre ela.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma cidade, a partir de sua perspectiva espacial, será formulada de maneira diferente a cada nova experiência vivida nela. Seja pela percepção do crescente individualismo enfrentado nas grandes metrópoles, como sugere Marc Augé e Zygmunt Bauman, ou pela experiência coletiva de construção do imaginário, proposto por Michel Maffesoli. Em tribos ou individualmente, construímos sempre um novo mapa percorrido por ruas, bairros e comunidades, inscrito historicamente no decorrer de nossa percepção.
O esvaziamento do espaço público parece ser um fenômeno cada vez mais intenso, que anda em paralelo com o crescente número de condomínios fechados, espaços segregadores, e uma migração das atividades de sociabilidade para redes sociais digitais. Mas, ao mesmo tempo em que proliferam não-lugares pelas cidades, os lugares, efetivamente partilhados pela interação, ainda permanecem, em um tipo de resistência, e refletidos com uma espécie de alma, como nos mostra Maffesoli. O que todas as discussões aqui apresentadas possuem em comum é a experiência baseada no aqui e agora, em um contínuo fluxo, seja pelo caminhar, pela construção imagética do espaço, nos passeios em templos de consumo ou nas celebrações e ritos dos hauts lieux – experiências que ajudam na construção de novos territórios e que cotidianamente alteram nossas percepções acerca do espaço.


REFERÊNCIAS
AUGÉ, Marc. Por uma antropologia dos mundos contemporâneos. Paris: Bertrand Brasil, 1997.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BOURDIEU, Pierre. Sobre o poder simbólico. In: __________. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 2011. p. 7-16.

CERTEAU, Michel de. Um lugar comum: a linguagem ordinária. In:_______. A invenção do cotidiano: Artes do fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, p.57-70.

___________. Caminhadas pela cidade. In:_______. A invenção do cotidiano: Artes do fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, p.157-181.

___________. Relatos de espaço. In:_______. A invenção do cotidiano: Artes do fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, p.182-200.

MAFFESOLI, Michel. O imaginário é uma realidade. In: Revista Famecos, n°15, agosto de 2001. Porto Alegre, RS: p.74-82.

MAIA, João. Michel Maffesoli e a cidade partilhada. In: Revista Famecos, n°26, abril de 2005. Porto Alegre, RS: p.77-85.



Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense – UFF e mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano – PPGMC pela mesma Universidade. E-mail: [email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/9355682407876251
Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, mestrando em Mídia e Cotidiano pela Universidade Federal Fluminense – PPGMC UFF. E-mail: [email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/5371622217950772

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