O impacto das ações de segurança sobre a criminalidade no Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-americanos de 2007

July 5, 2017 | Autor: Andre Zanetic | Categoria: Violence, Public Security, Crime
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O impacto das ações de segurança sobre a criminalidade no Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-americanos de 2007 André Zanetic1

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................... 1 2. Aspectos metodológicos.......................................................................................... 3 3. Comparativo: Capital e Baixada Fluminense........................................................... 8 4 A evolução do crime entre as Áreas Integradas de Segurança Pública na cidade do Rio de Janeiro ........................................................................................................... 16 5. Conclusão ............................................................................................................. 22 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 26

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Este paper apresenta alguns dos principais resultados obtidos através do desenvolvimento de consultoria realizada para a Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP em convênio com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, visando avaliar as ações de prevenção e controle do crime desenvolvidas na cidade do Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-Americanos de 2007.

1. Introdução

Frente aos graves problemas relacionados ao crime e à violência no Brasil, assim como às ameaças de ações terroristas que podem se fazer presentes e são foco constante de atenção em eventos internacionais de grande clamor público, os Jogos Pan-Americanos realizados no Rio de Janeiro em Julho de 2007 tiveram o efeito de movimentar diversas entidades e agências nacionais e internacionais com o objetivo de prevenir e controlar a violência e ações criminosas na cidade. Nesse sentido, com investimentos de grande importância, foi planejado e executado um conjunto significativo de ações que buscaram, em seus diferentes matizes e características específicas, possibilitar o controle e redução da criminalidade no período. Dentre os programas implementados somaram-se ações específicas de segurança pública, relativas aos órgãos do sistema de justiça criminal, a políticas públicas focadas na prevenção primária, que objetivaram o fortalecimento de redes sociais e o enfrentamento de fatores relacionados à vulnerabilidade de grupos populacionais específicos e à degradação ambiental urbana. As ações específicas de segurança pública foram desenvolvidas entre diferentes instâncias de governo, que resultaram no reforço do policiamento local, com o incremento de seis mil homens da Força Nacional de Segurança, de dois mil homens da Polícia Federal, mil novos veículos e 27 aeronaves. Além do reforço no efetivo policial, a segurança do Rio de Janeiro contou também com um incremento tecnológico significativo, com a construção do Centro de Comando e Controle da Segurança e instalação de câmeras de monitoramento por batalhões de policiamento da Polícia Militar na Região Metropolitana do Rio.

O segundo conjunto de medidas, implementadas principalmente pelo Projeto Medalha de Ouro, buscaram, além de implantar novas iniciativas voltadas à segurança, oferecer suporte técnico aos programas existentes e impulsionar as diferentes esferas de governo na articulação de suas atividades. As diferentes ações desenvolvidas pelo projeto (Guias Cívicos, Espaços Urbanos Seguros, Brigadas Socorristas, Programa de Atenção e Proteção às Crianças, Programa de Atenção e Proteção às Famílias, capacitação de Gestores de Segurança Cidadã, Jogos Pré-PAN e implantação de Polícia Comunitária) absorveram um

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público próximo a 20 mil pessoas, entre jovens de 14 a 24 anos, lideranças comunitárias, meninos e meninas de rua, policiais e gestores de segurança.

Dado esse grande investimento, os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro constituíram um episódio diferenciado para a ação e para a ampliação do conhecimento sobre o campo das políticas de segurança, com a alocação de políticas de diversos matizes em um pequeno intervalo de tempo. Tendo em vista esse cenário, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de construir subsídios para a avaliação das ações de segurança que foram implementadas no Rio de Janeiro no período, buscando contribuir com a etapa de identificação de seus possíveis efeitos sobre a criminalidade e ampliar o conhecimento sobre o impacto de políticas públicas específicas da área da Segurança.

A meta aqui almejada, apesar de não ser exaustiva no sentido de abranger os diferentes campos de análise relacionados às dinâmicas criminais encontradas, as políticas implementadas e seu impacto social, foi a de identificar interconexões entre as incidências criminais, a partir da análise das ocorrências criminais oficiais registradas, e as principais inovações em termos de segurança que vieram fazer parte do cenário da cidade do Rio de Janeiro. Assim, este trabalho tem o duplo desafio de estabelecer relações entre as ações desenvolvidas e seu impacto sobre a prevenção, e ao mesmo tempo distinguir os efeitos desses dois campos principais de ações significativamente diferenciadas. Além das bases de dados relativas aos registros de ocorrência nas delegacias, as informações a que tivemos acesso, fornecidas oficialmente ou através da imprensa escrita e eletrônica, em especial relativas às datas de implementação e quantificação de recursos materiais, humanos e tecnológicos, constituíram a base de informações a partir das quais procuramos estabelecer uma relação lógica entre a dinâmica observada do crime e as mudanças implementadas no período.

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2. Aspectos metodológicos

O desenvolvimento desta análise foi realizado através de uma combinação de duas estratégias distintas de comparação de séries temporais: em primeiro plano utilizamos um modelo preditivo das séries de incidências criminais no Rio de Janeiro, de forma a criar um referencial comparativo entre os valores que foram observados ao longo de 2007 e os valores esperados em decorrência do processo recente de evolução desses indicadores. Com relação a esse processo recente de evolução dos crimes levamos em conta as mudanças estaticamente relevantes nas séries (como quebras de nível, variações sazonais e pulsionais e mudanças de tendência).

Para cada categoria criminal foram construídas séries mensais, seguindo a classificação por DP, Área Integrada de Segurança Pública - AISP, Região do Estado (Capital, Interior, Baixada e Grande Niterói), mês e ano da ocorrência2. Foram comparados os valores previstos e valores observados, de janeiro a agosto de 2007, com categorias criminais selecionadas de acordo com a relevância e com a existência de número de casos necessários para a análise das séries temporais. Os valores previstos foram construídos a partir das séries mensais de 2004 a 2006, sendo, portanto, considerados conjuntos de 36 observações mensais de cada tipo de categoria criminal pesquisada, para a geração dos valores previstos dos meses analisados do ano de 2007.

Os valores de 2004 a 2006 foram escolhidos para a construção das previsões porque, desde que se tenha um número mínimo de casos necessários para a metodologia de séries temporais, o ideal para este tipo de análise é trabalhar sempre com os dados mais recentes, capazes de prever com maior precisão os períodos subseqüentes. Assim, apesar de terem sido levantados os dados criminais a partir de abril de 2002, quando se inicia a série de informações criminais do Instituto de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro ISP/SSP-RJ, os dados apresentados nesta análise (exceto em relação a 2

Foram utilizados os dados divulgados mensalmente no Diário Oficial e disponibilizados no site do Instituto de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro ISP/SSP-RJ (www.isp.rj.gov.br). A análise foi desenvolvida fundamentalmente entre as grandes regiões do Estado do Rio de Janeiro, sobretudo entre a Capital e a Baixada Fluminense, de acordo com os objetivos propostos e a metodologia utilizada. O nível de menor agregação trabalhado correspondeu às Áreas Integradas de Segurança Pública – AISPs, sendo que a agregação por DPs comprometeria a análise estatística das séries temporais.

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algumas categorias criminais específicas, em que foram apresentadas as séries completas para ilustração da evolução das ocorrências) reportam-se ao horizonte temporal a partir de 2004. Os dados de 2003, como veremos adiante, foram também utilizados na validação da metodologia, para algumas das categorias analisadas. Para o desenvolvimento desta análise foi utilizado um modelo de estudo do tipo AntesDepois com Grupo de Controle, que se configura como o projeto experimental clássico para se permitir a medida de uma variável de interesse específica incrementada a um determinado grupo. Trata-se de um modelo comparativo entre um grupo experimental, onde ocorreu a inserção de uma variável específica que se quer medir, e um grupo de controle, no qual não foi incluída a nova variável. No caso em questão, o objetivo é comparar as ocorrências criminais nas áreas e distritos policiais onde foram implementadas novas medidas de contenção da criminalidade com as áreas que não foram atendidas por essas políticas no mesmo período.

Isso foi feito comparando-se inicialmente a cidade do Rio de Janeiro, onde foram realizadas as ações, com a Baixada Fluminense, região de alta densidade populacional e taxas de incidência criminal próximas às da capital carioca, e posteriormente comparando-se, na cidade do Rio de Janeiro, a incidência entre o conjunto de AISPs onde as ações foram desenvolvidas e as demais AISPs.

As previsões foram feitas utilizando-se o modelo proposto por Box-Jenkins chamado "intervention detection". Trata-se de um procedimento empírico do tipo “data driven”, que deixa os dados falarem por si só, sem assumir nenhum modelo aprioristico nem forçar datas específicas para as quebras de nível. Se um "outlier" existe na série – como uma queda significativa nos roubos -, então ele é simplesmente detectado. Ou seja, não se trata aqui da aplicação de modelos causais, mas apenas da descrição dos dados, tomando apenas cada série univariada isoladamente: trata-se basicamente de um processo de identificação, que envolve a verificação de diversos comportamentos e tendências utilizando os modelos ARIMA ou SARIMAX, preconizado por Box-Jenkins. Mais especificamente estamos em busca da identificação de eventos extraordinários ou “outliers”: pulse, seazonal pulse ou level interventions e em que momento exato do tempo eles se manifestam. Basicamente, verificamos se as séries mensais das áreas analisadas

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apresentam alguma alteração de nível (shift level interventions) – ou seja, uma mudança permanente na média e quando estas quebras ocorreram. O modelo checa a homogeneidade na média dos resíduos, que deve ser próxima à zero, para cada pedaço da série. Com base nessas diferentes características das séries, o modelo, por conseguinte, prevê os valores posteriores projetando a evolução “natural” através da identificação dessas características. Ao projetarmos os valores de janeiro a agosto de 2007, estamos procurando comparar as incidências mensais justamente nos períodos em que, em tese, haveria impacto em função dos Jogos. A vantagem de se fazer as comparações com os valores previstos é que estamos levando em consideração um conjunto maior de mudanças relevantes nas séries do que quando comparamos apenas com os valores observados de períodos anteriores. Este procedimento nos dá uma garantia maior para afirmar (ou não) se determinado índice encontrado para uma dada categoria criminal pode ter sido fruto de uma política ou evento específico, e atual, ou se na realidade esta mudança reflete um conjunto de mudanças mais amplo e que já estava ocorrendo antes do período analisado.

Por outro lado, os modelos preditivos também têm limitações significativas, com redução importante do potencial preditivo para as categorias criminais com poucos casos mensais ou mudanças importantes nas séries que não puderam ser captadas pelo modelo. Isto pôde ser observado com os testes realizados com as séries analisadas, de forma a avaliar a consistência das previsões. Foi realizado teste de validação para 12 tipos de ocorrências criminais, dentre as categorias mais relevantes para a análise, utilizando-se os anos de 2003 a 2005 (36 meses) para previsão dos meses de janeiro a agosto de 2006. Em 9 casos tivemos significância estatística com erro < 10%, sete deles com erro < 5% (Homicídio, Lesão Corporal Dolosa, Estupro, Roubo à Residência, Roubo de Veículo, Furto de Veículo, Roubo a Transeunte, Total de Roubos e Total de Furtos). A tabela abaixo exemplifica os resultados da validação: nos casos de homicídio doloso e roubo de veículos o erro no período, entre os valores reais e estimados, foi inferior a 2%.

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mês jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06

homicídio hom estimado 480 493 521 511 607 520 579 526 548 529 475 531 478 532 3688 3642

dif -13 10 87 53 19 -56 -54 46

dif% roubo veiculo rou veic estim -2,71 2723 2774 1,92 2916 2785 14,33 3153 2795 9,15 3136 3171 3,47 3261 3104 -11,79 2786 2826 -11,30 2668 2837 1,25 20643 20292

dif -51 131 358 -35 157 -40 -169 351

dif% -1,87 4,49 11,35 -1,12 4,81 -1,44 -6,33

1,70

Para contornar este problema e termos parâmetros alternativos ao modelo preditivo, realizamos, em segundo plano, comparações simples entre os períodos (meses) relevantes para avaliar o impacto durante os Jogos, entre os anos de 2006 e 2007. Dessa forma, optamos

por

fazer

as

análises

das

diferentes

categorias

criminais

trabalhando

simultaneamente com as duas formas de comparação, de forma a estabelecer uma medida mais segura e que pudesse reduzir as limitações uma à outra, aprimorando a compreensão das mudanças no período.

Além das estratégias de análise das incidências, um outro aspecto importante a ser enfocado nesta análise relaciona-se aos possíveis efeitos que um incremento em larga escala do contingente policial em uma área determinada possa ter sobre a evolução da criminalidade nessa área.

Como já apontado muitas vezes na literatura, a resposta à questão da influência da polícia sobre a criminalidade não é simples de se obter, pois em geral o efetivo policial cresce precisamente onde está crescendo a criminalidade; com efeito, em quase todas as polícias, o aumento da criminalidade em uma área é um dos critérios utilizados para a realocação do efetivo. Este fenômeno é conhecido como problema da “endogeneidade”: o crescimento de uma variável está positivamente associado ao crescimento da outra, dando a impressão de que o aumento do policiamento “gera” mais crime quando na verdade ele decorreu do aumento do crime, inviabilizando a aferição do impacto do aumento do efetivo sobre a criminalidade.

Para resolver este problema metodológico, os analistas procuram pela existência de uma variável “exógena”, ou seja, no caso, uma que afete o crescimento do efetivo, independentemente da variação na criminalidade. Os ciclos eleitorais norte americanos, por exemplo, foram utilizados por Lewit como uma variável exógena, que afeta o crescimento do

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efetivo nos anos eleitorais, independente da variação criminal. O raciocínio subjacente é que, em anos eleitorais, devido às pressões do eleitorado com o crime, há mais contratações nas polícias americanas. Com este artifício, Lewit corrobora a hipótese de que aumento no efetivo diminui a criminalidade. De toda forma, não há consenso na literatura com relação a este efeito, haja visto que outros estudos têm demonstrado que não há uma relação evidente entre os fenômenos.

Os casos de greve nas polícias e as operações tipo saturação também são utilizadas na literatura para testar o impacto dos níveis de policiamento sobre a criminalidade, mas greves policiais são eventos raros e operações saturação são realizadas em áreas muito pequenas, limitando as conclusões. Uma alternativa ao uso dos ciclos eleitorais, greves e saturações, é utilizar os dias em que por qualquer motivo, houve um aumento dos efetivos nas ruas e comparar os índices de criminalidade destes dias com outros dias de policiamento normal. Assim, por exemplo, podem-se tomar eventos como os dias das visitas de Bush e do Papa e da realização do Grande Prêmio Brasil de fórmula 1, ou os dias em que o policiamento na Capital foi reforçado em função dos ataques do PCC, todos ocorridos na cidade de São Paulo no ano de 2006, como um desses momentos alternativos, escolhendo-se o mesmo número de dias na semana anterior a cada um desses eventos - tomando os mesmos dias da semana para evitar a sazonalidade - e comparando-se o número de roubos nestes dois períodos. Com exceção do dia do GP Brasil (talvez porque o reforço no policiamento não tenha sido tão grande ou então porque o evento trouxe novas oportunidades de roubos de turistas, etc) foi observado que, nos demais dias em que houve um reforço no policiamento na capital paulista, houve uma queda significativa na quantidade de roubos (17,3%).

Assim, o significativo incremento do contingente policial no Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-Americanos configura um desses momentos diferenciados para se fazer esse tipo de investigação, ao mesmo tempo em que se constitui em um dos principais aspectos a serem observados nesta análise. Evidentemente, o contexto específico em que se deu tal mudança no policiamento também levanta outros problemas metodológicos para esta análise, uma vez que, por um lado, ela ocorreu simultaneamente à implantação de uma série de outras medidas de prevenção e controle do crime e, por outro lado, o acontecimento dos Jogos trouxe consigo o turismo e transformações importantes da circulação da população durante o período, o que, ao menos teoricamente, poderia levar a um aumento de tais incidências.

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3. Comparativo: Capital e Baixada Fluminense

As comparações dos valores previstos e observados foram feitas para a capital, onde ocorreram os Jogos, e também para a região da Baixada Fluminense, de forma a se controlar os possíveis impactos das ações de segurança que foram implementadas no período. A Baixada Fluminense é a segunda região mais populosa do Estado do Rio de Janeiro, com 3.871.405 habitantes (a Capital carioca possui atualmente 6.398.990), e o panorama de ocorrências criminais da região permite estabelecer comparações estatísticas com a capital. Assim, o primeiro objetivo da análise foi observar se de fato houve mudanças significativas na evolução criminal no período, e, tendo ocorrido de fato, se é possível creditar esse efeito a mudanças específicas na cidade do Rio de Janeiro.

Portanto espera-se que, se de fato há um efeito significativo das ações de prevenção e controle do crime no Rio de Janeiro durante os Jogos, este deve se tornar evidente na comparação entre as duas regiões. As próximas tabelas apresentam os resultados dessa comparação entre os indicadores criminais observados no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. Foram analisados 21 indicadores, entre ocorrências de crimes contra a pessoa, crimes contra o patrimônio, crimes contra o costume e indicadores de atividade policial.

Tipo de ocorrência CRIMES CONTRA A PESSOA Homicídio doloso Homicídio tentado Lesão corporal dolosa Encontro de cadáver CRIMES CONTRA OS COSTUMES estupro CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Furto de veiculo Roubo a transeunte Roubo a estab. comercial Roubo a residência

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Roubo de veículo Roubo de carga Roubo em coletivo Roubo ap. celular Roubo c/ saque em Instituição financeira (seqüestro relâmpago) latrocínio Roubos furtos INDICADORES DE ATIVIDADE POLICIAL Apreensão de drogas Apreensão de armas Prisões resistência

As duas próximas tabelas apresentam, para o Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, a comparação entre a evolução criminal observada no período, para cada um dos indicadores selecionados, considerando-se tanto a diferença observada entre 2007 e 2006 quanto a diferença observada entre 2007 e a previsão para 2007, dada pela projeção do modelo de séries temporais. O período enfocado corresponde aos meses de junho, julho e agosto de 2007, em que esperamos encontrar os efeitos mais robustos na evolução criminal, abarcando do mês anterior ao início dos Jogos Pan-Americanos até o mês subseqüente aos Jogos, em que foram realizados os Jogos Para Pan-americanos. As três primeiras colunas apresentam a diferença entre as médias de janeiro a maio e as médias de junho a agosto, para cada um dos diferentes períodos: valores observados de 2007 (A); valores observados de 2006 (B) e valores previstos para 2007 (C). As duas últimas colunas apresentam as diferenças entre os valores apresentados nas colunas A, B e C: assim, a quarta coluna (A/B) mostra a diferença entre 2007 e 2006, e a quinta coluna (A/C) mostra a diferença entre 2007 (observado) e 2007 (previsto). Para fins de comparação estamos considerando apenas diferenças superiores a 5 ou inferiores a -5 como significativas. Valores fora desse parâmetro estão destacados em cinza, enquanto as quedas nos indicadores estão destacadas em verde e os incrementos, em vermelho (devese destacar que, no caso das prisões, o aumento pode ser visto como “positivo”, indicando ampliação da atividade policial. Por outro lado, reduções nas apreensões de armas e drogas também podem refletir o efeito inibidor da ação policial sobre o porte de armas e drogas).

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RESUMO CAPITAL

Tipo de ocorrência

Homicídio doloso Homicídio tentado Roubo a transeunte Furto de veiculo Lesão corporal dolosa estupro Encontro de cadáver Roubo a estab. comercial Roubo a residência Roubo de veículo Roubo de carga Roubo em coletivo Roubo ap. celular Roubo c/ saque em IF

A B Diferença (%) entre Diferença (%) entre as médias mensais as médias mensais de janeiro a maio e de janeiro a maio e as médias mensais as médias mensais de junho a agosto - de junho a agosto – 2007 2006

C Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto previsão 2007

Diferença (%) A/B*

Diferença (%) A/C**

5,85

-5,16

-1,56

-0,30

3,12

3,78

4,80

0,25

-0,77

-8,39

9,27

3,22

-17,66

-11,61

-13,03

-11,39

0,00

-1,64

-13,92

-20,29

0,00

6,37

-38,27

-20,90

1,72

-17,37

1,54

-8,40

0,00

9,94

-2,84

-7,41

0,00

-15,95

-10,53

-5,01

-5,42

-10,94

-28,74

-18,61

-10,32

-10,12

-18,41

-1,23

24,06

-2,09

-25,29

0,86

-9,55

16,08

-2,02

-25,63

-7,53

4,17

42,28

0,00

-38,11

4,17

-32,54

-34,52

0,00

1,98

-32,54

-4,49

-0,47

-1,10

-4,01

-3,38

-5,94

1,86

3,37

-7,79

-9,30

-14,00

-0,15

11,53

-13,84

-25,53

-6,63

11,79

11,50

-18,42

-18,13

8,00

-9,52

-13,07

17,52

21,08

-13,23

33,08

40,77

-46,31

-54,00

-14,21

-20,06

-9,05

1,56

1,87

4,03

-13,03 -13,92 -39,99 1,54 -2,84

-4,57

latrocínio Roubos furtos Apreensão de drogas Apreensão de armas Prisões resistência * Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados de 2006 e 2007. ** Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007.

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RESUMO BAIXADA

Tipo de ocorrência

Homicídio doloso Homicídio tentado Roubo a transeunte Furto de veiculo Lesão corporal dolosa estupro Encontro de cadáver Roubo a estab. comercial Roubo a residência Roubo de veículo Roubo de carga Roubo em coletivo Roubo ap. celular Roubo c/ saque em IF

A B Diferença (%) entre Diferença (%) entre as médias mensais as médias mensais de janeiro a maio e de janeiro a maio e as médias mensais as médias mensais de junho a agosto - de junho a agosto – 2007 2006 -11,02 -3,81

C Diferença (%) entre as médias mensais de janeiro a maio e as médias mensais de junho a agosto previsão 2007 0,00

Diferença (%) A/B*

Diferença (%) A/C**

-7,21

-11,02

-10,13

2,34

0,00

-12,47

-10,13

6,89

16,77

6,89

-10,31

-0,44

5,29

3,35

-2,37

1,93

7,66

-7,79

-7,77

0,00

-0,02

-7,79

-5,19

-8,90

-15,82

3,71

10,63

-36,11

5,86

0,00

-41,97

-36,11

-9,68

-16,37

-7,14

6,69

-2,53

4,84

-3,45

0,00

8,29

4,84

-19,55

-3,16

0,00

-16,39

-19,55

-0,99

-30,11

6,71

29,12

-7,70

-15,46

22,66

7,01

-38,12

-22,47

14,60

11,49

0,00

3,11

14,60

316,67

-61,54

-37,50

378,21

354,17

81,82

-50,98

-28,57

132,80

110,39

-2,95

3,38

3,27

-6,33

-6,22

8,26

11,07

8,97

-2,81

-0,72

5,61

36,69

1,19

-31,08

4,42

-0,31

8,80

1,53

-9,11

-1,84

5,38

10,47

-1,10

-5,09

6,48

1,78

-0,99

-14,84

2,77

16,62

latrocínio Roubos furtos Apreensão de drogas Apreensão de armas Prisões resistência * Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados de 2006 e 2007. ** Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007.

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De uma forma geral, ao olharmos para a comparação entre os valores previstos e observados, pode-se perceber que há quedas significativas da atividade criminal em ambas as regiões. No entanto, o impacto é consideravelmente mais evidente na capital, com quedas criminais mais pronunciadas em 13 das 21 categorias criminais, além do aumento significativo no número de prisões. Não há nenhum caso de aumento nos índices criminais na capital no período comparado.

Na baixada, entretanto, o mesmo efeito não ocorre, havendo crescimentos significativos em alguns dos indicadores criminais, além das quedas serem menos significativas do que na capital. Apesar disso, é possível dizer que a baixada também sofre um impacto importante, talvez pegando carona dos efeitos ocorridos no Rio de Janeiro – podendo ser efeito de fatores como deslocamento populacional, que teria reduzido as oportunidades para o crime; da divulgação da ostensividade policial no período; da presença policial mais marcante nas rodovias e cidades que compõem a região, etc.

Pode-se notar que, embora os valores obtidos nas comparações entre 2007 e 2006 e entre valores previstos e observados de 2007 sejam próximos, em algumas ocorrências há mudanças substantivas. Comparando-se com o ano anterior, a evolução entre os primeiros meses do ano e os meses analisados (junho, julho e agosto) revela que homicídio, estupro e roubo a estabelecimento comercial aumentaram comparativamente no período na capital – o que pode ser resultado de tendências discrepantes nos dados de 2006, com crescimento ou declínio fora do esperado em determinados meses do ano. Apesar disso, a maior parte dos crimes, sobretudo crimes patrimoniais, revela importante tendência de declínio, assim como os indicadores de atividade policial (apreensão de armas, de drogas e resistência policial em queda, e prisões em crescimento importante – 17,52).

A tabela abaixo apresenta as diferenças, entre capital e baixada, entre os comparativos apresentados nas tabelas acima, de forma a comparar diretamente as duas regiões em relação à evolução criminal no período analisado.

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Diferença (%)

Diferença (%)

D

Diferença (%)

Diferença (%)

E

Tipo de ocorrência A/C**baixada A/C** capital Diferença A/B* baixada A/B* capital Diferença Roubo c/ saque em IF (seqüestro relâmpago) 350 354,17 4,17 378,21 -38,11 416,32 latrocínio 110,39 -32,54 142,93 132,8 1,98 130,82 resistência 70,62 16,62 -54 2,77 -46,31 49,08 Apreensão de drogas 29,95 4,42 -25,53 -31,08 -13,84 -17,24 estupro 24,55 10,63 -13,92 3,71 6,37 -2,66 Roubo ap. celular 22,13 14,6 -7,53 3,11 -25,63 28,74 Furto de veiculo 19,27 7,66 -11,61 1,93 -17,66 19,59 Apreensão de armas 16,29 -1,84 -18,13 -9,11 -18,42 9,31 Prisões -14,6 6,48 21,08 -5,09 17,52 -22,61 Roubo de carga 10,71 -7,7 -18,41 29,12 -10,12 39,24 furtos 8,58 -0,72 -9,3 -2,81 -7,79 4,98 Roubo a residência 7,68 4,84 -2,84 8,29 -4,57 12,86 Lesão corporal dolosa 5,24 -7,79 -13,03 -0,02 -1,64 1,62 Encontro de cadáver -36,11 -39,99 3,88 -41,97 -17,37 -24,6 Roubo a transeunte -0,44 -0,77 0,33 -10,31 0,25 -10,56 Roubos -6,22 -3,38 -2,84 -6,33 -4,01 -2,32 Roubo a estab. comercial -2,53 1,54 -4,07 6,69 9,94 -3,25 Homicídio doloso -11,02 -5,16 -5,86 -7,21 5,85 -13,06 Roubo de veículo -19,55 -10,94 -8,61 -16,39 -5,42 -10,97 Homicídio tentado -10,13 3,12 -13,25 -12,47 -0,3 -12,17 Roubo em coletivo -22,47 0,86 -23,33 -38,12 -25,29 -12,83 * Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados de 2006 e 2007. ** Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007.

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Em resumo, ao observarmos as diferenças entre as duas a regiões, vemos claramente um efeito diferenciado entre a capital carioca e a baixada fluminense em relação à evolução do crime e dos indicadores de atividade policial no período. Considerando-se as comparações com o modelo preditivo (coluna D), 13 categorias criminais tiveram evolução significativamente diferenciada dos números observados na Baixada. Considerando-se as comparações entre os anos de 2007 e 2006, temos 10 categorias apresentando essa mesma relação. Desta forma, pode-se dizer que se há um impacto significativo das ações de segurança no Rio de Janeiro durante os Jogos Pan-Americanos, este se deu, sobretudo, nas reduções dos índices de latrocínio, resistência (morte de civil em confronto com a polícia), apreensão de drogas, estupro, roubo de celular, furto de veiculo, apreensão de armas, roubo de carga, furtos lesão corporal dolosa, aumento das prisões e, sendo menos exigentes com os pontos de corte, também os roubos à residência. No caso dos roubos com condução de vítimas em instituições financeiras (seqüestro relâmpago), os índices efetivamente caem apenas quando se compara o valor observado de 2007 e o de 2006. Neste caso, estamos considerando que o efeito possa ter se manifestado com o crescimento significativamente menor do que na Baixada. Por outro lado, crimes como homicídios e roubo de veículos, que apresentaram queda também na Baixada, tanto podem ter sido efeitos independentes das ações no período, quanto efeitos que ocorreram em ambas as regiões devido ao impacto dispersivo dessas ações, com a região da baixada refletindo os efeitos indiretos desse processo. Além dessas categorias criminais que apresentaram queda mais significativa na capital, ou queda similar em ambas as regiões, os roubos em coletivo e as tentativas de homicídio caíram apenas na Baixada, indicando também que algumas das evoluções criminais observadas no período podem estar apresentando efeitos de outras dinâmicas independentes das ações e eventos relacionados aos Jogos Pan-Americanos.

Apesar das quedas não serem, em sua maioria, muito pronunciadas, a existência desse movimento em diversos crimes fortalece o argumento em favor do impacto positivo que as diferentes ações desenvolvidas possam ter tido sobre a cidade no período. As diferenças mais pronunciadas ocorreram nos crimes contra o patrimônio, como nos roubos de celular e de carga, furtos de veículos e total de furtos. Mudanças significativas também ocorreram

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nos indicadores de atividade policial, com o aumento do número de prisões e o decréscimo das apreensões de armas e drogas. Isto sugere um impacto bastante importante do incremento do contingente policial e de sua ostensividade, influenciando mais fortemente a redução dos crimes contra os patrimônios do que crimes contra a pessoa, inibindo a presença de armas e drogas nas ruas e gerando maior número de prisões.

Deve-se destacar que, dado o contexto específico dos Jogos, com ampliação em larga escala do turismo, do aumento da circulação da população e do volume de bens de consumo nas ruas da cidade, que poderiam ter ampliado as oportunidades para o cometimento de crimes, as quedas observadas poderiam ter sido ainda maiores. Como já observado pela literatura criminológica especializada, incrementos nas incidências criminais, em especial dos crimes contra o patrimônio, são esperados em períodos de mudanças abruptas na circulação populacional e bens de consumo, como ocorre em eventos semelhantes aos Jogos Pan-Americanos. Com relação à dispersão desses efeitos na cidade do Rio de Janeiro, resta ainda saber se este impacto observado ocorreu de forma homogênea na capital carioca ou se, por outro lado, essas mudanças foram sentidas mais fortemente em determinadas áreas da capital em detrimento de outras, dada a localização dos eventos relacionados aos Jogos e às ações realizadas no período.

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4 A evolução do crime entre as Áreas Integradas de Segurança Pública na cidade do Rio de Janeiro

Dentre as 18 Áreas Integradas de Segurança Pública - AISPs da cidade do Rio de Janeiro, 14 foram sede de pelo menos um dos eventos esportivos realizados durante os Jogos. Essas áreas, ao menos em tese, correspondem aos principais locais onde foram implementadas novas medidas de prevenção e controle da criminalidade, seja pela alocação de contingente e monitoramento integrado das ações policiais, seja pelas ações preventivas desenvolvidas no âmbito do Projeto Medalha de Ouro. Portanto, nessas áreas poderíamos esperar um maior impacto das ações de segurança implementadas sobre as ocorrências criminais. Apenas as AISPs 9, 17, 22 e 27, indicadas na tabela abaixo, não abrigaram nenhum dos eventos dos Jogos Pan-Americanos na capital carioca. AISP BAIRROS Cidade Nova, Estácio, Catumbi, Rio Comprido e Santa Tereza. 1 Glória, Catete, Laranjeiras, Flamengo, Cosme Velho, Humaitá, Botafogo e Urca. 2

DPs 6e7 9 e 10

Meier, Lins Vanconcelos, Cachambi, Higienópolis, Maria da Graça, Del Castilho, Engenho de Dentro, Pilares, Abolição, Encantado, Piedade, Água Santa, Inhaúma, Eng. Rainha, Tomaz Coelho, Jacarezinho, Riachuelo, Jacaré,

3 4 5 6

São Francisco Xavier, Rocha, Sampaio, Engenho Novo e Todos os Santos. São Cristovão, Mangueira e Cajú. Santo Cristo, Gamboa e Saúde. Praça da Bandeira, Tijuca, Alto da Boa Vista, Maracanã, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú. Vila Cosmos, Vila da Penha, Vista Alegre, Irajá, Colégio, Vicente de Carvalho, Oswaldo Cruz, Campinho, Cascadura,

23, 24, 25, 26, 44 17 1e4 18,19,20

Quintino Bocaiúva, Madureira, Engenheiro Leal, Cavalcanti, Turiaçu, Vaz Lobo, Marechal Hermes, Bento Ribeiro,

9 13 14 16 17

Coelho Neto , ADari, Barros Filho, Costa Barros, Pavuna, Honório Gurgel , Rocha Miranda e Praça Seca. Centro Guadalupe, Anchieta, Parque Anchieta, Ricardo de Albuquerque, Deodoro, Vila Militar, Magalhães Bastos, Campos dos Afonsos, Realengo, Jardim Sulacap, Padre Miguel, Bangu e Senador Camará. Penha, Complexo do Alemão, Olaria, Bráz de Pina, Cordovil, Penha Circular, Parada de Lucas, Vigário Geral e Jardim América. Zumbi, Cacuia, Cocotá, Praia da Bandeira, Freguesia, Ribeira, Pitangueiras, Bancários, Portuguesa, Jardim Carioca,

27,28,29,30,39,40 5 31,33,34 22,38 37

Cidade Universitária, Jardim Guanabara, Moneró, Tauá e Vila Paquetá. Anil, Gardênia Azul, Pechincha, Cidade de Deus,Galeão, Jacarepaguá, Valqueire, Curicica, Taquara, Freguesia e

18 19 22 23 27

Tanque. Leme e Copacabana.

31

Joá, Camorim , Vargem Grande, Grumari, Itanhangá, Vargem Pequena, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca.

39

Ramos, Bonsucesso, Manguinhos, Benfica e Maré. Leblon, Lagoa, Ipanema, São Conrado, Gávea, Vidigal, Rocinha e Jardim Botânico. Paciência, Santa Cruz e Sepetiba.

Campo Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos, Guaratiba, Barra de Guaratiba e Pedra de Guaratiba.

32,41 12,13 21 14, 15 36 16 35, 43

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro – ISP/SSP-RJ

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MAPA COM A DISTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS POR AISP

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro – ISP/SSP-RJ e Comitê Organizador – CO/RJ

Seguindo a mesma lógica da análise comparativa entre o Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense, a comparação entre o conjunto das 14 AISPs onde houveram as ações relacionadas aos Jogos com as 4 AISPs restantes onde não foram desenvolvidas as

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mesmas atividades demonstraram também ter havido, embora em menor grau, uma diferença significativa entre os indicadores criminais no período3.

Considerando-se as diferenças entre as previsões para 2007 e o montante das ocorrências observadas entre os meses analisados, vemos que há diferenças significativas na evolução criminal dos furtos de veículos, roubo a transeunte, roubo a celular, total de furtos e tentativas de homicídio. Além disso, como também observado na comparação entre capital e baixada, há uma diferença importante entre as apreensões de armas e drogas no período, ambas decrescendo nas áreas onde houve os eventos e crescendo comparativamente nas áreas correspondentes ao conjunto das 4 AISPs sem eventos relacionados ao Pan.

Com exceção dos roubos a transeuntes e das tentativas de homicídios, os demais indicadores aparecem com uma clara tendência de redução também na comparação entre capital e baixada, reforçando a hipótese de que o impacto das ações de segurança durante os Jogos Pan-Americanos teria surtido um efeito mais pronunciado neste conjunto específico de indicadores.

3

Dado o pequeno número de casos do grupo de AISPs sem as ações relacionadas ao Pan, ocorrências como roubo para saque em instituição financeira (seqüestro relâmpago) latrocínio, estupro, roubo a residência, roubo de carga, encontro de cadáver e resistência não foram utilizadas nesta parte da análise.

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Tipo de ocorrência Furto de veiculo Roubo a transeunte Roubo a celular furtos Apreensão de armas Apreensão de drogas Homicídio tentado Prisões Roubo a estab. comercial Roubos Lesão corporal dolosa Roubo de veículo Roubo de carga estupro Homicidio doloso Roubo a residência

Diferença (%) aisps sem eventos relacionados ao Pan * 13,55 17,67 8,52 5,28 -2,71 -6,94 7,94 3,39 0,43 -2,68 -14,49 -20,16 -36,84 -25,19 -16,00 -12,67

Diferença (%) aisps com eventos relacionados ao Pan * diferença 27,73 -14,18 21,91 -4,25 20,91 -12,39 17,12 -11,84 11,53 -14,24 9,49 -16,43 9,64 -1,70 0,61 2,78 0,13 -0,69 -8,46 -4,96 -12,40 0,00 -13,23 19,65

0,31 -2,00 -6,03 -15,20 -24,45 -25,19 -2,77 -32,32

* Representa a diferença entre as diferenças percentuais das médias mensais, considerando-se os valores observados e previstos de 2007. Tomando-se como exemplo os furtos de veículos e total de furtos, com grande volume de ocorrências, vemos, nos mapas a seguir, a forma significativamente homogênea como se deu a queda desses indicadores específicos no Rio de janeiro no período analisado, com uma tendência maior de aumento em relação ao previsto nas quatro AISPs aqui tomadas como grupo de controle4.

4

Os mapas apresentam as variações mensais dos períodos analisados, por AISP, entre os valores previstos e observados.

19

Por outro lado, prisões, lesões corporais, roubo de carga, estupro e roubo a residência não sofrem o mesmo efeito do que o identificado na comparação entre capital e baixada. Nesses três últimos casos, ao contrário, parece haver ter havido uma mudança

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significativa nas AISPs sem ações relacionadas aos jogos, em relação às áreas em que se desenvolveram os Jogos, o que em tese descartaria a hipótese de ter havido algum tipo de influência com relação a esses indicadores. Em resumo, pode-se dizer que entre as AISPs da capital há um impacto significativo no período analisado em parte dos indicadores, sendo que alguns deles (furtos de veículos, roubo a celular, total de furtos, apreensões de armas e apreensões de drogas) refletem um processo semelhante ao observado entre a capital e a baixada. Embora menos pronunciadas do que na comparação entre as duas regiões, o impacto observado reforça a relação entre essa queda e as ações desenvolvidas no período.

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5. Conclusão

Os Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados na cidade do Rio de Janeiro trouxeram consigo, graças ao grande investimento realizado na área da segurança, uma mudança significativa

no

período

em

termos

de

redução

de

crimes.

O

impacto

foi

consideravelmente mais pronunciado na capital - onde se realizaram os eventos – em relação à Baixada Fluminense, com quedas em 13 das 21 categorias criminais analisadas, além do aumento significativo no número de prisões. As diferenças mais significativas ocorreram nos crimes contra o patrimônio, como nos roubos de celular e de carga, furtos de veículos e total de furtos. Mudanças significativas também ocorreram nos indicadores de atividade policial, com o aumento do número de prisões e o decréscimo das apreensões de armas e drogas. Ao comparamos, na cidade do Rio de Janeiro, as AISPs em que ocorreram os eventos relacionados aos Jogos com as demais, notou-se também um impacto significativo no período analisado em parte dos indicadores, sendo que alguns deles (furtos de veículos, roubo a celular, total de furtos, apreensões de armas e apreensões de drogas) refletiram um processo semelhante ao observado entre a capital e a baixada. Embora menos pronunciadas do que na comparação entre capital e baixada, este impacto também reforça a relação entre essa queda e as ações desenvolvidas no período. Estes resultados sugerem ter havido um impacto significativamente importante do incremento do contingente policial e de sua ostensividade, influenciando mais fortemente a redução dos crimes contra os patrimônios do que crimes contra a pessoa, inibindo a presença de armas e drogas nas ruas e gerando maior número de prisões.

Embora não haja consenso na literatura criminológica sobre o impacto do número de policiais sobre o crime, dado principalmente pela dificuldade de se medir os efeitos dessas mudanças no policiamento, uma vez que tais incrementos no policiamento ocorrem em geral nas áreas e períodos em que há aumento da criminalidade - o que poderia gerar a falsa impressão de que a criminalidade cresce com o aumento do policiamento - , a observação de momentos específicos em que há incremento policial

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motivado por outras razões que não o aumento do crime (ampliação dos gastos com policiamento em anos eleitorais, eventos culturais e esportivos de grande porte) tem revelado impactos significativos na redução de certos tipos de crimes. As quedas criminais observadas no Rio de Janeiro neste período parecem novamente corroborar esses efeitos.

Por outro lado, como apontam especialistas como Laurence Sherman, mais importante do que aumentar indefinidamente a quantidade de policiais em circulação é a garantia de que os policiais existentes, qualquer que seja a quantidade, estejam fazendo a coisa certa. Ou seja, a questão se definiria de forma mais qualitativa do que quantitativa: “se policiais adicionais previnem o crime ou não, pode depender de quão bem eles estão focados em objetivos, tarefas, locais, períodos e pessoas específicas. Acima de tudo, pode depender da colocação de policiais onde os crimes sérios estão concentrados, nos períodos em que são mais prováveis de ocorrer: policiamento focado em fatores de risco”. (Sherman, 1997).

Tendo em vista a observação de Sherman, em muito enriqueceria esta discussão se pudéssemos tecer uma análise mais aprimorada sobre as mudanças que foram adicionadas ao policiamento do Rio no período, em especial com relação à atuação da Força Nacional de Segurança Pública e outras organizações policiais que atuaram no período. Uma vez que parece ter havido um efeito significativo do policiamento implantado no Rio no período, é necessário saber mais sobre os aspectos qualitativos de atuação das organizações, seu perfil, que tipos de eventos necessitam da atuação de forças policiais externas.

Nesse

sentido,

importantes

questões

se

colocam

em

relação

ao

desenvolvimento dessas ações na prática: Como foi o perfil e a estratégia em termos de prevenção e controle do crime? Quem coordenou as ações e como isso foi feito? Como foi a integração com as forças locais? Como foram registradas as ocorrências que envolveram a força nacional, e como foi feito o aprisionamento? Elucidar essas questões, utilizando-se do montante de informações criminais existentes no período, seguramente poderá ajudar a traçar um perfil eficiente das práticas exitosas que podem vir a ser replicadas no âmbito das políticas de segurança pública.

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Pode-se considerar também que os demais projetos desenvolvidos no período, enfocando, sobretudo, aspectos de prevenção primária e de ampliação do capital social nas comunidades próximas aos locais de realização dos eventos também tenham surtido efeitos significativos. Porém, dada a sobreposição das ações policiais e dos demais projetos preventivos, localizados nas mesmas áreas, não podemos dissociar essas ações e medi-las separadamente, de forma a identificar o impacto de cada uma. Pode-se, entretanto, aventar a hipótese de que a influência dos projetos teria feito com que as quedas identificadas nas ocorrências criminais tenham sido ainda maiores (ou que crimes que cresceram no período tenham crescido menos). Para uma análise mais precisa desses impactos seria necessário conjugar uma abordagem específica sobre os diferentes projetos e as áreas de concentração de suas ações, o número de participantes, os períodos em que se desenvolveram e a influência de cada projeto sobre as comunidades atendidas. Além do impacto das políticas e ações implementadas durante os Jogos sobre a criminalidade no período, outras questões não menos importantes também constituem importante foco de atenção para a gestão de políticas de segurança e para a percepção social sobre o crime e a violência. Entre elas destaca-se o impacto significativo que as ações de segurança, em especial a ampliação do policiamento, tiveram sobre percepção da população do Rio sobre a criminalidade. Como exemplo desse impacto, pesquisa da Fecomércio realizada nos dias 25 e 26 de julho de 2007, na Região Metropolitana do Rio, com 1.008 moradores, a segurança foi eleita pelos cariocas como o “ponto alto” dos Jogos, com 7,2 pontos (com notas de 0 a 10). Tal percepção, que parece demonstrar a satisfação dos cariocas com as ações implementadas no período, já constitui per si um resultado importante em termos de garantias de qualidade de vida almejadas pelas políticas de segurança. Mesmo que por um período curto, a população do Rio de Janeiro pôde sentir-se segura e quiçá ganhar maior confiança na eficácia de políticas de segurança e soluções possíveis para os problemas relacionados ao crime e a segurança pública.

Por fim, destaca-se também o fato de que parte considerável dos recursos implementados no Rio deverá permanecer na cidade após os Jogos. Assim, apesar do efeito aparentemente passageiro que as ações de segurança tenham imprimido ao Rio de janeiro no período, com os índices posteriormente voltando a aproximar-se dos índices

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pré-Pan, como parecem indicar os índices referentes ao mês de agosto, a boa experiência vivenciada no período, tanto com as quedas de crimes quanto com os recursos que ficarão, são sem dúvida um importante legado que os jogos PanAmericanos deixarão à cidade. Tais recursos, como policiais, câmeras de monitoramento e automóveis poderão contribuir inclusive para que ao menos parte das quedas observadas na criminalidade se mantenha na cidade. Espera-se também que tais experiências acumuladas possam ajudar a construir caminhos virtuosos para a prevenção e o controle do crime não apenas no Rio de janeiro, mas também em outras regiões do país.

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