PARA ALÉM DA LINHA DO TREM: HISTÓRIAS SOBRE LÍNGUAS E ESTIGMA

July 14, 2017 | Autor: Antonieta Megale | Categoria: Bilingualism
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III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE

PARA ALÉM DA LINHA DO TREM: HISTÓRIAS SOBRE LÍNGUAS E ESTIGMA Antonieta Heyden Megale1 Nós temos sempre necessidade de pertencer a alguma coisa; e parece que a liberdade plena seria a de não pertencer a coisa nenhuma. Mas, como é que se pode não pertencer à língua que se aprendeu, à língua com que se comunica e com que se escreve? José Saramago

Resumo: Este estudo parte do pressuposto principal de que a língua é construtora da identidade do sujeito e dos processos discursivos e não mero instrumento de mediação/comunicação com o mundo externo. Desse modo, quando discorro a respeito da questão da identidade e da subjetividade, remeto-me a uma visão de sujeito essencialmente histórico, ideológico e heterogêneo, constituído na e pela linguagem. O objetivo deste trabalho é analisar a luz de teóricos da identidade, como Habermas (1976), Ciampa (1984, 1990, 2004) e Goffman (1988), recortes discursivos de sujeitos bilíngues falantes de inglês e português a fim de mostrar a irrupção de discursos em torno da identidade. Esses recortes denunciam recalques, inibições, invenções e imagens que constituem o imaginário desses sujeitos – como eles se veem e acreditam serem vistos – construindo, como afirma Ciampa (1984), as personagens de sua própria história. Metodologicamente, este trabalho foi realizado a partir do que Courtine (1981), ao trabalhar com corpus de pesquisa na Análise de Discurso, define como corpus experimental. Para o autor, corpus experimental é aquele produzido a partir de enquetes empíricas. Neste trabalho foi utilizado um questionário contendo três perguntas abertas: (1) Você se preocupa com seu sotaque? Por quê? (2) Como você se relaciona com os dois grupos sociais referentes às línguas que utiliza? (3) Como você acha que é visto por estes grupos sociais? Em alguns casos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas quando algum ponto do questionário necessitava de esclarecimento. O questionário foi formulado com o intuito de fazer surgir saberes e estereótipos sobre as línguas que constituem os participantes da pesquisa e sobre as relações sociais estabelecidas com os dois grupos sociais referentes às línguas utilizadas. A seleção dos participantes foi definida obedecendo a quatro critérios: (i) ser brasileiro, (ii) ser falantes de português e inglês, (iii) utilizar ambas as línguas em alguma esfera de suas vidas, por exemplo, profissional, familiar, entre outras; e (iv) ser escolarizados, uma vez que responderiam o questionário por escrito. A análise dos dados sugere que há diversas maneiras de se viver entre línguas, mas que é impossível negar que saber mais de uma língua imprime, como afirma Coracini (2007), marcas indeléveis a subjetividade que se (re)constrói a todo momento. Além disso, há evidências da existência de estigma, que segundo Goffman (1988) ocorre como consequência da discrepância entre a identidade social virtual e a identidade social real do sujeito. Este trabalho encontrou evidencias do terceiro tipo de estigma proposto pelo autor - estigmas tribais de raça, nação e religião, uma vez que ao se compararem com falantes oriundos de países de língua inglesa, falantes bilíngues brasileiros se colocam em uma posição estigmatizada seja (a) por sua condição de latino e de ideias preconcebidas acerca de ser brasileiro, ou (b) por um sentimento de inferioridade pela percepção de seu sotaque, o que ocasiona um processo de vitimização a fim de corrigir diretamente o que consideram a base objetiva de seu defeito – o sotaque.

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Mestranda em Linguística Aplicada – PUC-SP

III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE

1. Situando esse trabalho Este estudo parte do pressuposto principal de que a língua é construtora da identidade do sujeito e dos processos discursivos e não mero instrumento de mediação/comunicação com o mundo externo. Desse modo, quando discorro a respeito da questão da identidade e da subjetividade, remeto-me a uma visão de sujeito essencialmente histórico, ideológico e heterogêneo, constituído na e pela linguagem. O objetivo deste texto é analisar a luz de teóricos da identidade representações sobre as línguas que falam e sobre si mesmo nos recortes discursivos

de

sujeitos

bilíngues

falantes

de

inglês

e

português.

Essas

representações, por vezes, denunciam recalques, inibições, invenções e imagens que constituem o imaginário desses sujeitos – como eles se veem e acreditam serem vistos – construindo, como afirma Ciampa (1984), as personagens de sua própria história. Para isso, me proponho inicialmente discutir o conceito de identidade à luz de teóricos como Habermas (1976), Ciampa (1984, 1990, 2004) e Goffman (1988). A seguir, descrevo o contexto e os participantes dessa pesquisa. Fechando a discussão, apresento as representações desses sujeitos sobre as línguas que falam e sobre o grupo a que pertencem. Essas representações apontam para existência de estigma relacionado à condição de latino e de ideias preconcebidas acerca de ser brasileiro, além de um sentimento de inferioridade devido ao seu sotaque brasileiro ao falar inglês. 2. Esclarecendo conceitos: identidade e estigma O conceito de identidade tem sido amplamente discutido e, ao mesmo tempo, problematizado nos últimos anos por estudiosos de diversas áreas e a partir de diferentes linhas teóricas. Coracini (2003) enfatiza que vivemos em um momento privilegiado de questionamentos de tudo que parece preestabelecido e justificado e é em meio a tantos questionamentos que o sujeito procura reconhecer-se e encontrar uma explicação de sua própria condição. Ciampa (1990), um dos estudiosos brasileiros mais significativos acerca desse tema, defende que a identidade é um constructo social resultante da relação dialética entre o indivíduo e a sociedade. Nessa relação, de acordo com o autor, o indivíduo é configurado não apenas como personagem, mas também como autor de sua própria história. Essa configuração, salienta Ciampa (1984), ocorre uma vez

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que não se pode isolar de um lado todo um conjunto de elementos biológicos, psicológicos e sociais que podem caracterizar um indivíduo e de outro lado, a representação desse indivíduo como uma duplicação simbólica que expressaria sua identidade. Dessa forma, há uma interpenetração desses dois aspectos o que impossibilita a separação da identidade pressuposta e a representação desse indivíduo. Sendo assim, se faz fundamental entender que sempre há a “pressuposição de uma identidade” (CIAMPA, 1990, p. 153), isto é, sempre existe uma predicação atribuída ao indivíduo pelo ‘Outro’, ou seja, há uma nomeação de atributos individuais nas relações que se dão no âmago de uma estrutura social. Trata-se, então, de uma identidade que é dada, atribuída, outorgada e mediada pelo Outro. Assim, de acordo com essa pressuposição, o indivíduo, como ser social, é “um serposto” (CIAMPA, 1990, p.164), uma vez que carrega em si o conhecimento compartilhado socialmente e as expectativas dos outros no que se refere ao modo como um determinado indivíduo deve agir e ser. A partir da pressuposição da identidade, Ciampa (1990) compreende a identidade como um processo de metamorfose permanente, uma vez que pressuposta e posta, a identidade é reposta, o que Ciampa (1984) denomina como mesmice. Em outras palavras, a mesmice é a reposição da identidade pressuposta por meio de ritos sociais ou pela reposição de personagens estereotipadas. Logo, mesmo quando a identidade é percebida como estática – parecendo não sofrer modificação alguma – ela está sendo transformada à medida que, por meio de ações, o indivíduo “repõe” aquilo que a sociedade “põe” como certo, isto é, aquilo que as normas sociais e a ideologia dominante estabelecem ser o mais adequado, criando, como afirma Ciampa (1990), a identidade “mito” que apenas reproduz o social sem questionamento e/ou responsabilidade por parte do indivíduo com relação a sua identidade. Opondo-se a mesmice, ou ao “ser-feito-pelo-outro”, como argumenta Ciampa (1990), a mesmidade, ou o “ser-para-si” é a superação da identidade pressuposta, ou seja, o sujeito emancipa-se de valores estigmatizantes e preconceituosos

impostos

pela

sociedade

e/ou

apropriados

pelo

indivíduo,

possibilitando uma agir mais livre e criativo para realização de suas metas e desejos. Assim, o indivíduo sai do movimento de reposição e busca o outro “outro” que também é ele, isto é, o “outro” que queremos ser pela superação da identidade pressuposta. A mesmidade, proposta por Ciampa (1984), pode ser comparada ao conceito de individuação, proposto por Habermas (1976). Segundo o autor, por meio da

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individuação, a identidade pode ser garantida e desenvolvida, na medida em que esse sujeito se torna independente em relação ao sistema, ou seja, essa seria uma etapa do desenvolvimento que supõe uma diferenciação de papéis na sociedade, permitindo ao indivíduo um distanciamento face às expectativas dos outros ao desempenhar papéis. Porém, Ciampa (2004) alerta para o fato de que essa nova identidade tem que ter reconhecimento social. Esse novo conteúdo identitário do Ego tem que ser reconhecido pelo Alter, para que esse sentido pessoal se estabilize como significado socialmente compartilhado, o que permite que se desenvolva uma nova rede intersubjetiva. Somando-se a isso, Ciampa (1990) afirma que a identidade é a articulação entre a diferença e a igualdade: o outro designa o eu, da mesma forma que a identidade do sujeito é também “determinada pelo que não é ele, pelo que o nega” (CIAMPA, 1990, p.137). Essa identificação e diferenciação não podem ser apreendidas à margem dos sistemas de significação social vigentes. Sobre esse aspecto, vale ressaltar que ter características e comportamentos apontados pela sociedade como indesejáveis pode suscitar sanções e reprimendas, o que remete à ideia de que a construção da identidade não ocorre de forma harmoniosa ou equilibrada, mas é fruto de um jogo de poderes, em que a dominância dos grupos hegemônicos aponta o socialmente valorizado e influencia a constituição da identidade. Partindo

desse

pressuposto,

busco

esteio

em

Goffman

(1988),

especificamente na obra Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada para refletir sobre o processo constitutivo da identidade a partir das considerações apontadas a respeito da manipulação da identidade de sujeitos que se distinguem dos outros em determinado contexto, por uma marca que lhe é peculiar - o estigma. Nessa obra, o autor introduz o conceito de identidades sociais virtuais e identidades sociais reais. As identidades sociais virtuais são constituídas pelas afirmativas em relação aquilo que o indivíduo outro deveria ser. O conceito de identidades sociais virtuais apresentado por Goffman (1988) pode ser alinhado ao conceito de identidade pressuposta proposto por Ciampa (1984), uma vez que essas preconcepções são transformadas em expectativas normativas e exigências apresentadas de modo rigoroso pela sociedade. Por outro lado, a categoria e os atributos que o indivíduo, na verdade, prova possuir são chamados de sua identidade social real. A discrepância entre a identidade social virtual e a identidade social real é responsável pela produção do estigma. Segundo Goffman (1988), em contato com

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o estranho, o indivíduo tem evidências de que esse estranho tem um atributo que o torna diferente de outros que se encontram numa categoria que pudesse ser incluído. Essas características que o diferenciam são denominadas estigma. Goffman (1988) distingue três tipos de estigma: 1. As abominações do corpo ou deformidades físicas; 2. As culpas de caráter individual, como por exemplo, o distúrbio mental, a prisão, o vício, o homossexualismo e tentativas de suicídio, entre outros. 3. Estigmas tribais de raça, nação e religião. Esse trabalho tratará do terceiro tipo de estigma proposto pelo autor, uma vez que ao se compararem com falantes oriundos de países de língua inglesa, falantes bilíngues brasileiros se colocam em uma posição estigmatizada seja por sua condição de latino e de ideias preconcebidas acerca de ser brasileiro, ou por um sentimento de inferioridade devido ao seu sotaque brasileiro ao falar inglês. Como ressalta Goffman (1988), o termo estigma oculta uma dupla perspectiva: o indivíduo que assume que a sua característica distintiva já é conhecida ou é imediatamente evidente – condição de desacreditado ou então que ela não é nem conhecida pelos presentes e nem imediatamente perceptível por eles – condição de desacreditável. O autor pontua que o indivíduo desacreditável manipula

a

informação

sobre

sua

marca,

decidindo

exibi-la

ou

ocultá-la

dependendo de como, para quem, quando e onde. Há, dessa forma, uma manipulação

da

informação

oculta

que

desacredita

o

eu,

ou

seja,

um

“encobrimento” (GOFFMAN, 1988, p. 52). De acordo com o autor, há na literatura cinco ciclos naturais nesse processo: 1. Encobrimento inconsciente, que o indivíduo pode nunca perceber. 2. Encobrimento involuntário, que o indivíduo pode perceber com surpresa no meio do processo. 3. Encobrimento “de brincadeira” que é o encobrimento em momentos não rotineiros da vida social, como férias e viagens. 4. Encobrimento em ocasiões rotineiras da vida diária, como no trabalho e em situações de serviço. 5. Desaparecimento, que é o encobrimento completo em todas as áreas da vida. Goffman (1988) chama a atenção para o fato de que alguns poucos indivíduos não conseguem viver de acordo como o que é efetivamente exigido e esperado dele, mas que ainda assim, permanecem alheios a sua inadequação em relação ao que a sociedade espera deles e se protegem por crenças de identidades próprias. No entanto, o autor ressalta que a grande maioria de indivíduos

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estigmatizados tende a ter as mesmas crenças sobre identidade que o grupo dominante possui. O

autor

pontua

ainda

que

indivíduos

estigmatizados

tendem

a ter

experiências semelhantes de aprendizagem relativa à sua condição e a sofrer mudanças semelhantes na concepção do eu, isto é, “uma carreira moral” (GOFFMAN, 1988, p. 41) semelhante, que é não só causa como efeito do compromisso com uma sequencia semelhante de ajustamentos pessoais. Para Goffman (1988), há duas fases nesse aprendizado. Uma das fases é a que a pessoa estigmatizada aprende e incorpora o ponto de vista dos outros indivíduos do grupo dominante, adquirindo, dessa forma, as crenças da sociedade mais ampla em relação à identidade e uma ideia geral do que significa possuir determinado estigma. Em outra fase, o indivíduo aprende que possui um estigma particular e, dessa vez detalhadamente, as consequências de possuí-lo. Segundo o autor, a sincronização e interação dessas duas fases iniciais da carreira moral formam quatro

modelos

descritos

a

seguir

que

estabelecem

as

bases

para

um

desenvolvimento posterior e distinguem entre as carreiras morais disponíveis para os estigmatizados: 1. O primeiro modelo envolve indivíduos que possuem um estigma congênito e que são socializados dentro de sua situação de desvantagem, mesmo aprendendo e incorporando os padrões frente aos quais fracassam. 2. O segundo modelo deriva da capacidade da família, ou grupo no qual o indivíduo está inserido, de controlar as informações que o diminuiriam, enquanto se dá acesso a outras concepções da sociedade mais ampla. Esse indivíduo encapsulado passa, assim, a se considerar inteiramente qualificado, o que não impede que em algum momento de sua vida ocorra a aprendizagem do estigma. 3. O terceiro modelo engloba indivíduos que se tornaram estigmatizados numa fase avançada da vida ou aprenderam muito tarde que sempre foram desacreditáveis, o que envolve uma reorganização radical de seu passado. 4. O quarto modelo, no qual alguns participantes deste trabalho se inserem, diz respeito a indivíduos que são inicialmente socializados numa comunidade diferente, dentro ou fora das fronteiras geográficas da sociedade e que devem posteriormente aprender uma segunda maneira de ser validado pelo grupo social a sua volta. Em contato com o grupo dominante, o que o autor define como situações sociais mistas, os indivíduos estigmatizados tentam corrigir diretamente o que consideram a base objetiva de seu defeito, ocorre aqui a vitimização que é quando

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a pessoa estigmatizada se rende a servidores que vendem meios para corrigir a fala, para clarear a cor da pele ou para esticar o corpo, por exemplo. Indo mais além, Goffman (1988) esclarece que quando o indivíduo adquire tardiamente o ego estigmatizado, como é o caso de muitos dos sujeitos desta pesquisa, as dificuldades para estabelecer novas relações podem se estender também as relações antigas, uma vez que as relações anteriores podem não conseguir tratá-lo “nem com um tato formal nem com uma aceitação familiar total” (GOFFMAN, 1988, p. 45). O autor salienta que há também exemplos de indivíduos que se desviam quer em atos ou em atributos que possui do grupo estigmatizado a que pertence. Esses indivíduos, como explica Goffman (1988), são denominados desafiliados ou desviantes sociais, e voluntária e abertamente se recusam a aceitar o lugar social que lhes é destinado. Nesta seção, apresentei os aspectos teóricos que sustentam esta pesquisa. Tomando como referenciais as concepções de Ciampa (1984/2004), de Habermas (1976) e de Goffman (1988), compreendo o desafio de abordar a identidade não como uma descrição em termos objetivantes, mas sim, como compreensão do processo constante de formação e transformação do indivíduo.

3. Definindo meu percurso Nesta pesquisa, parto do pressuposto de que a identidade se constitui a partir das representações que um grupo ou sociedade possui em torno dele mesmo. Desse modo, entender como os bilíngues desta pesquisa, falantes de português e inglês, se percebem e percebem as línguas que os constituem é essencial para entender com captam essas referências e são por elas afetados na construção de suas identidades. Somando-se a isso, Shotter e Gergen (1989) afirmam que as identidades são construídas através das práticas discursivas com o outro. A esse respeito, Moita Lopes (1998) esclarece que os indivíduos têm suas identidades construídas de acordo com o modo que se vinculam a um discurso – o seu próprio e o discurso dos outros. Logo, pode-se dizer que não há construção identitária desvinculada do discurso. Portanto, a identidade do sujeito bilíngue se constrói nas diferentes práticas discursivas nas quais ele se engaja e pelas quais se relaciona com o outro. Nesse sentido, apoio-me em Moita Lopes (2002) para afirmar que o indivíduo constitui-se em um movimento de vai e vem da percepção e da representação do outro sobre ele mesmo.

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A partir disso, localizo as representações dos participantes desta pesquisa sobre as línguas que falam sobre quem são nos relatos escritos frente as perguntas: (i) Você se preocupa com seu sotaque? Por quê? (ii) Como você se relaciona com os dois grupos sociais referentes às línguas que utiliza? e (iii) Como você acha que é visto por esses grupos sociais? Em alguns casos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas quando algum ponto do relato necessitava de esclarecimento. Metodologicamente este trabalho foi realizado a partir do que Courtine (1981), ao trabalhar com corpus de pesquisa na Análise de Discurso, define como corpus experimental. Para o autor, corpus experimental é aquele produzido a partir de enquetes empíricas, como formulários, questionários e entrevistas. Dentro do concebido como corpus experimental, há o corpus previamente preparado, como acontece neste estudo no qual faço uso de três perguntas a fim de coletar textos escritos dentro de um roteiro específico. A seleção dos participantes foi definida obedecendo a quatro critérios: (i) ser brasileiro, (ii) ser falante de português e inglês, (iii) utilizar ambas as línguas em alguma esfera de suas vidas, por exemplo, profissional, familiar, entre outras; e (iv) ser escolarizado, uma vez que o relato seria feito por escrito. O corpus deste trabalho é composto por dez relatos de indivíduos bilíngues, descritos as seguir: S1: 34 anos, tradutor inglês/português. Família brasileira. Aprendeu inglês em programas para estrangeiros nos Estados Unidos, onde residiu por cinco anos até a conclusão de seu mestrado. Reside atualmente no Brasil, na cidade de Guarulhos. S2: 28 anos, doutorando em estudos literários na The City University of New York. Família brasileira. Aprendeu inglês em cursos de idiomas. Reside atualmente nos EUA, na cidade de Nova York. S3: 32 anos, professora de inglês em uma escola de idiomas. Família brasileira. Aprendeu inglês em escola de idiomas na infância e em interações sociais a partir da adolescência. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São Paulo. S4: 28 anos, tradutora. Família brasileira. Aprendeu inglês estudando no Canadá. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São Paulo. S5: 29 anos, dona de casa. Família brasileira. Aprendeu inglês em cursos de idiomas e intercâmbio para Nova Zelândia. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São José dos Campos. S6: 27 anos, professora em um colégio regular. O pai é americano e a mãe é brasileira. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São Paulo.

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S7: 27 anos, professora em uma escola internacional. Família brasileira. Aprendeu inglês em cursos de idiomas e viagens para o exterior. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São Paulo. S8: 38 anos, pedagoga. Família brasileira. Aprendeu inglês em cursos de idiomas e intercâmbio para os EUA. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São Paulo. S9: 57 anos, diretora de uma escola de idiomas. A família é americana. Estudou e morou entre os EUA e o Brasil até completar a universidade. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São Paulo. S10: 37 anos, professor universitário. Aprendeu a língua portuguesa em casa com a família que é brasileira e teve o inglês a como sua língua de instrução a partir dos dois anos de idade, quando ingressou em uma escola americana. Reside atualmente no Brasil, na cidade de São Paulo.

4. Analisando o que se descobriu nesse caminho Esta seção refere-se à exposição e análise dos relatos obtidos a partir das três perguntas: (i) Você se preocupa com seu sotaque? Por quê? (ii) Como você se relaciona com os dois grupos sociais referentes às línguas que utiliza? e (iii) Como você acha que é visto por esses grupos sociais?

A partir da análise, procuro

mostrar a irrupção de discursos em torno da identidade, assim como busco apontar existência de estigma relacionado ao fato de se brasileiro e de um sentimento de inferioridade devido ao sotaque brasileiro ao falar inglês. Ao serem questionados quanto à importância atribuída por eles ao sotaque, os participantes, de modo geral, tentaram conferir ao seu dizer uma conformidade com um discurso que atribui ao falante nativo o domínio da língua, como se pode observar nos recortes realizados a partir da pergunta - Você se preocupa com seu sotaque? Por quê?: S5 Sim, porque gostaria de aproximar cada vez mais a minha fala à de um nativo. S8 Sim, preocupo-me com minha pronúncia porque sou perfeccionista e quero ser compreendida e quero falar “bonito”. S4 Sempre me preocupei, mas não sei bem a razão. Acho que é um pouco como música, me incomoda falar com sotaque carregado, como se alguém estivesse cantando desafinado.

Observa-se nos recortes acima que falar com sotaque, isto é, ser identificado como brasileiro, remete a um falar que é feio, comparado a um cantar desafinado. Nota-se, também, no recorte de S6 abaixo, a pressuposição da

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identidade (Ciampa, 1990), isto é, há uma nomeação de atributos individuais nas relações que se dão no âmago de uma estrutura social. Nesse caso, esses atributos individuais se remetem a como o sujeito deve ou não falar. S6

Às vezes me preocupo com meu sotaque na língua inglesa por vários motivos: não convivo com anglofalantes nativos e às vezes sinto que perco um pouco das referências; quase não tenho praticado meu inglês e como meu pai é americano as pessoas sempre querem me ouvir falando e me sinto no “dever” de falar com um sotaque nativo, que acredito ter perdido um pouco.

No enunciado proferido por S6, o conhecimento compartilhado socialmente e as expectativas dos outros no que se refere ao modo como um determinado indivíduo deve agir e ser é tangenciado e observa-se um movimento de reposição dessa identidade pressuposta, uma vez que S6 se sente no “dever” de falar com esperado – mesmice (Ciampa, 1984). Dessa forma, esse sujeito repõe a personagem estereotipada de como filhos de americanos devem falar, ao se intitular no dever de atender as exigências do que a sociedade espera dela. Assim, S6 trabalha inconscientemente num movimento para “repor” aquilo que a sociedade “põe” como certo. Ainda relacionado ao sotaque, S9 e S10 ressaltam sua condição de desacreditáveis (Goffman, 1988), afirmando que sua brasilidade não é nem conhecida pelos presentes e nem imediatamente perceptível por eles: S9 Não tenho sotaque em nenhuma das línguas ... pelo contrario nos USA ninguém consegue dizer de onde sou. S10 Presto atenção e tento neutralizar ao máximo o regionalismo do meu sotaque. Não é tão difícil por ter muito conhecimento técnico na área.

O participante S9, responde negativamente a pergunta: Você se preocupa com seu sotaque? e afirma não possuir sotaque em nenhuma língua e complementa dizendo que ninguém consegue dizer de onde é. Somando-se a isso, S10 declara que não é difícil para ele neutralizar seu sotaque, uma vez que possui conhecimento técnico na área por ser professor de letra e linguística. Esses dois indivíduos manipulam uma informação oculta, nesse caso, o sotaque, que desacredita o eu, ou seja, ocorre aqui o que Goffman (1988) denomina como encobrimento. Observa-se em S9 um encobrimento inconsciente, já que afirma que não possui sotaque algum – como se fosse possível não possuir sotaque. Por outro lado, S10 realiza um encobrimento em ocasiões rotineiras da vida diária, como no trabalho e em situações de serviço. Ambos os sujeitos evidenciam uma reposição da identidade pressuposta - mesmice (Ciampa, 1984), assim como foi

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observado em S6. Dessa forma, há a criação de uma identidade “mito” (Ciampa, 1990), que reproduz o social sem questionamentos, nesse caso, como indivíduos bilíngues simultâneos deveriam falar. Ao não atender as expectativas normativas da sociedade acerca do sotaque que um falante competente deve ter, esses indivíduos estigmatizados suscitam sanções e reprimendas, como se pode observar em S7 ao relatar porque seu sotaque é motivo de preocupação: S7 Me preocupo com meu sotaque porque já fui discriminada em meu ambiente de trabalho por não ter sotaque de estrangeiro ou por meu sotaque não ser o mais adequado.

Posteriormente

quando

peço

mais

detalhes

acerca

do

ocorrido,

S7

complementa: S7 No meu caso a própria coordenadora da educação infantil disse que houve reclamação de pais por meu inglês não ser melhor... E ela acabou completando que meu maior problema era o sotaque e que eu devia me policiar mais.

O discurso de S3 acerca da importância dada ao sotaque corrobora o exposto por S7: S3 O sotaque identifica de onde o sujeito é, e com isso carrega estigmas. Por exemplo, de forma geral, considera-se que o carioca é malandro, o nordestino é de baixo nível sócio-econômico-cultural, o português é estúpido, o britânico é educado, o alemão é ríspido, etc. Quando se ouve uma pessoa falando, os primeiros julgamentos são feitos dependendo da forma como ela fala, e muitas vezes o sotaque fala mais alto que a gramática ou o vocabulário empregado.

Neste recorte, S3 afirma que a gramática ou o vocabulário ficam em segundo plano quando comparados com o sotaque que assume papel primordial para se avaliar um falante de língua inglesa. Desse modo, observa-se a tendência de brasileiros tentaram neutralizar seu sotaque, sendo motivo de orgulho quando falantes de países de língua inglesa não conseguem identificar de onde são, como afirma S9. A esse respeito, Goffman (1988) salienta que indivíduos que não atendem as expectativas da sociedade tentam corrigir diretamente o que consideram a base objetiva de seu defeito, ocorrendo a vitimização. No caso específico deste trabalho, como o sotaque brasileiro é visto como um problema ou defeito a ser corrigindo, observa-se a proliferação de cursos de pronúncia que prometem

um

apagamento

de

qualquer

caracterizam esse indivíduo como brasileiro.

sotaque

ou

marcas

na

fala

que

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Em todos os recortes analisados, verifica-se o movimento de reposição da identidade pressuposta, a mesmice. Frente aos relatos obtidos a partir das demais perguntas, observa-se a irrupção de questões relacionadas ao estereótipo de brasileiro e preconceito relacionado a essa condição, como se verifica na fala de S2: S2 Ter que constituir minha própria identidade fora do meu país de origem dá mais trabalho do que imaginei, porque as pessoas já tem uma série de ideias préconcebidas sobre como um brasileiro é ou deve ser. Fica mais difícil se constituir como indivíduo, independentemente da minha fluência em inglês. S1 Tudo depende de quanta informação as pessoas têm – ‘sobre mim’. Por exemplo, nos Estados Unidos algumas pessoas podem te julgar pela aparência. No entanto, a partir do momento que a fala entra em ação, o fato de eu dominar a fala bem como boa parte do sotaque considerado padrão, as pessoas notam que se trata de uma pessoa educada (educação formal), e por isso, muito se é reavaliado. Ou seja, se você é latino nos Estados Unidos, mas tem formação acadêmica e a usa no dia-dia, boa parte da cobrança racial é esquecida.

Observa-se nesses recortes, a presença de identidades sociais virtuais (Goffman, 1988) que são constituídas pelas afirmativas em relação aquilo que o indivíduo outro deveria ser. Nesse caso, de como um brasileiro ou um latino deveria ser. Goffman (1988) afirma que é a discrepância entre a identidade social virtual e a identidade social real que é responsável pela produção do estigma. Tanto S2 quanto S1 residem ou residiram nos EUA e têm consciência de que possuem atributos que os diferenciam dos americanos, mas também não se identificam com o rótulo de latino ou de brasileiro. Esses dois casos se inserem no quarto modelo apresentado por Goffman (1988) de carreira moral, uma vez que ambos foram socializados numa comunidade diferente, no caso dentro da comunidade brasileira no Brasil e posteriormente tiveram que aprender uma segunda maneira de serem validados pelo grupo social a sua volta, os americanos nos EUA. Ao ser questionado posteriormente acerca desse tema, S2 explica quais são as ideias pré-concebidas de como um brasileiro deve ser: S2: Existem basicamente duas ideias sobre brasileiros em Nova York e arredores: 1) os migrantes: são pouco instruídos, vem fazer trabalho braçal e competir no mercado de trabalho com latinos e (eventualmente) brancos pobres. Os pertencentes a esse grupo não falam inglês muito bem (embora falem melhor que os latinos) e são submissos, o que é considerado uma coisa boa. 2) os turistas: são ricos, arrogantes, bem instruídos e vêm aqui pra fazer compras. são realmente apenas turistas, nunca ficam por aqui pra morar.

Ao ser questionado a respeito de como se sente em relação a essas ideias pré- concebidas de como deveria ser ou se portar, S2 complementa:

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S2: Eis que eu sou um problema pras pessoas que operam com essas definições. Sou branco demais pra ser chamado de latino, não falo inglês com o sotaque que seria esperado, estou de fato morando aqui, mas não faço nenhuma espécie de trabalho braçal, sou estudante de doutorado (nível de instrução que poucos estadunidenses têm), sou financeiramente independente e, como se tudo isso não bastasse, vegetariano (ou seja, não conte comigo pra ir naquela "Brazilian barbecue place" da qual você ouviu falar).

Observa-se um movimento de S2, diferente dos demais sujeitos desta pesquisa, de não conformidade com a identidade pressuposta. Em nenhum momento, S2 revela “repor” aquilo que a sociedade “põe” como certo. Não se nota uma tentativa de adequação às expectativas da sociedade na qual ele agora está inserido. S2 demonstra um agir mais livre e criativo para realização de suas metas e desejos, saindo do movimento de reposição e buscando o outro “outro” – mesmidade (Ciampa 1990). Dessa forma, S2 se distancia face às expectativas dos outros ao desempenhar papéis. Esses indivíduos, explica Goffman (1988) são denominados desafiliados ou desviantes sociais, categoria na qual S2 se enquadra, uma vez que voluntária e abertamente se recusa a aceitar o lugar social que lhe é destinado. Pode-se relacionar esse movimento de S2 a apropriação individual e personalizada da representação por parte do sujeito. S2 tem um papel ativo no processo de construção da representação social do que é ser brasileiro e com isso, se vê em um lugar de rejeitá-la e criticá-la, não se sujeitando a ela. É evidente pelo discurso dos demais sujeitos que esse movimento de distanciamento apresentado por S2 não é partilhado pelos outros indivíduos participantes

desta

pesquisa.

Enquanto

S2

caminha

para

um

processo

emancipatório, os demais estão engajados em um processo de reposição de suas identidades pressupostas. 5. Alinhavando O exercício da pesquisa muitas vezes suscita muito mais perguntas do que respostas e com isso o fechamento do trabalho acaba por revelar múltiplas aberturas e propostas. Primeiramente, acredito ser importante retomar que a noção de identidade está intimamente ligada aos desejos de reconhecimento, afiliação e segurança e que é por meio da língua que o sujeito negocia a noção do “eu”. Dessa forma, ao falar, os indivíduos estão envolvidos na construção e na negociação de suas identidades. Esse falar, de acordo com os sujeitos participantes dessa pesquisa, está intimamente relacionado à dicotomia sotaque x não-sotaque. Porém, fica

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evidente à medida que me aprofundo na análise dos questionários que a questão do sotaque insere-se numa discussão maior que envolve poder, ideologia e representações sociais. Uma das inúmeras questões que me coloquei ao longo deste trabalho é a respeito do papel da escola e dos institutos de ensino de língua inglesa no Brasil nesse processo. Estamos, nós, educadores trabalhando com a língua inglesa como instrumento de submissão? Corbett (2010) traz considerações importantes a esse respeito ao propor que a competência intercultural substitua a proficiência próxima de um nativo, pois considera mais importante para o aprendiz que ele seja capaz de se comunicar de forma efetiva em uma série de contextos do que apenas copiar as “convenções” dos falantes nativos de um ou outro país. No entanto, ainda hoje, se verifica em escolas e institutos de idiomas o interesse na preservação do status quo, pois se considera que a necessidade do aluno está na aquisição fonológica de uma variedade de prestígio de falante nativo (RP ou GA 2). Outra questão complementar que me coloco é: Quais são as implicações, na constituição identitária de alunos brasileiros, da pressão por apagar de suas falas qualquer resquício que os remeta ao seu país de origem? Acredito que o debate em relação ao ensino-aprendizagem de língua inglesa deva se mover para além de questões das teorias de aprendizagem, metodologias e materiais, e contemplar a questão da identidade. Deve-se avançar da visão da língua como instrumento de submissão para a visão da língua como instrumento de reivindicação e subversão. Desse modo, será possível, como defende Ciampa (1990), deixar de “ser-feito-pelo-outro” para o “ser-para-si”. 6. Referências bibliográficas CIAMPA, A. C. Identidade. In: LANE,S.T.M.: CODO,W. (org.) Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo, Brasiliense, 1984. cap.2, p.58-75. CIAMPA, A. C. A estória do Severino e a história da Severina: um ensaio de Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1990. CIAMPA A.C, KOLYNIAK. H.M. R. Corporeidade e dramaturgia do cotidiano. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004. 2

RP – Received Pronunciation, também chamada the Queen’s English (inglês da Rainha), é o sotaque considerado padrão na Inglaterra. GA – General American – é o sotaque considerado padrão, ou não regional, nos Estados Unidos.

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CORACINI, M. J. (Org.). Identidade e discurso: (des)construindo subjetividades. Campinas: Editora da Unicamp; Chapecó: Argos editora Universitária, 2003 (p. 239-255). CORBETT, J. Intercultural Language Activities. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. COURTINE, J. Analyse du discours politique. Le discours communiste adressé aux chrétiens. In.: Langages, 1981. GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4 a ed. Rio de Janeiro, Guanabara, 1988. HABERMAS, J. Para a reconstrução do materialismo histórico, Brasiliense, São Paulo, 1976. MOITA LOPES, L.P. da. Discursos de Identidade em sala de aula de leitura de L1: A construção da diferença. IN: SIGNORINI, I (org.) Língua(gem) e Identidade. Campinas: Mercado de Letras. 1998. ______________, L.P. da. Identidades Fragmentadas: a construção discursiva de raça, gênero e sexualidade em sala de aula. Campinas, Mercado das Letras, 2002. SHOTTER, J.; GERGEN, K. Texts of identity. London: Sage, 1989.

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