RELAÇÕES DE PODER E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL EM WEBER E CHIAVENATO

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Revista Foco RELAÇÕES DE PODER E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL EM WEBER E CHIAVENATO Caio Calmon Vinícius de Souza∗ Camila Reynaud Esteves* Djalma de Souza* Jéssica Oliveira* Cristiano das Neves Bodart1 RESUMO O presente artigo tem por objetivo discutir a relação entre poder e estrutura organizacional buscando apontar a importância das relações de poder para a estruturação da organização. Para isso recorreu-se às contribuições de Max Weber (1979) e de Chiavenato (2003), ambos teóricos que trataram de questões envolvendo poder e estrutura organizacional. PALAVRAS-CHAVE: Poder; Hierarquia; Organizações; Administração.

1 INTRODUÇÃO Desde a antiguidade o ser humano exerce domínio sobre seu semelhante, a fim de conseguir subordinados para um determinado fim. Para que esse objetivo fosse alcançado, foi necessário o uso de técnicas de persuasão, conscientes ou não. Nesse trabalho citaremos estudos feitos por dois estudiosos, Max Weber e Chiavenato, que discutiram o assunto: Poder e Estrutura Organizacional. Objetiva-se relatar o que é o poder, qual a sua importância na estrutura organizacional dentro das organizações. O método utilizado neste artigo foi a revisão de literatura baseada no confrontação das perspectivas dois autores. Busca-se identificar as semelhanças e distanciamentos das duas abordagens,



Alunos do Curso de Administração da Faculdade Novo Milênio/ES Orientador do trabalho. Doutorando em Sociologia/USP e Professor de Sociologia do curso de Administração da Faculdade Novo Milênio/ES. 1

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bem como, reconhecer se há complementariedade, ou ainda, se Chiavenato teria sido, de alguma forma, influenciado pelo sociólogo alemão Max Weber.

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O PODER E DE RELAÇÕES DE PODER EM WEBER (1979)

De acordo com a enciclopédia Wikipédia e o autor Gian Cornachini, Maximilian Carl Emil Weber, mais conhecido como Max Weber, teria nascido em 1864, em Munique, na Alemanha. Originário de uma família de classe média alta. Seu pai sendo advogado teria lhe proporcionado um lar com a “atmosfera intelectualmente estimulante”, o que certamente colaborou para seu desenvolvimento acadêmico. Em 1882 começou seus estudos na Universidade de Heidelberg dando continuidade nas Universidades de Gottingen e de Berlim. Após o termino do curso começou a trabalha nesta última, passando pelas

Universidade Albert

Ludwigs, em Freiburg, pela Universidade Heidelberg pela Universidade de Viena e por fim na Universidade de Munique. Maximilian Carl Emil Weber, embora jurista e economista, se destacou no campo da Sociologia, sendo considerado um dos fundadores desta ciência.

Deixou

também sua influência na Economia, na Filosofia, no Direito, na Ciência Política e na Administração. Max Weber publicou vários livros no decorrer de sua vida, tendo como principal obra “A ética protestante e o Espirito do capitalismo”, com o qual começou a reflexões sobre a Sociologia da Religião. Segundo Max Weber, grosso modo, o poder seria exercido quando uns conseguem se impor sobre os demais, sujeitando-os à sua vontade. A dominação é um caso especial do poder, seus detentores não pretendem usa-la exclusivamente pra obter interesses. O poder por sua vez pode torna-se uma consequência frequente, tornando-se muita das vezes algo intencional e planejado (WEBER, 2004, p.187 - 188).

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Revista Foco Para Weber existem os seguintes tipos de poder: i) poder tradicional; ii) poder carismático; iii) poder racional. Com relação ao poder tradicional, Weber (1979, p. 553) afirma que em virtude das crenças e tradições nas ordenações, os subordinados acaba acatando as ordens por fidelidade. Ou seja, “quem ordena e o ‘senhor’ e quem obedece são seus ‘súditos’” (WEBER, 1979, p.553). O poder tradicional é marcado pela sua rigidez frente as mudanças, sendo legitimado pela cultura herdada. Para Weber, “considera-se impossível criar novo direito diante das normas e da tradição”. “[...] Isto se dá, de fato, através do reconhecimento de um estatuto como válido para sempre”. (WEBER, 1979, p.553) No quadro da administração ocorre da mesma maneira. O poder tradicional “consta de dependentes pessoais do senhor ou de parentes, ou de amigos pessoais, ou de pessoas que lhe estejam ligadas por vínculos de fidelidade” (WEBER, 1979, p.554). Segundo Weber (1979, p. 554), nesse tipo de dominação, para realizar funções o servidor depende que o senhor com cargos mais altos e importantes exerça seu poder. Estes senhores não exercem o cargo administrativo por méritos ou por ter conhecimento, mais sim, por uma fidelidade pessoal estabelecida pelo costume. Um exemplo possível de ser citado é quando o dono de uma empresa pensa em se aposentar e colocar o seu filho como substituto de seus negócios. Nesse caso é comum, mesmo que seu filho não esteja apto a exercer o poder sobre seus subordinados e tomar decisões, ele assume o lugar do pai por uma questão de tradição e esse poder não é contestado. Certamente que a transferência de poder econômico para o filho colaborará para a relação de dominação dele sobre os demais colaboradores. Com relação ao poder carismático, a pessoa exerce o poder sob terceiros devido as suas qualidades pessoais e não devido a cargos exercidos ou qualquer tipo de status (1979, p.557). O poder carismático segundo Weber (2004, p.331), nasce de uma estimulação carismática de uma determinada pessoa para com o grupo. Através do carisma e da personalidade convincente. Ocorre principalmente na política, na economia, nas religiões, ou em ambos os conjuntos. Como exemplo Revista Foco. 5º edição. Abril de 2012. ISSN 1981-223X

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pode ser citado o caso em que um administrador consegue conduzir seus subordinados pelo seu carisma e não pelo seu currículo. Outro exemplo seria um funcionário de uma empresa onde tem facilidade de ser comunicar com os demais funcionários impondo sua vontade fazendo valer o seu poder carismático. Este terá maiores possibilidade de liderar uma equipe. Weber também aponta a existência do poder derivado de fatores racionais, ou da dominação racional. O poder racional, de acordo com Weber (1979, p.551), tem como seu tipo mais puro a burocracia. E tem como ideia básica de que “qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma”. Weber (1979, p.551 – 552) menciona que a pessoa em si obedece ao seu superior de uma forma racional, pois existe um regulamento ou norma abstrata devido ao âmbito de uma competência concreta. Os funcionários que se submetem a este tipo de poder “se baseiam num contrato, com pagamento fixo graduado segundo a hierarquia do cargo e não pelo volume de trabalho” (WEBER, 1979, p.552). Tendo como exemplo o funcionário público que tem seu salario definido pelo governo de acordo com o cargo independente da sua quantidade de serviço, quanto mais alto seu nível de hierarquia maior seu salario. Para Weber (2004, p.191), o poder tem sua devida importância, pois é capaz de ser impor sobre os dominados, influenciando e controlando trazendo o devido equilíbrio seja ele na economia ou na sociedade em geral. O detentor do poder consegue se

impor sobre o dominado, mesmo que o dominado não tenha

obrigação de aceita-lo. Podemos citar como exemplo quando a empresa deseja fazer uma aplicação de numerários e pesquisa nos bancos qual a melhor taxa, usando posteriormente as taxas já pesquisadas para influencias outros bancos a melhorarem suas taxas.

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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL EM CHIAVENATO (2003)

Segundo a enciclopédia Wikipédia, Idalberto Chiavenato nasceu em 1936 no interior

de

São

Paulo.

Fez

Graduação

em

Filosofia/Pedagogia

com

especialização em Psicologia Educacional pela USP. Formou-se em Direito na Universidade Mackenzie, tornando-se especialista em administração de empresas pela EAESP – FGV. Cursou o Mestrado na MBA (Master of Business Administration) e Doutorado em Administração (Ph. D.) na City University of Los Angeles, Califórnia/EUA. Atuou como professor na EAESP – FGV e em várias universidades no exterior. Escreveu livros na área de Administração e de Recursos Humanos, que são utilizados tanto no Brasil, quanto na América Latina, Portugal, Espanha e África. Na língua portuguesa, Idalberto Chiavenato é autor de mais de 40 livros, sendo 17 títulos traduzidos para o espanhol. Atualmente o Chiavenato atua como conselheiro no CRA – SP (Conselho Regional de Administração do Estado de São Paulo) e como presidente do Instituto Chiavenato. Com relação ao tema organização, Chiavenato tem sido referência aos estudos da Administração Organizacional. Esse autor compreende a organização como inerente a vida social. Para ele (2003), as organizações existem desde a época dos faraós e imperadores chineses. Estaria esta ligada a existência da civilização. Para Chiavenato, a organização não é uma instituição isolada e voltada exclusivamente para si própria. Para ele,

Organização e a coordenação de diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações planejadas com o ambiente [...] a organização depende das suas diferenças individuais e do sistema de recompensas e contribuições da organização. A organização atual em um meio ambiente e a sua existência e sobrevivência depende da maneira como ela se relaciona com este meio (CHIAVENATO, 2003, p. 371 – 372).

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Ao buscar definir uma organização, afirmou que ela “consiste em um conjunto de posições funcionais hierárquicas orientado para o objetivo econômico de produzir bens ou serviços” (CHIAVENATO, 2003, p.156). Chiavenato (2003, p.156), aponta que a organização possui como princípios fundamentais a divisão de trabalho, a especialização, a hierarquia e a amplitude administrativa. Tendo como exemplo as empresas, que são divididas por setores especializados onde cada setor possui um gerente que tem como objetivo organizar e distribuir as tarefas. Os estudos de Chiavenato (2003, p. 291), relatam que as organizações são dominadas pela sociedade moderna. Isto ocorre pela especialização da sociedade interdependente que ser classifica por um crescente padrão de vida. As organizações têm recursos escassos, sendo assim, não pode aproveitar todas as oportunidades que surgem, tendo que escolher os melhores recursos, tentando obter a eficiência sobre o recurso escolhido para obter o melhor resultado. (CHIAVENATO, 2003, p. 291). Chiavenato

conceitua

a

estrutura

organizacional

como

um

instrumento

possibilitador de maximizar a eficiência. Para ele, “estrutura organizacional é um meio de que se serve a organização para atingir eficientemente seus objetivos” (CHIAVENATO, 2003, p.186). A estrutura organizacional possui uma linha de autoridade constituída por uma cadeia de comando, definindo quem se subordina a quem, interligando as posições. (CHIAVENATO, 2003, p.84). Nesse sentido, nota-se que o conceito weberiano de poder, especialmente o poder racional, é de grande importância para a compreensão da estrutura organizacional. O poder, seja ele qual for (racional, tradicional ou carismático) é essencial para a organização de toda a estrutura empresarial. Chiavenato (2003, p.84) relata que a estrutura organizacional sofre influência das antigas percepções das organizações. Estas influências vêm da organização militar e eclesiástica, podendo assim compreendê-la melhor. SOUZA, ESTEVES, et al. Relações de poder e estrutura organizacional em Weber e Chiavenato

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Revista Foco Chiavenato (2003, p. 90), aponta que a estrutura organizacional é composta de diferentes órgãos para tentar atingir a eficiência máxima nos aspectos técnicos e econômicos. “A tendência atual nas organizações e de achatar e comprimir a estrutura organizacional no sentindo de aproximar a base da cúpula e melhorar as comunicações” (CHIAVENATO, 2003, p. 161). Chiavenato (2003, p. 299), descreve que de acordo com Etzioni (1961), existem três tipos de estrutura organizacionais. São elas: i) estrutura organizacional coercitiva; ii) estrutura organizacional utilitária e iii) estrutura organizacional normativa. A estrutura organizacional coercitiva utiliza a força física e baseada em punições e prêmios. Este tipo de organização pode ter como exemplo campos de concentração, instituições penais e prisões. Já a estrutura organizacional utilitária usa incentivos econômicos e tem como base principal a remuneração. Podendo citar como exemplo indústrias e comércios, baseado no benéfico que se pode obter. E a estrutura organizacional normativa tem como base o método organizacional e consenso sobre objetivos. Apropriando-se do controle moral como sua principal influencia. Estas organizações são voluntarias, como por exemplo, a igreja, os hospitais, as organizações políticas e as universidades. (CHIAVENATO, 2003, p. 299). De acordo com os estudos de Chiavenato (2003, p.186), a estrutura organizacional tem sua importância, pois através dela e possível atingir seus objetivos com eficiência. As estruturas são todas diferentes, podendo até ser parecidas mais nunca idênticas. As estruturas são importantes, pois existe uma necessidade de diferenciar os níveis hierárquicos, fazendo com que seus membros se comporte de forma racional. Um exemplo seria a divisão de cargos, a especialização no trabalho onde facilita o desenvolvimento das tarefas. Trazendo a maximização da eficiência.

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RELAÇÕES DE PODER E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

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“Ter autoridade é ter poder” (CHIAVENATO, 2003, P. 259). A atual formatação da Estrutura Organizacional aponta de forma bem clara uma das definições de Max Weber a respeito dos tipos de autoridade que detém o poder nas organizações, a autoridade Legal, racional ou burocrática. São elas: i) tradicional, marcado pelo poder tradicional; ii) autoridade carismática, marcado pelo poder do carismático; iii) autoridade legal, marcado pelo poder racional. No exercício da autoridade Tradicional, o poder se dá simplesmente pela tradição. Para fins explicativos podemos citar uma família onde tradicionalmente o pai exerce o poder sobre seus filhos. Podemos dar como exemplo uma empresa familiar onde a tradição e de passa a chefia para o filho mais velho, mesmo que ele não tenha a devida competência. Já no exercício da autoridade Carismática, o poder se dá por uma qualidade extraordinária e indefinível onde podemos citar a igreja tendo o Papa em si com uma figura carismática conseguindo administrar e atrair seus fieis, através da confiança que foi conquistada com o tempo. Na relação marcada pela Autoridade legal, racional ou burocrática: O poder se dá por normas e regulamentos onde podemos ter como exemplo modelo organizacional atual. Se tratando da Autoridade legal, racional ou burocrática, quando analisamos o comportamento do poder nas organizações atuais, notamos que a grande maioria tem como aliado, a burocracia. Através dos modelos burocráticos e arranjos organizacionais de Chiavenato (2003, p. 257 – 259) os gestores têm a capacidade de dividir e controlar o poder dentro de uma organização. FIGURA 1. Modelo de organização Linear, Chiavenato (2003, p. 190) Estrutura organizacional

A B D

E

C F

G

H

I

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A figura 1 nos auxilia no entendimento de como o arranjo hierárquico de uma organização influencia na sua autoridade e consequentemente na distribuição e controle do poder. Analisando o organograma disposto na figura 01, podemos dizer que A tem poder de comando sobre B, C, D, E, F, G, H e I B e C possuem autoridade sobre D, E, F, G, H e I que por sua vez só possuem poder dentro de um pequeno universo relacionado às suas próprias decisões. Sendo assim o modelo de organização linear proposto por Chiavenato, mostra que os arranjos organizacionais equilibram a probabilidade de se impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo sobre qualquer forma de resistência ou qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade (Chiavenato, 2003, p. 253) 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pudemos observar nos estudos feitos por Max Weber e Chiavenato, a questão do poder, pode estar relacionada à tradição, carisma, racionalidade ou mesmo a uma hierarquia organizada, baseada em punições ou prêmios, ou incentivos econômicos, ou desejo de alcance de objetivos. Nota-se que as estruturas organizacionais servem para organizar a empresa, e através dessas estruturas são definidos os níveis hierárquicos, onde podemos ver quem exerce poder sobre outros e que as empresas usam dessas estruturas para busca sua eficiência. Com relação a perspectiva de Chiavenato, nota-se uma forma influência weberiana, porém o autor, por ser seu objetivo direto, se aprofunda na questão das relações de poder nas organização administrativas, indo para além das classificações e apontamentos de Max Weber.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIAVENATO, Adalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. 7ª edição. São Paulo: Elsevier – Campus, 2003. CORNACHINI, Gian. Introdução as Ciências Sociais. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/59449280/Georg-Simmel-e-Max-Weber-vida-e-obra-dossociologos > Acessado Novembro de 2001. ENCICLOPÉDIA. Idalberto Chiavenato. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Idalberto_Chiavenato > Acessado Novembro de 2001. _____________. Max Weber. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber > Acessado em Novembro de 2011.

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WEBER, Max. Sociologia. Coleção grandes Cientistas Sociais. Trad. Gabriel Gohn. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1979. ___________. Economia e Sociedade: Fundamentos Compreensiva. Volume 2, Brasília: UNB, 2004.

Da

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Sociologia

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