Tradução: Profissão, formação e ferramentas

September 17, 2017 | Autor: Diogo Costa | Categoria: Translation Studies, Translation, Tradução, Estudos da Tradução
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TRADUÇÃO Profissão, formação e ferramentas Diogo Neves da Costa

1ª Edição Rio de Janeiro Edição do autor 2014

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C837t

Costa, Diogo Neves da Tradução: profissão, formação e ferramentas. / Diogo Neves da Costa. - Rio de Janeiro: [S.n.], 2014. 113 p. ISBN:

1. Estudos da tradução. 2.Formação profissional. 3. TraduçãoTecnologia . I. Título

CDD 418.02

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................7 A TRADUÇÃO NO MUNDO MODERNO ................... 10 “T”RADUÇÃO VERSUS “t”RADUÇÃO ..................... 20 AS TRADUÇÕES AUDIOVISUAIS (TAVs) ............... 21 ENTRE-LINHAS (Legendagem) ............................... 26 FERRAMENTAS PARA LEGENDADORES ............... 30 POR ONDE COMEÇAR A LEGENDAR ................... 33 ESPELHO, ESPELHO MEU (Dublagem). ................... 35 ME DIGA O QUE VÊ (Audiodescrição) ..................... 40 O QUE PRECISO DIZER PARA VOCÊ GOSTAR DE MIM? (Localização). ............................................. 45 COMO ME TORNAR INTÉRPRETE? ........................ 50 ONDE ESTUDAR TRADUÇÃO ................................. 57 O APRENDIZADO FORMAL ........................................ 57 O APRENDIZADO (IN)FORMAL .................................. 63 O MITO DA ONISCIÊNCIA .................................... 71 FERRAMENTAS DE TRADUÇÃO NO UNIVERSO DIGITAL. ............................................................... 74

FERRAMENTAS ESPECÍFICAS DE TRADUÇÃO. ............ 77 CAT – Ferramenta de tradução assistida ................. 77 TRADUTORES AUTOMÁTICOS ................................ 84 FERRAMENTAS POTENCIAIS DE TRADUÇÃO .............. 87 GOOGLE ............................................................... 91 ENICLOPÉDIAS, DICIONÁRIO, FÓRUNS E OUTRAS FERRAMENTAS POTENCIAIS. ................................. 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................... 100 PARA CONSULTA................................................. 103 BLOGS SOBRE TRADUÇÃO ...................................... 103 PÁGINAS NO FACEBOOK ........................................ 103 PODCAST DE ENTREVISTAS COM TRADUTORES: ..... 104 LIVROS SOBRE TRADUÇÃO..................................... 105 DICIONÁRIOS ........................................................ 107 PARA IR ALÉM ....................................................... 107 FERRAMENTAS ON-LINE ......................................... 108 BANCOS DE DADOS ............................................... 109 REFERÊNCIAS ..................................................... 110 BLOGS CONSULTADOS ........................................... 113

Ao café, companheiro fiel de todas as madrugadas. À Renata, Carolina, Eliane, Adriano e Alberto que me ajudaram a fazer esse livro virar realidade. À professora Ângela que me guiou, desde o início, pelos caminhos da tradução e à CAPES que fomenta meu doutorado.

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TRADUÇÃO - Diogo Neves da Costa

INTRODUÇÃO No início este livro seria uma ampliação da minha dissertação de mestrado defendida em 2011, mas conforme o fui escrevendo, percebi que muito poderia ser acrescentado e preferi deixar da dissertação apenas aquilo de natureza mais prática aos interessados no ofício do Tradutor.

Sendo assim, apaguei o que era puramente teórico e metodológico da pesquisa e deixei o que tinha relação com as ferramentas de tradução durante o processo tradutório.

Feito isso, percebi que poderia acrescentar informações relacionadas ao mercado de trabalho do Tradutor e suas possíveis áreas de atuação. Esse se tornou o primeiro capítulo.

Em seguida, adiantando alguns conhecimentos que adquiri durante a minha tese, abordei a formação dos tradutores, indicando onde aqueles que desejam adquirir um diploma formal de tradutor podem estudar, o que esperar de uma graduação em Tradução e o que não esperar.

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E, uma vez que o conhecimento sobre Tradução está espalhado em fontes difusas dentro da rede, condessei em um capítulo lugares (blogs, livros, artigos) nos quais os novos Tradutores podem ir em busca de conhecimento para seu aperfeiçoamento na área.

E finalmente, no último capítulo, o único reformulado e revisado a partir do da minha dissertação, abordei as ferramentas que podem ser utilizadas pelo tradutor para realizar suas traduções.

Foi depois de tudo isto que, ao reler o que tinha escrito, não pude deixar de perceber que não se tratava de uma reformulação da minha dissertação, mas de um livro novo.

De uma maneira geral, digo que este livro é direcionado aos alunos e interessados na área de Tradução, respondendo perguntas básicas como: onde estudar? Em que devo focar primeiro? Por onde começar? O que usar? Em que áreas posso trabalhar? E foi motivado por serem as perguntas que vez ou outra, alguns graduandos me fazem quando descobrem minha pesquisa em tradução.

No mais, sou doutorando na área de estudos neolatinos da UFRJ, na qual pesquiso sobre Tradução, minha área de interesse desde o tempo de graduação em Letras.

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TRADUÇÃO - Diogo Neves da Costa

No mestrado pesquisei sobre tradução e suas ferramentas; agora no doutorado, pesquiso sobre Tradução e ensino. Tenho experiência na área de tradução como autônomo, prestando serviços a empresas, tanto como tradutor, quanto como professor. Atualmente sou bolsista CAPES.

Tenho certeza que muito tenho a aprender, mas espero poder dividir um pouco do meu conhecimento com você, leitor, e desde já agradeço a sua confiança depositada no momento em que adquiriu este livro.

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A TRADUÇÃO NO MUNDO MODERNO Era junho de 1999, o último dia de trabalho de Celso. Durante 30 anos, ele serviu com orgulho no ofício de tradutor técnico em uma empresa de tradução pioneira no Brasil, que atuava no mercado desde a abertura desse nicho, por volta das décadas 1950 e 1960, com as traduções de enciclopédias. Celso, basicamente, viu o florescer do mercado de tradução.

Sua manhã passou ligeiro em meio a despedidas e festas, e de fato era ele o mais velho na empresa. Todos seus companheiros de geração já haviam saído, alguns, inclusive, falecidos. Ele trazia consigo a ideia de que seus chefes há muito esperavam pela sua aposentadoria e que só o tinham deixado lá até então por uma amizade firmada entre Celso e Olavo, fundador da empresa, hoje dirigida pelo seu filho.

Eram 16 horas e não havia nada mais a ser feito, faltava apenas uma hora para estar de corpo presente. Olhava para a tela do computador, aquela máquina infernal, que de tempos em tempos trazia uma “novidade” e forçava Celso a aprender tudo de novo. Nunca havia se conformado com essas febres passageiras da tecnologia, que só servem para aumentar o custo para empresa e encher o bolso dos fabricantes.

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TRADUÇÃO - Diogo Neves da Costa

Na busca por eficiência e eficácia, a empresa, desde que tinha começado o trabalho de tradutor, já tinha testado várias coisas, desde a máquina de escrever elétrica, passando pelo EditEX, Carta Certa, Wordstar até chegar ao Word. E já se começa a falar de um tal de Trados...

Todo ano lançam algo diferente, do Windows 3.11 para o Windows 95 e agora o Windows 98. Mais uma dor de cabeça!

Na época da boa e velha máquina de escrever era só colocar a folha e começar o trabalho! Só no tempo em que se demora para ligar esse Windows, Celso já teria feito 2 ou 3 parágrafos. Sem contar o custo disso tudo, todo ano a empresa gasta rios de dinheiro para instalar o sistema operacional novo, o programa novo, tudo novo!

Todo ano vem um moço mirrado, que parece não saber apertar um parafuso ou trocar uma lâmpada, colocar um CD na máquina e ficar apertando o botão (e o chamam de técnico).

E a luz elétrica? Cada vez se gasta mais. Mas isso não era mais problema de Celso, hoje ele iria pendurar as

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chuteiras e curtir seu teatro e feriados prolongados em Cabo Frio. Na baia ao seu lado, uma nova funcionária, uma figura no mínimo pitoresca, usava na cintura um Walkman e grandes fones na cabeça. Como ela conseguia se concentrar para fazer uma tradução era um mistério para Celso.

E, como ele nada tinha a fazer, aproveitou a licença concedia pela idade e virou levemente sua cadeira para observar a jovem tradutora durante essa última hora que faltava.

Ao que tudo indicava, ela traduzia um texto do francês para o português. Ela não era de fato muito rápida, não havia aprendido a digitar com os 10 dedos no curso de datilografia, mas continuava seu trabalho de tradução absorta na tela a sua frente, o texto em francês ao lado do teclado e uma música alta que podia ser ouvida através de seus fones.

Tudo parecia ir bem, até que alguma palavra parecia fugir do seu conhecimento. E lendo por de trás do ombro da menina, que parecia não percebê-lo, ou pelo menos o fingia, via que era uma expressão: “Déclarer forfait”.

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TRADUÇÃO - Diogo Neves da Costa

Ela havia traduzido por “contrato”, mas ela logo percebeu que não fazia sentido naquele texto. Celso se permitiu rir por dentro pensando que a idade trazia uma experiência que não é possível aos jovens e já podia antever o problema que se colocaria para ela, pois um dicionário qualquer traria somente “forfait” ou “déclarer” separadamente. E ela, portanto, teria que consultar ou um ótimo dicionário para acha-los juntos ou, é claro, perguntar aos mais experientes!

Contudo, a nova funcionária clica na mesma hora em uma letra, um “e” azul que está na tela e abre a “internet”, outro demônio do final do século. Agora em vez de ler no papel, precisava-se ler naquela tela brilhante do computador.

Com certa agilidade, a tradutora entra no Google e digita entre aspas a palavra “déclarer forfait” e logo surgem diversas reportagens contendo a expressão. Em alguns minutos, ela identificava que “déclarer forfait” poderia ser naquele caso “jogar a toalha”. E continua sua tradução.

Celso olhava curioso: parece que só agora ele percebera como as coisas mudaram muito desde que começou no ofício e pensou se não devia realmente ter aceitado fazer as reciclagens que seu chefe de seção tanto tinha insistido.

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Passam-se mais alguns minutos e um novo problema aparece, mas agora gramatical. Havia no texto o pronome “y”, que em francês, Celso pensou, retomava lugares e não tinha correspondência exata em português.

Depois de refletir um pouco, a menina clica em outro ícone, agora uma florzinha verde. Com um certo esforço, Celso leu abaixo do ícone “ICQ”.

Rapidamente, foi aberto um programa com um monte de números de telefones e nomes, a jovem clica em um deles e escreve uma mensagem:

- Oi Rafa, estou com uma dúvida, pode me ajudar?

Ela fecha a página e continua a traduzir, ignorando por hora o “y”. Poucos segundos depois, dois gemidos saem da caixa de som e uma luz começa a piscar na parte de baixo do computador. Ela reabre o programa e começa um diálogo com a internet.

- Claro Aninha, pode falar. - Então! Estou traduzindo um texto aqui e apareceu o pronome “y”, não sei o que fazer com ele.

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TRADUÇÃO - Diogo Neves da Costa

- Então Ana, depende do texto, se for muito importante o lugar você pode colocar um “lá” no final da frase, mas se não for, apaga ele, não tem problema. - Ahhhh! Vlw, Tava pensando nisso. ;p. - Tranks, quando precisar manda msg. - Vlw!

Celso olhava aquilo curioso, pois é verdade que não entendeu direito as últimas linhas, parecia um dialeto de gueto! Mas o fato é que alguém simplesmente deu a resposta sem ela ter de levantar da cadeira.

Mais alguns minutos se passaram e Ana, absorta em sua tradução, se deparou com mais um problema. Dessa vez não era nem de vocabulário, nem gramatical, simplesmente o texto tinha um palavrão e ao que parece a dúvida era se ela traduziria literalmente ou amenizava o palavrão. Mais uma vez ela foi à rede, mas ao invés de procurar pela palavra, procurou textos da mesma natureza e dedicou um tempo considerável os lendo, até concluir que em textos daquele tipo no Brasil não era muito aconselhável usar um palavrão e preferiu trocá-lo por “se ferrar”.

O relógio do computador marcava 17h, Ana salvou o documento e se preparava para ir embora, amanhã

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terminaria o texto, já que tinha prazo. Só neste momento ela percebeu Celso atrás de si:

- Seu Celso, tudo bem com o senhor? Animado com a aposentadoria? - Oi? – Ele ainda estava refletindo sobre o que vira, mas logo se recompôs – Ah! Sim, vai ser ótimo, chega de esquentar a cabeça. - Pois é, um dia chego lá! - Sim minha filha, chega sim.

E se levantando da cadeira, ele desliga seu computador. Nunca o corredor até o elevador fora tão longo, mais apertos de mão, mais abraços, convites para uma esticada e uma cerveja que logo foram recusados. Odiava bagunça até quando era jovem. Nasceu velho!

Desceu pelo elevador pensando sobre como as coisas tinham mudado desde que começou; talvez devesse se dedicar a aprender a usar o computador no final das contas.

Saiu do escritório, sentiu o vento batendo no rosto e logo esqueceu esse pensamento, acenou para um táxi (mais um luxo que se daria hoje), pois está com um bom dinheiro do FGTS. Deu ao taxista o endereço de sua casa e seguiu feliz para encontrar sua esposa, finalmente

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TRADUÇÃO - Diogo Neves da Costa

fariam o cruzeiro que ela sempre sonhou, sem trabalho ou filhos pequenos para se preocupar. Obviamente a história acima é ficcional, mas serve para ilustrar como a tecnologia se expandiu nos últimos anos e, muitas vezes, os mais novos esquecem que, no Brasil, a Internet chegou ao longo da década de 90; e que antes do Skype havia o MSN, antecedido pelo ICQ, que hoje tenta retornar.

Esquecemos que o Google foi idealizado em 19951, e que, apesar do ritmo acelerado, os computadores, a internet e a Web como um todo são bastante recentes do ponto de vista histórico. Sendo assim, usá-los em prol da tradução pode ser algo naturalizado pelos tradutores experientes, mas vem de um aprendizado, muitas vezes, individual e na base da tentativa e erro.

Hoje temos uma série de ferramentas de tradução assistidas (CATs), que vão muito além do Trados e do Wordfast e que agilizam o trabalho do tradutor. Essas, para os tradutores autônomos (freelancers), são ferramentas rotineiras.

1 - http://www.google.com.br/intl/pt-BR/about/company/history/. Última consulta em 19 de maio de 2014.

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A própria história da Tradução passou por grandes mudanças ao longo do século XX, passando a abarcar novos fenômenos como a legendagem e a dublagem (que surgiu como a conhecemos graças ao aparecimento do cinema), inventou-se a interpretação simultânea para os julgamentos de Nuremberg (década de 1940) e a localização (adaptação de um programa para o mercado de consumo) se tornou uma realidade na nossa sociedade entre o final da década de 1980 e início da década de 1990.

Esse livro pretende dar uma pequena luz em meio a tantas possibilidades que o mundo digital traz. Na época de minha dissertação, eu pensava em tradução como sendo, somente, o texto escrito no papel. Entretanto percebi que “Tradução” era um termo guardachuva que contempla também outros fenômenos, como a dublagem, legendagem, localização, audiodescrição e, em alguns casos, a interpretação. COMPRE O LIVRO COMPLETO EM: EBOOK: https://clubedeautores.com.br/book/175372-TRADUCAO#.VK8S8ivN-PM Para ter o livro físico basta me mandar um email: [email protected] ou procura-lo na barra de busca em www.estantevirtual.com.br (seja pelo título

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Tradução: profissão, formação e ferramentas, seja pelo autor Diogo Neves da Costa OBRIGADO!!!!!

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