Traduções de poemas de Jerzy Ficowski do livro A leitura das cinzas

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UFSC » Qorpus » Teatro na Praia/ Textos Criativos » Edição N. 017 » Poemas de Jerzy Ficowski, do livro Odczytanie popiołów(A leitura das cinzas) – Traduções de Piotr Kilanowski

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Projeto de Extensão – Curso de Graduação em Artes Cênicas – UFSC

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Poemas de Jerzy Ficowski, do livro Odczytanie popiołów(A leitura das cinzas) – Traduções de Piotr Kilanowski Links úteis

Poemas de Jerzy Ficowski (1924-2006), do livro Odczytanie popiołów(A leitura das cinzas) [1]. Traduções de Piotr Kilanowski[2]

Curso de Graduação em Artes Cênicas Departamento de Artes e Libras UFSC

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Jerzy Ficowski

*** Não consegui salvar nem uma vida

não soube deter nem uma bala

então percorro cemitérios que não existem busco palavras que não existem corro

para o socorro não pedido para o resgate tardio

quero chegar a tempo mesmo que tarde demais ***

Muranów se ergue sobre as camadas do morrer a fundação apoiada em osso os porões nas valas esvaziadas de gritos

Foi ou não foi está como está

Há uma calmaria de gemidos removidos halo negro do fogo defunto Muranów fortemente plantado na sepultura da memória a maioria das cartas chega

Foi ou não foi está como está

E eu como ele elevado até a superfície das cinzas sob as estrelas de vidro estilhaçado

Foi ou não foi está como está

eu queria apenas calar mas calando minto

eu queria apenas andar mas andando pisoteio

*** Nie zdołałem ocalić ani jednego życia

nie umiałem zatrzymać ani jednej kuli

wię c krążę po cmentarzach których nie ma szukam słów

których nie ma biegnę

na pomoc nie wołaną na spóźniony ratunek

chcę zdążyć choćby poniewczasie

*** Muranów góruje na warstwach umierania fundament wsparty o kość piwnice w wyrwach opróż nionych z krzyku

Było nie było jest jak jest

Jest spokój ję ków uprzątnię tych czarna łuna zdechłego ognia mocno stoi Muranów na pochówku pamieci wiekszość listów dochodzi

Było nie było jest jak jest

I ja jak on wydźwignię ty na powierzchnię popiołu pod gwiazdy z tłuczonego szkła

Było nie było jest jak jest

chciałbym tylko milczeć a milcząc kłamię

chciałbym tylko iść a idąc depczę

Uma das ilustrações feitas por Marc Chagall para o poema de Ficowski

Carta a Marc Chagall

I

Que pena que o senhor não conheceRosa Gold, a mais triste rosa dourada. Ela só tinha sete anos, quando acabou essa guerra. Não a vi nunca, mas ela não tira os olhos de mim. Duas vezes as neves derreteram sobre aqueles olhos, duas mil vezes morreram os olhos de seis anos de Rosa Gold.

Meu irmão saiu de noite, bebeu água de uma poça e morreu. Nós o enterramos no bosque, no meio da noite. Uma vez o tio saiu do abrigo e nunca mais voltou. Ficamos escondidos assim 18 meses, até que chegaram os russos. Não sabíamos andar e até hoje temos pernas fracas. E Rosa está sempre triste, chora com frequência e não quer brincar com as outras crianças.

Que bom que o senhor não conhece Rosa Gold! Explodiriam em fumaça os cachos de lilases, nos quais deitam os enamorados. A rabeca do músico verde lhe cortaria a garganta. O portão do cemitério judeu voltaria ao pó ou sufocaria no mato de tijolos daninhos. A tinta carbonizaria as telas. Pois o último, o mais horripilante grito é sempre apenas o silêncio.

Que pena que o senhor não conhece Frycek!

Sua mãe conseguiu dá-lo à luz um tantinho antes da guerra. E ele queria ser um arenque, que tem seu próprio sal ou uma mosca, que é livre para zumbir. Pois lhe era permitido ser apenas um pouco. Atrás do armário, sonhava com cebola, e como não iria chorar com sonhos assim?!

Eu ficava atrás do armário, não jantava. Quando vinha alguém ficava quietinho, nunca saía ao sol. Me cobria com um edredom cheio de piolhos. Pensei que eu iria ser sempre assim. Eles falavam que iam viajar para Częstochowa e que iam me deixar. Queria chorar, mas pensava: e daí, quando eles viajarem vou sair de trás do armário.

Que bom que o senhor não conhece Frycek, que atrás do armário fingia ser uma teia de aranha! A filhinha sentada na janela verde. Por anos chia o samovar de Vitebsk. Soltam fumaça as sonolentas lâmpadas de querosene. O arenque alado lá do céu abençoa as feiras. Enfim, para que acreditar em Frycek? Afinal, Frycek não é Deus.

II

E um dia chegou a mamãe e me levou para outro apartamento, onde precisava chamar a mamãe de “senhora” e não podia chamá-la de mamãe. Às vezes me esquecia de chamar a mamãe de “senhora” e a mamãe ficava muito nervosa. Mas para mim era muito difícil me acostumar com isso, era tão duro que de vez em quando precisava sussurrar no ouvido da mamãe algumas vezes: “Mamãe, mamãe, mamãe”. E perguntava: “Mamãe, quando a guerra acabar eu vou poder chamar você em voz alta de – “mamãe”?

Eis os versículos do Novíssimo Testamento. Nele seis milhões de laudas carbonizadas, e mira-se nas sobreviventes, faz anos, o castiçal vermelho do incêndio. E há também o testemunho das coisas. No espelho do barbeiro o terror barbudo despertou círculos cada vez mais amplos, mais amplos, como na água verde e triste, e explodiram aquele mundo.

Não sobrou nem o reflexo. Mandaria para o senhor, senhor Chagall, nem que fosse um pequeno caco do espelho, mas eles já estão nas profundezas do estrato de uma era morta, e ao redor deles a abundância de ossos, os quais fazem muita questão que se silencie um pouco sobre eles, os quais jazem em todos os lugares incógnitos, e que se reze por eles em voz alta a palavra: “Mamele”

A criança tinha muito medo da morte. Se agarrava à mãe e perguntava: “Mamãe, a morte dói muito?” A mãe chorava e falava: “Não, é bem rapidinho”- e assim as fuzilaram.

E surgiram novos desertos: as areias de Majdanek, Sobibór, as dunas de Treblinka e Bełżec[1], onde o vento deita para o descanso eterno não sílica, mica e arenito – triturados na mó dos mares antigos – mas cálcio e carbono da estirpe humana reduzida a pó. Eu – ser humano, eu – filho desta terra, eu – irmão não queimado daqueles, ainda vejo como o galo do senhor, que ficou cego, protege as sobras dos assuntos humanos, e no último dia da destruição se eleva acima das cinzas.

III

Nos terrenos dos antigos campos da morte, os bandos de ladrões grassam, procurando o ouro nas camadas de cinzas que restaram dos prisioneiros queimados.

Na escuridão, as cinzas fluem pelas ampulhetas crivadoras. E no ar é assim

como se respirasse o seu último suspiro. Às vezes, a estrela ressuscitada de sob a terra alumia a noite: um dente de ouro extraído das cinzas. E então dá para ver nesse brilho as mãos dos antropoides escorrendo vermelho. Hoje conheci estas mãos, embora de dia estejam limpas como uma hóstia: batiam palmas para os trens que passavam, e nos quais nos deixaram para sempre Rosa Gold e Frycek de detrás do armário, deixando os seus mortos. Creio que acharão abrigo e que ainda os encontrarei nos recantos seguros das cores oraculares nos seus quadros, senhor Chagall.

LIST DO MARC CHAGALLA I

Jaka szkoda, że pan nie zna Róży Gold, najsmutniejszej złotej róży. Ona miała tylko siedem lat, kiedy skończyła się ta wojna. Nie widziałem jej nigdy, ale ona oczu ze mnie nie spuszcza. Dwa razy śniegi topniały na nich, dwa tysiące razy umierały sześcioletnie oczy Róży Gold.

Brat wyszedł w nocy, napił się wody z kałuży i umarł. Pogrzebaliśmy go nocą w lesie. Raz wujek wyszedł z bunkra i już nie wrócił. Siedzieliśmy tak ukryci 18 miesięcy, aż Rosjanie przyszli. Wcale nie umiałyśmy chodzić i teraz jeszcze mamy słabe nogi. A Róża jest zawsze smutna, często płacze i nie chce bawić się z dziećmi. Jak to dobrze, że pan nie zna Róży Gold! Wybuchłaby dymem kiść bzu, w której leżą zakochani. Skrzypce zielonego muzykanta poderżnę łyby mu gardło. Brama kirkutu obróciłaby się w proch albo zarosła cegłą. Farba zwę gliłaby płótna. Bo ostatni, najstraszliwszy krzyk jest zawsze tylko milczeniem. Jaka szkoda, że pan nie zna Frycka! Jego matka zdążyła urodzić go tuż-tuż przed wojną. A on chciał być śledziem, który ma swoją sól, albo muchą, której wolno brzę czeć.

Bo jemu wolno było tylko trochę być. Śniła mu się za szafą cebula, no to jak miał nie płakać z takich snów?!

Siedziałem za szafą, kolacji nie jadłem. Jak ktoś przychodził, siedziałem cichutko, nawet nigdy nie byłem na słońcu. Przykrywałem się kołdrą, w której było pełno wszy. Myślałem, że zawsze już tak będę. Oni mówili, że pojadą do Częstochowy, a mnie zostawią. Już chciałem płakać, ale myślałem: co tam, jak oni wyjadą, to wyjdę zza szafy. Jak to dobrze, że pan nie zna Frycka, co udawał za szafą paję czynę ! Siedzi córeczka w zielonym oknie. Szumi przez lata samowar z Witebska. Kopcą senne lampy naftowe. Skrzydlaty śledź jarmarkom błogosławi z nieba. Zresztą po co wierzyć we Frycka? Przecież Frycek nie jest Panem Bogiem. II

I pewnego dnia przyszła mamusia i zabrała mnie do innego mieszkania, gdzie musiałem do mamusi mówić „pani”. Czasem zapominałem mówić do mamusi „pani” i wtedy mamusia była bardzo zdenerwowana. Ale mnie tak trudno było przyzwyczaić się do tego, tak ciężko, że czasami musiałem szepnąć na ucho mamusi kilka razy: „Mamusiu, mamusiu, mamusiu.” I pytałem: „Mamusiu, a jak się skończy wojna, to czy będę mógł mówić do ciebie głośno – mamusiu?” Oto wersety z Najnowszego Testamentu. W nim sześć milionów kart zwę glonych, a w ocalałych przegląda się od lat czerwony świecznik pożaru. A są też świadectwa rzeczy. W lustrze fryzjera brodaty przestrach wzbudził krę gi coraz szersze, szersze, jak w smutnej wodzie zielonej i rozsadziły tamten świat. Nie zostało nawet odbicie. Posłałbym panu, panie Chagall, choćby mały odłamek lustra, ale one są już głę boko w warstwie umarłej ery, a koło nich dostatek kości, którym bardzo na tym zależy, aby trochę pomilczeć o nich, leżących we wszystkich niewiadomych miejscach, i odmawiać za nie głośno słowo: „Mamełe”.

Dziecko bardzo bało się śmierci. Tuliło się do matki i pytało: „Mamusiu, czy śmierć bardzo boli?” Matka płakała i mówiła: „Nie, tylko chwileczkę” – i tak ich zastrzelili. I powstały nowe pustynie: piaski Majdanka, Sobiboru, wydmy Treblinki i Bełżca, gdzie wiatr układa na wieczny spoczynek nie krzemień, nie mikę , piaskowiec – zmielone w żarnach starych mórz – ale wapń i wę giel

ludzkiego rodu zrównanego z ziemią. Ja – człowiek, ja – syn tej ziemi, ja – niespalony ich brat jeszcze widzę , jak pana kogut oślepły chroni ogryzki ludzkich spraw i w ostatnim dniu zniszczenia unosi się nad popiołami. III

Na terenach byłych obozów zagłady grasują bandy rabunkowe, szukające złota w pokładach popiołu pozostałego po spalonych więźniach. W ciemności popioły płyną przez durszlakowe klepsydry. I jest w powietrzu tak, jakby oddychało ich ostatnim tchnieniem. Czasem noc rozświeci zmartwychwstała spod ziemi gwiazda: złoty ząb wyrwany z popiołów. I wtedy widać w tym błysku rę ce człekokształtnych ociekające czerwienią. Dzisiaj poznałem te dłonie, choć za dnia są czyste jak opłatek: biły brawa jadącym pociągom, w których opuszczali nas na zawsze Róża Gold i Frycek zza szafy, zostawiając swoich umarłych. Myślę , że znajdą przytułek i że spotkam ich jeszcze w bezpiecznych zakamarkach wróżebnych kolorów u pana, panie Chagall. ***

Tuas mães As duas

para Bieta com amor

Sob a Torá inútil sob a estrela presa deu-te à luz a mãe

possuis a prova dela assinatura não assassinada a cicatriz no umbigo o sinal da separação para sempre que em ti não deu tempo de doer

isto sabes

Depois dormias na trouxa contrabandeada para fora do gueto alguém disse que numa caixa feita lá em Nowolipie com uma entrada para o ar sem entrada para o medo escondida em uma carroça com tijolos

Te esgueiraste naquele caixãozinho salva às escondidas daquele mundo para este mundo até o lado ariano e o fogo ocupou o canto vazio que deixaste

Então não choravas o choro podia ser mortal o luminal te fazia dormir com sua cantiga de ninar E quase não existias para poderes existir

E a mãe salva em ti já podia ingressar na multidão da morte amontoada feliz incompleta podia em vez da memória dar-te um presente de despedida a semelhança com ela e data e nome

tanto assim

E logo alguém se encarregou do teu sono alguém ocasional às pressas e já ficou para o longo sempre e te lavou da orfandade

e te envolveu em amor e fez-se a resposta para a tua primeira palavra

Tuas mães As duas foram quem te ensinou a assim não te surpreenderes nada quando dizes Eu sou

Twoje matki obie

Biecie z miłością

Pod Torą nadaremną pod uwię zioną gwiazdą urodziła cię matka

masz dowód na nią niezbity nie zabity bliznę pę pka znak rozstania na zawsze które cię nie zdążyło zaboleć

to wiesz

Potem spałaś w tobołku wyniesionym z getta ktoś powiedział że w skrzynce skleconej gdzieś na Nowolipiu z dopływem powietrza bez dopływu strachu ukrytej w wozie z cegłą

Wymknę łaś się w tej trumience zbawiona ukradkiem z tamtego świata na ten świat

aż na aryjską stronę i ogień zajął pusty kąt po tobie

Wię c nie płakałaś płacz bywał śmiertelny luminal cię usypiał swoją kołysanką I prawie cię nie było żebyś mogła być

A matka ocalona w tobie mogła już wstąpić w tłumną śmierć szczę śliwa niecała mogła zamiast pamię ci dać ci na odjezdne podobieństwo do siebie i datę i imię

aż tyle

I zaraz się zakrzątnął koło twego snu ktoś przygodny naprę dce i został już na długie zawsze i obmył cię z sieroctwa i spowinął w miłość i stał się odpowiedzią na twoje pierwsze słowo

To twoje matki obie nauczyły cię tak nie dziwić się wcale kiedy mówisz Jestem

[1]Nomes dos campos de extermínio criados pela Alemanha Nazista no território polonês ocupado.

[1] O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil. Os poemas aqui traduzidos contaram com a cuidadosa revisão e sugestões de Eneida Favre e sugestões de Marcelo Paiva de Souza. Aos dois ,meus mais sinceros agradecimentos.

[2] Professor de literatura polonesa na UFPR, doutorando em literatura na UFSC. [3]Nomes dos campos de extermínio criados pela Alemanha Nazista no território polonês ocupado.

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