USABILIDADE DA PLATAFORMA TV.COMMUNITY

June 7, 2017 | Autor: Paulo DuArte | Categoria: Television Studies, Usability, Usabilidade, Televisão, Televisão Digital Interativa (TVDi)
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USABILIDADE DA PLATAFORMA TV.COMMUNITY

Resumo: A televisão tem sido uma presença assídua nas habitações familiares e progressivamente em ambientes sem interação, como nas empresas e serviços públicos através de Corporate TVs, estando ainda presente em qualquer lugar em dispositivos móveis como os smartphones e os tablets. Estas novas formas de interação devem, portanto, ser uma preocupação para quem desenvolve as plataformas e os conteúdos. Nesse sentido, a TV.COMmunity surge como uma plataforma de televisão interativa pensada para operar em multicanal (e.g., Web, Televisor, Corporate TV) e multidispositivo (e.g., computador, SmartTV, tablet, smartphone), bem como em diferentes contextos (e.g., educacional, empresarial, serviço público). Assim, para perceber se a interface é clara, intuitiva e de fácil utilização para o utilizador, um protótipo Web da plataforma foi sujeito a testes de usabilidade por dois grupos de avaliadores distintos, quatro professores e quatro alunos de uma instituição de ensino superior portuguesa. Palavras-chave: Interfaces, TV.COMmunity, Usabilidade, Web

Abstract: Television has been an assiduous presence in our homes and progressively in spaces without interaction, like businesses and public services through Corporate TVs, being yet present anywhere on mobile devices like smartphones and tablets. These new ways of interaction should therefore be a concern for platform developers and content creators/providers. In this sense, TV.COMmunity emerges as a platform for interactive television designed to operate in multi-channel (e.g., Web, Television, Corporate TV) and multi-device (e.g., computer, SmartTV, tablet, smartphone) and in different contexts (e.g., education, business, public service). So, to understand if the interface meets the user in a clear, easy and intuitive way, a Web prototype platform was subjected to usability testing by two distinct groups of evaluators, four teachers and four students of a Portuguese institution of higher education. Keywords: Interfaces, TV.COMmunity, Usability, Web

Introdução Diversas interfaces têm sido desenvolvidas ao longo dos anos para a disponibilização de sinal vídeo aliado a outras formas de comunicação e interação, quer sejam interfaces para uso móvel e interativo como os smartphones, tablets, e outros dispositivos táteis, quer para um ambiente familiar como as Smart TVs ou os novos serviços de set-top-box (Apple TV, Roku 3, Google TV, WD TV), ou ainda para ambientes públicos e sem interação como as Corporate TV

(Branco, Barbas, Raminhos, Seabra, & Miranda, 2013), trazendo consigo novas preocupações e desafios para quem as desenvolve e para quem concebe conteúdos. Estas inquietações estão inerentes ao projeto TV.COMmunity, uma plataforma de televisão interativa e social concebida para operar em multicanal (e.g., Web, Televisor, Corporate TV) e multidispositivo (e.g., computador, SmartTV, tablet, smartphone) e cujos principais objetivos passam pela construção de uma plataforma enquanto veículo de combate à infoexclusão, sob a forma de um canal de divulgação de conhecimento, independentemente da localização geográfica dos seus utilizadores, bem como, a criação de um espaço educacional interativo (recorrendo, por exemplo, ao e-learning) para promoção do conhecimento académico e científico. Mais do que permitir a visualização de conteúdos vídeo em multidispositivos, esta ferramenta permite enriquecer esses mesmos conteúdos, adicionando à aplicação de vídeo outros suportes como imagens, textos, URL's, áudios, ou ainda outros vídeos. Além da preocupação de como se deve construir uma ferramenta adaptável ao utilizador, devemos estar atentos à própria opinião dos utilizadores sobre as aplicações e sobre as interfaces, pois estas são construídas e desenhadas para eles, e deverão ser eles o elemento central deste planeamento. Tal como em qualquer projeto de design, para existir uma avaliação tem de existir algum artefacto, o desenho da interface ou um protótipo, contudo, no caso específico de uma televisão interativa, em que se pretende a efetiva interação entre o utilizador e a máquina, qualquer desenho é redutor, assim é imprescindível a existência de um protótipo passível de ser testado em contexto real (Pemberton & Griffiths, 2003). Dos vários ambientes em que a plataforma irá operar (Web, televisor, Corporate TV) já se encontra desenvolvido o protótipo para o ambiente Web, tendo este sido alvo de testes de usabilidade por dois grupos de avaliadores, um composto por professores e outro, composto por estudantes. De realçar que, o desenvolvimento de uma aplicação tecnológica é um processo que exige um planeamento rigoroso para o qual, antes de iniciar o desenvolvimento, um conjunto de princípios de design devem ser tidos em conta. No caso específico desta plataforma interativa, os princípios pelos quais se ancorou o trabalho foram as 10 heurísticas de usabilidade de Nielsen (1995). Com base no exposto, neste trabalho, apresentar-se-á, numa primeira instância as funcionalidades da aplicação, de seguida explanaremos de que modo foram realizados os testes de usabilidade, exporemos alguns resultados que discutiremos, retirando por fim algumas conclusões.

Funcionalidades da Aplicação Do ponto de vista do design de interfaces da plataforma, esta possui uma interface back-end (cf. figura 1) e outra de front-end (cf. figura 2). A primeira, exclusiva para os administradores do

sistema, permite definir categorias de indexação (metadados), carregar vídeos, efetuar todo o enriquecimento de conteúdos, entre outras funcionalidades de administração.

Figura 1 - Interface de administração (back-end)

Já o front-end surge como a interface entre a plataforma e o utilizador comum, estando presentes todos os vídeos publicados na plataforma bem como os fóruns associados aos vídeos.

Figura 2 - Interface de utilizador (front-end)

De um modo sucinto passaremos a apresentar algumas das funcionalidades da plataforma separadas pelo back-end e pelo front-end Back-end Vídeo upload - Esta funcionalidade permite o upload de vídeo em qualquer formato, pois este será posteriormente convertido, graças a um codificador presente na plataforma, para .Mp4 e .WebM de modo a poder ser visualizado em múltiplos dispositivos. Aqui é inserida toda a informação relativa ao vídeo tal como o título, a descrição, as palavras-chave e categorias de indexação (que para os testes de usabilidade foram o "tema", o "orador", o "tipo de evento" e o "ano" mas que podem ser outras definidas pelos administradores).

Capítulos - Cada vídeo poderá ter um ou vários capítulos (cf. figura 3). Deste modo, podemos segmentar os diversos momentos do vídeo que na interface de visualização poderão ser acedidos de forma interativa sem termos a necessidade de visualizar todo o vídeo. Existe ainda a possibilidade de criar capítulos invisíveis, isto é, se pretendermos eliminar uma parte do vídeo não necessitamos de o fazer num editor de vídeo, basta criar um capítulo e ignorá-lo, deste modo não surgirá na interface de front-end.

Figura 3 - Criação/edição de capítulos

Extras - Esta pretende ser a caraterística principal da plataforma TV.COMmunity. A funcionalidade "extras" (cf. figura 4) permite o enriquecimento dos conteúdos do vídeo através de documentos associados ao mesmo. Assim, poderemos adicionar a qualquer momento do vídeo (os extras ficam associados aos capítulos e em particular ao segundo do vídeo que for selecionado) um documento que ficará disponível diretamente na plataforma, seja ele uma TM

imagem, um slideshow, um vídeo (carregado na plataforma ou do Youtube ), um áudio, uma hiperligação ou informação sobre a forma de texto, em alternativa poderão ser introduzidos quaisquer outros documentos, independentes do formato que, não abrindo dentro da plataforma, ficarão disponíveis sobre a forma de download. Deste modo, podemos associar aos conteúdos do vídeo outros documentos relacionados. E.g., um professor refere no vídeo um conceito e associa a este momento do vídeo um artigo em .PDF, ou uma hiperligação com mais informação sobre o mesmo assunto. Deste modo, o estudante poderá obter mais informação sobre esta temática de uma forma personalizada e interativa.

Figura 4 - Adição de extras (imagem parcial, a parte superior é idêntica à figura 3)

Comentários - Como veremos posteriormente em maior detalhe, esta plataforma permite a inserção de comentários ao vídeo. No back-end o administrador poderá gerir esta informação, podendo, por exemplo, apagar comentários irrelevantes ou injuriosos. Front-end Registo/Autenticação - A plataforma está construída de forma a que o conteúdo seja visível para qualquer utilizador, no entanto para que possa participar na discussão dos vídeos (comentários) ou para que possa escrever as suas notas pessoais, este deverá estar registado e autenticado. Assim, existe a opção de registo de uma nova conta (cf. figura 6), ou, para utilizadores já registados, autenticação na sua conta através do seu nome de utilizador e palavra passe (cf. figura 5).

Figuras 5 e 6 - Menu de autenticação e de registo de uma nova conta.

Pesquisa - Para procurarmos o vídeo pretendido temos três opções de pesquisa. Podemos utilizar a barra de navegação e colocar o cursor sobre os vídeos até encontrarmos o pretendido e selecioná-lo, mas poderá tornar-se um processo moroso se existirem muitos vídeos, temos ainda a opção de pesquisa por palavras-chave semelhante aos motores de busca e por fim as listas elásticas (cf. figura 7) que consistem em 4 categorias de indexação criadas no back-end (ano, orador, tipologia de evento, tema) que permitem filtrar os vídeos disponíveis. Estes filtros tem a possibilidade de ser utilizados separadamente ou em conjunto, i. e., poderemos optar por selecionar todos os vídeos de uma determinada categoria, e.g., ano = 2012, tipo de evento = aula, tema = realidade aumentada, ou podemos selecionar várias opções e várias categorias, e.g., vídeos do orador X e do orador Y do ano de 2011 sobre investigação ou educação.

Figura 7 - Listas elásticas

Video player - Enquanto plataforma de televisão, o visualizador de vídeos tem uma particular importância pois é nele que surgem os conteúdos disponibilizados ao utilizador. Deste modo, foi criado um visualizador que pudesse incorporar todos os elementos de enriquecimento de conteúdo da plataforma (cf. figura 8). Assim, do lado esquerdo da interface surgem os capítulos (elementos clicáveis e que permitem ao utilizador "saltar" para diferentes momentos do vídeo); do lado direito surge o menu de extras (inclui os documentos associados ao vídeo, as notas e os comentários); ao centro tem-se efetivamente o visualizador, onde surge o vídeo; sobre este existe a opção de visualizar vídeos relacionados ou de partilhar o mesmo por e-mail ou via redes sociais (Facebook, Google+, Twitter); por fim em baixo surge a timeline. A timeline está presente de duas formas, uma superior que é respeitante a todo o vídeo e que permite ver a separação por capítulos e uma inferior respeitante apenas ao capítulo atual do vídeo onde surge a informação relacionada com os extras, notas e ou comentários desse capítulo.

Figura 8 - Interface do visualizador de vídeo

No que toca ao menu de extras, este pode ser expandido passando o vídeo principal a ocupar um espaço reduzido no ecrã (cf. figura 9). Com efeito, podemos continuar a visualizar e a acompanhar o vídeo ao mesmo tempo que consultamos a informação relacionada.

Figura 9 - Menu dos extras expandido (com o vídeo principal no canto inferior esquerdo)

Comentários - Tendo a pretensão de ser utilizada em contexto educativo, considerou-se necessário existir um local onde pudesse existir interação entre docentes e os estudantes e ao mesmo tempo entre estes e os seus pares. Com efeito, introduziu-se uma funcionalidade que permite aos utilizadores comentarem os vídeos (os comentários ficam associados ao momento/capítulo do vídeo onde forem colocados), permitindo criar-se um fórum de discussão (cf. figura 10) que enriqueça a experiência e a interação na utilização da plataforma. Os comentários assumem um papel público, isto é, quando inseridos todos os utilizadores poderão vê-los.

Figura 10 - Menu dos extras expandido (janela com os comentários maximizada)

Notas - De um modo idêntico à funcionalidade anterior, também as notas se encontram alocadas a um momento/capítulo do vídeo, no entanto, ao contrário dos comentários as notas são privadas, isto é, apenas o autor das mesmas as consegue visualizar. Esta funcionalidade, do ponto de vista educativo poderá ser importante na medida em que permite ao estudante tirar anotações dos vídeos, de modo a que posteriormente possa por exemplo estudar a partir

delas. Também poderá ser útil para que este construa um diário de bordo das suas aprendizagens, seguro de que a informação inserida é apenas visualizada por si.

Testes de usabilidade Tendo em conta o facto desta plataforma ser passível de utilizar em contexto educativo, e portanto utilizada por estudantes e professores, decidiu-se realizar testes de usabilidade com avaliadores de dois grupos de utilizadores, um primeiro grupo, designado de especialistas em tecnologia educativa, constituído por docentes de ensino superior da área das tecnologias educativas, e um segundo grupo, designado de estudantes multimédia, constituído por estudantes da licenciatura em Educação e Comunicação Multimédia (ECM) da Escola Superior de Educação de Santarém (ESES). Estes testes poderão ser divididos em três fases, correspondendo a primeira à seleção dos avaliadores, a segunda às sessões de avaliação do protótipo e a terceira à análise e tratamento dos dados obtidos. Seleção dos avaliadores Segundo Nielsen (2000) cinco utilizadores são o número ideal para um teste de usabilidade, pois após o quinto utilizador estaremos a perder o nosso tempo ao observar os mesmos resultados sem que verifiquemos algo de novo. Contudo, e se o sistema a ser testado tiver dois ou mais grupos distintos de utilizadores, este número poderá ser superado. Assim, e para o caso específico da TV.COMmunity, com dois grupos de utilizadores (professores e estudantes), o número adequado é o de três ou quatro utilizadores de cada número. Suportando-nos nos estudos de usabilidade de Nielsen, adotámos o valor máximo (quatro utilizadores por grupo) na perspectiva de encontrar o maior número de resultados sem que existisse demasiada redundância. Antes de selecionar quais os docentes e estudantes que iriam participar, foi realizado um inquérito por questionário sobre o perfil tecnológico/televisivo de ambos por forma a tentar aferir qual o seu nível de literacia digital. O inquérito por questionário foi enviado a 38 docentes de instituições de ensino superior da área das tecnologias educativas, dos quais 21 responderam. Do mesmo modo foi também disponibilizado aos 34 estudantes da turma de 2º ano da licenciatura ECM da ESES um questionário semelhante, dos quais 27 responderam. A partir desses dados pôde-se aferir que os docentes apresentavam um nível de literacia digital elevado e os estudantes um nível médio. Por fim, foram selecionados quatro docentes com nível elevado de literacia e que por conveniência tivessem disponibilidade de realizar as avaliações, tendo-se optado por docentes da ESES. No que toca aos estudantes foi selecionado, aleatoriamente, igual número de avaliadores de entre os que responderam ao questionário.

Sessões de avaliação Completada a seleção dos avaliadores foram realizadas as sessões de avaliação. Assim, e por forma a tentar garantir um ambiente de testes acolhedor e ao mesmo tempo focado na avaliação de uma plataforma tecnológica, foi utilizado um gabinete que simulasse um escritório pessoal (cf. figura 11). No gabinete existia um computador com ligação à internet e colunas de som para correta utilização do sistema a ser testado, uma câmara de filmar para recolha de dados áudio e vídeo e uma cadeira para o avaliador.

Figura 11 - Sala de testes

Além do avaliador estava presente na sala um observador (papel desempenhado por um dos autores deste trabalho e que dispunha de uma grelha de observação organizada de acordo com as tarefas a realizar pelo avaliador) e um mediador que auxiliava o avaliador caso este tivesse dúvidas ou não conseguisse realizar alguma das tarefas. Ao todo foram realizadas 24 sessões, 3 por avaliador durante o mês de janeiro de 2013. Nas duas primeiras sessões cada avaliador tinha um guião composto por 21 tarefas específicas e sequenciais, 8 no back-end e 13 no front-end, de modo a que fossem testados ambos os ambientes e um maior número de funcionalidades. Na terceira sessão, pretendia dar-se uma maior liberdade ao avaliador para experimentar a plataforma, nesse sentido criou-se um guião com apenas 8 tarefas gerais e onde o avaliador era estimulado a realizar as tarefas pela ordem e do modo que pretendesse. Em cada sessão o avaliador era convidado a utilizar a ferramenta "notas" para comentar a sua utilização da plataforma, indicando sugestões e críticas, apontando erros ou outra informação que considerasse relevante. No final das três sessões, cada avaliador foi sujeito a um inquérito por questionário com questões abertas e fechadas sobre a plataforma e as diversas funcionalidades testadas. Resultados Depois de terminados todos os testes e de reunidos os dados constantes dos diversos instrumentos de recolha utilizados, foi possível realizar o seu tratamento e análise, que nos

permitiu chegar aos resultados. De seguida apresentam-se os principais resultados no que toca à usabilidade da plataforma. À afirmação "De modo geral, a plataforma TV.COMmunity é fácil de utilizar" do questionário realizado no final dos testes todos manifestaram concordância, cinco concordaram totalmente e três parcialmente. Ainda, o tempo que demoraram a executar as tarefas aparenta que, além da facilidade de utilização, existe uma facilidade de aprendizagem, sendo que na primeira sessão demoraram, em média, 26 minutos e 21 segundos para realizar todas as tarefas do guião, enquanto que na segunda sessão demoraram apenas 16 minutos e 33 segundos. Foram, contudo, identificadas algumas anomalias no protótipo, quer ao nível de bugs (erros que impediam a realização de determinada ação, ou que não funcionavam da melhor forma) quer ao nível de sugestões de melhoria do design e da usabilidade. Alguns destes aspetos foram sendo corrigidos entre as diversas sessões na perspetiva de se perceber se as correções respondiam às necessidades dos utilizadores ou se pelo contrário continuavam a oferecer problemas. De seguida enunciamos as anomalias/defeitos mais relevantes. Em primeiro lugar foi identificado que o tamanho (resolução) do vídeo no ambiente de edição (back-end) era demasiado grande tornando pouco claro, para alguns avaliadores, os campos de edição que estavam por baixo deste. Esta situação apenas se fazia notar em computadores com baixa resolução de ecrã e foi corrigido da primeira para a segunda sessão deixando de apresentar os problemas de visualização. Ainda, dois docentes, manifestaram dificuldade em percepcionar os limites das caixas de preenchimento pelo facto, do fundo de ecrã, do texto e dos limites apresentarem tonalidades cinza com pouco contraste, deste modo aumentou-se o contraste colocando-se os limites e o texto em preto por contraste ao cinza claro do fundo, deixando de apresentar dificuldade aos avaliadores. Como já foi referido, um dos extras que se TM

pode adicionar, é outro vídeo, nomeadamente retirado do Youtube . Este, apesar de ser um extra bastante elogiado pelos avaliadores, por permitir trazer informação útil disponível na rede para enriquecer o conteúdo dos nossos vídeos, apresentava um problema, pois, ao clicar no mesmo, o vídeo começava automaticamente coincidindo os áudios de ambos os vídeos, TM

causando um óbvio desconforto. A resolução passava por, ao clicar no extra do Youtube , pausar o vídeo original (interno da plataforma). Por fim, foi ainda identificado um bug que impedia a correta criação e gravação de capítulos, esta anomalia levava a que apenas o último capítulo tivesse título e descrição, os anteriores não retinham essa informação, bug este que também foi corrigido entre a primeira e a segunda sessão. Além destes aspetos que considerámos limitadores da correta execução das tarefas, foram ainda feitas algumas sugestões de melhoria que, pese embora não impedissem a execução das tarefas, foram consideradas pertinentes e a implementar. As sugestões passaram pela inclusão de um botão para inserção de comentários/notas (inicialmente esta ação acontecia ao pressionar a tecla "Enter"), tendo esta funcionalidade sido implementada entre a segunda e a terceira sessão. Sugeriu-se ainda que no back-end os vídeos surgissem ordenados

alfabeticamente e que existisse uma caixa de pesquisa (funcionalidades já implementadas) bem como a possibilidade de editar um comentário depois deste ser inserido (por implementar). Outras sugestões apontadas por alguns passava pelo redireccionamento para a página inicial da plataforma aquando do logout e quando o utilizador clicasse no logótipo "tvcommunity" no canto superior esquerdo da página, comportamentos frequentes em páginas Web e aos quais os avaliadores estão afeitos. Ou ainda tornar mais claras as mensagens de sucesso quando uma ação era executada. Por fim, foi sugerida a interoperabilidade com um maior número de ®

redes sociais, tais com o Pinterest, o Linkedin e Slideshare, quer ao nível da partilha dos conteúdos, quer ao nível de importação de conteúdos destas redes como extras ao vídeos da TV.COMmunity. Verificaram-se ainda dados merecedores de análise do ponto de vista dos diferentes grupos de avaliadores, num computo geral, os docentes foram mais exigentes e mais críticos, quer nas respostas ao questionário, quer nas manifestações verbais e escritas (através das notas) durante as sessões, enquanto que os estudantes foram menos interventivos, descobriram menor número de anomalias e/ou defeitos de usabilidade e quando solicitados a manifestar a sua opinião, esta era sempre positiva e elogiosa. A título de exemplo, um dos estudantes no último teste deixou a seguinte mensagem "A plataforma tem várias vantagens, como por exemplo uma pessoa poder assistir a uma aula via Internet e ao longo dessa aula pode tirar notas privadas, ou seja, só ela vê, ou então pode fazer comentários, que são públicos, isso pode ser útil no sentido de que dá para várias pessoas podem tirar dúvidas entre elas. A plataforma está boa, tem fácil acessibilidade", mensagem idêntica à dos outros avaliadores estudantes, já os docentes, com a mesma clareza que identificam as potencialidades da plataforma, identificam os bugs e sugestões de melhoria, como a seguinte nota de um professor exemplifica: "Esta plataforma poderá ser utilizada em contextos letivos para partilha de vídeos relacionados com apresentações formais de projetos e trabalhos relevantes. Precisa no entanto de algumas melhorias, como por exemplo os botões de submissão de comentários. As mensagens de ficheiro enviado com sucesso são pouco visíveis. Poderiam ser adicionados mais botões para partilha em outras redes sociais, como o Pinterest e a possibilidade de anexar extras de outras plataformas como o slideshare".

Conclusões A televisão digital é uma realidade nos nossos dias e, a existência de múltiplas plataformas, serviços e dispositivos para produção, visualização e transmissão de conteúdo vídeo de forma digital, pode ser um factor de entropia para o utilizador comum que, em regra, não tem elevados conhecimentos técnicos, e que apenas quer consumir, divulgar e/ou partilhar os seus conteúdos de uma forma confortável e imediata. Contudo, não é apenas ao nível das plataformas e dos conteúdos que existem novos desafios, no próprio contexto educativo, o decréscimo de estudantes a ingressar no Ensino Superior é um dado que as instituições e os educadores devem ter em conta e que deve ser combatido. O

Conselho Nacional de Educação refere no seu relatório "Estado da Educação 2012 – Autonomia e Descentralização" que "nos últimos três anos (2009 a 2011), (...) o número de candidatos diminuiu 9,6% e os estudantes colocados representaram menos 6,8% face a 2009" (Conselho Nacional de Educação, 2013, p. 172), descida esta que voltou a acontecer em 2012 (Silva, 2012). As próprias Instituições de Ensino Superior e o Governo de Portugal, assinaram em 2010 “Um Contrato de Confiança no Ensino Superior para o futuro de Portugal" onde, entre outras medidas, pretendia-se quadruplicar o número de estudantes inscritos em cursos de ensino superior a distância (Branco & Barbas, 2012), modalidade que poderá vir a beneficiar da utilização da plataforma TV.COMmunity. Com efeito, e partindo dos resultados obtidos nos testes de usabilidade à plataforma, parece-nos que esta aplicação poderá responder às necessidades dos utilizadores, sejam eles professores ou estudantes. Verifica-se, assim, que a TV.COMmunity é, não apenas acessível ao nível do design das suas funcionalidades, como também de fácil utilização e aprendizagem, podendo ser implementada em instituições de ensino, em particular no ensino superior recorrendo a modalidades de elearning e ou b-learning. Contudo, é essencial que não nos foquemos apenas nos bons resultados, importa destacar que o desenvolvimento de uma plataforma tecnológica, principalmente uma que se pretende assumir como ferramenta educativa, pressupõe um processo moroso, com avanços e recuos e que ao longo dos últimos meses diversas maquetes foram desenhadas, múltiplas interfaces foram construídas, para que se tenha obtido este protótipo. Estando conscientes de que não se trata de um protótipo perfeito, temos também consciência que este estudo nos permitiu verificar os erros tomados e - graças aos testes e aos avaliadores - antever o caminho que deveremos trilhar, deste momento em diante, para que no final tenhamos um produto acessível, amigável, de fácil utilização, mas que, acima de tudo, contenha as funcionalidades que permitam um maior aproveitamento do recurso vídeo, como o já experimentado enriquecimento de conteúdos. Para terminar, e pensando no futuro deste projeto e deste trabalho, pretendemos desenvolver MOOCs (Massive open online courses) em contexto real de aprendizagem com o recurso à plataforma, de modo a perceber se as suas funcionalidades respondem, efetivamente, às necessidades dos estudantes e dos docentes. Beneficiando dos curricula dos mestrados em educação, procurar-se-á trazer os próprios mestrandos, muitos deles também docentes e formadores, para o desenvolvimento de conteúdos em vídeo.

Referências Branco, P., & Barbas, M. (2012). Teorias de aprendizagem em T-learning: Uma análise histórica da utilização da televisão em Educação. Paper presented at the II Congresso Internacional TIC e Educação, Lisboa.

Branco, P., Barbas, M., Raminhos, R., Seabra, P., & Miranda, N. (2013). TV.COMmunity sharing video knowledge online. Paper presented at the International Journal of Arts & Science Conference, Malta. Conselho Nacional de Educação. (2013). Estado da Educação 2012. Autonomia e Descentralização. In Conselho Nacional de Educação (Ed.), (pp. 344): Conselho Nacional de Educação. Nielsen, J. (1995). Ten Usability Heuristics. Retrieved 6 de Março, 2013, from http://www.nngroup.com/articles/ten-usability-heuristics/ Nielsen, J. (2000). Why you only need to test with 5 Users Retrieved 28, agosto, 2012, from http://www.nngroup.com/articles/why-you-only-need-to-test-with-5-users/ Pemberton, L., & Griffiths, R. (2003). Usability Evaluation Techniques for Interactive Television. Paper presented at the 10th International Conference on Human - Computer Interaction, Crete. Silva, S. (2012). Ensino Superior com a menor procura desde 2006, Público. Retrieved from http://www.publico.pt/educacao/noticia/ensino-superior-com-a-menor-procura-desde2006--1562262

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