VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Share Embed


Descrição do Produto




Pedro Henrique Campina






VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS












Poços de Caldas-MG
2016
Pedro Henrique Campina









VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
Trabalho apresentado como parte da 2ª avaliação parcial da disciplina de Psicologia Escolar e Educacional - Prof.ª Tatiana Barbosa – 1º semestre de 2016 – do curso Psicologia -5º período do turno matutino.
.








Poços de Caldas-MG
2016
RESUMO

O objetivo deste trabalho é fazer uma abordagem dinâmica partindo de fatores históricos gerais à situação contemporânea das escolas brasileiras, a fim de responder questões inerentes à violência, o presente foi baseado em levantamentos bibliográficos consistentes, cujo alguns deles, estão pautados em pesquisa de campo. Serão abordados exclusivamente os temas que fazem função à adolescência e conflitos em geral, gradualmente chegando a pontos de discussão que abordam o Brasil. Partida de uma premissa sobre definições de Violência, o trabalho vai buscar na história, inclusive do Brasil delineamentos que sustentam hipóteses de possível intervenção, com caráter psicológico e temporal; preambula uma possível explicação para tais condutas, dando principal foco na violência partida do aluno.

PALAVRAS – CHAVES: Violência, Escola, Adolescência.

ABSTRACT

The objective of this work is to do an approach and dynamic leaving from general historical factors to the contemporary situation of the brazilian schools, in order to answer questions inherent in the violence, the present was based on solid bibliographical liftings, which someone of them, and they are ruled in field work. There will be boarded exclusively the subjects that do function to the adolescence and general conflicts, gradually reaching points of discussion that board Brazil. Broken of a premise on Violence definitions, it goes for the work in the history, inclusive of Brazil delineations that support hypotheses of possible intervention, with psychological character and storm; to preamble a possible explanation for such conducts, giving main focus in the violence broken from the pupil.

KEY - WORDS: Violence, School, Adolescence.



SUMÁRIO

AS PRIMEIRAS ESCOLAS........................................................................... 4
HISTÓRICO NO CENÁRIO BRASILEIRO ................................................ 4
CONTEMPORANEIDADE NO BRASIL: VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
........... ................................................................................................................ 5
POR QUE VIOLÊNCIA?................................................................................ 6
POSSÍVEIS SOLUÇÕES................................................................................. 7
REFERÊNCIAS................................................................................................... 8


.












AS PRIMEIRAS ESCOLAS
A violência contra a criança e o adolescente não é recente na história da humanidade, desde que se têm registros de sistemas parecidos com escolas, podemos observar alguns abusos, aqueles que tinham sorte de participar da Paideia – regime escolástico de Atenas na Grécia Antiga –, aproveitavam temas como Mitos, Artes e Ginásticas. Já sistemas como os de Esparta eram menos sutis,
Em Esparta, o Estado assumia a responsabilidade de educar seus futuros guerreiros em princípios cívicos e militares logo aos sete anos de idade. A pedagogia militar de então: exercícios físicos realizados até a exaustão, fome e espancamentos. Os jovens começavam a tomar parte na Assembleia com cerca de 15 anos e, depois de passar por várias provas, eram, antes de completar 20 anos, incorporados como cidadãos. Permaneciam alistados até os 30, 35 anos de idade. Uma dessas provas, para a elite, consistia em matar um escravo que fosse encontrado pelas ruas da cidade. Aos escravos, era destinado somente o trabalho braçal. (FALEIROS, 2007, p. 17).

Só a partir do séc. XV que surge o conceito de família, e no séc. XVIII as primeiras escolas como iniciativa do Estado e Igreja. O Iluminismo intensificou a produção científica, valorizando o papel dessas instituições, porém, é no século XX que isso se massificou, acompanhando o ritmo acelerado do capitalismo, onde devido ao abuso sobre o trabalho infantil, provocou reações e mudanças políticas sociais.

HISTÓRICO NO CENÁRIO BRASILEIRO
Os padres jesuítas que chegaram ao Brasil foram os responsáveis pela educação dos índios, salvando a vida de muitos por tal conduta, não obstante impunham regras cristãs para comunidade indígena. Já no Primeiro Império de Dom Pedro I, os filhos de escravos eram mais caros do que os mais velhos, pois além da fragilidade da criança, era preciso um adulto cuidador, tirando assim a função de um trabalhador braçal. Com a Lei do Ventre Livre, em 1871, muitas crianças são abandonadas, forçando uma integração na já existente Casa dos Expostos (criada no Brasil em 1726, porém tal modelo estava em funcionamento na Europa desde o séc. XVI), lugar este que atende crianças ilegítimas, ou seja, um local que mantinha a honra das famílias, uma vez que os filhos não legítimos seriam entregues a esses albergues para educação e sobrevivência A última no Brasil, só foi extinta em meados de 1950. Vale salientar a semelhança, além do modelo empregado na Europa, uma ideia político geográfica dessas Rodas (como eram chamados tais abrigos), é análoga aos grandes Hospitais psiquiátricos do final do séc. XVIII espalhados pela França e Inglaterra. Foucault, lá da França, lá de longe é capaz de nos dar um mapa estranhamente exato,
O hospital, a casa de força, todos os locais de internamento devem ser mais bem isolados, envolvidos por um ar mais puro: nessa época há toda uma literatura do arejamento nos hospitais, que delimita longinquamente o problema médico do contágio, mas que visa de modo mais preciso, aos temas da comunicação moral. (FOUCAULT, 2014, p. 356-357).

CONTEMPORANEIDADE NO BRASIL: VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
A violência está presente na humanidade desde sempre, com o surgimento das escolas isso não mudara, o que mudou foi, a perspectiva que vemos a violência dentro de instituições, sejam estatais ou particulares. No Brasil, alguns autores vão tratar desse assunto de perto, o estudo de Miriam Abramovay e Maria das Graças Rua, intitulado "Violência nas Escolas", de 2002, feito à base de pesquisas com alunos, professores, agentes públicos e policiais em quase todos os estados brasileiros, nos dá respaldo para discutir o tema, dessa vez, de trás para frente. Antemão, alguns conceitos de violência devem ser levados a cabo; as autoras indicam a definição a partir de SPOSITO (1998) onde, "violência é todo ato que implica a ruptura de um nexo social pelo uso da força. Nega-se, assim, a possibilidade da relação social que se instala pela comunicação, pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito". (SPOSITO 1998, p. 60, citada por ABRAMOVAY e RUA, 2002, p. 72).
Bernard Charlot, francês, especialista em Educação, professor da Universidade do Sergipe, também define e amplia o conceito de violência em três níveis, a Violência propriamente dita, que são os ferimentos físicos, sexuais, roubos, crimes e vandalismo; Incivilidade definida por humilhações; falta de respeito e assédios; e Violência Simbólica ou Institucional, onde há o desprazer pelo ensino, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos que para ele são aversivos. Charlot salienta que o conflito nasce quando o professor não ensina. Sobre a Violência Simbólica, Pierre Bourdieu, sociólogo francês, delimita o termo na obra "Sobre o Poder Simbólico", sendo esta, uma forma de agressão sem que haja de fato contato físico, ou seja, um discurso dominante que coage, diz:
O poder simbólico, poder subordinado, é uma forma transformada, quer dizer, irreconhecível, transfigurada e legitimada, das outras formas de poder, só se pode passar para além da alternativa dos modelos energéticos que descrevem as relações sociais como relações de força e dos modelos cibernéticos que fazem dela relação de comunicação, na condição de se descreverem as leis de transformação que regem a transmutação das diferentes espécies de capital em capital simbólico e, em especial, o trabalho de dissimulação e de transfiguração (numa palavra de eufemização) que garante uma verdadeira transubstanciação das relações de força fazendo ignorar-reconhecer a violência que elas encerram objetivamente e transformando-as assim em poder simbólico, capaz de produzir efeitos reais sem dispêndio aparente de energia. (BOURDIEU, 1989, p.15).
Pode-se concluir com isso que, a violência escolar tem uma relação íntima com fatores que vão além da instituição. Ademais, são de caráter tanto interno quanto externo tais condutas de violência. Fora da escola é tão ameaçador quanto dentro, pois brigas acontecem frequentemente no final da aula, e a eficácia da polícia é questionada quanto às medidas tomadas. Questionado sobre a conduta policial, um discurso de um militar chama atenção, diz ele: "A própria escola confunde nossa função. Às vezes, [trata-se] de função pedagógica, e chama para nós resolvermos". (ABRAMOVAY e RUA, 2002, p. 108). Os pais também demonstram um discurso como o da Polícia, dizendo que os professores são brutos e descontrolados, resultando assim, uma violência generalizada na instituição, – e claro – os alunos se defendem com esse mesmo discurso. Em contrapartida, professores e agentes públicos dizem que o fator motivador vem de fora.

POR QUE VIOLÊNCIA?
É comum da adolescência a formação de grupos, como gangues, tribos e bandas, tal comportamento é contrastado pela necessidade de afastamento das figuras paterna e materna, a identificação com o grupo serve como porta de entrada para a sociedade, dando aos jovens, responsabilidade de transformar a sociedade sob os aspectos defendidos pelos pais que não foram capazes de assim fazer. Esse sentimento de aversão ao Outro e um sentimento de irmandade aos próximos, é análogo ao que Freud chamaria de "Narcisismo de Pequenas Diferenças",
Em outra ocasião, examinei o fenômeno no qual são precisamente comunidades ou territórios adjacentes, e mutuamente relacionadas também sob outros aspectos, que se empenham em rixas constantes, ridicularizando-se umas às outras, como os espanhóis e portugueses, por exemplo, os alemães do norte e os alemães do sul, os ingleses e os escoceses, e assim por diante; dei a esse fenômeno o nome de 'narcisismo das pequenas diferenças', denominação que não ajuda muito a explica-lo. (FREUD, 1996 [Imago], p.120).

Mas não se deve atribuir às crises da adolescência como única responsável pela violência, ou a formação do superego. O próprio espaço sócio geográfico contribui para tal. Escolas de favela sempre são citadas como violentas, servindo como bode expiatório para outras que passam despercebidas pela mídia ou comunidade em geral, porém, modelos nessas escolas são únicos e muitas vezes funcionam tão bem quanto modelos de instituições particulares.
A violência vem de todos os lados e atinge todas as instituições, sejam públicas ou particulares, mas no caso das públicas, há alguns fatores que às determinam como mais violentas. Primeiramente, o número de escolas públicas é muito maior, o descaso dos governos com a educação não passa despercebido, e não é de hoje; vemos anualmente, alunos que cursaram ensino fundamental e médio em escolas públicas buscando vagas em faculdades e universidades particulares – quando conseguem –, e alunos de escolas particulares indo para universidades públicas. É escancarado uma exclusão social dentro desses modelos de ensino, e os alunos sabem disso! Muitos são reforçados a cometer delitos por tal reação à inequidade, para o adolescente, quase tudo é reação. Observando in loco determinada escola, nota-se que alguns fatores que desencadeiam brigas são pífios como, por exemplo, o "encarar". Uma maneira diferente de olhar para o outro pode significar uma afronta, uma quebra de regra básica no ritual de não comunicação. E quando ocorre uma briga, o mais comum é o incentivo dos alunos que estão de fora. A violência nesse sentido associa-se há três dimensões, a) degradação do ambiente escolar, ou seja, a gestão escolar própria; b) caráter exógeno, onde há uma penetração de gangues e comumente do tráfico; c) como reação interna, os motivos específicos de cada instituição.

POSSÍVEIS SOLUÇÕES
Medidas contra a violência nas escolas já existem há anos, mas por que em alguns casos não fazem função? Estudos demonstram que as medidas tomadas não são eficazes, principalmente porque são obsoletas. Fiscalização, Participação efetiva de policiamento, Expulsões não geram resultados esperados, tanto porque há nelas violência simbólica quanto um aspecto midiático negativo das escolas. Uma escola que tem o muro pichado por alunos é símbolo de uma possível desorganização interna. É necessário que haja uma legitimação de todos envolvidos; professores, alunos, etc. Trabalhos artísticos como cartazes, evitam a pichação, o grafite feito pelos próprios alunos dá energia para que eles se sintam responsáveis também pelo ambiente, sendo eles mesmos agentes fiscalizadores de suas condutas, melhor, é preciso dar voz ao aluno, a "linguagem" deve escoar sem receios, a agressividade, aspectos emocionais, melancolias, disputas, etc., sempre vão existir. Trabalhar a palavra como forma de expressão é mais válido do que temer espancamentos ou atitudes de incivilidade. A relação positiva da escola com a comunidade é possível na medida em que é circulado o discurso dentro de sala, onde tal relação começa por um pacto de circulação de discurso não pelo contra controle.

Referências Bibliográficas

ABRAMOVAY, Miriam. RUA, Maria das Graças. Violência nas Escolas. Brasília-DF: UNESCO. 2002.
FALEIROS, Vicente de Paula. FALEIROS, Eva Silveira. Escola Que Protege: Enfrentando a violência contra crianças e adolescentes. Brasília- DF: UNESCO. 2007.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro-RJ: Editora Bertrand Brasil. 1989.
FOUCAULT, M. História da Loucura. Tradução de José Teixeira coelho. 10 Ed. São Paulo- SP. Perspectiva, 2014.
FREUD, Sigmund. O Futuro de Uma Ilusão, O Mal-Estar na Civilização e outros trabalhos. Rio de Janeiro-RJ: Imago. 1996.
:









8

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.